Consequências - Fred E Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 19
Um só.


Notas iniciais do capítulo

*jurosolenementequenãovoufazernadadebom*

Então galera, presente da Frapuccina parte II, mas aqui começa a desgraça e no próximo capítulo... Bem... Acho que eu vou apanhar mais do que na falsa morte do Fred. aguentem firme por que os próximos dois capítulos estão... deprimentes e revoltantes.

aproveitem flores n_n



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VINTE E UM:

Sem você, eu sumo

Eu morro de fome

Eu perco meu rumo

Eu fico menor

Eu tenho o seu gosto

Eu sou do seu jeito

A cor do seu rosto

Eu já sei de cor

Mas se você planeja

Nos partir ao meio

Então nem pestaneja

E faça sem dó

O meu desespero

É que quando acaba

Você fica inteiro

E eu fico o pó.

- Clarice Falcão

Esse capítulo é curto, mas extremamente importante. Aqui, aquela nossa discussão. A discussão que definiu o resto de nossas vidas, e as vidas de muitos outros bruxos. É engraçado como coisas banais e idiotas podem dar a luz a monstros de sete cabeças.

- Hermione! Vamos nos atrasar! – Gina gritou.

Quase morri, senti minha cabeça vibrar e meus olhos quase saltarem para fora da cara.

Abri os olhos vagarosamente, e pedi silêncio pelo amor de Deus. Do lado da minha cama tinha um copo com água e dois comprimidos, e um bilhete. Dele.

“Raspo a sobrancelha do Jorge se você não acordar de ressaca, os comprimidos irão ajudar. Nos vemos mais tarde. – F.W.”

Tomei os comprimidos e fui me vestir. Mal tomei café fui encontrar o loiro frio e sua estranha namorada.

- Draco! Luna!

- Hermione, achei que não vinha. – o loiro sorriu.

- Vamos, temos muita coisa pra te mostrar! – ela foi me puxando. Infelizmente o dia estava ensolarado e as pílulas de Fred ainda no tinham surtido efeito. Merlin e suas meias: QUE DOR!

Isso fica de aviso crianças, nunca misturem bebidas, de estômago vazio. Melhor ainda: Nunca bebam!

Eu me lembrava do que tinha acontecido na noite anterior... Quer dizer, mais ou menos.

Durante todo o caminho até Hogsmead eu fiquei mais calada, não parava de pensar no ruivo, ficava nervosa ao lembrar de seus olhos estupidamente verdes me observando com cobiça, seu toque firme em minha cintura, sua voz grave e baixa, seu sorriso espontâneo.

- Hein Hermione? – Draco me tirou de meus delírios.

- O-o que? – eu disse corando. Será que ele estava vendo meus pensamentos?

- Vamos tomar cerveja amanteigada, mas provavelmente o Fred vai estar lá, tudo bem pra você?

- Ah, sim, acho que tudo bem... – eu engoli em seco, Fred e seu 1,85 de perfeição iam estar lá. e eu toda desarrumada desse jeito. Merlin me mate.

***

- E vocês se beijaram? – meu gêmeo disse quase me agarrando pelo colarinho.

- Sim, e eu dormi com ela. – disse acabando de virar minha cerveja amanteigada.

Eu e Jorge estávamos trabalhando em um novo produto no Cabeça de Javali. Na verdade eu estava fazendo aquele em especial para Hermione, mas meu gêmeo não estava colaborando muito para desenvolver a concretizar minha ideia.

- O que?! Fred, vocês...

- Não! Eu só dormi! Deitei do lado e dormi. – revirei os olhos. – ela disse que vai resolver tudo até segunda.

- Segunda?

- É, ela quer ficar com os pais, ela está muito perdida ainda. Mas tudo bem, eu sei que ela me ama. Ela vai ficar comigo.

- Fred, você sempre me diz que ela se sente culpada, você nunca se preocupou com isso, quer dizer, se ela se culpa tanto a ponto de ser um trauma que a fez apagar a própria memória para lidar com isso, acho que ela fez algo grave.

- Isso é só uma teoria, o médico não disse que ela fez algo grave. – interrompi-o.

- O médico disse que ela está bloqueando coisas que... – Jorge insistiu.

- Não me importa, Jorge. Eu a amo mais que tudo. E conheço ela, ela é boa, ela é pura, ingênua.

- E você um meloso bobão apaixonado. – Jorge revirou os olhos se esticando na cadeira. – e se ela não for a santa que todos acham que é?

- Não disse que ela é santa. – bufei irritado. – Mas ela é incapaz de... Ah Jorge! – eu disse irritado. – eu confio nela.

Eu confiava na Hermione, e sabia que sua índole era boa, mas a verdade era que eu também me perguntava de onde vinha toda sua culpa, o que a preocupava tanto. Mas não queria duvidar dela, não queria especular sobre isso, até por que eu sei que se ela no fim se revelasse uma comensal ou algo do gênero, eu a seguiria. Eu estava amaldiçoado a ficar do lado dela. Fadado, obrigado, abençoado. Ela tinha minha vida nas mãos, e isso as vezes me assustava.

