Hesitate To Fall escrita por Anna C


Capítulo 10
Forgotten Memories


Notas iniciais do capítulo

What's up, guys? Novo capítulo na ááárea.
Hã...
Yeeeeah!
P.S.: Hunter Parrish... Anna approves.



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Finalmente, eram os primeiros dias de dezembro. A neve e o frio não deixavam dúvidas de em que mês estávamos. Meu aniversário e o de Dominique – fazíamos no mesmo dia, só para recordar – estava chegando. Certo, ainda faltavam duas semanas e meia, mas eu estava animada, pois me tornaria maior de idade em breve (dezessete anos não eram pouca coisa...). É claro que com tal idade vinham muitas responsabilidades, não seria apenas outro ano a mais.

Mamãe havia feito questão de me mandar uma carta listando todos os meus novos deveres como bruxa maior e recortes de jornal sobre vagas de emprego no Ministério. Talvez fosse um pouco de exagero, mas não tinha problema. Eu sabia que ela repetiria tudo de novo quando eu voltasse para casa para as festas de fim de ano, que coincidiam com a data do meu aniversário, dia 30.

Enquanto isso, ainda em Hogwarts, eu refletia sobre minhas recentes descobertas. Quer dizer então que Albus estava arquitetando um plano para me juntar com o Malfoy aquele tempo todo? Fazia sentido, na realidade. Aquela conversa de "Scorpius fala três línguas e blá, blá, blá"... Não era brincadeira, talvez eu devesse ter ficado mais atenta. Quem sabe o que mais meu maquiavélico primo não planejou? Mas, apesar de em parte termos sido "cobaias", nossos momentos pareceram tão reais.

A sensação aterradora, mas emocionante de sobrevoar os terrenos de Hogwarts nas costas de um testrálio, quando perdi o ar ao constatar o quanto o sonserino combinava com aquele fim de tarde de outubro, a maneira como fui tomada por um frenesi quando me beijou, minha estranha reação todas as vezes que o via sorrir... Será que eu fora apenas induzida a pensar e sentir aquelas coisas? Era verdade, ou não?

Talvez eu devesse me afastar, porém, fazendo isso, eu não estaria apenas confirmando algum tipo de sentimento? Assim como o ditado "quem não deve, não teme", se eu não sentia nada, não tinha por que fugir.

"- Mesmo me odiando agora, você não consegue mais ficar longe do Scorpius. O fato de você estar aqui é a prova concreta."

E também tinha mais isso! Eu encarava um dilema: ficar ou fugir. Decisão difícil. Nessas horas, o que meus pais diriam?

"- Não entregue-se ao medo, Rose. Às vezes, é preciso enfrentar certas situações para saber o que realmente queremos." É, meu pai tinha razão. Eu podia não ser grifinória, mas não era nenhuma covarde.

Eu ficaria firme onde estava.

- Aonde vai tão arrumada? - perguntei a Penny, que ajeitava seu cabelo em frente ao espelho do dormitório. Ela havia até passado o seu perfume caro, coisa mais rara que figurinha de sapo de chocolate do Ptolomeu.

- Como? Ah, não estou arrumada, estou até de uniforme – a loira disse, enrolando as pontas dos cabelos distraidamente.

- Hum, sei... E, então? Quem você está indo ver?

Penny deu uma risada descontraída, virando-se para mim num rodopio. Er... Será que ela estava passando bem?

- Do jeito que você fala parece até que eu tenho um encontro. Imagine só...

Meu desconfiômetro estava apitando.

- Certo, e com quem é que você não tem um encontro daqui a pouco?

- Eu só marquei de encontrar com o Wally na biblioteca para estudarmos.

- Hein? O Thomas? Mas já até entregamos o trabalho de Transfiguração...

Ela deu os ombros.

- Eu sei.

Sorri, um pouco maliciosa.

- Olha, só... Quem diria... Pensei que você o achava assustador.

