Annabeth E Percy escrita por , Gusharry


Capítulo 8
Eu ainda estou tendo um flash back.


Notas iniciais do capítulo

Novo capitulo prontinho para vocês, desculpem pela demora. O capitulo ficou maior do que pensei, o que tem acontecido com todos os capitulos que tenho escrito, mas em compensação tenho tido varias idéias cada uma mais louca que a outra. Enfin, chega de conversa e aqui esta o capitulo. Divirtam-se e boa leitura.



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Eu ainda estou tendo um flash back.

    Estava completamente sem nada pra fazer no domingo a tarde, então, como sempre faço, peguei o meu skate e fui dar uma volta no quarteirão e quem sabe jogar uma partida de basquete com os garotos do bairro. A verdade é que eu queria me manter ocupado com alguma coisa para não pensar em Thalia (o que não parava de fazer desde a festa na sexta), mas quando eu estava na portaria do meu prédio o celular tocou, era ela.

- Oi Thalia – falei soando casual como sempre, mas meu coração deu um salto.

- Oi Percy – ela falou  também no mesmo tom -, você esta ocupado?

- Na verdade não, estava saindo para dar uma volta.

- Você poderia vir aqui em casa? Eu gostaria de falar com você.

- Claro, já estou indo para ai.

    Desliguei e me dirigi para o apartamento dela a algumas quadras de distancia dali tentando me convencer de que era uma visita normal igual a milhares de outras que já tinha feito a sua casa, mas minha boca estava seca, meu coração acelerando e meu estomago revirando. Quinze minutos depois eu estava batendo a porta do seu apartamento, ela atendeu.

- Nossa, você foi rápido.

    Ela usava uma camiseta regata preta e uma calça jeans desbotada e rasgada como já a vi usar milhares de vezes em casa, mas havia algo diferente. Ela estava usando batom cor da pele que realçava sua boca maravilhosamente, um pouco de blush nas bochechas e um sombra nos olhos, seu cabelo estava amarrado com um elástico deixando seu pescoço a mostra, no qual ela usava um cordão preto que dava duas voltas com um pingente purpura. Tive vontade de abraçá-la e beijá-la ali mesmo, mas me controlei.

- Já estava saindo quando você me ligou – falei sem desviar o seu olhar – você esta linda.

    Ela me olhou como se achasse estranho ouvir aquilo de min e deu um sorriso de escarnio.

- Ei, o que e isso? Por que essa formalidade toda? Sou eu, Thalia, e você e de casa Percy – ela disse isso, mas pelo brilho nos seus olhos ela parecia muito satisfeita. - Vem, vamos tocar um pouco la no meu quarto.

    Tirei os tênis em cima do tapete e deixei ao lado da porta na sapateira juntamente com o meu skate. A mãe de dela tem uma certa mania de limpeza, então não deixa que andem de sapato pelo apartamento cheio de impecavelmente brancos e macios tapetes, é muito gostoso andar descalço sobre eles.

    O quarto de Thalia é um comodo quadrado simples cheio de pôsteres de bandas desde a parede até o teto, de um lado havia uma cama de casal com um criado mudo do lado, do outro havia uma escrivaninha com computador e alguns livros, um armário no canto e um aparelho de som com uma caixa amplificada e seus instrumentos (baixo, guitarra, violão, violino, gaita e microfone com suporte) do outro. Ela pegou a guitarra, conectou na caixa e sentou na beirada da cama, fiz o mesmo com o violão e puxei uma cadeira para me sentar em frente a ela, afinamos os instrumentos e começamos a tocar. Desde que eu tinha 11 anos que temos esse habito de tocar juntos, a maioria das visitas que fazíamos um ao outro era para isso sendo que em muitas delas nossos amigos vinham junto, Annabeth chegava a estudar enquanto nos ouvia mas não faço ideia de como ela conseguia se concentrar com distorções de guitarra ao pé do ouvido.

    Depois de umas três musicas mais ou menos, o clima estranho entre nós se desfez e estávamos muito mais relaxados. Podíamos nos estranhar e sair no braço por qualquer motivo, mas quando o assunto era musica nós nos entendiamos muito bem.

