Good Day Sunshine escrita por Nowhere Unnie


Capítulo 20
Capítulo 20 - Os melhores amigos


Notas iniciais do capítulo

Eis mais um capítulo para as leitoras mais lindas do mundo, que merecem um capítulo novo todo dia ♥



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A espera dentro do carro, a caminho do hospital, pareceu ser mais longa do que realmente durou e eu podia sentir que George estava tenso ao meu lado, esperando que a qualquer momento eu desabasse, começasse a chorar ou quem sabe até mesmo chutar a parte de trás do banco dianteiro, que estava vazio. Mas eu não faria nada disso, embora vontade não me faltasse. Eu concentrava todo o meu pensamento em acreditar que tudo estava bem, que eu chegaria lá e ele estaria sentado na cama da enfermaria fazendo palhaçadas para divertir as crianças menores, embora eu soubesse que ele não tinha mais idade para ficar na ala infantil. Mas era dessa imagem que eu tentava me lembrar, era esse Richard que não se deixava abalar que eu esperava encontrar quando chegasse lá.

De repente, George escorregou os dedos pelo banco e os repousou sobre minha mão, olhando de esguelha para o meu tio, que estava atento à direção, como se tivesse um certo receio de que ele visse seu gesto. Segurei sua mão e não soltei nem mesmo quando saímos do carro. Sempre que o medo tomava conta de mim, eu apertava sua mão e ele apertava a minha de volta, o que me dava forças para continuar com meus pensamentos positivos.

Tivemos que ficar um pouco na sala de espera e minha ansiedade era tão aparente que George falou para eu ir sozinha quando finalmente deixaram que nós dois entrássemos para visitá-lo.

Dessa vez ele estava em um quarto separado e, quando abri a porta, senti um aperto no coração ao ver como ele parecia frágil. Estava com os olhos fechados e pálido demais, com uma máscara de oxigênio cobrindo o nariz e a boca para auxiliar na respiração, além de estar recebendo soro na veia através de uma das mãos. Antes que eu pudesse impedir, uma lágrima escorreu pela minha face e eu logo a enxuguei, porque ele já tinha seu próprio sofrimento e tudo o que menos precisava era de alguém chorando ao seu lado. Eu tinha que ser forte, mesmo que estivesse com medo, tinha que estar forte para dar força a ele.

Me aproximei devagar e segurei sua mão livre cuidadosamente, como se fosse quebrar ao menor toque descuidado. Estava disposta a ficar ali, parada ao seu lado, o tempo que fosse preciso mas ele logo abriu os olhos e virou a cabeça lentamente, dando um sorriso fraco que desapareceu quando ele começou a falar e o ar abafou a máscara, que até então era verde translúcida.

— E-eu... tava... te... espe... — Sua voz saía trêmula e vacilante como eu nunca tinha ouvido antes, então o interrompi.

— Shhh... Você tem que descansar.

Continuei segurando sua mão e levei minha outra mão ao topo da sua cabeça com tanto cuidado quanto se ele fosse um recém-nascido, deslizando meu polegar entre as pontas do seu cabelo e a testa.

— Eu vim assim que fiquei sabendo! Quer dizer, ninguém me contou! — Terminei de falar com um tom de voz ressentido e irritado. — Acho que minha mãe teve medo que eu tivesse um ataque de nervos como da última vez...

Deixei escapar uma risadinha ao lembrar daquela cena e ele também tentou rir, mas só conseguiu emitir um som parecido a uma tosse.

— Você veio pra cá de noite, né? Eu fui tão burra de não ter percebido antes! Desculpa, Richard, eu queria ter vindo mais cedo! Eu devia ter percebido que todos aqueles sustos no meio da noite e depois você não ter aparecido de manhã eram um sinal de que alguma coisa tinha acontecido... Mas eu só me dei conta disso quando a Lily, sim, porque a Lilyzinha não vive mais sem você, perguntou por quê você não tinha ido. Aí o George se meteu dizendo que você devia ter matado aula, mas aí eu disse que não, porque você só tinha faltado uma vez e aí... Pimba! Eu lembrei da última vez que você tinha faltado e saí correndo pra sua casa, daí o tio Harry avisou que você estava aqui e trouxe a gente. Ah, esqueci de falar, o George veio te ver também, mas ele ficou lá fora. Deve ser porque eu chorei tanto no meio do caminho que ele quis logo se livrar de mim, sabe?