- Nããão – Penny riu levemente. - Wally é bem divertido, você tinha razão. Ele só se desfoca um pouco da matéria por ficar brincando, por isso, - ela encaixou alguns livros embaixo do braço. - sobra para alguém fazê-lo se concentrar. Mas ele é obediente a maior parte do tempo, então não é cansativo.

- Nossa, eu estou impressionada. Eu reparei que você andava feliz nessas últimas duas semanas, mas realmente achei que fosse porque gabaritou a prova de História da Magia.

- Você acha que eu ando mais feliz? Para mim, tudo está tão normal...

- Se você diz... Bom, eu desço com você. Aqui em cima está muito parado mesmo.

Deixamos o dormitório e logo nos despedimos, pois eu ficaria ali na sala comunal. Analisei o lugar, procurando alguém amigo para conversar e localizei Lysander sentado numa poltrona, devorando algum tipo de salgadinho cor de musgo. Er... Ok.

- Oi, Red! - o saudei com um sorriso.

- Cupcake, você por aqui? - perguntou, genuinamente surpreso.

- Somos da mesma casa, lembra?

- Ah, é verdade...

- Cadê o Lorcan?

- Ele está no clube do coral.

A menção daquele clube fez um arrepio percorrer minha espinha. "Isso não importa mais, Rose." eu me lembrava.

- Wow, o Lorc canta?

Lysander fez uma expressão que se dividia entre dúvida e diversão.

- Bom, melhor que eu com certeza.

Eu dei um risinho nervoso.

- Você me reconheceu logo de primeira? Todos sempre nos confundem... - ele observou.

- Para falar a verdade, foi bem automático. Eu bati o olho e sabia que era você.

- Curioso isso, bem curioso... - Lysander coçou o queixo, reflexivo. - Quer um pouco? - ele estendeu o pacote de salgadinho para mim. - Tem extrato de mandrágora.

O rebuliço provocado no meu estômago foi poderoso.

- Hã... Não, não, mas obrigada – e olha que para eu recusar comida era difícil.

Lysander deu de ombros, servindo-se daquele petisco incomum.

- Está ocupada agora?

- Não, muito pelo contrário.

O loiro pôs-se de pé e me ofereceu um braço.

- Que tal darmos um volta por aí?

Sorri.

- Claro – eu disse, enlaçando meu braço ao dele.

Uma das coisas que eu mais gostava naqueles gêmeos era a espontaneidade que tinham. Se estávamos parados, por que não dar um passeio? Caso dependesse apenas de mim, ainda estaríamos jogados nas poltronas da sala comunal, jogando conversa fora.

Lysander começou a me contar uma história de quando sua mãe ficou amiga de um grifo do norte da Grécia. Ele contava de uma maneira engraçada, fazendo "Tia" Luna parecer mais atrapalhada do que era.

- Ok, você não pode estar falando sério.

- Mas estou! Ainda bem que por algum motivo os animais gostam da minha mãe, senão ela certamente teria levado uma bicada que nem o meu pai.

Nós dois rimos por alguns segundos e, então, Lysander começou a me encarar.

- Sabe, já faz algum tempo que eu queria falar com você.

Olhei-o, curiosa.

- Sério? Por quê?

- Bom... Lembra-se do Halloween?

Difícil esquecer, mas tudo bem.

- Sim, é claro.

- Eu e Lorcan tínhamos encontrado sua prima e depois fomos falar com você, certo?

- E eu quase levei um Crucio por ter ido atrás dela. Sim, eu me recordo.

- Eu... - Lysander comprimiu os lábios. - Eu a procurei após aquilo. Pra ser honesto, minha intenção não era saber o que ela tinha. Só queria poder perguntar "Ei, por que você é tão malvada?", entende?

Ergui uma sobrancelha. Só o Lysander mesmo para ir atrás de alguém para falar aquilo.

- Er... Acho que sim.

- Sei lá, é que no fundo me irritou tanto como ela tratou você e o meu irmão que eu queria saber o motivo. Eu sempre quero saber o porquê de tudo... A única coisa que eu não esperava é que ela fosse me responder pra valer.

Arregalei os olhos.

- Ela te disse o porquê?

Lysander assentiu.

- Por mais estranho que pareça.