- Uou! - ela exclamou dando um acorde distorcido na guitarra – Você esta tocando cada vez melhor.

- Valeu – abaixei a cabeça e dedilhei algumas notas. – Mas não foi para falar de musica que você me chamou aqui, não foi?

        Ela também baixou a cabeça e dedilhou algumas notas.

- Não, isso foi só para quebrar o gelo – ela me olhou nos olhos. – Percy, porque você me beijou daquele jeito?

    Não havia raiva em sua voz, mas mesmo assim eu senti envergonhado.

- Thalia, você sempre foi como uma irmã mais velha para min, uma irmã que que gostava muito de me bater – falei de cara feia, ela riu - , mas ainda assim você sempre me ajudava e protegia quando eu era pequeno.

    Ela confirmou com a cabeça e me olhou como se lembrasse de min quando pequeno.

- Naquela época Jason ainda morava com meu pai, então eu meio que te coloquei no lugar dele, eu acho.

- Acho que sim – concordei – mas o ponto e que eu nunca te vi como nada elem disso, até aquela noite.

    Ela me olhou com intensidade.

- Quando te vi daquele jeito sob a luz da lua você me pareceu tão...linda – ela corou um pouco, mas não desviou o olhar - , então depois daquela confusão toda, bem, os meus nervos estavam a mil depois da luta e... e você estava nos meus braços, eu não consegui resistir a você.

    O olhar dela se tornou severo.

- Esta dizendo que só me beijou por causa do calor do momento?

- Na hora sim – admiti. - Mas agora, eu estou sentindo a mesma coisa, e para ser sincero eu mau posso esperar para te tomar em meus braços e te beijar novamente. Thalia, eu acho que me apaixonei por você.

    Ela arregalou os olhos, e então corou desviado o olhar. Eu a pressionei um pouco.

- E você Thalia? Por que me beijou e volta?

- Bem – ela falou para a guitarra corando mais um pouco - , o seu beijo foi bom, então eu quis mais – ela levantou a cabeça. - Eu também quero estar nos seus braços agora.

    Sustentei o seu olhar por um tempo, então ela ficou da cor de um pimentão e colocou o rosto entre as mãos.

- Droga, não acredito que disse isso – ela falou e eu dei uma risada. - Não ria, isso não tem graça.

- Desculpe.

- Isso tudo e culpa da Susan. Eu também só te via como aquele garotinho que o Luke importunava e eu tinha que salvar. Mas então ela começou a me encher o saco com perguntas sobre você, Percy isso, Percy aquilo. Por causa dela eu comecei a peceber como você era bonito, charmoso e... gostoso – ela falou essas ultimas palavras como se fossem o meus pores defeitos e tivesse nojo de min, eu apenas ria mais um pouco.

- É, mas você parecia muito empenhada em me juntar com ela.

- Ai, nem fale. Não acredito que aquilo tudo deu errado.

- Bem, era de se esperar, afinal você é muito desastrada.

    Thalia fez cara de ofendida e me olhou nos olhos se levantando com raiva.

- Desastrada?! Eu não sou desastrada – ela bateu a guitarra no chão e com isso acertou o dedão do pé. - Aaaaiiii, droga... meu dedo.

    Tive que usar toda a minha força de vontade para não cair na gargalhada, o que deve ter salvo a minha vida, já que ela provavelmente teria me espancado até a morte com a guitarra se o tivesse feito.

- Ok, ok, calma. Esta doendo muito? - Ela parou de pular em um pé só por um momento e me deu um olhar que misturava dor, aflição, incredulidade, raiva e cala a boca. - Mas que pergunta idiota, é claro que esta doendo, me desculpe. Vem cá, deixa eu dar uma olhada.

- Tem um kit de primeiros socorros no armário – ela falou se sentando na cama –, pega para min.

- Tá – me levantei para pegar o kit, mas então parei e me virei com um sorriso no rosto. - Você não e desastrada mas tem um kit de primeiros socorros no quarto?

- Cala a boca e pega logo dessa maleta – ela falou indignada.

    Me calei e fui até o armário pegar a maletinha branca, me sentei em frente a ela, passei álcool em gel nas mãos, coloquei o pé dela na minha perna e comecei a tratá-la. Limpei o local do corte co algodão e água oxigenada, depois passei um anticéptico em spray.

