"Onde você estava?" -Minha avó perguntou quando entrei.

  "Eu fui na biblioteca." -Disse mostrando os livros, que, por sorte, eram os que eu tinha emprestado para Dave.

  "Biblioteca?" -Ela me olhou desconfiada- "Pensei que você disse que tinha ido para a casa de uma amiga."

 Olhei em volta.

  "Sim, Jack me contou." -Ela cruzou os braços.

  "Eu fui." -Concordei- "E depois passei na biblioteca."

  "Mas que amiga? Posso saber? Se a biblioteca fecha as três de domingo e não existe nenhum programa comunitários para ler para crianças."

 Engoli seco.

  "Eu fui na casa da Jully e...."

  "Ela não estava em casa." -Ela me olhou brava.

  "Você ligou para lá?" -Perguntei.

  "Liguei." -Ela cruzou os braços.

  "Não acredita em mim?!" -Coloquei os livros na mesa brava.

  "Parei de confiar em você muito tempo Helena. Por que esta mentindo para mim? Por que não pode me dizer para onde vai todos os dias?"

  "Por que... É coisa minha. Eu respeito as suas, gostaria de ter o mesmo direito."

  "Não fale assim comigo mocinha!" -Ela apontou o dedo.

 Eu não gostava de brigar com a minha avó, mas era o único jeito dela esquecer um pouco esse assunto enquanto estava brava.

  "Eu só quero privacidade." -Pedi.

  "Eu me preocupo com você."

  "Eu não estou fazendo nada de errado."

  "Então o que é isso na sua testa? Eu não sei para onde você esta indo, e se tiver alguém lá..."

  "Não... Ah, eu não quero falar sobre isso."

  "Esta de castigo." -Ela disse se virando.

  "O que?!"

  "Amanha depois da escola, você vai voltar e não sair mais."

  "Mas... Vó." -Pulei de raiva.

  "Sem chilique! É uma ordem, e até você me contar para onde vai, não saíra mais. Nem com Jully nem com Jack."

  "Você não pode..."  

  "Sou sua avó. E como te amo, quero sua proteção." -Ela disse- "Não se fala mais nisso."

 Subi as escadas e fui para meu quarto, entrei e bati a porta.

  "Fique fazendo birra, e eu te deixo por um mês." -Ela gritou lá de baixo.

 Abri a porta com raiva.

  "Eu te odeio!" -Gritei. 

 Bati a porta e deitei na cama. Meu coração parecia que ia sair do meu peito e espatifar na parede. Pensei em Dave e como dizer a ele. E vovó deveria estar tão triste e Jack que iria ficar arrependido por ter me posto nessa. 

 Olhei para a janela que estava começando a se molhar com a chuva. Limpei as lágrimas do meu rosto e suspirei. Um trovão fez minha luz falhar e eu não pude deixar de pensar em Dave. Eu deveria estar sensível, pois chorei mais ainda.

 Fiquei pensando no que ele disse, ele era tao fofo as vezes. Mas, por mais que eu gostasse tanto dele, nunca poderíamos dicar juntos; nunca daria certo. Abracei meu travesseiro e fiquei com raiva.

  "Droga de sentimento certo com a pessoa errada." -Gritei abafado.