Consequências - Fred E Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 4
Worse than Sushi :6


Notas iniciais do capítulo

*jurosolenementequenãovoufazernadadebom*
Vou postar dois capítulos, no próximo eu falo mais com vcs
Jay Ne ^^



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QUATRO:


[N/A: Fiz o capítulo escutando Monster - ADORO ESSE MÚSICA 'O' - AI GENTE EU TENTEI MAS NÃO CONSEGUI COLOCAR A FOTO T-T Desculpa - Ah gente,para quem ainda não leu, e quer mais fremiones, deem um pulo em ‘Meu Querido Gêmeo’ é super divertida, bem leve e gostosa de ler. Não pensem que eu não li os comentários e as recomendações, vou comentar no próximo capítulo :D]




Senti-o como uma cobra gélida peçonhenta que deslizava pelo meu corpo gerando-me asco. Ele emanava de si ódio, nojo, admiração.

Seu rosto ofídico estava muito perto do meu. Ele então colocou a mão sobre meu peito, não de forma carnal, mas sim como se tentasse cravar suas unhas fétidas em minha alma, contornando a cicatriz em meu peito.

– Quem diria... Uma sangue ruim seria meu futuro.

Tentei gritar e reagir, mas estava mole, a mercê do Lord das Trevas, como uma marionete.

– Traga para mim. – ele sussurrava arreganhando um sorriso rasgado e disforme exibindo coisas distorcidas e podres que deveriam ser seus dentes. Um assobio serpentino e gélido, como se congelasse minha medula e cravejassem agulhas em brasa na base do meu pescoço.

– Hermione...

A risada sádica odiosa da morena desvairada soou ao meu redor e eu me vi só, com um grande e monstruoso pássaro que voava veloz em minha direção.

– Hermione...

Hermione! – fui sacudida bruscamente, abrindo os olhos que pareciam grampeado, meu peito ardia absurdamente, pulsante, doloroso.

Não podia ser verdade... Não podia...

– Que horas são? – perguntei pressionando as têmporas, me sentando na cama.

– Seis e quinze. – Tencionei os músculos para saltar da cama. – Nem pense nisso, eles podem cuidar das coisas sem você.

– Mas...

– Não. – ele disse simplesmente me fechando em seus braços – sua aula começa às 09h00min. Não tem problema se você chegar às 08h00min hoje. Também vou chegar mais tarde hoje. Você não é uma máquina...

Aconcheguei-me entre seus braços, com um rompante de carência. Bipolar, louca, chame-me do que quiser, não tenho culpa se eu fico que nem um filhote de coala, calmo, despreocupado.

Que simplesmente é simples.

E feliz por tabela.

Ele se esticou e agarrou sua varinha, e em poucos segundos tinha em seus dedos minha caixinha de música.

Quando Fred me pedira em namoro, estávamos acampando e ele havia me dado essa caixinha de música, era de uma madeira escura, com detalhes de couro nos cantos e um pequeno trinco de bronze. A música era a música tema de Dave Jones (Piratas do Caribe), a mesma música que dançamos no baile do sexto ano.

Ele deu corda e abriu a caixinha, e deixou que a melodia inebriasse o ar. Ficou em pé na cama, sorrindo ruivamente como sempre, estendeu-me a mão.

Ri e aceitei.

Girávamos em cima da cama, flutuando nas notas concretas e aveludadas, que dançavam acariciando meu corpo.

Ou seria a mão de Fred que sutilmente acariciava minha cintura?

Andávamos sobre as notas espumosas, como uma areia movediça de prazer, gentil que englobava meu corpo calorosamente, e deixava um gosto bom na boca.

Ou seria o Beijo de Fred? Seu abraço?

Tudo se mesclava e se destacavam aqueles olhos pivetes verdes e lívidos. Medo? Simplesmente não existia no meu mundo.

Não ali. Ali havia apenas a melodia ruiva, e o garoto harmonioso.

Meu quarto. A melhor coisa que havia ali era a cama. Gostava de ficar deitada por horas, mesmo durante o dia, com as cobertas puxadas até o queixo. Era bom ficar ali, nada acontecia por ali, nenhuma pessoa, nada. Apenas certo ruivo que adentrava pela porta, dançante, com a bandeja do café da manhã.

A música havia cessado, mas a melodia continuava, fazendo-me flutuar, e tirar os pés desse mundo fétido, me isolando em uma bolha onde nada me atingia.

Eu sabia que seria por pouco tempo, mas e daí?

***

"Calhorda, canalha mentiroso,safado, profundas do inferno, filho de um trasgo, filhote de goul, meleca de comensal, traidor.

Que Merlin queime suapele com ácido, que Ares ferva seus olhos, que Atenas frite seu cérebro e o faça comer, que Hades te mate dolorosamente inúmeras vezes e nunca o deixe morrer, que você seja jogado nas profundezas do tártaro e os titãs joguem sua fúria sobre você. Que Ártemis espete seu coração em uma lança, que Apolo te cege com fogo, que Dionísio te enlouqueça e que Hermes te infernize até a eternidade, que você vire ração de comensal."


É o que você está pensando, e sim, eu mereço tudo isso.


Eu menti, é isso mesmo, não contei para Hermione que eu tinha beijado a Cameron. Eu tive medo, fiquei nervoso, não queria aborrecer Hermione, e no fundo eu me sentia culpado. Sempre disse a mim mesmo que contaria a ela, mas ai eu fui adiando, adiaaando, adiaaaaando, então descobri que ela estava grávida e desisti. Só queria esquecer a burrada que fiz. Quando eu fiquei com a Cameron, fiz para machucar a Hermione, queria que ela sentisse na pele o que eu sentia. Como fui idiota. Mas também quem iria imaginar que a Cameron se tornaria esse monstro?

– alou, alou, Fred weasley, terra chamando... – o rapaz em minha frente estalou os dedos.

– O que foi Doug? – eu disse desviando a atenção para os papeis em minha frente.

Eu era responsável pelo treinamento dos novos recrutas do ministério, e responsável pelas investigações de possíveis lugares que possam servir de esconderijo para comensais. Prendemos vários por semana,mas a maioria é peixe pequeno. Temos como prioridade Bellatrix, Lucio Malfoy, Cameron e Yaxley. Eles continuam juntos, e dividem o poder. Continuam com ataques, mesmo que sejam mais raros, são muito mais violentos. Essa semana tivemos o assassinato da família da Madame Hooch, minha antiga professora de esportes. Cameron e Bellatrix com certeza, elas tem essa marca registrada de marcar suas vítimas comum corte que atravessa de fora a fora o pescoço. Aquelas duas são sádicas, nojentas.