- Au, au, au, au, vai com calma, esse negócio arde – ela protestou.

    Soprei um pouco seu dedo para aliviar a ardência, depois passei um gel analgésico para impedir que infecionasse.

- Nossa – ela falou surpresa –, você é bom nisso.

- Quando se é skatista, você meio que aprende a lidar com pequenos ferimentos – falei enquanto fazia o curativo. - Pronto, terminei.

    Ela mexeu os dedos em cima da minha perna parecendo meio triste.

- Isso foi culpa sua – falou com a cara emburrada.

    Pensei em dizer que ela ficava linda emburrada, mas provavelmente levaria um chute na cara. Ao invés disso fiz algo mais arriscado: levantei o seu pé até o meu rosto e o beijei demoradamente. Quando levantei os olhos ela estava com uma expressão de surpresa no rosto.

- E então, melhorou?

- Um pouco – respondeu meio tímida com o rosto corado.

    Ela evitou o meu olhar por um tempo enquanto brincava com uma mecha de cabelo, então falou.

- Sabe Percy, eu... hum... aquele soco que você deu no meu ombro – ela apontou o ombro direito – , ainda esta doendo um pouco. Se você...

    Me inclinei para a frente e a abracei antes dela terminar, passei as mão pelas suas costas e encostei meus lábios em seu ombro beijando-o ainda mais demoradamente, ela se arrepiou toda.

- Melhor? - ela confirmou com a cabeça – Mais algum lugar dói?

- Meu pescoço – ela me falou olhando nos olhos. - Você o apetou com muita força Percy. Sou uma garota, você tem que me tratar com mais delicadeza.

- Serei mais delicado – prometi.

    Puxei-a mais para perto e segurei sua nuca, comecei a beijar seu pescoço pelo ombro e e fui subindo, peguei seus cabelos e puxei sua cabeça para trás, ela fechou os olhos e gemeu de prazer. Segui beijando sua garganta, seu queixo e rosto até chegar a sua orelha.

- Mais algum lugar dói por minha culpa? - sussurrei ao seu ouvido.

    Ela se afastou um pouco e colocou as mãos em meu peito.

- Sabe, hoje, quando eu estava tomando café da manhã, eu estava pensando em você, então eu me distrai um pouco... e acabei queimando a boca com café – ela passou os dedos nos lábios. - Então, isso também foi culpa sua.

    Essa justificativa me pareceu meio fraca, mas se seus lábios estavam machucados, eu precisava beijá-los para que a dor passasse. Aproximei minha boca da dela, mas quando nossos lábios se tocaram, seu celular tocou assustando a ambos.

- Droga – ela exclamou chateada, então fechou os olhos e se inclinou para me beijar tentando ignorar o toque do celular (a musica chop suey do system of a down), mas a bateria começou  a tocar mais rápida e ela não conseguiu.

- Espera... só um minuto ela falou ainda de olhos fechados parecendo um pouco frustrada – , não saia daqui.

    Ela se virou e foi engatinhando por cima da cama até o criado mudo atender o celular.

- Quem pode ser numa hora dessas? - reclamou – Alô, Susan? Oi, como vai?... Estou no meu quarto, estava tocando guitarra... Não, eu já disse que não estou chateada com você, quer dizer, só um pouquinho... Não, não vou usar meus conhecimentos em artes marciais em você, é para isso que eu tenho o Percy.

- Ei – protestei revoltado, ela levantou um dedo para que eu me calasse.

- O quê? Não, não essa não é a voz – ela suspirou – ok, ele tá aqui no meu quarto, satisfeita?... Claro que não, estamos apenas tocando musica e conversando como sempre fizemos – ela falou isso com a voz mais falsa do mundo enquanto brincava com uma mecha de cabelo, Thalia e uma péssima mentirosa – o quê?... Sim, tenho certeza de que é o violão que ele esta tocando – ela corou – ah, cala a boca – ela desligou, quando olhou para min eu estava rindo.

- E cale a boca você também – fiz que me calaria, ela continuou brincando com o cabelo sem me olhar ainda um pouco rubra.