Terminei de falar rindo. Talvez eu tenha me descontrolado e falado demais, mas estar ali com ele me dava um alívio enorme e eu não consegui conter minha euforia. Ele também riu e dessa vez pareceu mais com uma risada mas ainda com aqueles traços de uma tosse, o que me deixou realmente preocupada. Corri os olhos pelo quarto até encontrar uma cadeira e saí do seu campo de visão, voltando segundos depois com a cadeira e me sentando ao seu lado.

Voltei a segurar sua mão e ele apertou a minha, como se fosse um protesto por eu ter me afastado e eu acariciei o dorso da mão dele suavemente, enquanto levava minha outra mão de volta à sua cabeça, deslizando meus dedos circularmente por seus cabelos.

Ele fechou os olhos e eu me aproximei dele, sussurrando em seu ouvido:

— Agora você tem que descansar Rick... E eu não vou sair do seu lado nem se tentarem me tirar à força daqui!

Ele esboçou um sorriso e segurou firme a minha mão por um bom tempo, até que seus dedos relaxaram e eu deduzi que ele tinha voltado a dormir.

Algum tempo depois, George entrou e fechou a porta com cuidado ao ver que nosso amigo dormia. Ele pousou as mãos sobre meus ombros e sussurrou tão baixo que suas palavras saíram quase como um assovio e era impossível saber se aquilo era uma pergunta ou uma afirmação.

— Ele vai ficar bem

Apenas balancei a cabeça afirmativamente e ele ficou ali, massageando meus ombros delicadamente. Até que parou, dando um salto para trás, quando a porta se abriu. Tia Elsie entrou com duas sacolas de papel pequenas e se dirigiu até nós, falando baixo.

— Harry disse que vocês vieram direto da escola e eu imagino que estejam com fome... — Entregou uma sacola para cada um de nós, que agradecemos, e continuou falando, olhando para o filho. — Ele finalmente dormiu! Acho que estava esperando você chegar. — E voltou o olhar para mim. — Eu disse que você ia chegar mais tarde porque eu falei pra sua mãe que não era nada grave e que você poderia vir depois da escola, então ele fingiu que dormiu a manhã inteira, depois que os enfermeiros falaram em injetar um calmante... — Ela deu uma risada, balançando a cabeça de um lado para o outro. — Como se eu não fosse capaz de perceber!

George e eu já estávamos comendo nossos sanduíches, quando ela disse:

— Vou buscar alguma coisa para vocês beberem... Harry teve que voltar correndo porque está acabando o horário de almoço dele, mas eu já pedi para telefonar e avisar às suas mães que estão aqui.

Richard dormiu a tarde toda e eu não saí da minha cadeira em nenhum momento, ao contrário de George que deve ter saído umas cinco vezes para lanchar e da minha tia, que foi para a capela do hospital com a minha mãe no fim da tarde, logo depois que ela chegou trazendo algumas coisas de casa para a gente comer.

— George, se quiser pode ir... — Disse preocupada ao olhar como ele andava impaciente de um lado para o outro do quarto, parando ocasionalmente em frente à janela, que já revelava a escuridão da noite recém-chegada.

— Não vou embora logo agora! A gente ficou aqui o dia inteiro e ele deve acordar logo. Além do mais, sua mãe trouxe quase uma janta inteira, eu nem estou com fome. — Ele disse rindo, apontando para as batatas fritas que sobraram em um potinho, porque nenhum dos dois aguentava comer mais nada. E para o George, não aguentar comer alguma coisa era quase um milagre.

— Então tá, mas quer por favor parar de andar igual uma barata tonta e sossegar?

— Tá bem, tá bem... — Ele resmungou e puxou uma cadeira para sentar ao meu lado. — Ele é meu melhor amigo também e você não é a única que tem o direito de ficar impaciente, sabia? Você não acha que ele está dormindo demais? Será que não é melhor chamar um médico? — Ele perguntava olhando para o nosso amigo, que dormia tranquilamente, mas eu não dei importância à maioria daquelas perguntas idiotas.