"Eu a achei no mesmo lugar que a tínhamos visto mais cedo naquele dia. Ela não devia comer nada havia umas seis horas ou mais. Estava com um aparência bem deprimente. Estranho, ela sempre pareceu tão bem, exalando auto confiança.

Minha fantasia de vampiro já estava se desmanchando, por isso, eu carregava os dentes falsos e a capa nas mãos.

- Dominique, né? - perguntei, só para ter certeza, já que só havia ouvido seu nome algumas vezes.

- O que você quer comigo, verme? Já não bastou ter me atazanado mais cedo, é?

Claro que falando daquele jeito, ela só me incentivava a ir em frente. Fui direto ao assunto.

- Dominique, por que você é tão má?

Ela não devia estar esperando pela minha pergunta, então ficou parada me encarando com os olhos do tamanho da lua.

- Sabe, por que você trata todos tão mal? Ninguém te fez nada de ruim.

- Ah, é claro! Todos são vítimas da cruel Dominique! A Dominique é insensível, a Dominique não liga para ninguém... Bom, deve ser porque a Dominique não é a Rose!

Então, ela começou a andar de um lado para o outro, falando:

- Quando eu nasci, fui única e especial por cerca de três horas. Depois disso, a Rose tinha que aparecer para estragar tudo... Sempre ela, desde pequena! Eu fazia um desenho, mas o dela era melhor. Eu mal aprendi a ler, ela já se interessava por alta literatura inglesa. Nas festas de aniversário, meus presentes dos parentes da França eram incríveis, mas todos os outros primos só queriam saber daquelas porcarias trouxas que ela tinha ganhado dos avós maternos! James, Fred, Roxanne, todos eles gostam mais dela. Se bobear, até meu irmão Louis prefere ela! Como vocês podiam ter alguma esperança de que eu fosse ser gentil e agradável? E eu lá tenho cara de quem fica puxando o saco para agradar gente que não me dá valor? Nunca! Antes a morte!

'Ser uma criança mal humorada e antissocial não provocava reação nenhuma. Ninguém estava nem aí para uma cara feia. Até que, quando eu tinha uns doze ou treze anos, mudei de tática: resolvi atacar com as palavras, ainda que fossem mentiras. E não é que aquilo era eficaz? Bastaram algumas frases minhas para a Rose nunca mais cantar uma nota. Então, eu percebi que era a única maneira de me fazer significante. Se ser maldosa funcionava, eu seria maldosa.'"

Lysander suspirou, balançando a cabeça negativamente.

- Talvez ela só precisasse desabafar. Desembuchou tudo de uma vez e depois começou a chorar. Eu não podia mais ter raiva dela. Eu sei que é um motivo muito egoísta para ser do jeito que ela é, mas sua prima só precisa que alguém seja gentil e a escute, mesmo quando ela estiver espirrando veneno para todos os lados. É por causa disso que tem um mês que nós nos encontramos algumas vezes na semana, então ela pode falar o que quiser, sem ninguém para julgar. Eu só fico lá ouvindo, de vez em quando, faço um comentário... Nada demais. Mas sinto que isso lhe faz bem. Ela não queria que ninguém soubesse, principalmente você – o corvinal deu um sorriso bondoso. - Mas eu tenho certeza de que fará a coisa certa com essa informação. Eu sei que a relação das duas ainda tem salvação.

Eu havia me esquecido do meu maior ressentimento para com a Dominique.

Droga, as memórias. Elas me atingiram como uma bala de canhão.

"Vovó Molly estava sentada no sofá da sala, olhando-me com admiração e carinho. Éramos as únicas ali, pois eu queria que tivéssemos um momento para eu cantar uma canção que eu sabia que ela adorava. Minha avó sempre dizia:

- Quando a escuto cantar, Rosie, me encho de alegria.

Era papo de avó, mas mesmo assim eu ficava radiante com o elogio.

And now you've torn it quite apart

I'll thank you to give me back my heart

Assim que eu terminei, vovó começou a bater palmas freneticamente e até se levantou do assento.