– Fred! Você está me escutando? – o rapaz baixinho de cabelo arrumadinho cutucou meu ombro.

– Hã... sim, fale.

– O treino da sua turma está quase no fim. Finalize lá e você tem que ir checar um casarão em Stalin. Tivemos denuncias de atividades suspeitas por lá.

– Certo, certo, leve isso para a sala do Percy. São os relatórios finais dos recrutas.

Entreguei-lhe a papelada e me levantei ruidosamente, saí da sala, Doug veio atrás.

Douglas Greengrass. Eu havia treinado o garoto, muito bem modéstia parte, ele veio do interior da Irlanda, parece que cria sozinho suas irmãs mais novas, parece que ambas estão em na Hogwarts II. Segundo ele, a mais velha sempre falava de mim quando eu estudava em Hogwarts, mas não me lembro delas.

– Quer que eu vá com você até Stalin? – ele se ofereceu ajeitando os óculos quadrados.

– Não é má ideia... provavelmente é outro alarme falso, mas é sempre bom ter alguém por perto. Me espere na fonte em quinze minutos. – eu disse dirigindo-me até a sala no final do corredor, passos firmes e marcados.

– Certo. – ele se apressou e foi no sentido aposto, segurando aquelas pilhas de papéis.

Ele era esforçado e responsável, de um jeito que eu nunca fui. Nunca precisei ser. Mesmo agora, eu tenho minha família, tenho Hermione. Ele está sozinho e ainda tem que cuidar de duas irmãs.

Adentrei a sala. Hoje a tarefa deles era o treinamento trouxa, sem uso algum de magia. Eles tiveram que passar por vários desafios, dentre eles, escalar um morro enlameado na chuva de trinta metros, arrastar-se por cinquenta metros em baixo de arame farpado, e várias outras coisas, finalizando em atravessar um lago de cinco metros de profundidade e cem metros de comprimento semi-congelado. Tudo isso levando consigo um boneco de areia com 60kg e usando uma camiseta e uma bermuda preta.

Eles estavam agora na última etapa: um campo aberto com artefatos bélicos espalhados pelo chão. Todas trouxas. Eles tinham que formar duplas e duelarem entre si com as armas.

Atravessei o campo e cheguei até a parte em que lutavam, conforme eu ia passando, as lutas iam diminuindo e os murmúrios aumentando. Cheguei perto de um casal. Ela era uma aluna nova, morena cabelos pretos e longos presos em um rabo de cavalo, olhos raivosamente verdes, sua boca tencionada em uma fina linha, empunhava uma Katana e atacava com tudo o rapaz em sua frente. Estava suja de lama, sangrando, tremendo ligeiramente, suas costas sangravam provavelmente ao arame farpado. O rapaz estava um pouquinho melhor, mas tinha um corte em seu supercílio que sangrava e atrapalhava sua visão. Ele empunhava uma espécie de peixeira, uma espada persa. Ele estava sem duvida perdendo de lavada.

– Não, não... – eu disse atraindo por fim a atenção de todos, o barulho da batalha cessou. – você tem uma espada curta, não pode atacá-la, pois ela vai conseguir te ferir antes que você chegue nela, a espada dela é maior que sua. – eu disse pegando a espada do rapaz e me portando frente a ela.

A morena ficou ligeiramente perplexa.

– É injustiça que eu vá lutar contra ela certo? Eu não tive que fazer esse treinamento certo? – eu disse observando a reação dos que observavam espantados – sim é injustiça... Mas quem disse que um comensal vai se preocupar se você está cansado, sangrando, ou morrendo? Hoje a aula de hoje foi para que vocês criassem resistência. – eu me virei para a morena, que já havia se recomposto e estava novamente com sua Katana empunhada. – Eu sou um comensal, ataque para matar.

Felizmente ela não hesitou e golpeou-me mirando meu pescoço. Desviei dando um passo para trás. Ela continuava com golpes na horizontal, e se irritava em não conseguir sequer me arranhar. Sendo que eu mal e mal empunhava a minha espada. Ela desferiu um golpe linear, mirando cravar sua espada em meu peito. Joguei o ombro para trás e sua lamina passou tangenciando meu peito. Segurei seu punho e pressionei a ponta de minha lâmina em suas costelas.

– Você morreu. – eu disse sorrindo. – a desvantagem das espadas curtas, são que você tem que se aproximar do inimigo para poder atacar, no momento em que ele tiver que dar um golpe mais arriscado, vocês deves sair do alcance da lâmina – eu apontei para sua lâmina que estava paralela ao meu peito e imobilizada por mim que segurava o pulso da morena – e dar um golpe efetivo e fatal. Pode ser que você não tenha tantas chances.

Por um segundo se surpresa, a morena girou como uma bailarina, desvencilhando-se de meu aperto, e se libertando, novamente apontando sua Katana para mim.

– Muito bem. – eu disse acenando com a cabeça – Comensais amam fazer discursos antes de matar, e é nesse momento que você deve pegá-lo de surpresa.

Ela veio até mim com um movimento vertical de sua Katana, como se fosse me partir em dois. Bloqueei seu golpe com a minha espada, fazendo surgir faíscas e tudo mais, ela atacou novamente na horizontal, abaixei-me a passei-lhe uma rasteira. Ela desengonçadamente, desviou de minha rasteira, mas perdeu o foco em sua espada. Aproveitei e com uma mão segurei seus pulsos por suas costas, e ao mesmo tempo segurei seu rabo de cavalo bruscamente, forçando-a a inclinar sua cabeça para o teto. Com a mão livre, pressionei minha espada contra seu pescoço. A morena bufava em frustração.

– Tudo bem você perder para mim, eu já passei por tudo isso. – disse sorrindo para que só ela ouvisse. – e o que tiramos de conclusão? – perguntei a turma em geral.

Ninguém se manifestou.

– Cabelos curtos. – eu soltei a morena – sempre.

– Os que desejarem podem acabar seus duelos, os demais, estão liberados por hoje. Amanhã repetiremos o percurso.

Em silêncio alguns se retiraram, outros começaram a cochichar entre si, e outros deram continuidade a sua luta. Saí da sala.

– Professor Weasley! – passos apressados me seguiram.

– Alana... – eu disse abrindo um sorriso – desculpe se peguei pesado com você.