- Claro mano, claro. Você está muito fudid...

- Fred! Jorge! – a voz de Draco interrompeu meu irmão.

Virei-me para ver o loiro e quase caí da cadeira ao ver que Hermione estava ao lado dele, juntamente com Luna.

Ela estava uma graça, tinha a cara meio amassada – ressaca aposto – usava a blusa social branca e um suéter escuro por cima, e sua gravata frouxa no pescoço toda amarrotada. Usava sua típica saia dois dedos acima do joelho e uma meia calça escura. Os cabelos rebeldes presos em um rabo de cavalo meio desgrenhado e seu sapatinho de boneca desamarrado finalizava o look da antiga Hermione.

- Sonserino! – Jorge o cumprimentou – junte-se a nós, você e as suas ladies. – Jorge deu uma risadinha marota.

Continuei sentado descontraidamente na cadeira, mas devo admitir que me contive muito para não sorrir quando Hermione se sentou ao meu lado. Ela estava meio tímida, não sabia o que fazer, e mantinha seus olhos pregados em Luna, que tagarelava sobre vagalumes. Aos poucos a conversa fluiu e todos conversávamos, risonhos, felizes. Eu tenho que admitir que me empolguei com o hidromel, e ao fim da tarde estávamos perto da casa dos gritos brincando de esconde-esconde.

É, eu tenho quase 20 anos e estava brincando de esconde-esconde.

Depois de brincarmos ficamos observando o dia cair. Eu estava meio enjoado e resolvi dar uma volta para respirar e ver se o enjoo passava.

***

Vi quando o ruivo se levantou, ele tinha bebido demais.

- Eu vou ver como ele está. – eu disse antes que ruivo sumisse de vista.

- HMMM. – Jorge insinuou malicioso.

- Cala a boca Jorge, só to preocupada com ele...

- HMMM – Jorge, Luna e Draco fizeram simultaneamente.

Apenas revirei os olhos e corri atrás do ruivo que se entranhava naquele bosque.

- Fred! – chamei-o.

Ele parou e deu um rápido sorriso.

- Ah Hermione, sai daqui... – ele disse revirando os olhos. – se eu vomitar vou estragar minha imagem de noivo perfeito.

Ele foi tentar se apoiar em uma arvore, mas acho que ele ao notou que na verdade a árvore estava a metros de distancia dele, e ele caiu no chão. Eu tive que dar risada.

- Ai Fred, cala a boca. – eu andei até ele e tentei ajudá-lo a levar, mas parece que ele não queria levantar. Ele tinha uma ideia melhor.

Ele me puxou para que eu caísse por cima dele, e então se acomodou nas folhas secas e me abraçou, alojando-me em seu peito.

- Ah, Hermione! – Fred soltou em um suspiro – volta logo, quero minha família logo.

- Eu to voltando... – menti, não tão certa de se minha memória um dia voltaria.

- Sim, sim... – ele disse sorrindo – eu, você, o nosso Naoki... O quarto dele tá todo pronto sabia? O berço é tão lindo... Mal posso esperar para me debruçar nele e ficar observando nosso garoto rolando, pra lá e pra cá...

Ele estava falando sonhadoramente e essa parecia uma típica cena da família feliz. Exceto por um motivo: a mãe estava com vontade de arrancar o útero pela garganta!

Quanto mais ele falava mais o ar saia de meus pulmões. Não queria ter um filho, ia destruir minha vida. Como eu ficaria com Fred se tivesse um filho no meio? Morar junto, beleza. Casar no máximo. Ter um filho? Não! NÃO! Eu não queria esse filho, e ele apenas estava me impedindo de ficar com o ruivo. O ruivo ficaria com o filho, mas eu não ia assumir este fardo. No fim eu estava sendo burra, jamais ficaria com Fred. Ele tinha escolhido sua antiga família, não o culpo, o entendo, mas eu não consigo fazer o teatro de família feliz. Apenas não consigo.

Soltei-me do abraço do ruivo e comecei a me levantar. Eu tinha que sair dali, se não quem vomitaria seria eu.

Mas o ruivo me puxou novamente, desta vez me beijando profundamente. Suas mãos firmes passavam por minhas coxas e bagunçavam meus cabelos, eu o beijava com gana, o apertava, arranhava um pouco, tinha ânsia de tê-lo para mim.

“Você não pode tê-lo. Ele já é do filho dele.” Minha consciência lembrou-me.

Com um ressalto me afastei dele. Eu estava furiosa, triste, confusa.

- Seu idiota! – eu gritei raivosa. Ele me olhou sem entender a mudança de humor. – por que você fez isso?! Eu estava melhor sem você! Por que você fez isso?!

- O que eu fiz agora?! Achei que não tinha problema te beijar, desculpe...

