O Garoto Da Casa 918. escrita por Greensleeves


Capítulo 12
Capítulo 12




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"É, vai ficar de cama até as aulas começarem."

Suspirei.

"Você não deveria ter saído."

"Mas você que pediu." -Questionei.

"Mas você saiu depois. Só a quela chuvinha não iria te resfriar."

Revirei os olhos.

"Fique na cama e eu logo trago uma sopa."

Ela se levantou e saiu. Arrumei meu travesseiro e puxei o cobertor para cobrir meus braços. Olhei para meu quarto e suspirei cansada; pelo menos eu tinha parado com tosse.

Dave deveria estar preocupado, mas se eu fosse ele me daria um sermão por ter ficado na chuva. Me sentei na cama e tentei pegar meu livro na mesa, mas estava longe de mais. Me estiquei e na cama e forcei para pegar, mas minha mão não encostava; minha preguiça era tanta de levantar.

Me apoiei na ponta e cheguei até a tocar o livro, mas minha mão escorregou e eu caí de cara no chão.

"O que esta havendo?!" -Gritou minha avó.

"Nada." -Gemi.

Me levantei pegando o livro e voltei a deitar na cama. Abri o livro mas estava escuro de mais. Liguei meu abajur do lado da cama e voltei a deitar. Começou a chover e isso me distraiu totalmente. Coloquei o livro de lado e olhei pela janela embaçada.

Algo bateu na minha janela, deveria ser uma pedrinha ou uma semente, mas bateu de novo e de novo. Me levantei e me enrolei no cobertor, fui até a janela e olhei lá fora, nada. Me virei e voltei para a cama, mas acabou batendo de novo.

Quando me virei, quase gritei de susto. Tinha alguma coisa enorme, preta e molhada nela. Olhei melhor e percebi que era uma pessoa, fui até lá e percebi que era o Dave.

"O que esta fazendo aqui?" -Perguntei abrindo o vidro.

"O que? Só você que pode me visitar?" -Ele disse segurando na calha.

"Já pensou se você caí?"

"Ta bom, agora me deixe entrar, não esta legal ficar aqui na chuva."

Segurei seu braço e com a outra mão puxei seu casaco. Ele entrou e eu fechei o vidro.

"Você é louco?"

"Depende." -Ele de de ombros.

Ele estava todo molhado e suas mãos tremiam.

"Venha, tire esse casaco." -Eu disse indo até meu armário, peguei uma toalha e um cobertor. Dei para ele e ele se secou.

"Se minha avó te ver ela me mata, e depois você."

"Ela esta dormindo." -Ele disse secando o cabelo.

"Como você...?"

"Eu olhei pela janela claro. Acha que eu subiria aqui com alguém no seu quarto?"

Dei de ombos.

"Do jeito que você é."

"O que quer dizer com isso?" -Ele me olhou.

"Nada. Se cubra, se não vai ficar pior que eu."

"Eu sabia que você estava mal, por isso que vim aqui."

Olhei para ele.

"Eu disse que me importava." -Ele disse se sentando na cama.

Sentei do seu lado.

"Obrigada." -Corei- "Ninguém nunca... Escalou minha casa para me ver."

Ele riu, mas eu tampei a boca dele para minha avó não ouvir. Ele a tirou devagar e olhou para a porta.

"Sua casa é bem bonita." -Ele disse olhando em volta.

"Obrigada." -Sentei mais no canto da cama e encostei a cabeça na parede.

"O que você esta lendo?"

"A Bela e a Fera." -Disse pegando o livro- "Minha avó que me deu, mas eu não leio mais conto de fadas."

"Quer que eu leio para você?"

Olhei para ele que encostou na parede.

"Pode ser." -Dei de ombros.

Ele pegou o livro e abriu na página marcada. Me cobri com o cobertor e encostei a cabeça no seu ombro.

"Tantos livros encantavam sua biblioteca, tantos quadros sua parede." -Ele começou. Sua voz foi ficando mais baixa e meus olhos se fechando.

"Helena." -Ele disse colocando a mão no meu ombro.

Abri os olhos e percebi que eu estava deitada no seu peito. Levantei a cabeça e olhei para ele, que estava meio sem graça.

"Desculpa." -Disse me sentando rapidamente.

Ele deu uma risadinha.

"Sua avó esta te chamando." -Ele disse.

Olhei para a porta e ouvi passos. Me virei para Dave e ele parecia assustado.

"Na cama! De baixo da cama." -Empurrei ele para o chão.

Ele se abaixou e foi para de baixo da cama sem fazer nenhum barulho. Quando ele escondeu a perna, vovó entrou.

"Querida, estava te chamando."

"Desculpa, eu acho que dormi." -Sorri.

"Ah, tudo bem. Que chá?" -Ela disse.

"Sim, e pode trazer algumas bolachas?" -Perguntei.

"Claro querida. Se sente melhor?"

"Muito."

"Que bom."

Ela saí fechando a porta. Suspirei aliviada. Olhei de baixo da cama e Dave sorriu.

"Ela já foi." -Eu ri.

Ele se levantou e sentou na cama.

"Pensei que ela iria perguntar sobre o casaco na cadeira."

Olhei para o casaco molhado em cima da cadeira, me levantei e o guardei atras do armário. Olhei para Dave que riu até cair de costas.

"Bem, esta com fome?" Perguntei me sentando.

"Um pouco." -Ele disse sentando.

Espirrei três vezes.

"Eu pedi.." -Outro espirro- "Pedi que ela trouxesse bolacha."

Ele assentiu.

