Consequências - Fred E Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 12
Mama


Notas iniciais do capítulo

*jurosolenementequenãovoufazernadadebom*
OOOOOOOIÊ GALERINHA MACANUDAAAAA
ENTÃO, CÁ ESTOU EU COM MAIS UM CAPÍTULO PARA VOCÊS SEUS LINDOS!!
ENJOOOOOOOOOOOOY



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DOZE:

We all go to hell.

- Hermione...

Abri os olhos. E acordei para o meu pesadelo particular e real.

Fred estava em pé no canto do quarto, tinha nas mãos algo que me pareceu uma camiseta.

- Entregaram-nos roupas provisórias e disseram que vamos escolher nosso guarda-roupa agora depois do café da manhã...

Eu estava me sentindo mal, não tinha meu típico vigor e otimismo. Na verdade, mais do que nunca quis que Belatrix estivesse ali, para que eu a irritasse e ela terminasse logo com isso.

Sem mais embolações e sem muitos detalhes narrativos descemos para tomar café da manhã. Peço desculpas pelo vácuo narrativo, alguns podem julgar ser preguiça, mas é simplesmente desânimo.

Não é nada ruim, ou doloroso, é simplesmente... Não sei definir. Vazio? Frio? Deve ser assim que um psicopata se sente. Mesmo Fred agora do meu lado, a única coisa que consigo pensar é: Como chegamos a esse ponto?

Ele está se desculpando comigo agora. Não estou ouvindo uma palavra do que ele está falando. Cameron passou na minha frente e disse alguma coisa. Abstraí-a completamente. Ícaro puxou a cadeira para que eu sentasse. Aquilo fez com que eu levemente despertasse do meu estado de apatia total.

- Bom apetite. – ele disse.

- Obrigada. – Respondi com a voz fraca.

A comida tinha gosto de serragem. A bebida tinha menos gosto do que água. Fiz tudo no automático. Havia inúmeros comensais na mesa. Apenas os mais importantes, claro.

- Você está bem? – Fred cochichou.

Acenei que sim com a cabeça.

- Tem certeza?

Acenei que sim novamente.

- Você está comendo pasta de fungos. Você odeia fungos. Você está bebendo suco de tamarindo. Você odeia tamarindo. Você está bebendo café e suco ao mesmo tempo. Você não colocou açúcar no seu café. A única palavra que você disse hoje foi ‘obrigada’ e para um comensal.

- Gosto do Ícaro. – disse simplesmente e mordi alguma coisa que estava na minha mão.

Fred me olhava espantado, incrédulo.

- Ele é um comensal. – Fred irritou-se, o cara que estava sentado do meu lado largou sua torrada para prestar atenção na nossa conversa.

- Draco também era.

- Ele me espancou. Ele nos trouxe pra cá. – Fred disse ríspido.

Dei de ombros.

Com um movimento brusco Fred segurou meus ombros e me virou de frente para ele. Fez com que eu olhasse em seus verdes olhos. Atrás de nós vi Ícaro retrair os músculos. Acenei negativamente com a cabeça.

Fred quando viu meu breve contato com o comensal levantou-se da cadeira ruidosamente e marchou para fora da sala. Minha consciência dizia que eu tinha que ir falar com ele mais hora menos hora. Levantei-me calmamente. Pedi licença aos comensais que olhavam a cena sem entender muito bem e rumei atrás do ruivo.

- Fred? – eu disse quando o encontrei em algo que me pareceu uma biblioteca.

- O que foi aquilo? Você está do lado deles? Você realmente vai... O que aconteceu com você?

Dei de ombros.

- O que você está fazendo tão amiga do homem que matou os pais de Alana, você lembra de Alana? - ele estava realmente irritado.

- Você...

- Eu não entendo? Não Hermione, eu não entendo!

- Ícaro entende. É uma história complicada, ele não é de todo mau.

- Se você e Ícaro estão no mesmo patamar Hermione, então eu começo a temer a coisa tão horrível que você fez e não quer me contar.

Aquilo me machucou. E ele sabia disso. Mas acho que ele queria uma reação minha, um vestígio da Hermione que eu costumava ser. Não que eu não fosse ela ainda. Mas ser eu mesma era muito difícil. Muito exaustivo. Apenas dei as costas com um sorriso de canto de boca pretendendo sair dali.

