Good Day Sunshine escrita por Nowhere Unnie


Capítulo 19
Capítulo 19 - Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

POV da Megan de volta...



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Finalmente o pesadelo das avaliações tinha passado. Bom, na verdade ainda não tinha acabado para mim porque eu não fui tão bem assim em algumas matérias, mas pelo menos eu ainda tinha algum tempo para estudar até as últimas avaliações que iriam definir minha aprovação. Se por um lado eu estava livre destes, por outro os pesadelos do sono me perseguiram com insistência, o que me fez acordar assustada umas três vezes ao longo da noite, e o mais estranho era que eu nunca lembrava qual tinha sido o sonho horrível horrível.

Não consegui ouvir meu despertador tocar pela manhã, porque tinha demorado a pegar no sono depois do último pesadelo e por isso entrei em um sono pesado bem na hora de acordar.

O primeiro som que ouvi foi o telefone tocando, mas voltei a dormir achando que estava cedo, por não ter ouvido o despertador tocar ainda. Algum tempo depois minha mãe abriu a porta do quarto e me chamou:

— Megan... Megan!

— Hm?! — Resmunguei me virando para o outro lado.

— Você já viu a hora? — Ela perguntou calmamente.

— Nã... — Esfreguei os olhos, tentando distinguir as horas enquanto olhava para o relógio.

— Você vai querer ficar em casa hoje?

Quando finalmente consegui associar a posição dos ponteiros ao horário, vi que já estava quase na hora de chegar no Instituto e eu ainda estava deitada. Dei um pulo da cama e levantei assustada, não por estar atrasada, mas porque era muito estranho minha mãe não estar gritando e ainda pedir minha opinião sobre ir para a escola ou não.

— Eu... Vou... Vou pra escola... — Respondi meio desconfiada, pois na verdade queria ficar dormindo sim, mas resolvi dar a resposta mais segura porque aquilo parecia uma armadilha.

— Então vai se arrumar rápido, que eu coloco seu café da manhã na mochila.

Tomei banho correndo e nem me penteei, só prendi o cabelo, peguei a mochila e saí correndo até o ponto de ônibus, porque não daria tempo de ir de bicicleta e, pelo surto de bondade da minha mãe, talvez Richard já tivesse passado em casa e ela tenha dito para ele ir na frente porque eu iria dormir mais um pouquinho.

Por pouco eu não fui impedida de entrar na escola, abaixei a cabeça profundamente envergonhada ao entrar na sala de aula e nem sequer olhei para o professor, que devia estar me fuzilando com o olhar.

Sentei na minha cadeira habitual, peguei o livro e olhei para a mesa do Richard, porque ia ver qual página o professor estava usando, mas ela estava vazia.

— Será que ele mudou de lugar? — Me perguntei mentalmente enquanto encarava seu assento vazio. — Isso só pode ser coisa da Lilyzinha! — Deduzi irritada, mas quando olhei em sua direção, ele também não estava lá e, olhando para a classe toda, constatei que ele não estava ali.

— George... — Chamei tão baixo que ele provavelmente não tinha escutado. — George...

Dessa vez o cutuquei e ele finalmente olhou para mim.

— Cadê o Richard?

— Se você que é vizinha dele não sabe, eu é que vou saber? — Ele respondeu sussurrando, também com medo de chamar a atenção do professor. Pela resposta dele, meu amigo nem tinha aparecido na escola hoje.

Na hora da saída, Lily veio até mim e perguntou:

— Meggie, porque o Ritchie não veio contigo?

— Eu nasci colada com seu Ritchie, por acaso?

— Nossa, também não precisa ser grossa! Eu só fiquei preocupada...

— Ele não passou na minha casa hoje e eu até achei que ele já tivesse vindo na frente, já que agora só quer saber de você... — Expliquei de má vontade, com raiva e sinceridade até demais.

— Calma meninas, ele deve estar de saco cheio da escola e achou melhor ficar dormindo ou então deve estar matando aula por aí, já que não estava com a Megan! — George se meteu na conversa, tentando impedir uma maior discussão.

— Não George, o Richard odeia isso aqui mais do que a gente, mas nunca falta. Desde que veio estudar aqui, ele só faltou uma vez, que foi quando...