- Então, você contou para a Susan – falei depois de um tempo.

- Sim, ela quis se encontrar comigo ontem para pedir desculpas pela confusão na festa. Ela estava morrendo de medo de min, achava que eu ia bater nela até eu dizer que estava tudo bem. Conversamos um bocado, então... eu falei sobre nós.

- O que quer dizer, é claro, que você deixou escapar sem querer.

    Ela abriu a boca para protestar, mas então desistiu e suspirou.

- Foi – admitiu –, primeiro ela achou que eu estava brincando, mas então ela viu que era serio e ficou surpresa, chocada na verdade. Nós tentamos explicar uma para a outra o que havia acontecido com nós duas mas não conseguimos, então simplesmente aceitamos – ela suspirou novamente e baixou a cabeça cansada, eu também ainda não entendia muito bem o ocorrido, então aceitei.

    Thalia levantou a cabeça e olhou para min com uma expressão cansada no rosto, então ela deu um leve sorriso e estendeu os braços para min, eu sorri de volta e fui até ela e a abracei e dei um beijo em seu rosto, ela beijou a minha testa e colocou minha cabeça sobre o seu peito enquanto afundava o rosto em meu cabelo, ficamos assim durante um longo tempo.

- Seu cabelo e tão macio – ela depois de alguns minutos enquanto me despenteava e movia o rosto sobre minha cabeça –, tão gostoso, eu sempre gostei dele. E por que eu te despenteava todo quando quando você era pequeno e eu ganhava de você em uma luta, você lembra?

- É? - falei de olhos fechados – Legal.

    Era muito gostoso ficar ali com ela. Eu abracei mais um pouco e ajeitei minha cabeça sobre seu peito, eu podia ouvir seu coração batendo acelerado, ela cheirava a rosas.

- Eu – ela exclamou levantando minha cabeça –, não vá dormir.

- Ah não, só mais um pouco – encostei de novo a minha cabeça sobre o seu seio mas ela levantou novamente.

    A ternura em seu olhar me surpreendeu, esse é uma lado de Thalia que eu não conhecia, o que ela guardava somente para aqueles que amava, me senti lisonjeado. Toquei o seu rosto, ela fechou os olhos e segurou a minha mão.

- Seu toque e tão bom – ela falou de olhos fechados –, quando não esta me batendo, e claro.

- Qual é? - falei indignado – Essa fala é minha.

    Ela deu um leve cascudo na cabeça e rio de min, eu a beijei. Nossos lábios se encontraram de forma suave e gentil, nossas línguas se enroscaram sem pressa, aproveitando ao máximo o toque um do outro. Me desvencilhei de sua boca e fui beijando o seu rosto até a sua orelha e a mordi de leve, ela se enrijeceu toda e cravou as unhas nas minhas costas.

- E-ei, para com isso – ela protestou, a voz tremula – quer me deixar louca?

- Louca, é? - sussurrei ao seu ouvido – Isso eu gostaria de ver – mordi sua orelha de novo e ela suprimiu um gemido mordendo o lábio e cravou ainda mais suas unhas nas minhas costas, nesse momento alguém bateu na porta.

- Thalia,você esta se trocando? Posso entrar?

- Nós fizemos biscoitos, você quer?

    Eram Piper e Jason.

  

- En-entrar?! S-só um m-minuto – Thalia falou em panico. – Porcaria, por que sempre tem alguém para se intrometer nessas horas?

    Ela me olhou ainda em panico, o meu corpo ainda em cima do dela, então ela me empurrou para fora da cama.

- Urg – grunhi ao bater no chão.

- Podem entrar – ela falou de cima da cama e eu ouvi a porta abrir.

- Thalia, você esta bem? - Jason falou preocupado – Ouvi um baque, você caiu no chão?

- Que? Não, eu estou bem, nada caiu aqui.

    Ela falou isso no mesmo tom em que falou com Susan no telefone, eu coloquei a mão em cima da cama tentando me levantar mas ela tirou rapidamente para que não vissem, mas não funcionou.

- Você... você esta com alguém aqui? - falou Jason parecendo chocado.

- Alguém?! C-c-claro que n-não, q-que absurdo.