Fred, contudo foi mais rápido e com um puxão nada delicado fez com que eu voltasse a me virar para ele.

- Você está dormindo com o Ícaro? – ele estreitou os olhos.

Aquilo me fez dar uma risada seca. Não acreditei no que ouvi.

- Sim Fred. Na verdade eu também sou uma comensal e não te contei, eu e Ícaro nos casamos semana passada, Voldemort foi o coroinha, ele estava tão lindinho de vestido... seu convite não chegou? – eu soltei o ar dos pulmões – francamente.

Mas ele ainda não havia soltado o meu braço e parecia estar considerando aquela hipótese.

- Por favor. Não me faça perder o resto de amor que eu ainda tenho por você. Você é tão egoísta assim? Eu não quero ficar aqui. Nós vamos sair daqui – diminui mais ainda o tom de voz – mas se eu sair daqui... – eu inspirei profundamente. Não choraria, mas minha voz se desregulou um pouco – mas não me peça para ser a garota forte, animada, otimista e vibrante que você está acostumado.

Palmas vieram da porta. Cameron.

- O que está fazendo aqui? – Fred disse ríspido.

- Eu vim ver se estava tudo bem... – ela disse com um tom de voz quase meigo.

- Com licença. – eu disse me soltando de Fred.

Saí da biblioteca e do lado de fora Ícaro e mais dois comensais aguardavam, rígidos como pedras. A passos largos segui pelo corredor. Nem Cameron nem Fred vieram atrás de mim. Na verdade vi a porta ser fechada. Tentei não pensar naquilo.

Fred e Cameron trancados na biblioteca. Apenas suspirei e apertei os olhos. Eu precisava sair dali. Precisava de força para fazer aquilo. Mas eu não sabia mais de onde tirar forças.

***

Cameron entrou, e eu vi Hermione sair. Abri a boca com o intuito de xingá-la, mas notei que ela não fazia nenhum de seus comentários odiosos.

- Tudo bem, não se preocupe, não vou incomodá-lo. – ela disse com a voz suave.

- Sua presença me incomoda.

- Vamos, eu sei que você não anda bem. Vamos esquecer isso tudo por alguns instantes, deixe-me te ajudar.  – ela disse parecendo muito sincera.

Bufei. Como se eu fosse esquecer de todas as pessoas que ela matou. Em um flash doloroso lembrei-me de Liza. Ah se eu não tivesse sido criado pela Dona Molly, a esta altura a cara de Cameron já teria sido amassada.

Quando dei por mim, a garota tinha o rosto escondido em suas mãos, e soluçava baixo.

Ela chorava a final?

Não me importei, apenas dei as costas a ela e rumei para a larga porta entalhada em madeira. Antes que conseguisse tocar na maçaneta, ouvi a conversa dos comensais que estavam do lado de fora:

“...Mas ela não era casada com o ruivo ou sei lá o que?”

“Bom, acho que isso não a impediu de ir se trancar no quarto com o Ícaro.”

“Sangue-ruim...”

“São as piores.”

Off~ 

Naquele momento, o que era para ser um segurar na maçaneta, tornou-se um murro instintivo de Fred na porta antiga e trabalhada.

Estava cego de raiva, estava cansado, não estava pensando direito. Sentia que estava perdendo Hermione, sentia-se impotente, sentia-se enganado, não confiava mais nela completamente. E em um impulso impensado bestial e irracional, ele deu meia volta e foi bruto para cima da garota morena, que a esta altura tinha um sorrisinho no rosto, sínico. Fred nem pensava naquilo, só queria magoá-la como ela o tinha magoado.  Agarrou os cabelos morenos e sedosos, e nada delicadamente encostou a garota contra a parede.

E então, ele fez a maior, e pior burrice de sua vida.

Naquela biblioteca, naquela manhã, naquele dia, ele machucou Hermione de um jeito que ele jamais poderia sequer imaginar.

***

- Este ficou bom.  – Ícaro disse sentado na poltrona, analisando um vestido primaveril que eu usava.

Assenti.