- Bravo, Rosie! Bravo!

- Obrigada, vovó Molly – eu fiz uma mesura com o vestido que usava.

- Nem mesmo Celestina teria feito melhor – ela olhou para o relógio na parede. - Bom, querida, preciso providenciar o jantar. Senão alguém aqui vai começar a reclamar que está ficando com fome... - piscou um olho para mim e foi para a cozinha.

Mal eu retirei o disco que usei como acompanhamento da vitrola, alguém apareceu e me abordou com o tom ácido.

- Ora, ora... Cantando de novo, Rose?

Era estranho Dominique estar falando comigo. Eu sabia que ela não gostava muito de mim, mas nunca trocamos mais que meia dúzia de palavras até então.

- Sim, uma daquelas antigas que a vovó gosta – eu disse, guardando o disco.

Dominique penteava seus longos cabelos loiros alaranjados, enquanto andava em minha direção.

- É engraçado que você goste tanto de fazer papel de boba – deu uma risadinha.

Franzi a testa, não gostando muito daquela conversa.

- Por que diz isso?

- Bom, eu pensei que você fosse mais esperta e, a essa altura, já tivesse sacado. Mas pelo visto, você é mesmo fácil de se enrolar.

Eu estava ficando aflita, realmente preocupada com o detalhe que supostamente eu havia perdido.

- Ah, por favor, Rose. Todos sabem que você não sabe cantar.

- Hã?

- Isso mesmo, a família toda combinou pelas suas costas que fingiria te aturar, só pra você achar que tem algum talento. Afinal, fora "cantar", o que mais você sabe fazer? Comer que nem uma ogra? Hum... Então, você é inteligente? Legal, a Molly inventou até um remédio para sarapintose. Você se acha engraçada? Bom, temos o Fred e o James para isso. E, convenhamos, você não é nem de longe a mais bonita de todas nós.

Tendo apenas doze anos de idade, aquelas palavras eram como facas. Eu sentia que estava para chorar.

- É mentira! - eu respondi, não conseguindo crer.

- Aww, você realmente acreditou neles? Que dó de você, Rosie. Mesmo, eu imagino o choque que deve ser saber que a única coisa pra que você prestava é na verdade uma farsa. Digo, se você pudesse se ouvir, saberia que eu não estou mesmo mentindo. Argh, sua voz é um pesadelo!

Eu limpava os cantos dos olhos, que ficavam umedecidos.

- V-você só está tentando me irritar.

- Bom, se é isso mesmo, então continue a nos torturar com essa desafinação por mais alguns anos. Alguma hora, alguém vai ficar de saco cheio e te dizer exatamente tudo que eu estou dizendo. Priminha, só estou tentando poupá-la de mais humilhação. Você pode até ir perguntar para alguém e pagar de ridícula. Quero ver alguém dizer que estou mentindo te olhando nos olhos.

Comecei a derramar lágrimas copiosamente, soluçando. Cobri meu rosto para que ela não pudesse vê-lo, mas logo a senti tirando as minhas mãos da face e me forçando a encará-la. O sorriso de Dominique era perverso demais para não me provocar calafrios.

- Chorar para quê? Eu acabei de te fazer um grande favor, não foi?"

Talvez, se fosse dito algum tempo depois, aquilo tudo nem teria um grande efeito em mim. Mas o momento foi certeiro. Após aquele episódio, todas as vezes que alguém me pedia para cantar, eu sentia um olhar de pena sobre mim e imediatamente recusava. Sentia-me inútil cada vez que insistiam naquela história, afinal, era só porque queriam que eu achasse que era um pouquinho especial.

Minha constante negação não demorou para deixar clara a mensagem: eu nunca mais cantaria. Aos poucos, foram parando de falar sobre aquilo, até que o silêncio reinou enfim. Tentava ocupar minha mente com outras coisas.

Bem, ao menos, até o começo daquele meu sexto ano em Hogwarts. Talvez só quisesse aumentar meus atributos para impressionar Malfoy, mas Albus havia trazido o tópico à tona novamente.