A morena de olhos revoltos e verdes me olhava com admiração.

– Não foi nada... Professor, como você sabe tudo isso? – ela disse ainda ofegante.

– Treino. São coisas que você percebe durante a batalha. Você tem que aprender a ver as vantagens do sei inimigo e torná-las favoráveis a você. – dei de ombros.

– Mas professor, eu sequer consegui te arranhar! – ela dizia frustrada, voltando a trincar os dentes.

Coloquei a mão em sua cabeça.

– Calma. Você é uma das melhores da turma, mas eu sou seu professor. É minha função não deixar vocês me arranharem. Quem sabe um dia você consiga me ultrapassar...

– Eu definitivamente vou. – ela disse espremendo os olhos.

Alana Mengard tinha chego esse ano, vinda do interior da frança. Nunca estudou magia, sabia apenas o básico. Tem apenas 17 anos e mora com o avô, perdeu toda sua família em um ataque dos comensais. Mesmo não sabendo os feitiços mais avançados, ela aprende rápido, passa noites em claro no ministério, estudando, treinando. Hermione quando vem no ministérios trás livros para ela e a ajuda com alguns feitiços mais complicados. Isso ainda levando em conta que Alana odeia estudar.

Mas o curioso é que por mais que ela deteste estudar, ela detesta mais estar em um nível inferior. Não é nenhum gênio, mas é muito esforçada e tem uma força que muitos desconhecem. Eu meio que a adotei aqui no ministério, ela e Doug são os meus protegidos.

– Então treine. – eu disse sorrindo e dando as costas a pequena.

– Professor! – ela chamou.

– Sim?

– Você vai sair em uma missão? Posso ir junto? – ela pediu ofegante.

Sorri neguei com a cabeça.

– Hoje não. Quem sabe daqui há um mês ou dois.

Ela bufou e sua boca se transformou em uma linha fina, típico que quando ela estava enfezada.

– Vou estar pronta daqui a uma semana! – ela disse determinada, dando as costas para mim e voltando para dentro da sala enevoada e cinzenta de treinamento. – e eu não vou cortar eu cabelo!

Ri e seguia até a fonte, onde Doug me esperava com sua varinha em pulsos, observando a água cair, completamente pensando na morte da bezerra.

– Ah, Fred... – ele disse sorrindo – vamos?

Coloquei minha mão em seu ombro.

– Vamos.

CREC.

E no segundo seguinte eu estava sendo sugado para dentro de mim mesmo.

***

Pense no lugar onde Judas perdeu as botas. Piore. Tã dã! Bem vindo a Stalin. Estávamos nas margens da cidade, um grande descampado se estendia até onde os olhos alcançavam. Algo que parecia um vilarejo medieval estava longe e em nossa frente essa casa estranha. Parecia a casa dos gritos, só que maior. Tinha na varanda uma cadeira de balanço que rangia com o vento frio e úmido que se passava. Um cheiro incômodo vinha no ar e a neve do solo estava meio cinza devido a sujeira do lugar. Era um lugar decadente.

– Fred, não é melhor chamar reforços? – Doug disse ajeitando seus óculos nervosamente.

– Não, só vamos dar uma olhada. – eu murmurei seguindo em frente.

Sol? Acho que o sol não existia naquele lugar. Era como se uma capa cinza estivesse sobre a vila. Não tinha arvores, apenas arbustos secos. Nada verde, só o marrom morto e o cinza esquálido.

Contornamos a casa e fomos até os fundos, um caldeirão grande estava ali, e em uma pequena parte do terreno, cerca de 1m² de terra estava colorida. Verbena, violeta, alecrim... alguém estava preparando poções. Certamente bruxos moravam ali.

Então, se revesgueio, notei que na janela do andar de cima, alguém muito parecido com Yaxley, ou o próprio passou por ali.

Puxei Doug para trás de uns arbustos secos e puxei a capa de invisibilidade do meu bolso. Não era a de Harry, era apenas um pano enfeitiçado da Zonko’s, mas servia.

– Doug, vá ao ministério, e mande todos para cá, inclusive os recrutas. Yaxley está aqui, provavelmente deve haver mais.

– Mas e você? Vou ficar aqui caso alguém saia...

– Fred...

– Apenas obedeça! – eu disse sério.

O estampido se fez e eu estava agora sozinho em baixo da capa. Para minha infelicidade o estampido foi alto demais, e a porta dos fundos se escancarou. Um homem mal encarado surgiu, com feições cruéis e horrendas. Prendi a respiração.

– Não tem ninguém. – ele gritou.

– De qualquer forma vamos partir. – a voz de Bellatrix ecoou. – Toca 5! – ela gritou. Murmúrios vieram de dentro de casa e então uma movimentação intensa se fez. Como em um formigueiro inundado um número pavoroso começou a sair da casa. Aquilo era muito pior do que imaginávamos estavam ali reunidos no mínimo 25 comensais. – Cameron, você destrói essa Toca? – Bellatrix disse afastando uma mecha do rosto com sua varinha.

– Sim. – a morena disse saindo da casa.

Aos grupos, comensais foram sumindo, eu queria Pará-los, queria que os Aurores chegassem logo, acabar com aquele pesadelo.

Todos se foram, sobrou apenas Cameron que monotonamente incendiava a casa de madeira. As chamas cada vez mais altas lambiam a madeira que estalava e tudo era destruído.

Contra 25 eu não teria chances. Mas eu sabia lidar com a Cameron.

Andei gatunamente por trás dela, varinha em punhos e feitiço na ponta de língua.

– Expeliarmus! – o feitiço não saiu em minha voz, e tudo que eu pude fazer foi observar minha varinha escapar entre meus dedos.

Merda!

Atrás de mim, um comensal todo vestido de preto surgiu, varinhas em punhos. Supreendi-me quando o reconheci. Era um dos acusados por assassinar a família de Alana. Um verdadeiro armário, moreno escuro de cabelos que mais pareciam um couro. No corpo não havia falha, recoberto de cicatrizes e músculos perfeitos. Alvos dentes que quase rugiam para mim, maxilar forte e projetado, olhos negros e profundos, peitoral largo que subia e descia rapidamente. Era uma máquina. Letal, perigoso.

Ele havia me chamado atenção devido às suas origens. Era um dos últimos Zulus, um Clã em extinção, descendente de Shaka um poderoso bruxo que liderou e treinou uma tribo de trouxas do sul da África contra a invasão dos Britânicos em 1828. O que eu não entendia, era o porque dele ser comensal. Há dois anos ele era

A expressão de surpresa de Cameron logo foi substituída por um sorriso hediondo.