Afobado pela porta entrou o meu ruivo. Descabelado, ofegante, com os olhos inchados e vermelhos como se estivesse chorando há pouco. Assim que me viu andou até mim e me abraçou.

Não entendi nada, mas aquilo despertou em mim um alarme. Algo me dizia que aquilo não era apenas o estresse contextualizado. Algo tinha acontecido.

- Está tudo bem?

- S-sim. – ele disse com o rosto enterrado em meu pescoço. – Só me senti mal por tudo que eu fiz a você.

Eu franzi a sobrancelha e me afastei dele para que pudesse vê-lo, ele evitou meu olhar. Aquilo tudo tinha realmente mexido com ele.

- Está tudo bem, eu também tenho sido...

- Não... Não, você nem se compara a mim. Mas você tem que acreditar em mim. Eu te amo, muito...

Aquilo ficava mais estranho a cada momento, mas considerando o estado do pobre coitado, resolvi não fazer interrogatórios.

- Ícaro, eu me sinto indisposta, se importa se formos nos recolher um pouco e voltarmos mais tarde para acabar de ver as roupas? – eu disse passando a mão pela cintura do ruivo.

- Não senhora. Devo pedir algum medicamento.

- Não, muito obrigada.

Andei pela mansão de volta para o quarto. Fred estava mais calmo, mas ainda não estava... Normal.

Fechei a porta e sentei-me na cama. Ele sentou ao meu lado, como estivesse escolhendo palavras.

- Minha barriga cresceu bastante. – eu disse descontraída.

Ele piscou algumas vezes. Era uma barriguinha de nada, mas dava pra ver que eu estava grávida, afinal eram apenas três meses.

- É verdade. – ele colou a mão por cima do vestido primaveril.

- Narcisa disse que hoje sairemos daqui. – eu disse calma.

Ele apoiou a cabeça no meu colo e eu fiquei ali, mexendo nos fios ruivos. Notei um perfume diferente nele, e a imagem da porta da biblioteca se fechando invadiu minha mente.

Não queria pensar naquilo agora.

***

A mesa estava elegantemente arrumada, estou sem paciência para descrever, mas estava realmente esplêndido. Cameron estava sentada na minha frente, um sorriso no rosto. Era maléfico, mas não amargo. Era apenas, uma satisfação perversa.

Na ponta da mesa, ao meu lado, Bellatrix, ainda sendo Bellatrix. Risada irritante, piadinhas insuportáveis, me olhando com nojo. Contudo suas roupas eram tão refinadas e masculinas quanto às do outro dia em que eu a tinha visto. Roupas dele.

Narcisa estava sentada ao lado de Cameron, sentada, olhava fixamente para os joelhos. Impecável como sempre, usava um vestido antigo e não festivo. Um vestido daquelas antigas anfitriãs.

Fred usava um Armani, que me faltam palavras para descrever. Eu usava um simples e longo vestido verde, liso, que me caia nos ombros. Escolhido pelo Lord em pessoa.

Eu estava realmente enjoada, deprimida, como se o fim estivesse próximo. Eu simplesmente não via muita saída.

Fiquei observando Bellatrix. Por mais radiante que ela estivesse, estava com uma aparência quase frágil, estava cansada. Eu não sabia como aquilo era possível, mas se o Lord realmente estava no corpo dela, então aquilo a desgastava muito fisicamente.

Notei que Narcisa tinha os olhos em mim, e com um discreto movimento de boca confirmou minhas suspeitas: “O corpo está exausto.”.

Respirei fundo, foi como se tivessem colocado em mim um pouco de minha alma roubada. Percebi o plano de Narcisa, nos tirar daqui, aproveitar depois do jantar que Voldemort e Bellatrix estariam exaustos.

Procurei os olhos de Fred, mas ele estava cabisbaixo e mais pálido do que de costume.

Aquilo tinha que parar. Eu e ele estávamos nos afastando, e aquilo me assustava. Aquilo me matava. Aquilo me deixava sem qualquer esperança.

Busquei seus dedos longos e gelado e entrelacei-os aos meus. Ele me fitou ligeiramente surpreso.

-Eu tenho estado estranha, e peço me perdoe. Eu te amo muito e quero que confie em mim, vamos achar um jeito, como sempre fazemos.

