Cinderella de vans escrita por ilikehotboys


Capítulo 14
Contando tudo.


Notas iniciais do capítulo

oiii meus amores :D
como estão?



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– Jason?

– Oi.

– Meu pai vai me matar se vir voce aí embaixo.

– Então, dá um espaço que eu vou subir. - ele se pendurou em uma arvore, escalou ela, e quando chegou perto da minha janela, pulou pra dentro.

– C-como voce fez isso?! - falei perplexa.

– Sou bom em escaladas.

– Voce poderia ter caído e quebrado o pescoço e morrido!

– Já fiz coisas bem piores, não se preocupe.

– Ah… Ta bem. E o que esta fazendo aqui? - perguntei.

– Vim te ver. - ele chegou mais perto de mim e eu andei pra trás, me afastando dele. O que esses garotos viam em mim? Eu sou só uma garota irritante que fala muito palavrão, então porque o Hunter e o Jason quase tentavam me beijar?

– Hum. - sorri timidamente.

– Tu tem um video-game! Vamos jogar?

– Pode ser.

E até que havia sido divertido, ganhei dele em quase todas as partidas, pedimos pizza e foi como se eu estivesse com o Lucas, bem, o Lucas não ficaria se aproximando de mim cada vez mais, nem passando seu braço envolta da minha cintura o tempo todo, mas o Jason era bem divertido… E se eu não tivesse aquela promessa idiota, talvez… Só talvez… Eu tivesse beijado ele.

– Me diz, por que quer tanto cumprir essa promessa? - ele perguntou.

– C-como sabe da minha promessa?

– Todo mundo do colégio sabe.

– E como eles sabem?

– Ninguem nunca sabe como eles descobrem as coisas, mas é rápido e assustador.

– Eu gosto de promessas, pra mim, são uma das únicas coisas importante no mundo, porque promessa é quase um juramento de confiança.

– Agora me diz: quem foi que quebrou uma promessa contigo?

– Ninguem. - eu disse.

– Blake, confia em mim.

– Mal te conheço.

– Voce nunca vai me conhecer se não confiar em mim… Em algum ponto vai ter que contar pra alguém, não pode viver com isso pra sempre.

“Não pode viver com isso pra sempre” - e essas palavras me atingiram de um jeito tão forte e… Assustador. É, eu tinha medo, eu vivia com aquela dor pra sempre, e em um dia qualquer, com mais uma das tipicas brigas do meu pai e da minha mãe, ele disse “não pode viver com isso pra sempre” é, ela não podia viver com essa dor pra sempre, mas ela escolheu viver, e talvez, fosse pra sempre mesmo.

E por algum motivo, talvez pelo jeito como ele me passou confiança, eu resolvi contar pra ele.

– Quando eu tinha dez anos - e as lembranças voltaram como se tivesse acontecido ontem - M-minha mãe - falei suando, era a primeira vez que contava isso para alguém e nem era alguém que eu confiasse o suficiente pra isso - Na verdade, eu. Eu e o meu irmão, Drake, estávamos indo visitar nossa vó, era final da tarde, e ele tinha acabado de ser aceito na universidade, nós estavamos muito atrasados para o jantar na casa da nossa vó, então o Drake começou a acelerar, cada vez mais, ele foi perdendo o controle do carro, e eu notava isso, o que eu não notei é que o freio estava estragado, e então, no meio do nada, um animal apareceu, Drake tentou desviar mas ele já havia perdido o controle do carro a muito tempo, atingimos uma arvore, bem do lado do motorista, e ele… Morreu. Eu tenho uma cicatriz na testa que me lembra todos os dias sobre isso, por isso amo usar bonés, se não as pessoas começam a fazer perguntas sobre isso e eu odeio isso, odeio me lembrar. - ele tirou o meu boné e a franja do meu rosto, tocou na minha cicatriz e ficou me olhando, via no rosto dele o que todos sentiram de mim por muito tempo… Pena. - Não olha pra mim assim, odeio que sintam pena de mim, eu não sou feita de vidro.