– Fredie! – ela sorriu.

– Avada... – o outro comensal começou a falar.

– NÃO! – Cameron acenou sua varinha e empurrou o homem para trás. – ele não...

– Ele deve ser morto... Sem prisioneiros, são as ordens da senhora Lestrange. – o homem de feições rústicas e trajes elegantes, contrapôs.

Cameron apontou a varinha para o homem, séria.

– Eu estou ordenando: esse não!

O homem, concordou em um murmúrio.

– Então Fred, valendo a sua vida, diga-me: o que faz aqui?

Duas varinhas apontadas para a minha cabeça, eu só estava vivo por causa da doida da Cameron que era tão estável quando um átomo radioativo. Minha vontade era de pular no pescoço dela e estrangulá-la por ter chegado perto da Hermione, por ameaçá-la usando meu filho. Mas trinquei o maxilar e me forcei a ficar vivo. Não podia abandonar Hermione agora. Não podia morrer. Em pouco tempo os aurores estariam aqui, tudo que eu tinha que fazer era esperar até que eles chegassem.

Cameron se esgueirou até mim, seus cintilantes olhos verdes e desvairados analisando meu corpo.

– Hein, Fred? – ela baixou o tom de voz.

Parecia que estavam enfiando Sashimi na minha goela. Aos desinformados, não existe nada pior no mundo para mim do que Sashimi e peixes crus em geral, aquela coisa escura ao redor daquele arroz grudento...

Sushi é um nojo... e aquele quijo branco no meio que tem gosto de água velha, e o cheiro enjoativo de peixe junto com aquela alga já em decomposição, que desce rapando pela garganta que a todo custo tenta empurrar aquela nojeira para fora...

Mas como sei que alguns talvez gostem de sushi vou mudar o exemplo: foi como se eu estivesse bebendo grandes goles ininterruptos de gasolina. Em sumo: foi difícil segurar a bile.

– Vim conversar com você...

– Então por que estava com a varinha apontada para ela?! – o comensal disse ainda mirando-me com sua varinha.

– Eu achei que ela fosse me atacar sem dar a chance de deixar que eu dissesse o que vim dizer... – inventei rapidamente.

– Se é quanto à sua família enjoada, nem se preocupe...

Aquilo chamou minha atenção... Por que eu não devia me preocupar?

– Calado! – Cameron urrou. – por que veio Fred?

– Não consegui te esquecer. – menti, me segurando muito para não fazer uma careta.

Ela riu, ficando corada. Céus eu estava realmente enjoado. Doug seu desgraçado, por que demora tanto?

A morena se esgueirou até mim, sorrindo, e eu senti suas mãos quentes deslizarem pelo meu pescoço como uma cobra peçonhenta. Trinquei o maxilar de tão forte que pressionei os dentes. Cerrei os punhos.

– Eu sempre soube que você me amava... Não se preocupe, em pouco tempo ficaremos juntos. Eu, você, e criaremos seu filho para um futuro glorioso. Eu já sinto como se ele fosse meu... – ela riu passando a mão na barriga, como se ela estivesse grávida.

Tive vontade de matá-la. Não figurativamente, ou em um lapso de exagero. Queria poder torcer aquele pescoço frágil e acabar com a ameaçada minha família. Senti-a mordiscar meu pescoço enquanto seus dedos corriam meu pescoço. Tentei me afastar, mas ela sugestivamente pressionou sua varinha em minha costela. No minuto seguinte o calor intenso do fogo que irradiava da casa que gemia em chamas se misturava com os lábios mornos e carnudos nos meus. O suor desagradável contrastava com o gélido vento, o cheiro cinza que chegava até mim me enjoando, e o monóxido com cinzas que era trazido até mim pelo vento.

Pior foi sentir sua língua forçar entrada. Quase engoli minha língua de tanto que evitei mais contato. Sem notar apertei meus olhos, e quando menos esperava algo bom/ruim aconteceu.

Fui agarrado pelas roupas e arremessado para perto da casa em chamas.

O homem que ali estava bufava de raiva.

– Você enlouqueceu? – Cameron disse arfando em ódio.

– Ele não é confiável!

– Eu decido isso!

CREC! CREC! CREC!

Os estampidos começaram a ecoar pelo campo e os homens uniformizados começaram a surgir. O mouro que rangia os dentes puxou a morena para trás de seu corpo mostrou-me seus dentes brancos como pérolas, em um rosnado animalesco. Eu tentava me levantar quando ele me acertou um soco com as costas da mão, arrebentando meu lábio superior, antes que eu caísse agarrou-me pelos cabelos, me suspendendo no ar. O ar que tinha sobre palma de sua mão tremulou, como se estivesse quente e então fez algo que eu havia lido algumas poucas vezes. Canalizou sua energia sem uma varinha.

– Não! – Cameron gritou.

Senti-o dar um tapa com sua palma aberta em minha têmpora e foi como se ele cravejasse uma barra em brasas em meu cérebro. A dor foi insuportável, o grito escapou sem que eu ordenasse. Realmente achei que minha cabeça fosse explodir.

Foi rápido, mas doeu muito. No segundo seguinte ele e Cameron tinham desaparecido. Cameron tinha me dado uma piscadela ladina e assoprado um beijo.

– Fred! – Alana estava ainda suja de lama com as roupas do treinamento e tentava a todo custo acertar os comensais. Quando eles se foram ela correu até mim, segurando-me antes que eu atingisse o chão.

Meu nariz sangrava e minha visão estava turva, meus olhos doíam, como se alguém os empurrassem para fora de minha cabeça. Havia sangue em minha boca e meu couro cabeludo estava completamente dolente. Fiz força para permanecer acordado, mas doía muito.

Hermione vai me matar se eu morrer.

Apoiei-me nos ombros de Alana e tentei deixar os olhos abertos. Doug em seguida estava me amparando, os outros aurores apagavam o fogo da casa.

– Desculpe pela demora, tivemos que reunir aurores... – o moreno gaguejava apavorado. – Sr. Weasley... Seus olhos...

– O que tem meus olhos?

– Cala a boca seu idiota, vamos tirá-lo daqui...

– Será que ele aguenta Desaparatar?

– O que tem os meus olhos?

– Nada demais, só estão sangrando... – Alana murmurou como se fosse algo banal – claro que aguenta, ele é o Fred.