Ele piscou algumas vezes, realmente não estava bem.

- Eu te amo muito. De um jeito que me assusta. – ele sussurrou. – eu não sei o que eu fariase...

- Shh. – eu pesquei seu pescoço pela nuca e encostei sua testa na minha. – eu só saio do seu lado morta. No dia que eu me afastar de você, Freboboca chame um médico, pois eu estou louca!

Ele sorriu e baixou o olhar.

Puxei-o para mim e beijei-o. Cameron olhava fixamente para nós. Ora sorria, ora parecia que iria voar em nossas gargantas. Bellatrix nos ignorava e Narcisa continuava focada em seus joelhos. Lúcio bebia, amargurado, e vez ou outra nos lançava olhares de ódio. Os demais comensais fartavam-se e limitavam-se a nos lançar olhares de nojo. Ícaro estava logo atrás de mim, rígido como uma estátua e tenso como um cão de guarda.

- Amigos! – Ele havia chegado.

- Não solte a minha mão. – cochichei ao Fred.

Ele apenas assentiu e passou a passar o polegar nas costas de minha mão.

Cameron alargou seu sorriso e me encarou. Preocupei-me. Narcisa apertou os olhos como se não quisesse ver o que viria a seguir.

- Estou aqui hoje para apresentar a vocês, formalmente, a escolhida! A abençoada a quem devo minha vida. – Ele me fitou. – a quem devo minha alma.

Mais murmurinhos eclodiram.

“O que?”

“A general do Potter?”

“Traidora.”

“Sangue-ruim...”

- Ah! Sim, muito bem lembrado! – O lorde disse contente, fazendo com que todos secalassem. – sangue ruim. O sangue dela é sujo,inferior ao nosso, e ela sabe disso não sabe? – ele me fitou, bem como todos na mesa.

Eu apertei a mão do meu ruivo.

- Sim meu Lorde. Se fosse possível eu mudaria, mas...

- Minha querida! – ele disse batendo as mãos. – não me agradeça, mas eu consegui! Eu descobri um jeito de limpar seu sangue! Claro, você teria que abrir mão de seus pais, todos os seus parentes trouxas não teriam mais nenhum laço com você.

Eu estava perplexa. Limpar meu sangue?!

Tive vontade de chorar gritar e espernear, não queria tirar de mim o sangue dos meus pais, me sentia humilhada e impotente.

Senti o aperto de Fred.

- Mesmo?! – fingi animação, mas não deu muito certo.

- Ora querida, não tenha medo. Pode ainda não confiar em mim, mas eu vou cuidar de você. É como cães vira-lata que adotamos na rua e damos um banho quando o levamos para casa. É isso. Dar um banho em você.

Engoli a surpresa e me recompus.

- Eu aceito, e humildemente agradeço por sua generosidade meu lorde. Serei seu cão mais fiel, ao seu lado em seu caminho ao topo. Mesmo que minha origem seja impura, eu quero ser útil ao homem que salvou minha vida. – eu disse com uma leve reverência.

De baixo da mesa, eu quase esmagava a mão de Fred e ele agora segurava minha mão com as duas mãos. Eu estava forte, por ele, por fora.

Por dentro eu me sentia mal. Aquilo era quase pior do que ser torturada por Voldemort.

- Assim será. –ele levantou-se. – Vamos?

Olhei para os lados, confusa.

- Onde?

- Começar a limpar seu sangue. Se quiser, podemos começar a limpar hoje. É um processo doloroso, e bagunça os pensamentos, são necessárias algumas sessões, mas quanto antes começarmos, mais cedo seu sangue – ele discretamente tocou meu ventre – será limpo.

Dessa vez fui rápida, não podia levantar suspeitas.

- Sim! – eu disse convincentemente empolgada. – Ah, como posso agradecê-lo?

- Está tudo bem criança. – ele disse afagando meu rosto, quase como um pai. – se importa se alguns companheiros meus, e em breve seus, assistirem?

- De modo algum, Tom. Fred pode assistir? Por favor?