- Não se faça de sonso! Você quer me manipular para que eu seja sua esposinha, eu nem me lembrava de você, ficaria mais feliz sem lembrar! – eu esmurrei seu peito e me levantei. Eu estava em cólera.

Frustração.

- Do que diabos você está falando?! – ele disse segurando meus pulsos.

- Por que você fez isso...? – eu baixei o rosto. – era a minha chance de me afastar de você e dessa vida...

- O que eu fiz?! – ele disse irritado.

- Fez com que eu me apaixonasse por você! Eu poderia ter ido embora, viver com os trouxas, com meus pais, livre!

- Você só estaria fugindo, e mais dia menos dia você se lembraria de mim! E mesmo que não estivéssemos juntos você não ficaria com seus pais!

- Ficaria sim.

- Não ficaria não! Eles são trouxas, e você é um alvo. Nós somos. Nunca deixariam vocês em paz, eu sou um Auror, você é a general. E além do mais...

- Essa guerra já deve estar acabando, eu ia ficar livre!

- Não Hermione! Essa guerra toda é por sua causa. Nossa causa.

Eu franzi a testa, como eu tinha alguma coisa a ver com aquilo?

- Nosso filho tem um pedaço da alma daquele bruxo que eu te falei. Enquanto não separarmos as almas deles, Voldemort não pode ser derrotado. E a guerra continua.

- Mais um motivo para abortar esse...

- Meu filho, e você não vai abortá-lo. – Fred disse ríspido. – lide com isso só por mais alguns meses, depois que ele nascer você não precisará mais lidar com esse problema.

Enchi meu olhos de água e com toda minha força espalmei minha mão em seu rosto.

- Se é assim, por que fez toda essa palhaçada de me conquistar?! Por que não me deixou quieta com o Nicolas? Por que me prometeu estrelas, se tudo que você consegue me dar são espinhos e cacos de vidro?!

- Por que eu tinha esperanças que você voltasse a ser a garota que eu amei. Para ela eu daria todas as estrelas, essa covarde que eu estou vendo não merece muito mais do que cacos de vidro. – sua voz saiu fria.

Aquilo doeu. Mais do que eu esperava.

Eu estava apaixonada, e ele não amava a pessoa que eu era.

Aquilo era demais pra mim. Eu não conseguia lidar com aquilo, eu odiava cada vez mais aquele feto que estava no meu ventre, me odiava, odiava o Fred, o mundo bruxo, a antiga Hermione. Eu não pertencia àquele lugar.

- Fique de luto por essa garota então. Em alguns meses eu te dou o seu amado filho e acabaremos com isso. Não vai mais precisar me ver.

- Não faço questão mesmo. – ele deu as costas num ato infantil de dar a última palavra.

Fiz o mesmo, dei as costas e segui rumo ao castelo. As lagrimas escapavam e rolavam estranhamente pelo meu rosto e eu me sentia extremamente magoada.

 Eu tinha me apaixonado. Burra. Estúpida!

***

Ela foi embora, eu ainda estava nervoso, bravo. Aquele era nosso filho e ela falava assim dele? Ela queria fugir, não era a Hermione que eu conhecia.

Mas acho que eu teria que esquecê-la afinal. Tinha que pensar no meu filho.

Ele era uma Horcrux, e eu estava pesquisando sobre isso incansavelmente nas ultimas semanas. Moddy tinha livros bem interessantes sobre isso, ao que parece demora 6 meses para a alma se fixar a Horcrux, logo nesse período é fácil  destruir o ente possuído. Um simples ‘Incendio’ é capaz de destruir a Horcrux. Tinha um conto sobre um homem que fez uma Horcrux com um pássaro e este foi morto durante o período de fragilidade, e a Horcrux foi destruída.

Mas claro, não posso colocar um feitiço de “Incendio” no meu filho por motivos óbvios. Primeiro que com seis meses ele ainda estará na barriga da Hermione e segundo porque feitiço também mataria meu filho.

Andei pelo bosque rumo à casa dos gritos, onde os outros conversavam rindo.

Do que eu estava falando? Eu a amava, mesmo ela não sendo mais ela. O que eu ia fazer sem ela do meu lado? Eu não seria eu. Provavelmente acabaria indo viver uma vida trouxa com ela e...

“E o que? Levar mais desgraça pra ela? Causar a morte dos pais dela?”

Hermione estava quase chorando. Não queria que ela chorasse, mas quem sabe ela não merecesse uma folga disso tudo. Talvez ela realmente não pertença a esse mundo. Talvez a felicidade dela esteja com os trouxas. Eu a tinha feito me amar. Eu a faria me odiar, assim ela estaria mais feliz.

Se eu soubesse a importância da discussão que tivemos. Se eu sequer sonhasse com as consequências de minhas palavras... No fim, eu causei todo o sofrimento que Hermione tanto se culpava. Eu sabia que eu era um imbecil, só não fazia ideia das dimensões da minha imbecilidade.


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Notas finais do capítulo

TAN TAN...
*malfeito, feito.*