Nem sempre é bom ser o super-herói de alguém... Um belo dia você pode estar em situação preocupante e ouvir algo como: “Nada demais seus olhos só estão sangrando”

– Vocês! – acho que foi Elifas Doge quem gritou – Levem-no para o hospital logo!

No segundo seguinte senti ser sugado para o vácuo enquanto ficava cada vez mais difícil manter os olhos abertos. O sangue escorria pelo meu nariz, olhos e boca, o cheiro férrico era enjoativo e eu me sentia exausto.

***

Cheguei ao colégio no horário certo, assisti às aulas e tudo correu bem. No almoço mal me sentei ao lado de Harry e senti alguém cutucar meu ombro. Era Nick.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei preocupada.

Ele apenas negou com um aceno, bochechas meio vermelhas e olhos baixos.

– Posso falar com você? – ele indagou.

Levantei-me e segui-o até o corredor onde ele tirou um pedaço de pergaminho e me entregou. Segurei-o cuidadosamente, e visto que o Corvinal havia ficado mudo, resolvi desdobrar o papel.

E qual surpresa foi a me ver desenhada ali.

– Sou eu? – eu disse ligeiramente boquiaberta.

Ele agora sorria, as mãos nos bolsos se embalando para frente e para trás.

– É.

E então ele se inclinou em minha direção e depositou um beijo em minha bochecha. Afastou-se e seguiu seu caminho pelo corredor.

Não entendi nada. Absolutamente nada. Ele estava se agradecendo? Estava brincando? Ou estava simplesmente sendo imprevisível e sem noção? Não consegui pensar sobre o assunto, pois nem bem pensei em ir atrás do loiro e um antebraço veio firme em minha garganta, me prensando contra parede.

– O que pensa que está fazendo? – eu disse fitando os olhos azuis da loira.

– Pois eu ia perguntar o mesmo. O que quer com meu irmão?

Panti estava séria, olhos semicerrados, maxilar trincado e novamente tudo nela gritava: SONSERINA! SONSERINA!

Eu podia ter quebrado o braço dela em um único movimento, ela era magra e não parecia ser do tipo que treinava com a frequência que eu treino.

– Eu não quero nada. – disse refazendo-me do susto e retomando minha melhor expressão de frieza e desinteresse. – agora quer me soltar, por favor?

Ela tirou o cotovelo do meu peito hesitando, e depois tirou o braço por completo, analisando-me de cima a baixo.

– Eu vi que ele te beijou. – ela disse desamassando sua gravata.

– Na bochecha... – completei – e pelo amor de Deus, não sou uma comensal infiltrada pronta para matar seu irmão. Estou aqui para proteger os alunos.

Ela me olhou ligeiramente incrédula.

– Eu sei que não é uma comensal... – ela disse juntando agora a mochila que estava no chão. – não é com isso que me preocupo.

– Então me atacou por quê? – eu disse tentando não chamar a loira de bipolar ou coisas piores.

– Não vou deixar que ele envolva-se com alguém da sua idade. Ainda mais alguém comprometida.

“Minha idade o que, sua mocréia? Você deve ser apenas um ano mais nova do que eu!”


– Não tenho interesse no seu irmão desse jeito, fique tranquila. – eu dei as costas para voltar ao salão comunal e ver se eu conseguia terminar de almoçar.

– Sei... – ela disse descrente.

Ignorei, incorporei meu cargo de responsável pelos alunos e voltei para o salão, reprimindo o impulso de ir lá e dar uma lição naquela pirralha.

“Certo, eu namoro Fred Weasley, ela realmente acha que eu vou prestar atenção em mais alguém?” meditei comigo mesma.

“Bitch please...” minha consciência finamente falava alguma coisa que prestasse.

“Exatamente”

Despejei-me sobre o banco, apoiando a perna esquerda sobre essa, apoiando minhas costas em Gina e pegando a torrada de Lino. Na mesa da Corvinal Nick abanou rapidamente e voltou a falar com um garoto que era novo na escola.

Com raiva agarrei a torrada de Neville e enfiei na boca, o sangue esquentava meu rosto.

– Hã... Hermione? – Rony murmurou, a mesa tinha ficado em silêncio.

– Está tudo bem? – Harry concluiu a indagação.

Notei então que eu estava triturando a torrada tão cruelmente, que era possível ouvir os gritos por clemência da pobre coitada.

– Ótima. Por que? – resmunguei.

– Eu não sei, talvez por que a torrada esteja quase sangrando... – Neville disse conformado, pegando outra torrada.

– Verdade Hermione, sem falar que você parece um maloqueiro sentada assim.

Bufei e me ajeitei no banco, dei fim ao sofrimento da pobre torrada e apoiei minha cabeça no ombro da Ginny.

O banquete não era que nem a de Hogwarts original em quesito de abundância, mas os Elfos não perderam a mão, a comida estava realmente ótima. Mesmo que eu estive enjoada pra comida. Estava comendo as torradas e beliscando o rolinho primavera.

– Ah, sei lá... Vocês acham que eu algum dia me envolveria com um garoto de 14 anos?

– Não. – foi a maioria.

– Ainda mais namorando o Fred. - Lilá disse pegando mais salada.

– Como assim? – Rony disse estreitando os olhos.

– Menos Roniquito, menos... – Lilá disse bagunçando os ruivos fios.

***

– Então alunos, movimentos rápidos e preciso. Reventio. O feitiço que permite a manipulação concisa que corpos extensos. – Flitwick dizia gesticulando o pulso em rápidas meias-luas.

– Tipo Comensais? – Lilá perguntou.

– Se me perguntarem negarei até a morte, mas sim... Se souberem usar bem esse feitiço podem arremessar seu oponente há metros de distância, em qualquer distancia que queiram, até mesmo manipular seus corpos, inúmeras vezes mais precisa que Estupefaça.

Era a turma mais avançada, só tinham os alunos que iriam prestar NIEMs para Auror, a Armada de Dumbledore e os alunos da Frente de Defesa da Hogwarts II. O nosso caçulinha era Creevey, e sempre era nossa cobaia.

– Certo, para evitar que se machuquem vou modificar a densidade do ar da sala, para que ninguém se choque contra a parede, então vai ficar difícil se movimentar e a princípio vai ser difícil respirar, mas logo se acostumam. – professor girou sua varinha, nos colocou em uma fila e o nosso mascote ao seu lado, sussurrou algo e no minuto seguinte parecíamos estar mergulhados na água.