O lorde riu daquele seu jeito estranho e gesticulou aos comensais perplexos. Narcisa lançou-me um olhar de desculpas. Ela sabia, por isso hoje! Voldemort estaria fraco, e todos me subestimariam já que eu estaria morrendo em dores ou sei lá o que. Era um plano um tanto quanto cruel, mas era um bom plano.

- Entendo por que Potter a protegia tanto. Claro que pode. Vamos agora, você termina seu jantar mais tarde, mais pura...

Voldemort deu um sinal de mãos e alguns comensais começaram a se levantar.

- Tom. – eu disse baixo, para que só ele e Fred me ouvissem.

- Sim?

- Nada... Eu só estou tão assustada. Eu sou fraca. – eu disse fingindo odiar-me.

- Minha querida Hermione, o seu medo é normal. Mas peço que não se deixe levar por ele, eu prometo que tudo ficará bem. Fred estará ao seu lado, e eu mesmo ficarei com você.

- Tom, eu posso pedir para que Cameron não vá? – eu disse me lembrando de seu sorriso maligno. – isso é bobo, mas eu não gosto dela, ela me assusta e eu temo que ela queira roubar meu filho e meu namorado.

- Sua pureza me fascina. Ela não chegará perto de ninguém da sua família e ela não estará presente nesse momento de vulnerabilidade que vai ser sua purificação. Tem a minha palavra.

- Sabe Tom, acho que me ensinaram tudo errado. Você não é mau. Todo meu ódio está se transformando em carinho por você.

Vi uma dúvida em seus olhos. Era o que eu precisava. Ele tentou forçar a Legilimência, mas estava fraco de modo que eu pude, sutilmente manipular meus pensamentos. Pensei em Dumbledore, e deixei o carinho que eu sentia por ele aflorar enquanto prendia mais ao fundo, todos os meus ressentimentos. Claro, deixei a mostra também medo e insegurança, deixei uma imagem de Cameron passar em minha mente. Forjei uma mente real, de uma garota assustada que encontra segurança com seu maior inimigo e morre de medo do que possa acontecer a ela. Uma boa dose de culpa em relação aos antigos amigos, uma pitada de desejo de mudar, de me adaptar ao Lorde, e voilá! Voldemort baixava a guarda para mim!

- Vamos minha pequena, vamos dar início a esta nova e gloriosa era.

- Sim, meu Lorde.

***

Começaram a conduzir Hermione para fora da sala, alcancei-a e pude ver o desespero em seus olhos, uma súplica silenciosa, implorando para aquilo ser outro pesadelo dela.

Ela era uma boa atriz, eu me surpreendi no modo como ela cativou o Lorde.

Abracei-a.

- Fred...- ela disse coma voz embargada.

- Vai ficar tudo bem, seja forte por mais algumas horas. Você consegue?

Ela respirou fundo e voltou ao personagem de garrota ingênua e confusa.

- Isso. Boa garota, falta pouco. – eu disse acolhendo-a em meus braços e beijando o topo de sua cabeça.

Caminhamos para a tal sala onde a purificação ocorreria, como dois bois indo para o abate.

Vi de canto de olho o rebuliço que Cameron fazia ao se dar em conta que ela não tinha sido convidada para a desgraça que fariam com Hermione. Ela conseguiu nos alcançar e eu senti cada músculo do meu corpo travar. Ela não podia falar, eu estava tão perdido. Ah se arrependimento matasse.

Como eu fui idiota.

“Idiota? Você simplesmente enfiou um machado nas costas da sua noiva! Ela nunca vai te perdoar...”

“Desculpa, e você quem é?...”

“Sou sua consciência rapaz! Se eu tivesse chego aqui algumas horas antes talvez você não tivesse feito a quantidade de merda que você fez!”

“Eu não estava pensando direito, eu estava com raiva!”

“Ótimo, diga isso para Hermione quando ela descobrir!”

- Parece que eu não vou poder ir ver você virar gente. – Cameron disse conseguindo chegar até nós.

- Não responde – eu disse ainda abraçando Hermione.

- Fred... Achei que você fosse se esconder de mim depois de hoje à tarde... – ela sorriu.

- Cala a boca. – eu disse sentindo um calor de ódio passar pela espinha.

Ela abriu a boca, provavelmente para jogar na minha cara o que tinha acontecido hoje a tarde, mas Hermione foi mais rápida.

