Jogo Do Perigo escrita por HinnGrace


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



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Como eu disse, não ia desistir tão fácil. Logo depois da aula, meus amigos me chamaram para ir ao Ringue de Patinação, costumávamos ir lá na 8ª série, mas eu disse que ia estudar, falei que precisava dar uma olhada nos livros desse ano. Consegui convencer-los, mas na verdade o Jake me deu uma boa ajuda.

— Vamos, pessoal. A Mariana precisa voltar a estudar português – Ele piscou pra mim, percebi que já sabia do meu plano e estava tentando me ajudar, ele também sentia falta do Gabe, do velho Gabe... Pisquei de volta, percebi que estava devendo essa para o Jake

Obrigada, gente. Prometo que sábado vou com vocês ao Ringue de Patinação – Prometi com um sorriso no rosto

— Promessa de mindinho? - Disse meu velho amigo Lucas dando um sorriso idiota... Ah, esse bobão, nunca esqueci das piadas idiotas que sempre nos faziam gargalhar durante a aula.

— Promessa de mindinho – Eu confirmei encarando os olhos verde-azulados dele

Tudo bem, então vamos gente – Disse a Luci arrastando o pessoal – Vambora, daqui a pouco os pasteis de camarão acabam. Tchau Mari, vai estudar

— Se der tempo passa depois lá, tá? - Disse Carol em um abraço – Nunca mais mude de país, entendeu, Maria? - Ela me olhou nos olhos, a Carolzinha sempre me chamava de Maria quando estava falando sério, resolvi levar no mesmo tom.

— Entendi, Caroline – Confirmei já indo em direção ao ônibus, antes de entrar lá fiz o típico aceno parecido com o militar, que sempre foi nosso código secreto. Uma forma de mostrar que a amizade nunca acaba.

Logo que entrei no ônibus, reparei que o Gabriel estava sentado mais na frente, tinha uma mochila enorme do lado. Fiquei curiosa para descobrir o que continha lá, observei um pouco antes de entrar no ônibus. Entreguei o dinheiro e fui para o fundo. De lá dava para observar todo o ônibus, então, eu não desgrudava os olhos do Gabriel. Logo quando ele saiu eu fui junto. Estávamos entrando dentro da floresta que tinha se formado no pequeno bosque em que eu brincava. As vezes, por desconfiança ou por hábito, Gabriel olhava para trás, eu me esquivava facilmente do seu olhar, me escondia atrás das densas árvores que cobriam meu corpo todo, logo achei o caminho dele, estava fácil de seguir ele pelas pegadas na lama úmida, mas ao contrário do Gabriel, eu tive cuidado ao pisar mais nas folhas para não deixar pegadas, se fiz algum barulho, ele nem percebeu, estava muito ocupado ouvindo Guns N' Roses no volume máximo... Deus, quando cheguei ao lugar onde ele estava fiquei completamente surpresa com o estado do chão, estava cheio de bitucas de cigarro, garrafas de cerveja e... Não acreditei quando ele abriu mesmo a mochila, tinha pacotes cheios de maconha e tinha ainda mais bebida. Minha primeira reação foi pegar meu celular e ligar para a polícia, mas aí eu pensei direito, aquele ainda era o Gabriel, meu velho amigo Gabe, eu tinha que ajuda-lo, não leva-lo para a polícia. Fiquei em dúvida, o que eu fazia? Ligava para o pai dele? Ligava para a ambulância? Ele não poderia ficar se acabando daquele jeito, não ia permitir, mas para a ambulância eu não poderia ligar, provavelmente eles levariam-no para o pai dele, e fazer ele se sentir pior não era minha intenção, resolvi agir por mim mesma.

— Gabriel, pare já com isso – Andei até ele e disse isso, queria poder te dizer que disse isso de cabeça erguida e forte, mas logo que olhei nos olhos dele, lágrimas começaram a escorrer na minha face, oh não, Deus. Eu tinha que parecer forte, tinha que parecer impotente. Não adiantou as minhas tentativas – Por favor...

— Quem você pensa que é, Mariana? - Disse ele, percebi que ainda estava sóbrio pelo tom da sua voz. - Você não manda em mim – Ele disse isso com um pouco de amargura na voz
          — Gabriel, não lembra de mim? - Disse eu tentando insistir que ele percebesse que eu sempre fui sua amiga.
          — Lembro, lembro do seu nome, lembro onde você morava, lembro o seu número de telefone na Espanha, lembro do seu número de skype, do seu e-mail

— E por que nunca se comunicou comigo? - Gritei com as lágrimas rolando soltas no meu rosto
          — Porque eu não lembro de uma coisa, Mariana – Ele respondeu no mesmo tom que eu e com os olhos úmidos, como os de uma criança prestes a explodir num choro.
          — Não disse que nunca tinha esquecido de mim, que lembrava de tudo? Me diga então o que você não lembra que te impediu de falar comigo – Disse eu com a maquiagem toda borrada já.
          — Não lembro de você ter ficado quando eu te pedi para não me deixar, Mariana – Disse ele com as lágrimas, antes presas, escorrendo sem ele nem perceber.
          — Você sabe. Eu nunca quis te deixar – Nessa hora, meu rosto já se contorcia a uma cara de dor – Gabe, eu te amo. Quando vai perceber isso? Sim, eu fui. Pela primeira vez em todas as minhas viagens eu fui com um motivo para voltar, Gabriel. E esse motivo sempre foi você.
Ele não disse nada no momento, apenas voltou ao seu estado inicial, rosto sem expressão.
          — Apenas... Vá embora, Mariana. Já me acostumei com as pessoas saindo a toda hora da minha vida, me acostumei tanto, que seja a ser suspeito quando alguém diz que quer ficar nela.
          — Mas, Gabe, eu nunca fui embora, estava distante em quilômetros, mas sempre continuei do seu lado, você poderia logo ter me ligado, conversado pela internet...
          — Era melhor não, precisava me acostumar a viver sem você aqui. - Ele disse encarando o vazio