- Uou, eu quero ver quem é – falou Piper exitada, Thalia se enrijeceu na cama.

- Espere Piper, se Thalia não quer mostrar o namorado dela, é um direito que ela tem.

- Mas...

- Vamos, desculpe mana, eu não queria perturbar.

    E dizendo isso, eles fecharam a porta e se foram. Thalia se virou na beira da cama para me olhar.

- Nossa, ainda bem que eles foram compree...

    A porta se abriu com estrondo.

- Eu quero saber quem é esse maldito que esta se aproveitando da minha irmã – gritou Jason, então os dois pularam em cima de Thalia antes que ela pudesse reagir e me pegaram pelo colarinho – Percy?! É você?

- Uou, por essa eu não esperava – exclamou Piper chocada.

- Ok, ok, vocês já viram, agora caiam fora – Thalia falou vermelha de constrangimento e pelo peso dos dois.

- Mas Thalia, é o Percy – exclamou Jason chocado ainda segurando a minha camisa. – Thalia, esse e o Percy.

- Eu conheço o Percy Jason, agora... saiam... de cima... de min!

    Ela jogou os dois de cima da cama e eles caíram em cima de min.

- Arrg, aiaiaiaiai – gritei destruído. – Droga Thalia, você é uma ameaça para a minha saúde. Por um acaso você quer me matar?

- Ah, foi mau – ela se desculpou.

    Piper e Jason saíram de cima de min e tentaram me ajudar a ficar de pé, mas senti uma dor tão aguda nas costelas e nas costas que só consegui chegar até a cama, Thalia colocou a minha cabeça em seu colo com uma expressão preocupada no rosto.

- Eu quase morri – falei dramaticamente e com as costelas ainda doendo. – Eu vi o outro lado Thalia, eles estavam me chamando.

- Hora Percy, deixe de drama. Não foi tão ruim assim – ela falou exasperada.

- A morte – continuei com a voz distante e mórbida –, ela se parecia com você.

    Todos riram e Thalia me deu um leve peteleco na testa, Piper falou dividida entre o riso e a pena.

- Nossa Thalia, você deve ser a pior namorada do mundo.

- Eu não sou namorada dele.

- Não?! - nós três falamos ao mesmo tempo, e confesso que fiquei um pouco decepcionado com a resposta, Thalia pareceu meio constrangida.

- Bom, não... quer dizer... eu não sei, nós meio que estavamos decidindo isso quando vocês chegaram.

        Ficamos em um silencio constrangido por um momento. De todos, quem parecia menos a vontade com essa historia era Jason.

- Eu sempre achei que vocês fossem só amigos – ele falou desconfortável. – Tipo, você sempre dizia que o Percy era como um... como um irmão pra você.

- É, nós estávamos debatendo essa parte – ela falou coçando a cabeça.

- Bom, e então? - falou Piper tentando quebrar o clima chato. - Vocês vão querer biscoitos? Eles estão esfriando.

- Ah, eu acho que não Piper. Eu meio que estou querendo fazer um regime.

- Eu coloquei nozes e gotas de chocolate neles.

- Que se dane o regime, vamos comer.

    E dizendo isso,Thalia se levantou de uma vez fazendo minhas costelas doerem novamente.

- Aauuu!

- Ah, foi mau... de novo.

    Piper reprimiu um sorriso e então falou.

- Bem, nós vamos na frente. Vamos Jason, eles precisam conversar mais um pouco.

    Ela saiu empurrando um relutante Jason até a cozinha deixando-nos a sós novamente.

- Nossa, eu não tinha percebido isso – falou Thalia.

- O que?

- Jason tem ciumes de você.

- De min? Porque?

    Ela deu de ombros.

- Creio que por causa da nossa relação, como ele mesmo falou. Afinal,ele é o meu irmão. Além o que ele normalmente já e ciumento em relação a min.

- Sei, assim como você.

- Eu não sou ciumenta.

- Você vivia chamando Piper de biscate aproveitadora quando eles começaram a namorar.

- Ok, eu sou um pouco ciumenta, satisfeito?

- Quase, antes temos que definir um ponto.

- Que ponto?