Sem tempo para qualquer reação, ela deu um passo a diante e espalmou a mão no rosto da morena.

O barulho foi alto, e fez com que todos naquela sala parassem e observassem a cena.

- Cansei. – Hermione disse. – Hoje, uma nova etapa começa, e eu não vou mais ser complacente com você, Cameron. – ela tinha um quê de psicopatia na voz. Me assustou. E definitivamente chocou Cameron. – Você é simplesmente insuportável. Belatrix é mais tragável do que você, e você nem é tão bonita assim, depois de um tempo sua beleza é simplesmente... Enjoativa. Você é enjoativa.

- Fred não me achou nada enjoativa... – ela começou a falar tentando recuperar sua pose.

- Eu tenho certeza que ele te acha enjoativa. – Hermione ergueu nossas mãos unidas. – ele está segurando a minha mão Cameron, não a sua.

E sem dar chance para que ela se recuperasse Hermione deu as costas e saiu da sala, me arrastando com ela. Todos estavam perplexos.

- Entendi por que General. – alguém comentou baixo.

Assim que nos afastamos daquele bolo de comensais Hermione agressivamente fez com que eu ficasse de frente para ela.

- Você ficou com a Cameron, alguma vez depois que começamos a namorar? Fred, não minta pra mim.

Ela cravou seus olhos castanhos em mim. Eu não podia contar. Bom, não agora, ela estava prestes a passar provavelmente pela pior experiência da sua vida. Ela precisava saber que eu estava do lado dela.

“Coverde, arrumando desculpas.”

“Ah, vá pro inferno.”

“Já estou nele querido.”

- Que pergunta, Hermione... – eu disse olhando para o teto.

- Fred...

- Eu te amo Hermione.

- Não foi o que eu te perguntei.

- Não. Claro que não. – eu disse sentindo minha língua sendo rasgada e queimada em brasa. Detestava mentir para ela.

Ela ia dizer alguma coisa, mas então Ícaro chegou dizendo que estava tudo pronto.

- Depois falamos sobre isso ok? – eu disse a abraçando. – fique tranquila.

Ela não tinha esquecido aquilo. Com certeza não. Mas por hora estava abalada demais para discutir sobre aquilo.

Como se já não tivéssemos problemas suficientes.

Andamos em silêncio, mas sua mão estava quase se fundindo a minha de tanto que ela apertava. Por ora, eu estava perdoado.

Chegamos em uma sala comum. Ou quase.

Lareira, dois sofás, uma poltrona, no canto da mesa um mesa de centro que tinha dado lugar a uma enorme banheira de porcelana. Eu definitivamente não estava gostando daquilo.

Hermione estava quase chorando, e agora estava agarrada ao meu braço respirando forte e escondendo o rosto. Eu afagava seu rosto, mas na verdade estava tão assustado quanto ela. E se na verdade aquilo fosse só um sacrifício ou algo do gênero?

Um meio de já colocar a alma de Voldemort no meu filho.

Ou um jeito de tirar aquela Horcrux do meu filho, e depois matar toda a minha família.

Os comensais estavam agora encapuzados, e se enfileiravam perto da banheira, Belatrix/Voldemort veio até Hermione e pegou sua mão.

Ela deu dois passos, mas não queria soltar minha mão, olhou para trás, aterrorizada.

- Vamos Hermione. – Belatrix disse sorrindo.

- Estou com medo.

- Eu mesmo farei o feitiço. Confie em mim.

Ah, o genocida louco vai fazer o feitiço. Estou bem mais tranquilo.

Ela soltou minha mão. Pouco a pouco. Eu dei um passo à frente, e neguei com a cabeça, implorando para que ela não fizesse aquilo. Ela apenas deu um meio sorriso dolorido e ergueu o queixo. Fiquei ali, em pé. Estarrecido. Impotente. Furioso.

Voldemort pediu que ela retirasse o vestido. Isso mesmo! Ela ficou nua na frente de diversos comensais!

Nesse ponto senti a mão de Narcisa em meu braço, firme. Evitando que eu fizesse qualquer bobagem que estragasse tudo. Mas eu estava tão raivoso com tudo. Não estava conseguindo proteger nem a garota que eu amo, nem meu filho. Eu estava de mãos atadas.