— Você disse que ele é seu o quê? Pro seu governo, Richard é meu melhor amigo e você chegou outro dia e já acha que ocupa o mesmo lugar que eu? — Perguntei com indignação, cruzando os braços e enfatizando irritada cada palavra, mas sem elevar muito o tom de voz.

— Aí, tá vendo? Você acordou ele! — George me alertou, olhando na direção do Richard, e só então eu me dei conta de que ele estava piscando os olhos para o teto, talvez tentando entender onde estava e porque tinha duas pessoas brigando ao seu lado.

— Não era isso que você queria, senhor nunca-estive-em-um-hospital-antes-e-por-isso-acho-que-os-doentes-dormem-demais-da-conta?

Nenhum de nós estava gritando, mas não conseguimos escutar o que ele disse quando virou a cabeça lentamente em nossa direção. Finalmente parei de discutir com o George e me levantei, voltando a segurar a mão do Richard.

— Eu disse que ia ficar aqui, não disse? — Ele sorriu por trás da máscara e eu dei um beijo demorado em sua testa.

— Eu não disse que ia ficar, mas fiquei porque também sou seu amigo, Richard! — George disse isso para o amigo, mas olhava para mim de implicância.

Revirei os olhos e voltei a sentar, mas não soltei a mão dele, que agora eu segurava com as minhas duas mãos. Ele parecia menos pálido e me senti um pouco culpada quando pensei que talvez ele estivesse tão abatido quando cheguei porque não tinha dormido enquanto me esperava e, para piorar a situação, ainda comecei a me sentir culpada por ter discutido com o George depois de tudo o que ele tinha feito por mim nesse dia.

— Sabe, Richard, o George até passou fome no almoço só pra vir ficar aqui com você, então acho que ele merece um pouquinho só o título de seu amigo...

— Eu acho que mereço uma medalhinha de amigo do ano por ter ido atrás da Megan, que saiu correndo e chorando igual a uma louca quando suspeitou que você estava doente, e ainda ficar aqui aguentando desaforos dessa mal-agradecida!

— Retiro o que eu disse, acho que o George não merece nada além de uma boa surra! — Retruquei irritada e Richard deu uma boa gargalhada, mas fez uma careta em seguida, como se aquilo causasse dor.

Levantei preocupada e pousei a mão suavemente sobre o peitoral dele.

— Calma, Richard! Nós vamos parar com isso, tá bem? — Depositei outro beijo em sua testa e fiquei de pé ao seu lado, voltando a segurar sua mão. George também estava de pé ao meu lado quando foi chamado por uma voz trêmula.

— George... — Ele se curvou sobre a cama, se aproximando de Richard, que continuou a falar. — Obrigado... por cuidar... da... minha Megan!

— Ah, não foi nada, cara! É pra isso que servem os amigos! E nós somos os melhores amigos, não? Nós três.

George enfatizou as últimas palavras com implicância e me puxou para o lado dele, passando um braço por trás dos meus ombros, enquanto esfregava amigavelmente o ombro de Richard, cuja boca estava escondida pela máscara de oxigênio embaçada mas, pela forma como seus olhos se estreitaram por cima de suas bochechas, percebi que ele estava sorrindo e sorri para ele de volta.


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Notas finais do capítulo

Já estou livre de ameaças, certo? kkkkk Brincadeiras a parte, Muito obrigada por estarem sempre por aqui, vocês são as melhores leitoras do mundo!! ^^ E só porque eu amo vocês, vou dar um conselho: não olhem para o meu avatar ou sofrerão de vida arruinada eternamente pela formosura do George. Coloquei aqui pra arruinar a vida de outras pessoas porque sou má muahahahaha ok, não kkkkk Mas estou pensando em escrever uma fanfic baseada nessa foto e.e (sério isso e.e) Coloquei ela no fundo de tela do cel e tudo mais ♥ Será que eu sou louca, sim ou sim? Mas é o George, quem não ficaria louca por ele? :P