Peguei uma maça na cozinha e voltei para meu quarto. Quando entrei ouvi uns barulhos na janela. Quando me virei, Dave estava sentado no parapeito.

  "Olá." -Ele disse entrando.

  "Preciso por uma corda ai. Se um dia você cair, nunca me perdoarei." -Disse sentando na cama.

  "Se um dia eu cair, eu grito para você me ajudar. E ai agarro sua mão e pelo menos morremos juntos."

  "Que horror!" 

 Ele riu.

  "Não brinque com isso." -Falei indo até meu armário e pegando um casaco. Estrava esfriando e pelo visto iria chover. Me sentei na cama e mordi a maça.

 Dave olhou os livros na mesinha e fez uma careta.

  "Eu nunca gostei da escola." -Ele comentou.

  "Eu gosto." -Dei de ombros- "Gosto de aprender."

 Ele se sentou do meu lado.

  "Ah, todos te dizendo o que fazer e como fazer." -Ele falou com despeso.

  "Não é tão ruim assim." -Me levantei e coloquei o resto da maça na mesa.

  "É sim...Pelo menos a minha era."

 Olhei para ele.

  "Sente saudade... De como era sua vida antes?"

 Ele olhou para a janela.

  "As vezes..."

 Voltei a me sentar na cama. 

  "Penso que se não tivesse acontecido... Eu não estaria aqui.. Com você... Deveria estar sozinho estudando no meu quarto e ouvindo meu pai bater na minha mãe."

  "Não diga isso." -Olhei para ele.

  "Eu já tive muito tempo para me arrepender de algo." -Ele disse ando de ombros.

 Começou a chover e o quarto ficou escuro. Me levantei e fui até a janela, olhei para o céu escuro e assustador, e fechei a o vidro. Quando voltei, acendi a luz e peguei um livro na estante.

  "Quer que eu leia?" -Perguntei.

 Ele olhou para o livro e sorriu. Me sentei na cama, ele tirou os sapatos e deitou do meu lado.

  "Paramos aonde?" -Perguntei, olhando as páginas.

  "Aquele seu amigo...Ele vem muito aqui?" -Ele perguntou se sentando.

  "Não, as vezes. Minha avó gosta dele... Então."

  "Huum." -Ele assentiu.

  "Por que?"

  "Só queria saber." 

  "Não tenha ciúmes dele. Ele é um velho amigo..." 

  "Você já me disse isso." -Ele me interrompeu.

 Olhei para ele.

  "É um bom rapaz." -Mordi o lábio.

 Voltei a abrir o livro.

  "Mas ele estuda com você?" -Ele perguntou.

  "Não, ele trabalha para ajudar a mãe. Ele não vai ficar aqui por muito tempo. Talvez vá para os Estados Unidos."

 Limpei a garganta e fui começar a ler, mas ele me interrompeu de novo.

  "Quando ele vai?" 

  "Dave, eu não sei. Eu gostaria de ler agora." -Disse- "Mas se você esta com ciúmes..."

  "Ciúmes?" -Ele disse me olhando.

  "É... Não sei do que, mas parece que esta."

 Ele suspirou.

 Coloquei o livro de lado e olhei para ele.

  "O que foi?" -Perguntei.

  "Você esta cera, estou com ciúmes." -Ele disse.

  "Ciúmes do que? Eu já disse que ele é meu amigo, apenas isso. E você é meu melhor amigo. Eu nunca deixaria você por ele."

  "É que... Ad vezes tenho ciúmes do tempo que ele passa com você." -Ele me olhou.

  "Desejaria que fosse você em vez dele nesse tempo." -Comentei.

 Ele deu um curto sorriso.

  "Posso ler agora?" -Peguntei indo pegar o livro. Mas ele segurou minha mão e levou até seu peito.

  "Sente isso?" -Ele disse.

 Seu coração batia normalmente.

  "Ele nunca se acelerou assim." -Ele sussurrou.

  "Dave eu..."

  "Eu gosto de você Helena." -Ele disse sentando- "Acho que gosto mesmo."

  "Eu também gosto de você. Somo amigos e quem diria, não é?" -Sorri.

  "Não... Eu gosto mesmo de você."

 Olhei para ele que estava me olhando. Percebi o que ele quis dizer e me senti uma idiota por não ter percebido isso antes.

 Ele riu.

  "O pior é que isso é tão.. Estranho." -Ele passou a mão no cabelo- "No começo você era.. Apenas a garotinha que tinha medo de mim. E agora eu estou aqui, na sua casa, no seu quarto e você sorrindo na minha frente." 

 É, eu estava sorrindo mesmo.

  "O que uma semana não pode fazer." -Comentei.

  "O que uma simples e especial garota não pode fazer." 

 Dei um sorriso tímido e ele piscou.

 Sua mão segurou o canto do meu rosto e me puxou levemente para perto dele. Mexei meus olhos e minha respiração foi a mil. Seus lábios encostaram no meu delicadamente.

 Quando os abri, ele sorriu se fastando. Segurei seu pescoço e o trouxe para mim. Nossas bocas se encontraram de novo, mas dessa vez foi mais intenso e... Molhado. Puxei ele e acabamos deitando na cama. 

 Eu percebi que o fundo, eu me sentia feliz com nunca com ele. Que no fundo eu o amava, queria estar com ele para sempre, e poder dizer o quando eu o achava perfeito apesar de tudo. Queria gritar e beija-lo, abraça-lo, sorri com ele.

 Ele me beijava, mas não como Lian, ele tinha vontade e amor a cada movimento. Ele beijou minha bochecha e tirou uma mexa do meu rosto.

  "Minha Bela." -Ele sussurrou no meu ouvido.

 Olhei para ele e seus olhos brilharam. Então ele sentou na cama rapidamente e olhou para a porta.

  "Sua avó." -Ele se levantou e arrumou a camisa.

  "Droga." -Sussurrei para mim mesma.

 Me levantei a arrumei meu cabelo e alisei meu vestido.

  "Nos vemos amanha?" -Ele perguntou indo para a janela.

  "Claro." -Sorri.

 Ele me deu um ultimo beijo, abriu a janela e desceu para os fundos. Fechei a janela e suspirei.