Não consegui terminar a frase. Estava claro desde o início, mas parecia que alguma coisa dentro da minha mente tentava me proteger de pensar naquilo e arrumava outras desculpas e distrações. Quando o telefone tinha tocado e minha mãe veio cheia de gentilezas logo de manhã, tentando me impedir de seguir a rotina que envolvia meu amigo, é claro que tinham telefonado para avisar que alguma coisa aconteceu com ele. Meus olhos se encheram de lágrimas e Lily, que também deve ter se lembrado do acontecido na última vez que ele ficou dias sem aparecer porque estava internado, correu para me abraçar.

— Megan, calma! Não deve ter sido nada!

O medo tinha tomado conta de mim e eu ouvia sua voz distante, embora ela estivesse no meu lado e, só quando as lágrimas escorreram dos meus olhos e tocaram minha face, voltei a mim e reagi.

— Não, eu... Eu preciso ir embora! — Respondi soluçando enquanto me desvencilhava dela e saí correndo.

— Megan, volta aqui! — Ouvi alguém me chamar mas continuei correndo, sem me preocupar com todas as pessoas que gritavam e reclamavam por eu estar esbarrando nelas ou com o que os outros diriam se me vissem chorando como uma criancinha.

Só conseguia me preocupar com meu melhor amigo enquanto imagens da última vez em que ele esteve à beira da morte no hospital voltavam à minha mente como flashes. Eu precisava vê-lo e estar ao lado dele nesse momento, porque sabia que ele precisava de mim tanto quanto eu precisava dele.

Por sorte o ônibus apareceu assim que saí da escola e eu logo entrei. Só percebi que George tinha vindo atrás de mim quando ele se sentou do meu lado e me abraçou.

— Não fica assim, Megan! Nós vamos direto na casa dele e você vai ver que não é nada grave, tá bem?

— Mas... Mas você não viu como foi da última vez, ele... Foi horrível, eu não... Eu não quero que ele...

Um nó na garganta me impediu de continuar falando e escondi o rosto no peitoral dele, que começou a afagar meus cabelos, tentando me acalmar.

— Você não pode ficar desesperada sem saber o que aconteceu... Tenta se acalmar, tá bem? A gente já tá quase chegando e se você chegar lá assim, vão achar que eu tô te matando e você correu até lá pra pedir socorro!

Deixei escapar uma risada entre os soluços e dei um jeito de enxugar o rosto, que estava banhado em lágrimas já que eu não tinha me preocupado com elas.

Assim que chegamos no portão da casa dele, meu tio Harry estava saindo e fechando a porta. O que não era um bom sinal, porque ele nunca vinha almoçar em casa.

— O que você tá fazendo aqui a essa hora? — Tentei perguntar normalmente, mas minha voz tinha saído histérica.

— Vou bem Megan, também fico feliz por te ver depois de tanto tempo! — Ele respondeu naquele velho tom de repreensão pela minha falta de educação, porque o fato de eu sair perguntando pelo Richard quando o via, sem cumprimentá-lo, era bastante comum.

— Oh, mil perdões! Olá meu amado tio, eu estava com muitas saudades do senhor! Por gentileza, poderia informar-me algo a respeito de seu estimado enteado Richard, que não foi à escola hoje e por isso estamos deveras preocupados, meu amigo George e eu? — Perguntei com o mesmo linguajar irônico e exagerado que eu sempre usava nessas ocasiões.

— Ah, agora sim! — Ele respondeu com uma breve risada, dando tapinhas no meu ombro e acrescentou, com um leve ar de preocupação. — Ele precisou ficar internado e eu passei aqui porque Elsie pediu para levar algumas coisas ao hospital. Se quiserem, posso dar uma carona a vocês até lá.

— Queremos sim, obrigado! — Foi George que respondeu, porque meu estado de choque não pemitia nenhuma simples ação. Ele também passou o braço pelos meus ombros e me conduziu até o carro quando percebeu que eu estava paralisada de medo após saber o que tinha acontecido com Richard.

 


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Notas finais do capítulo

Eu quase chorei escrevendo isso D: Espero que eu é que esteja sensível e não o capítulo dramático demais e.e