O primeiro a tentar foi Creevey, que mirou no professor. Não teve muito sucesso. Na verdade, era bem complicado. Surpreendentemente Neville conseguiu executar o feitiço de primeiro (segundo ele, professora Sprout tinha lhe ensinado esse feitiço no sexto ano para arremessa as pragas para longe das hortaliças de Hogwarts.) quando chegou minha vez, foi desastroso. Eu acabei por me arremessar para trás ao invés de arremessar Creevey. Segundo professor Flitwick foi perfeito, mas foi ao contrário, então eu acabei por controlar meu corpo e não o do pequeno. Quer dizer... Não mais tão pequeno... Era estranho ver o quanto ele tinha crescido, boatos diziam até que ele andava amigado de uma tal Dafne Greengrass.

Depois treinamos em duplas, fui com Harry. Eu sentia falta dele, de quando éramos inseparáveis. O trio de ouro tinha se tornado praticamente um trio de soldados modelos. Não sei até onde isso era bom.

– A teoria é essencial para a realização dos feitiços, lembrem-se: Intensidade, duração, controlem o fluxo de energia, trabalhem com a metafísica do ar...

Tentei realizar o feitiço, mas novamente não consegui.

– O que foi Mione? Enferrujou? – Harry provocou.

– Vem aqui que eu te mostro a ferrugem... – eu disse rindo.

Sim, no final da aula estávamos fazendo montinho em Harry, enquanto o professor Flitwick fazia vista grossa e arruava seu material. Eu ria como não ria há muito tempo, só falta uma coisa para ficar perfeito. Na verdade faltavam duas. Dois certos gêmeos.

Flitwick tinha saído da sala rindo e nos deixado brincando ali, tínhamos aumentado a densidade e diminuído a gravidade e estávamos brincando de um pega-pega super estranho, por que os movimentos eram lentos em demasia. A ampla janela revelava aquela tarde nublada londrina, que escondia um sol tímido atrás das nuvens e o vento que rugia feroz, passando uma sensação aconchegante dentro da sala aquecida. Um ambiente quase familiar.


Luna passou rodopiando ao meu lado, sua longa trança rodopiando Draco ria atrás dela, mas então algo tinha que estragar aquilo.

Senti uma dor forte no obro esquerdo, enquanto aquilo sufocava-me, como se alguém estivesse ali me estrangulando com mãos gélidas de brasas. Um alívio doloroso e alarmante, uma ardência confortável e dolorida. Era diferente de tudo que eu já senti. Não era bom. Mas definitivamente não era ruim.

Naquele denso ar eu me vi caindo em câmera lenta, e o ar oferecendo uma grande resistência contra meu corpo, como se tentasse desesperadamente me segurar, me manter em pé. Será que no fim essa história de pecados existe, e os deuses e deusas estão me castigando? Será que a natureza sabe o que eu fiz com ela e agora quer me matar?

Antes que eu caísse senti um par de braços me segurar.

– Me tira daqui. – murmurei.

Luna apenas assentiu, jogou meus braços ao redor do meu pescoço e com um sorriso sonhador nos lábios se afastou da multidão, Draco, porém notou e veio até nós.

Saí da sala com Luna e ela me deixou no chão, fora da sala a gravidade me puxou pra o chão brutalmente e eu senti meu corpo pesar. Aquela estranha sensação diminuía, mas eu ainda me sentia ofegante. Pouco tempo depois Draco conseguiu sair da sala.

Ele se ajoelhou ao meu lado e segurou minha cabeça passando a mão em minha testa.

– Hermione – Ele disse preocupado.

Respirei fundo.

– Já estou melhor. Draco, a cicatriz...

– Dói? E o bebê?

– Não é isso... Não sei...

Luna acariciou meus cabelos e me puxou para um abraço.

– Calma, já passou.

Ela falava de modo tranquilo, e me embalava tranquilamente. Aos poucos aquilo passou e eu estava bem, como se nada tivesse acontecido.

– Viu? Agora me conte essa história de bebê. – Luna disse sorrindo.

O sinal bateu e eles me ampararam até o jardim interno e ali matamos parte da aula de DCAT. Eu contei para Luna tudo o que podia contar agora mais do que nunca precisando desabafar com alguém sobre o que tinha feito. Usar o vira-tempo para salvar Fred e acabar bagunçando tudo. Mas eu não podia. Seria odiada, crucificada. Todas essas mortes são minha culpa.

– Vocês deviam voltar para aula. – eu disse me levantando e sorrindo.

– Mas e você?

– Ah, estou bem, foi só uma tontura à toa. Ando me assustando por bobagens. E eu tenho que ir em Hogwarts agora, Minerva me pediu para guiar o pessoal lá hoje.

– Certo. – Draco disse se esticando. – Mande um abraço à Murta se a vir.

Eu sorri.

– Idem. – Luna disse girando nos calcanhares, agora sorrindo – e você já sabe o nome do bebê?

Eu ri e olhei para os lados nervosamente. Na verdade eu e Fred não tínhamos muito desses momentos de pais coruja que se emocionam com o primeiro filho. Nossas noites tinham se resumido basicamente a discutir assuntos de trabalho, cozinhar, arrumar a casa, brincar, e raramente tínhamos momentos românticos. Normalmente quando Fred começava a tocar o piano da sala.

– Ainda não, mas estou aberta a sugestões. – eu disse sorrindo. – Agora apressem-se ou vão se atrasar. E não contém a ninguém sobre o que aconteceu.

– Sim senhora. – ambos bateram continência.

Draco jogou os braços ao redor de Luna e eles saíram dali. Aqueles dois eram muito fofos... Acho que eu devia ser mais fofa com Fred.

Sacudi a cabeça e rumei para a sala da minerva que ficava no quarto andar, ao lado da sala de poções.

Bati na porta, que em seguida abriu-se. Minerva trabalhava atrás de sua mesa, focada, preenchendo mil e uma papeladas.

– Oh, Hermione, que bom que chegou. Queria conversar com você antes de ir, teria problema?

– De jeito nenhum Diretora.

Ela indicou a cadeira em sua frente e eu me sentei. Não era que nem a sala de Dumbledore, mais parecia um consultório. Mas era aconchegante.

– Então Srta Granger, qual a situação da Frente de Defesa e a AD?

