- Foi constrangedor. - revelei para Leila enquanto fazíamos compras - Olha, eu gostei deste.

 Era um vestido muito bonito, com rendas e babados.

  - Ah, eu também, vou experimentar, coloque na sua sacola. - ela sorriu - Enfim, eu fiquei constrangida só de pensar e olha que eu nem sou você, que estava lá.

  - Pois é, não me senti nem um pouco à vontade... Olha esse. - falei pegando um verde-água.

  - É bonito! - ela me sorriu - Sabe, ainda bem que saí contigo. É ótima para fazer compras.

  - Para os outros. - falei - Meu gosto é muito mais complexo... Olha, acho que eu vou comprar aquela blusa ali.

 Era uma blusa de mangas, preta com o símbolo da "AC/DC" em vermelho. Eu arrastei Leila para os provadores.

  - Vamos lá, você já tem vestidos suficientes. - encorajei-a.

 Eu provei a blusa e ela ficou legal. Contei meu dinheiro na bolsa. Dava para pagar. Tirei a blusa e coloquei a minha mesmo. Usaria depois. Então eu fui dar opinião nos vestido de Leila. Ela ficou bonita em todos, então sugeri que os levasse. Dinheiro não era realmente um problema para Leila, que concordou em levar os vestidos. Passamos nossas roupas e saímos.

  - Vamos comer? - chamou Leila.

  - Gastei o dinheiro todo na blusa. - falei.

  - Tudo bem, eu pago. - ela me sorriu - Afinal, você foi ótima me ajudando hoje.

  - Ah, não precisa pagar por isso. Somos amigas, certo? - sorri.

  - Claro! - ela me sorriu de volta.

 Acabamos por jantar no shopping da cidade vizinha. Leila gostava desse shopping e ela já dirigia, então acabamos indo para lá.

  - Me diga, como conseguiu a carteira mais cedo? - perguntei.

  - Ah, eu não consegui. - ela me sorriu, travessa - Mas é só tomar o máximo de cuidado ao volante que ninguém me pega. Eu passei em vários cursos, mas ainda não tenho idade. Falta um mês para meu aniversário de dezoito, então não é lá uma falta tão grave.

  - Entendi. - falei.

  - Enfim, me conte sobre você e o Nathaniel. - disse Leila.

  - Ora, não tem o que contar. - falei.

  - Nada disso, eu vi como o Nathaniel fica quando você está por perto e como ele quase nunca te reclama. Ele está caidinho por você! - sorriu Leila, travessa.

 Descobri, assustada, que Leila era a minha irmã mais velha dos sonhos.

  - Ahn... - eu encarei minha porção de macarrão - Ele me pediu em namoro, mas a gente se conhece faz tão pouco tempo...

  - Entendo. - Leila assentiu, compreensiva - Não precisa se sentir pressionada, Nath, tenho certeza que o Nathaniel é o tipo de garoto que vai esperar você se sentir segura.

  - E se até lá ele não gostar mais de mim? - perguntei.

 Me repreendi mentalmente por falar isto.

  - Ora, então fique aliviada. - ela colocou uma mecha para trás da orelha - Se o amor acaba, nunca foi amor.

  - Você é filósofa? - perguntei.

 Ela riu.

  - Estou mais para copiadora de frases baratas de internet. - ela revirou os olhos.

  - Gosto de você. - confessei - Você é original. A irmã mais velha dos sonhos.

  - E você é a irmã mais nova dos sonhos. - ela sorriu e se levantou para me abraçar.

 Ela sentou de novo enquanto eu ria.

  - Bem, vamos logo, não queremos voltar tarde. Amanhã não tem aula, mas depois tem.

 Então, rindo, eu voltei a comer.