Ela ficou ali, encolhida dentro da banheira, com os olhos vermelhos, quase chorando. O tempo todo olhando para mim. Eu não desviei o olhar sequer por um segundo.

Voldemort começou a falar uma língua estranha. Abriu alguns francos de cristais e pingou na banheira. Fumaças estranhas começaram a espiralar ao redor de Hermione, como se a investigassem, como se a vestissem, como se adentrassem seus poros.

- Sanguis. – ele disse mais alto.

Parte daquela fumaça mudou de cor, tornando-se preta. Então condensou-se, mais e mais, até formar ao redor do corpo de Hermione o que pareceu-me fios de arame.

Ela começou a fazer caretas de dor. Mais como um desconforto. As vezes olhava assustada para o braço, ou para a perna como se alguma coisa estivesse caminhando por ali.

- Impurus. – ele disse novamente após mais incontáveis minutos de múrmuros naquela língua estranha. Ele oscilava entre o Latim e alguma outra língua estranha.

- Ah! – ela soltou um gemido forte e apertou os olhos, cerrando os punhos e deixando escapar algumas lágrimas de seus olhos, sua expressão se contorcendo em dor.

O arame agora estava se apertando contra sua pele, cada vez mais e mais, ela desesperada levou as mãos roxas e marcadas até o pescoço, tentando tirar dali os arames, que simplesmente viravam fumaça ao seu toque.

Ela começou a grasnar em desespero, e se debater contra a parede de porcelana da banheira.

Os fios a ergueram como uma marionete, e ela ficou suspensa no ar, uns 20cm acima do chão, coberta por sombras estranhas tendo o corpo todo emaranhado por aqueles arames de fumaça.

- Purus sicut lilium. – Voldemort disse por fim.

Nesse momento todos aos fios pressionados contra a pele de Hermione se apertaram mais ainda e de uma só vez Hermione foi multilada pelos fios. Ela tentou gritar mas ainda estava sufocando e agora sufocava com seu próprio sangue.

Dei um passo a frente para tirá-la de lá. Narcisa apertou meu braço e me puxou para trás. Ícaro surgiu deus sabe da onde e também segurou meu ombro.

- Ele vai matá-la – eu disse quase chorando.

- Ela está bem. Você tem que ser forte e ficar quieto.

- Narcisa...

- Confie em mim! – ela disse baixo dando um beliscão em meu braço.

Quando olhei novamente, ela tinha parado de se debater e de grunhir. Estava parada, olhando para a parede em sua frente. Imóvel. Olhos vidrados e sem vida. Na banheira abaixo dela, dois dedos de sangue tinham se acumulado. Era muito sangue.

Eu senti meu peito se espremer e tudo ao redor perder importância. Senti como se minha alma tivesse abandonado meu corpo e tudo ficou cinza. Ela estava morta. Olhos vazios e o corpo largado.

Minha boca estava cheia de cinzas, minhas mãos e pés congelados em areias escaldantes, minha barriga estava cheia de facas fincadas que atravessavam até as minhas costas enquanto meu peito era esmagado por alguma coisa pesada e embebida em ácido. Tinham cacos de vidro cravejados pela minha garganta, agulhas encravadas em meus olhos. Aço rasgava minha pele e labaredas queimavam meus pulmões.

E o nada se abateu sobre tudo isso.

Não era a dor que me torturava. Era o grande vácuo que se expandia e me consumia.

O corpo dela caiu.

 A fumaça se esvaiu e seu sangue respingou para todos os lados. Parecia uma boneca desfalecida na banheira, os olhos abertos vidrados em algum lugar do nada, sua pele toda multilada, a aliança em seu dedo mal brilhava de tão ensanguentada que estava.

Ela tinha morrido. Ele tinha morrido. Eu deixei matarem, meu filho e a mulher que eu amo. Eu não tinha mais nada.

Eu respirava.

Eu pensava.

Meu coração batia.

Meus órgãos funcionavam.

Mas eu estava morto.


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Notas finais do capítulo

NHE...
TRISTE NÉ??
Tava revisando agora, acho que vou me dar um crucio aqui ;_;
*malfeitofeito*