- Se nós vamos ser namorados, então, assim como eu serei mais delicado com você, você também terá que ser mais cuidadosa comigo – falei fazendo uma creta de dor –, caso contrario eu não duro mais uma semana.

    Ela se deitou ao meu lado, passou uma perna sobre min e um braço sob minha cabeça aproximando o seu rosto do meu.

- Então, nós somos namorados?

- Bem, se você quiser...

    Thalia me olhou nos olhos profundamente, me analisando antes de responder.

- É, acho que isso seria interessante – ela me deu um longo e molhado beijo. – E eu vou ser mais delicada com você.

    Nós sorrimos um para o outro feito dois bestas e nos beijamos novamente, depois ela me ajudou a me levantar e fomos para a cozinha comer biscoitos.

- Au, au, droga – reclamei enquanto andava em direção a cozinha, Thalia vinha atrás de min com as mãos em meus ombros. – agora sou eu que estou com o corpo cheio de machucados por sua culpa – olhei para trás esperançoso.

- Pode esquecer, eu não vou beijar os seus machucados – e fiz cara de decepcionado, ela deu um sorrisinho e falou no meu ouvido. – Mas eu posso fazer uma bela massagem com óleo de rosas relaxante, você quer?

    Eu abri um sorriso largo.

- É, eu acho que vou aceitar.

    E assim começou o meu namoro com Thalia. Na verdade, era um namoro meio que as escondidas, não que houvesse algo proibido na nossa relação, mas nós queríamos ser discretos e o clima de segredo dava um tempero bem legal, queríamos esperar o momento certo para contar para os nossos amigos, de forma que continuamos agindo normalmente na frente deles, com a diferença que paramos de nos bater, o que eles acharam estranho, mas dissemos havíamos cansado disso e que uma hora tínhamos que crescer e eles aceitaram. No mais, nós aumentamos consideravelmente nossas visitas musicais, nas quais nós não tocávamos muito (algumas vezes nós nem pegávamos nos instrumentos pra falar a verdade).

    Certa vez nós fomos ao cinema com Piper e Jason. Tivemos uma pequena discussão, já que Thalia queria assistir um filme de terror, eu queria assistir um de ação, Piper queria assistir uma comedia romântica e Jason um de guerra. Para resolver o impasse nós decidimos tirar na sorte e Piper ganhou. A contragosto fomos assistir o filme, porem, Thalia e eu acabamos dormindo durante o mesmo. Piper e Jason nos acordaram quando os créditos estavam subindo rindo das nossas caras e saíram da sala na nossa frente. Achamos que eles queriam nos deixar sozinhos, mas quando chegamos no Hall de entrada e olhamos um para o outro vimos que nossas caras estavam pintadas, rimos um pouco e tiramos uma foto, já que eles foram bem criativos.

- Aqueles dois vão me pagar – disse Thalia enquanto limpava o meu rosto com um lenço umedecido em uma fonte em frente ao cinema –, pela pintura e pelo filme chato.

- Você poderia seguir o exemplo da garota do filme.

- O que? Jogar um gamba neles?! Não estou com tanta raiva assim.

- Não, eu quis dizer você montar uma banda.

    Ela parou e me olhou surpresa, como se a ideia nunca tivesse passado pela sua cabeça.

- Eu, uma banda?!

- Sim – eu falei pegando um lenço e limpando o seu rosto –, porque a surpresa? Você é uma excelente musicista, tem uma voz linda e é muito carismática. Você poderia ser uma nova Harley Willians, ou uma nova Emi Lee se preferir.

    Ela me deu um soco de leve no braço.

- Deixa de ser bobo. Onde já se viu? Eu, uma banda – ela riu como se a ideia fosse fosse boba, mas de repente parou e sua expressão se tornou sonhadora e distante, se olhos brilharam. - Mas até que não seria ma ideia. Você até que tem umas ideias interessantes heim Perseus.

    Thalia passou os braços pelo meu pescoço  e me deu um longo e delicioso beijo.

- Bem, agora vamos achar aqueles dois palhaços e dar uma lição a eles – ela falou depois de um tempo com a cara de má.