"Eu dormi por muito tempo?"

Ele me olhou.

"Não, eu nem tinha virado a página. Você parecia cansada, então não te acordei."

"Desculpa."

"Tudo bem." -Ele sorriu.

"Quando ela vier você fica trás da porta. Ela nem vai perceber."

"Achei isso lá em baixo."

Ele abriu a mão e mostrou um colar de prata.

"Jack me deu quando se mudou." -Disse pegando- "Isso me trás tantas lembranças."

"Então por que estava lá?"

Peguei o colar e coloquei em cima do livro.

"Eu tenho meus momentos."

Ele me olhou e deu de ombros.

"Esta com ciúmes?" -Perguntei.

"Por que estaria? Ele é seu amigo, e até antes do que eu."

"Você me considera sua amiga?" -Sorri.

"Achei que eu já estava obviou." -Ele disse.

Ouvi minha avó nas escadas e Dave foi para trás da porta. Ela a abriu e estava segurando uma bandeja com uma xícara e um pratinha com bolachas.

"Aqui está." -Ela sorriu.

"Obrigada vó." -Fui até ela e peguei.

"Eu vou estar lá e baixo, se precisar me chama."

"Não se preocupe." -Eu disse colocando a bandeja na cama- "Eu acho que vou dormir depois"

"Tudo bem então." -Ela disse e fechou a porta.

"Sua avó parece uma mulher legal."

"Ela é uma boa pessoa."

Peguei a bandeja e sentei no chão.

"Eu não conheci minha avó." -Ele comentou se sentando na minha frente.

"Ah, é como uma mãe." -Dei de ombros e peguei uma bolacha.

Ele levantou uma sobrancelha.

"Eu não quero o chá, você pode beber se quiser." -Disse me encostando na cama.

Ele pegou uma bolacha, molhou no chá e riu.

"Faz muito tempo que eu não fazia isso."

"O que?"

"Comer bolacha e chá." -Ele disse sorrindo e mordendo.

"Eu fazia isso com a minha mãe." -Comentei- "Quando chovia, fazíamos meio que um piquenique em casa."

"Você devia se dar bem com ela."

"E me dava." -Peguei outra bolacha.

Ele pegou a xícara quente e bebeu.

"O chá esta bom." -Ele murmurou.

"É?" -Peguei a xícara e bebi- "Esta mesmo."

Ele sorriu.

"Acabamos de nos beijar." -Ele disse.

"O que?"

Ele riu.

"Quando eu ia para a escola, diziam que se você dividisse uma bebida com uma menina, você beijava ela."

"Que ridículo." -Eu ri.

"Eu sei, mas eu precisava dizer isso." -Ele riu também.

"Você já teve namorada?"

Ele ficou serio.

"Não... E você?"

"Uma vez eu gostei de um garoto da escola e ela gostava de mim. Mas só andávamos de mãos dadas. Um dia ele parou de falar comigo e nunca mais conversamos." -Dei de ombros- "Isso foi o mais próximo e um relacionamento que eu já cheguei."

"Huum."

"E você?"

"Já disse que nunca namorei." -Ele pegou a última bolacha.

"Mas.. Nunca.. Beijou uma garota?" -Olhei para ele.

"Não chegou a ser um beijo." -Ele fez uma careta.

"Era bonita?" -Perguntei.

"Sim."

"Era sua amiga ou desconhecida?"

"Amiga." -Ele respondeu sem mudar a expressão.

"Você gostava dela?"

Ele me olhou.

"Sim. Acabou?"

"Ah, eu queria saber." -Levantei as sobrancelhas.

Suspirei e olhei para a janela, ainda chovia e parecia que a semana terminaria assim.

"Semana que vem eu tenho aula."

Ele me olhou.

"Você ainda vai na escola?"

"Tenho dezessete anos."

Ele limpou o farelo da camiseta. A mesma camiseta branca e a calça jeans de quando eu vi ele, mas dessa vez os suspensórios estava presos.

"Sempre gostei de suspensórios." -Comentei.

Ele olhou para os dele e puxou.

"Eu também."

"Parecem muito melhor que cinto."

"E são." -Ele sorriu.

Olhei para ele; coisa que eu poderia fazer o dia inteiro. Mas minha vontade mesmo era de abraça-lo. Não sei por que, mas eu queria tanto.

"Tem um resto de chá, você vai querer?" -Ele perguntou sem graça quando percebeu que eu o encarava.

"Não, pode beber." -Sorri.

Ele se aproximou e pegou a xícara.

"Adoro olhar para a chuva." -Suspirei.

Ele se virou e olhou pela janela. Então se levantou e sentou do meu lado.

"É... É bem ... interessante."

Olhei para ele que bebeu o chá.

"Me beije." -Ele disse sorrindo.

Olhei para ele e me aproximei rapidamente. Encostei meus lábios no seu por dois segundo e me afastei.

"Por que fez isso?" -Ele perguntou com uma careta.

"Você que disse."

"Estava falando da xícara."

Olhei para o objeto na sua mão e suspirei.

"Eu..." -Murmurei.

"Tudo bem." -Ele disse colocando a xícara no chão- "Acho que vou indo."

Olhei ele se levantando e pegando o casaco atras do armário, então abriu a janela e desceu pela telha e a grade que estava pendurada para as flores.






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Notas finais do capítulo

Acho que... só vou continuar domingo... ou talvez hoje.. não sei...talvez...
-Alguém aqui tem Tumblr? huum? huum? >.o
E ai? Já beijaram de xícara? kkkkkkkkkkk ^.^