"– Tenho a sensação de que você tem outro hobbie – falou Malfoy.

Senti o estômago revirar. O Albus devia ter contado, só podia ser.

– Não tenho – respondi firmemente.

– Mesmo?

– Sim. Não tenho talentos.

– Quem falou em talento?

Aquele olhar no seu rosto pressionava-me e encurtava minha paciência.

– Escute, eu não faço mais isso. Eu sei que meu primo comentou, mas já faz tempo. Eu parei.

– Wow, que carreira curta.

– Não é para tanto, francamente... Eu cantava por puro prazer, Malfoy.

– Então, o que mudou?"

Eu não lhe disse a inteira verdade naquele dia. Sim, de certa forma, eu acordei em uma manhã e não cantava mais, porém, a razão era um ponto muito delicado para eu tocar.

Quando Malfoy pediu uma demonstração, é claro que eu disse que não.

"- Então, quando é que vai cantar alguma coisa pra mim?

– Haha, que tal... Jamais?

– Uma amiga de verdade faria uma pequena demonstração...

– Sim, mas... Espere! Ah é, não somos amigos."

Eu não era tão modesta assim. Se eu soubesse que era realmente boa em algo, não hesitaria muito em mostrar. O caso era que eu realmente não queria me envergonhar mais do que já havia durante todos os anos que passei ser saber do tal "combinado" entre meus parentes. E, Malfoy nunca tendo sido parte da farsa, iria me dizer as palavras duras que Dominique uma vez dissera. Eu jamais suportaria.

Inesperadamente, mesmo eu ainda estando absorta em meus pensamentos, Lysander deu um passo a frente e me envolveu em seus braços. Eu não entendi naquele segundo o porquê de sua ação, mas deixei que ele me abraçasse. Oh não, espere, agora eu havia entendido. Será que eu podia ser um pouco mais patética? Eu estava até molhando o uniforme dele com lágrimas. Eu andava emotiva demais nos últimos tempos.

Agarrei suas vestes com força, tentando controlar as emoções confusas que travavam uma guerra dentro de mim.

- Ela... Ela tinha mentido esse tempo todo... - a costura de sua manga fez um estalo, indicando que eu usava força demais, mas eu não conseguia me importar o suficiente para largá-lo.

- Você está zangada?

- Estou zangada... E feliz... Também magoada... Mas aliviada...

Lysander não devia estar entendendo nada, mas não voltou a fazer perguntas.

Eu estava zangada por Dominique ter me enganado, mas também feliz por aquilo ser mentira. Estava magoada por ela ter feito eu me sentir tão estúpida durante tanto tempo, porém aliviada que eu não tivesse realmente motivo para aquilo.

Por Merlin, nossa inimizade se baseava em inveja. Logo ela que eu pensei ser a última pessoa no mundo que gostaria de ter algo que eu tinha, era na verdade a primeira. Eu estava dividida entre mais do que nunca detestá-la, ou em dar-lhe um abraço de quebrar as costelas. Queria ter forças para jogar uma azaração naquela garota, contudo, também só queria poder oferecer minha amizade.

Ser teimosa e rancorosa de nada adiantava – eu só tomava na cabeça ultimamente por causa de comportamentos assim –, e se alguma atitude tivesse que ser tomada teria que partir de mim.

x-x-x-x-x

A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas estava muito difícil, pois tentávamos aprender como usar feitiços não-verbais, ou seja, conjurar feitiços sem pronunciá-los, apenas nos concentrando neles. A maioria dos alunos faziam caretas tão estranhas, que pareciam sofrer de constipação. Pois é.

Não posso dizer que eu estava muito melhor. Mirava com a varinha uma jarra verde e tentava deixá-la da cor azul. Seria um feitiço ridículo de tão simples se eu apenas dissesse algumas palavras, porém, sem poder emitir um som sequer ficava complicado.

- Já conseguiu alguma coisa? - perguntei a Penny, que se esforçava para fazer o mesmo.

- Nada – ela disse tristemente.

- E vocês? - perguntei a Albus e Malfoy. Eles estavam logo ao nosso lado.