– A AD está extremamente avançada não apenas em combate como está tendo aulas específicas com o Profº Slughorn sobre antídotos e medicamentos, começam semana que vem as aulas práticas com o Medibruxo Sr Brown, confirmei com ele ontem. A Frente de Defesa do colégio está com muitos inscritos, hoje às 19:00 será aplicado o Teste para Admissão. Segunda-Feira eu tenho os resultados, eu mesma corrigirei as provas. – eu disse revisando uma lista mental sobre o assunto – Ah, e o Sr Corner disse ter identificado uma atividade suspeita a duas quadras daqui, e há mais relatórios que levam a crer que os comensais estão observando o colégio.

– Alguma falha em nossas defesas?

– Não senhora, eu as reviso todo dia antes das aulas começarem. Os aurores também estão em guarda constante como o combinado.

– Alguma atividade suspeita dos alunos?

– Nenhuma, o zelador Filch está fazendo a revista todos os dias no caldeirão furado e nos portões da escola.

– Ótimo. E como estão os alunos em geral.

– Ouso dizer, esperançosos. Os pais também têm mandado corujas parabenizando o colégio.

Minerva cruzou os braços, satisfeita, aliviada, e sorriu para o porta-retratos de Alvo que tinha em sua mesa.

– Você tem sido perfeita Hermione, não sei o que faria sem você.

– Eu apenas organizo as informações diretora, o mérito não é meu.

– É sim. Devo dizer que você, o Sr Potter, Sr. Weasley, Srta Ginevra, Srta Lovegood e o Sr Malfoy têm guiado os alunos de forma esplêndida. Mas você tem dado seu sangue pelo colégio.

– É minha obrigação Diretora.

Ela se levantou da cadeira sorrindo. Ela estava otimista hoje. Ela deu a volta na mesa e afagou meu ombro.

– Como esperado de Hermione Granger. Orgulho-me de você. – ela disse sorrindo.

Desde que apaguei a memória dos meus pais, Minerva tem sido como uma segunda mãe para mim. Molly também é especial para mim, mas ela sempre foi uma mãe, querida, preocupada, coruja. Minerva é meu exemplo, não era algo explícito, ela não era de demonstrar favoritismo a ninguém, mas sempre que podia, deixava claro que se orgulhava de mim e esse ano ela sabia que eu não tinha dinheiro para os livros e pagou todo meu material escolar, além de uniforme. Com ela não são palavras e sim atitudes. Acreditava em mim. Enquanto todos achavam que eu era delicada demais para certas coisas, ela tinha certeza que eu era a única que podia realizá-las.

– Fico honrada em ouvir isso vindo de você. De verdade. – eu disse abrindo um sorriso.

Ela pigarreou e “coçou” o olho.

– Agora senhorita, eu quero pedir um favor pessoal. Peço a você por que é a única pessoa que confiaria esse assunto. – ela disse séria.

Acenei com a cabeça. Jamais lhe negaria um favor. Ainda mais pessoal.

– Já deve saber que os Demeter são meus Afilhados. – assenti, ela voltou a se sentar – Ano passado comensais chegaram até a família deles, e foi um massacre total. O pai deles ainda está internado e a mãe foi morta na frente deles. A questão é que eles foram criados em uma escola alternativa de Bruxaria na Estônia e eles precisam de um treinamento intensivo, e a única pessoa que eu os confio é a você.

Eu, Panti e Nick, em uma sala, treinando feitiços ofensivos, em uma sala fechada por horas. O que podia dar errado? Mas pela Minerva era o mínimo que eu poderia fazer.

– Eu já tenho algo em mente. – disse sorrindo.

– E o que seria?

– Se a senhora permitisse, gostaria que os Deméter dormissem em minha casa de sexta para sábado para que o treinamento não interfira nas aulas.

– Mas eu soube que a senhorita trabalha. E temos a questão de segurança.

Fiquei vermelha e gaguejei ligeiramente. Não tinha vergonha de trabalhar, mas não queria que ninguém descobrisse. Quer dizer, eu tinha uma reputação como durona e general, simplesmente não combinava com um emprego em que eu colocava um uniforme fofinho e servia cafés, não que eu não gostasse, mas aquilo não era algo que o ícone feminino do trio de ouro devesse exercer. Eu evitava comental que morava com Fred, não comentava sobre meus problemas e muito menos sobre os econômicos.

– B-bem, quanto a isso, vou conversar com meu chefe, um pequeno Confundos deve resolver, e quanto à segurança não há com que se preocupar, moro com Fred Weasley.

Minerva ergueu sua sobrancelha e juntou as mãos.

– E há espaço na sua casa? Veja, não quero causar problemas...

– Temos dois quartos de hóspedes, e creio que Fred como Auror poderá me ajudar no treinamento deles. Em alguns meses eles estarão tão bons quanto os membros da Armada. Tem minha palavra. Mais alguma coisa? – eu disse me levantando e indo rumo a lareira.

– Não senhorita. Boa Sorte.

A lareira se expandiu depois que eu disse a senha, entrei nela e peguei o pó de flu, sentindo-o entre os dedos.

– Hermione, - a diretora me chamou – Obrigado.

Acenei com a cabeça, enquanto chamas verdes me consumiam.

***

– Hermione!

– Hagrid! – eu corri, pulando destroços e recebi o abraço esmagador e caloroso do pequeno gigante.

Nosso cumprimento foi rápido e o trabalho árduo. Hogwarts estava bem melhor, mas o pátio ainda estava em miséria, e o campo de Quadribol destruído. A Lula do lago ainda não tinha voltado do veterinário – sim Hagrid conhecia um veterinário de criaturas mágicas.

Meia dúzia de elfos trabalhava nas paredes, construindo, esculpindo, remodelando. Um pintor havia sido contratado só para reparar os quadros queimados e danificados, nossas perdas tinham sido imensas. Madame Pince trabalhava incansavelmente, recuperando livros e restaurando-os. Felizmente quase todos os livros tinham saído inteiros.

McGonagall me mandava inspecionar por que eu não apenas escrevia os relatórios, como metia a mão na massa. Levantava peso, pintava os dormitórios, bordava as colchas, servia lanches aos abortos que pegavam o trabalho pesado de realmente reerguer as imensas paredes, além de trabalhar pouco a pouco, nas extremidades mais longínquas do terreno a refazer as defesas do castelo. Eu tinha conseguido uma trégua com os centauros e humildemente aceitava dicas e sugestões.