- Eu tenho uma ideia – dei o meu melhor sorriso travesso e Thalia me acompanhou, em pouco tempo estávamos imitando risadas diabólicas, ficou tão bom que assustamos algumas crianças que passavam por ali e começaram a chorar, fomos embora antes que as mães chamassem a segurança.

    Depois de um tempo, encontramos Jason e Piper em frente a uma loja de relógios. Fingimos que nada havia acontecido e eles ficaram desconfiados, mas nós os convencemos de que estava tudo bem e os convidamos para para lanchar. Enquanto Thalia os distraia, eu colocava um corante preto e suas Coca-colas, o que deixou seus dentes pretos como se estivessem estragados. Quando eles perceberam, ficaram loucos de raiva e tentaram nos fazer beber também, mas a essa hora nós estávamos longe dando nossas risada diabólicas enquanto corríamos e eles ficaram para trás com suas bocas pretas e um a conta para pagar, somos tão maus.

    Uma semana depois, Thalia e eu estávamos passeando pelo Central Park sob a sombra de algumas arvores, estávamos sozinhos ela estava estranha comigo.

- Qual o problema? - perguntei.

    Nós paramos, seus lábios tremeram e ela se virou para min com os olhos tristes.

- Percy, eu quero terminar com você.

    Senti meu coração afundar.

- M-mas... mas porque? Foi algo que eu fiz? Algo que eu disse? Por que se foi, me desculpe...

- Não... você não fez nada. O problema não é com você, e sim comigo.

- O que quer dizer, é claro, que o problema é comigo – falei com raiva e magoado.

- O que?! Não, olha... Percy, o nosso relacionamento... foi um erro. Nós nunca deveríamos ter ficados juntos, foi idiotice. Eu sinto muito.

    De todas as vezes que Thalia me bateu todos aqueles anos, nunca nenhum soco, chute ou aperto me machucou tanto quanto a aquelas palavras.

- Erro? Idiotice? Sente muito? - falei a voz subindo a cada palavra, e a magoa se tornando evidente. – E isso que que você tem a dizer para min?! Que eu sou um grande e idiota erro na sua vida? - a essa altura eu já estava gritando.

- Percy! - ela exclamou chocada. – Não foi isso que eu disse...

- Foi o que você acabou de falar.

- Ah, pelo amor de deus, você esta sendo infantil – ela se virou e saiu andando, eu fui atrás dela.

- Eu, infantil? Não sou eu que estou terminando um namoro por nada.

- Não é por nada – ela gritou.

- Então por que é?

- É por que... não interessa.

    Eu peguei o seu braço e a virei para encarar seus olhos furiosos.

- É o Luke não é?

    Há três dias, mais ou menos, nós estávamos em uma lanchonete comendo uns hamburgers com Susan e Jime, quando Luke passou de carro com uma loira que parecia ser universitária. O sinal fechou e ele parou em frente a nossa janela sem nos notar, então ele deu um beijo na garota. Percebi na hora que aquilo a deixou arrasada, mas não imaginava que tinha sido tanto.

    Quando falei o nome de Luke, Thalia arregalou os olhos e sua expressão foi de choque e então passou para fúria. Esperei que ela gritasse comigo e pulasse em cima de min e começasse a me bater, mas ao invés disso ela fez algo que me machucou ainda mais: ela começou a chorar.

- Aaaah.

- Ei, Lia... não... me desculpe, eu não...

    Ela deu um grito e se pôs a chorar de forma compulsiva, o que me cortou o coração, um choro que ela vinha guardando há muito tempo, ela se ajoelhou no chão se pondo a soluçar descontroladamente. Eu não sabia o que fazer, já havia visto Thalia neste estado antes mas agora é pior, pois eu havia causado isso. Eu me ajoelhei ao seu lado e a abracei forte, então comecei a cantar.