Ambos negaram.

De repente, uma forte luz azulada chamou minha atenção e quando vi, Dominique, que estava a alguns metros de nós, havia realizado o feitiço com sucesso. Sua jarra estava azul.

- Muito bem, Srta. Weasley! Quinze pontos para a Sonserina! - a professora da disciplina a parabenizava.

Dominique sorria, satisfeita com seu feito.

"Seja madura, Rose. Você consegue!" eu acumulava coragem para dar o primeiro passo.

Eu podia fazer aquilo, eu podia.

- Isso foi incrível, Dominique! - exclamei com o máximo de entusiasmo que pude.

Obviamente, todos no recinto me olharam como se eu tivesse três cabeças. Aquilo era um pouco intimidador, mas eu manteria o sorriso a todo custo. A sonserina também estava em choque.

"- Eu não podia mais ter raiva dela." dissera Lysander.

"Nem eu, Red." pensei, chegando à conclusão de que naquele instante eu a havia perdoado.

Queria poder de alguma forma transmitir por aquelas palavras, ou por aquele olhar, quem sabe pelo meu sorriso, que não havia razão para mais brigas. Inveja era algo estúpido que levava as pessoas a ações ainda mais estúpidas. Eu não tinha nada que ela não pudesse ter, eu não era mais esperta, não era melhor. Éramos apenas distintas, afinal, duas pessoas não podiam ser iguais.

A graça estava em nossas diferenças.

- Obrigada – Dominique respondeu para minha surpresa. Sério, eu quase fiquei emocionada por ela não ter me insultado ou sido rude.

O restante continuava a observar a cena com aturdimento. Eu, porém, sentia que nós duas havíamos iniciado uma espécie de entendimento silencioso. Havia muito pela frente, mas era um começo.

Notando que o momento estava sendo mais longo que o necessário, virei-me de novo para a jarra e continuei a tentar fazer o feitiço. Aos poucos, os outros alunos foram fazendo o mesmo.

- Você está legal? - perguntou Penny, preocupada.

- Com certeza. – Fiz que sim. Voltei meu foco para o loiro ao meu lado. - Ei, Malfoy.

- Que foi? - questionou, um pouco distraído.

- Eu devia dar mais credibilidade às suas observações.

O garoto pareceu mais concentrado em mim, provavelmente tentando entender o que eu havia dito. Olhou de relance para minha prima do outro lado da sala e deu seu típico sorriso, compreendendo.

- Você enxergou a "faceta"? - ele estava fazendo uma referência àquele dia nos jardins em que eu o peguei desenhando Dominique. O sonserino tentava capturar um "lado" da garota que ela ocultava, porém eu não havia posto muita fé em sua teoria.

- Eu acho que sim.


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Notas finais do capítulo

Ok, estamos de volta com "Anna, a autora que come muito açúcar" e eu espero que tenham gostado do capítulo, apesar de ser meio dramático '-' Mas eu tenho a intenção de fechar todos enredos, os menos e os mais importantes, por isso, era necessário mesmo que quase ninguém lembrasse dessa história (não pretendo deixar buracos na trama, entendem?).
Bom, anyways, eu decidi que a fic terá 14 capítulos e um epílogo. Sendo assim, estamos na reta final oficialmente. Façam suas apostas e é isso aí. ^^
CAPÍTULO 11: O que esperar?
- O título muito criativo é "Contratempos de um Jogo".
- Vai ter um jogo de Quadribol.
- E contratempos durante a partida.
- Fim.
LOL Just kidding.
- Além disso, podem esperar por Aldora (Albus/Pandora, meu, eu insisto em dar um shipname pra eles. "Anna, isso não vai pegar u.u"), mas será um pouco tenso.
- Scorpius terá um momento de descontrole. Yep, vocês leram certo. Scorpius e descontrole na mesma frase.
- Rose lembra de quando começou a detestar Scorpius.
- Um momento Hugo/Lily que lembra um momento Romione.
- James, quando você irá crescer?
Ah, já deu de dicas por hoje ;P Mas espero que sejam suficientes.
Peace out!



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