Tinha conseguido algo que até então nunca tinha se falado, que os jovens centauros tivessem o direito, se quisessem, de estudar na escola, ou frequentar as aulas que quisessem. Pela primeira vez, os centauros dividiam conhecimento com os bruxos – comigo e com Hagrid pelo menos – e os bruxos começavam a aceitar os centauros como iguais. Algo que para mim era meio óbvio. A tarde foi passando, eu já estava com mangas arregaçadas e o trabalho era infinito. Quando comecei a me preocupar com o atraso para meu trabalho recebi uma mensagem de Ian pela moeda de ouro. (sim eu tinha feito uma para ele)


“Pode deixar que eu te dou cobertura hoje, não se preocupa, sei que hoje é seu dia e Hogwarts. Nos vemos mais tarde. I.F”


Ele era meu salvador, sem dúvida. Quando deram 18h00min os homens que trabalhavam foram para seu acampamento improvisado, pelo que vi era cheio das barras mágicas. Madame Pince foi embora e os elfos foram para seus aposentos, e restou apenas eu e Grope, tirando os entulhos do campo de Quadribol.

Grope tinha crescido ainda mais, continuava o mesmo e estava bem mais articulado, estava quase falando normalmente agora. Sempre que eu tinha tempo lia-lhe histórias e ensinava-lhe coisas em geral. Madame pince quem fazia o maior trabalho.

– ... E a Vi... Vibarção do ar são os elementos mais i-influenciam na magia. – ele disse sentado, empilhando os entulhos como se fossem legos de brincar.

– Vibrações – corrigi-o, enquanto com um feitiço retirava a grama destruída. – é exatamente isso, hoje mesmo na minha aula de feitiços o professor disse isso.

Ele sorriu sereno. Ele era uma pessoa boa e pura, incapaz de cometer qualquer tipo de maldade, com o tempo me afeiçoei a ele de tal forma, que é como se ele fosse um irmão mais novo.

– Grope seu grandalhão, já passa das 18h00min, por hoje chega. – Hagrid disse chegando ao campo.

– Mas Grope contando o que a-aprendeu pra Hermi. – ele lamentou-se.

Grope era inteligente e tinha uma memória fantástica, mas ele tinha dificuldade de fala e de articulação. Segundo Hagrid isso é por que os gigantes de verdade são meio bárbaros e não costumam falar. Eles praticamente grunhem e rosnam.

– Só mais cinco minutinhos? – pedi a Hagrid.

Ele bateu os braços do lado do corpo.

– Está bem, mas depois vá para casa, e Hermione, passe em minha cabana antes de ir!

Eu e Grope assentimos.

– Hora do conto? – Grope indagou animado assim que eu me levantei e peguei minha mochila.

Sorri e afirmei. Tirei o livro: “Os contos de Beadle, o Bardo” e abri na história que tinha parado.

Pra que não tivesse que ficar gritando, Grope me colocou sentada na pilha de entulhos e se deitou, apoiando o rosto na mão. Li o conto da fonte mágica, ele como sempre adorou e ficou rindo, como uma criança. Depois Grope me deu uma carona até a cabana de Hagrid e de lá se despediu de mim com um aceno empolgado, dizendo que sentiria minha falta, e seguiu para a floresta.

Quando consegui me entender com o líder dos centauros, há mais ou menos um mês atrás, pedi-lhe que ajudassem Grope. Eu sabia que ele conseguia se virar, mas para mim ele era uma criança e não deveria ficar sozinho na floresta. Daí nasceu algo engraçado, os centauros passaram a fazer uma protocooperação com Grope. Grope lhes dava madeira e os ajudava com os trabalhos braçais, e os centauros passaram a ajudá-lo com coisas como: fazer remendos nas roupas, e fazer companhia para eles. Embora eu ache que eles meio que tenham adotado Grope. Inclusive improvisaram uma cama para ele, com inúmeras folhas secas, e com a ajuda de Winky fizeram um cobertor para o grandão. Os centauros não davam o braço a torcer, mas Grope entregava o jogo dizendo ser bem tratado.

– Hagrid... – eu disse adentrando a cabana dele.

Ele me cumprimentou calorosamente e já foi me empurrando seu chá com biscoitos, afundei-me na velha cadeira de couro marrom e começamos a conversar.

– E como andam as coisas em Londres.

– Ah Hagrid, trabalho, escola, mas tudo bem, só ando preocupada com algumas coisas. Tem uma cicatriz estranha no meu peito, meus inimigos sabem da minha maior fraqueza, eu fiz algo horrível e não posso contar para ninguém e isso está me matando. E eu não posso fraquejar, contam comigo, tem uma garota mala que acha que eu estou dando em cima do irmão dela, e a minha consciência vai me esmagar... – eu tomei um fôlego – é sério Hagrid, nem Atlas deve sentir o peso que eu levo nos ombros.

– Hey, calma... O que foi de tão horrível? – Hagrid disse colocando seu chá de lado erguendo as sobrancelhas.

– Não posso contar, mas vai por mim, essa guerra é minha culpa... – suspirei sentindo-me fraca.

– Hermione, ninguém é perfeito... – ele disse sorrindo abrindo os braços. – vem aqui.

Eu coloquei o chá e os biscoitos de lado e cambaleei até Hagrid, me afundei naquele abraço e chorei, solucei, balbuciei coisas sem sentido, xinguei, e encharquei a blusa do guarda caça. Sentia como se o peso dos céus estivesse sobre meus ombros. E ao menor sinal, ao mais breve inspirar um pouco mais fundo, eu fosse acabar deixando tudo cair.

– Pronto, Alvo sempre me dizia que quando a cabeça parece que vai estourar, é por que você esta acumulando choro, e esse choro faz muita pressão na sua cabeça. Por mais egoísta que tenha sido seu erro, não importa, você sempre dá tudo de si para os outros, você merece alguns caprichos.

Por um instante imaginei o jovem Hagrid, grande e gordo, chorando no colo de Dumbledore. Aquilo me fez sorrir.

– Obrigado por escutar. – murmurei.

Ele sorriu, com seu jeito gentil.

– Não se cobre tanto - ele me soltou de seu abraço.

Conversamos mais um pouco, até que eu notei que eram quase 18h50min. Saí correndo, levando pãezinhos e biscoitos feitos pelo próprio Hagrid. Domingo à noite teria um jantar da ordem. Um momento de descontração. Eu o veria lá.



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Notas finais do capítulo

tah, sem lero-lero, vou postar o outro logo em seguida
Até daqui a pouco
*Malfeitofeito*