She's got a smile that it seems to me
Reminds me of childhood memories
Where everything was as fresh
As the bright blue sky

Now and then when I see her face
She takes me away to that special place
And if I stare too long
I'd probably break down and cry

Ohh! Ohh! Sweet child o' mine
Ohh! Ohh! Sweet love of' mine

    Desde que eu me lembro de Luke, ele sempre gostou de Thalia, e ela também gostava dele mesmo não admitindo. Ele foi o primeiro namorado dela quando tinham treze anos, porem, foi nessa época que ele começou a ficar popular, e devido a sua imaturidade ele não deu valor ao relacionamento e acabou traindo-a, ela o pegou no flagra. Thalia não o atacou ou disse uma palavra sequer, apenas saio correndo e chorando. Naquele dia eu havia combinado de ir a casa dela para tocarmos juntos, eu não sabia o que havia acontecido, de forma que quando eu cheguei, a encontrei no colo de sua mãe chorando como agora. Eu fique atônito em vê-la naquele estado, afinal nunca à vira chorando antes, ela era a minha heroína. Queria consolá-la mas não sabia como, então peguei o meu violão e comecei a tocar e cantar essa mesma musica, ela foi se acalmando aos poucos e então parou de chorar.

    She's got eyes of the bluest skies
As if they thought of rain
I hate to look into those eyes
And see an ounce of pain

Her hair reminds me of a warm safe place
Where as a child I'd hide
And pray for the thunder and the rain
To quietly pass me by

Ohh! Ohh! Sweet child o' mine
Ohh! Ohh! Sweet love of mine

Where do we go now
Where do we go now
Where do we go (sweet child)

    Ela me abraçou e enterrou o rosto em meu peito, controlando os soluços aos poucos até parar de chorar, o que levou longos cinco minutos.

- Não sou mais criança Percy – ela falou com a voz abafada pela minha camisa – Não preciso que me embalem para que eu me sinta melhor.

    Ela me abraçou mais forte, eu apenas ri enquanto afagava sua cabeça.

- Bem, então você tem que parar de agir como uma – ela me deu um beliscão.

    Ficamos assim durante algum tempo, até que ela pressionou o rosto contra o meu peito enxugando o restante das lagrimas, então ela se levantou, os olhos vermelhos e borrados, eu odiava vê-la chorar. Coloquei a mão em seu rosto e lhe dei um beijo cheio de ternura, seu labios ainda tinham o gosto salgado das lágrimas.

- Sabe, eu vou sentir falta dos seus beijos – ela falou depois do beijo tocando o meu rosto, eu dei um meio sorriso triste. – Eu te amo Percy, só que como amigo.

- Eu sei, você ama o Luke.

    Ela contraiu os lábios e seus olhos se enxeram de lagrimas, mas ela os enxugou com o braço e desviou o olhar.

- Você não pode negar isso para sempre Thalia – falei segurando seu ombros. – Você tem que resolver a sua historia com ele ou nunca vai conseguir seguir em frente. Eu não sou o primeiro com quem você termina dessa forma, e não vou ser o ultimo se as coisas continuarem assim.

    Ela meolhou com uma expressão de surpresa no rosto, então deu o mesmo sorrisinho triste que eu.

- Eu queria simplesmente poder gostar de você Percy. Seria tão mais simples.

    Eu dei de ombros.

- É aquela velha chatice de não poder mandar no coração. Eu sei como é, e um saco – falei parecendo aborrecido, Thalia riu.

- Você é um cara muito legal, Percy Jackson.

    Ficamos parados ali um instante nos encarando, por fim eu falei.

- Bem, acho melhor nós irmos andando.

- Sim, vamos, eu te dou uma carona.

- Não, tudo bem. Eu vou de ônibus.

    Nos despedimos e eu fui embora enquanto ela ficou lá, sozinha e pensativa. No ônibus, olhei meu reflexo na janela e vi as marcas de maquiagem que Thalia havia deixado em minha camisa.

    “Você é um cara muito legal, Percy Jackson.”

    percebi que não era a primeira vez que ouvia essa frase, e elevava um fora logo em seguida. Passei a mão sobre as marcas.

- Ser legal é uma droga.

    Observei uma lagrima descer pelo rosto triste do meu reflexo.

Link com a tradução da musica:

http://letras.mus.br/guns-n-roses/17094/traducao.html


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Notas finais do capítulo

Bem, aqui esta. O que acharam? No proximo a historia volta ao normal e teremos algumas surpresas, no mais deixem comentarios e algumas recomendações se não for pedir muito. Até a proxima.



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