— Mas eu voltei, estou aqui, Gabriel – Segurei o rosto dele com as duas mãos e o olhei nos olhos
          — Sabe, Mariana. Em toda a minha vida as pessoas disseram que me amavam, que se importavam comigo, mas quando eu precisei, ninguém veio me ajudar. Então, quando outras pessoas dizem que estão comigo, fica até difícil de acreditar – Os olhos castanhos mel dele, que outrora já foram tão brilhantes e bonitos, estavam escuros e sombrios
          — Eu não sou como essas pessoas, Gabriel, eu realmente voltei, eu nunca quis sair daqui. Eu te amo – Nossos rostos estavam cada vez mais perto um do outro, os lábios dele, avermelhados naturalmente, invejáveis, que qualquer um mataria para ter, estavam ficando cada vez mais perto dos meus – Eu nunca te abandonei, eu nunca deixei de te amar, eu … - Ele me interrompeu com um beijo, fui nas nuvens naquele momento, nunca senti lábios tão doces tocando nos meus. Tudo foi interrompido com um torpedo SMS que chegou no meu celular, mordi os lábios e olhei a mensagem, era da Carol, estava escrito “Que horas você veem?? Estamos te esperando. Beijos :*”
          — Tenho que ir agora, o pessoal está me esperando – Olhei para ele e desviei o olhar rapidamente, estava esperando um “Posso ir com você?”, mas nada aconteceu, resolvi tomar a iniciativa – Quer vir comigo?
          — Não. - O rosto dele ficou confuso, como se quisesse voltar atrás – Mariana, o que aconteceu aqui, bem, foi errado. Prometo, não vai acontecer de novo. - Ele me olhou como se estivesse arrependido, eu muito menos gostei do que ele disse, ele deve ter percebido isso – Vai ser melhor para você se não vier me procurar de novo...
          — Pensa que desistirei assim? Não, Gabriel. Não desistirei de você. Não desistirei de nós! - Ele achou que eu fiz tudo isso para nada - Eu não vou desistir assim. Não vou.
          — Ah, Mariana. Se não faz isso por você, faça por mim. Desista. - Ele disse isso olhando nos meus olhos, como se pudesse ver minha alma.
Me estressei na hora, disse sem pensar. Não estava mais aguentando a ignorância dele.
          — E ser como você, Gabriel? Quer que eu desista da minha vida, quer que eu desista de tudo? Por causa de uma pessoa? - Na hora que eu disse, me arrependi. Queria voltar atrás, pedir desculpas, mas nesse momento, era o meu orgulho que comandava, meu orgulho que falava mais alto. Continuei o encarando.
          — Esperava que você fizesse isso, já que fiz isso por você. - Ele não teve ideia de como essas palavras machucaram. No mesmo instante meu rosto começou a encher de lágrimas, levantei a cabeça e disse – Não te pedi para fazer isso, você desistiu de mim, mesmo escutando eu dizer que voltava, eu nunca desisti de você. Você desistiu de mim, Gabriel – Disse isso tentando parecer forte, mas a verdade era que eu não estava mais aguentando ficar ali, enxuguei minhas lágrimas, limpei meu rosto – Adeus, Gabriel
— Mariana... Desculpas – Disse ele tentando voltar atrás, mas nesse momento eu já estava longe.
Em todo o caminho eu fui pensando nisso, o que será que ele vai fazer agora? Por que eu fui tão idiota assim? Sua imbecil, por que jogou o que sentia por ele no lixo? Não conseguia mais sorrir hoje, fui direto para casa, meu pai estava no trabalho e minha mãe terminava de arrumar a mudança.
— O que aconteceu, anjo? - Disse ela ao me ver chorando
— Alergia, mãe – Disse isso com a maior cara de mentirosa. Ela acreditou.
— Quer remédio de alergia? - Ela continuou arrumando as coisas
— Não, obrigada. Daqui a pouco passa – Fui direto ao banheiro e lavei o meu rosto. Um turbilhão de pensamentos passaram na minha cabeça. Mas eu estava destinada a esquecer, sai do banheiro enxuguei o rosto fui para o meu quarto. Coloquei algumas músicas para tocar e fui ler Fallen, fiquei mordiscando uma barra de chocolate. Tinha chegado uma mensagem no skype, era do Lucas.
Lucas diz:
“Não vai vir? : ( ”

Eu digo:
“Ah não, logo depois que eu estudei aqui em casa eu fui na biblioteca, mexi em uns livros lá e agora estou com alergia D;”
Lucas diz:
“ o psoal todo aq mandou melhoras”
Eu digo:
“vlw (y)”
Ele saiu do skype depois disso, a internet lá dever ter caído, a internet do Ringue de Patinação nunca fora muito boa. De certa forma, eu queria muito alguém para conversar, mas ao mesmo tempo em que todos estavam tão perto em quilômetros, estávamos tão longe em proximidade... Quando voltei, sabia que ia ser difícil me aproximar novamente deles, mas não imaginava o quanto seria difícil para voltarmos a confiar segredos.


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Notas finais do capítulo

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