– Mas também não é feita de ferro. Não precisa ser forte o tempo todo Blake, ninguem precisa, por isso as pessoas choram, por isso as pessoas amam umas as outras, por isso elas tem amigos, pra suportarem o que não conseguem suportar sozinhas.

– Voce nem deixou eu terminar, não entende porque eu tive que suportar tudo isso sozinha. E eu consegui. - falei, uma lágrima escorria do meu rosto, eu não chorava a tanto tempo, me odeio por estar chorando, odeio chorar, é só mais um meio de mostrar o quanto eu sou fraca. - Olha o que voce fez comigo! Estou chorando! Eu sou uma fraca, uma idiota!

– Chorar não quer dizer que é fraca, talvez voce fosse forte por tanto tempo e se cansou.

– Minha mae, não suportou a morte do filho dela, eu acordava no meio da noite e via ela sentada na sala, sozinha, olhando pro nada, era meio assustador, ela não dizia mais quase nenhuma palavra, ela largou o emprego, no inicio tudo o que ela fazia era ignorar a existencia de tudo e todos, ela ficava o dia e a noite toda sentada em uma única cadeira, olhando pela janela, se levantava comia alguma coisa, ia no banheiro e voltava pra lá, eu tentava falar com ela e ela não me respondia, ela não respondia pra ninguem, não ouviamos mais nenhuma palavra da boca dela, ela era como um fantasma na nossa casa, mas um fantasma que trazia uma assombração… Toda vez que olhávamos pra ela, lembrávamos do que queríamos esquecer… Drake. - suspirei, e continuei a falar - Em um dia normal, já havia se passado um ano desde a morte de Drake, e mesmo assim, nenhuma palavra de minha mãe, em um dia, ouvimos uma voz feminina “Estou saindo” era minha mãe, ela havia falado, eu e meu pai corremos até ela, mas ela já havia saído, pensamos que talvez as coisas finalmente fossem melhorar… Como estavamos enganados.

– Blake… Não precisa me contar. - ele falou.

– Eu quero, eu preciso, eu nunca contei isso pra ninguém e talvez seja bom… Vá fazer eu me sentir melhor.

– Tudo bem, continue. - ele segurou a minha mão.

– Quando minha mãe voltou pra casa, estava completamente bebada, entrou em casa caíndo e meu pai ajudou ela, mas todas as noites que se seguiram foram assim tambem, meu pai se cansou disso e eles começaram a brigar, foram brigas cada vez mais feias, eu sempre ficava escondida ouvindo tudo, rezava todas as noites para o “papai do céu” trazer meu irmão de volta e fazer minha mãe feliz de novo, porque meu pedido todos os dias era ver um sorriso no rosto de minha mãe, e eu nunca vi. Nunca mais desde a morte do meu irmão eu vi um sorriso no rosto dela. Em um dia qualquer eu olhei pra ela e falei “mamãe, me promete que não vai desistir de mim?” “eu prometo” ela disse. Ela desistiu. Em uma das brigas do meu pai e dela, ela foi embora, e nunca mais voltou.

– Blake, voce é a pessoa mais forte que eu conheço. - ele me abraçou e eu me senti tão aliviada, ele não disse “eu sinto muito” como todo mundo, ele disse o que eu realmente precisava ouvir. - No meio de tudo, voce parece tão feliz. - ele limpou uma lágrima minha.

– Eu sou feliz. Não sou igual a minha mãe.

– Ficar triste as vezes, não vai te tornar igual a sua mãe, chorar também não. - ele suspirou - Por isso que quer tanto cumprir essa promessa, por causa do que a sua mãe fez pra voce.

– Ela quebrou a promessa Jason! Tudo o que me mantinha feliz naquela época era pensar “ela não vai embora, ela prometeu” e ela descumpriu, ela nem ao menos se importou comigo!

– Como voce sabe, Blake? Talvez ela tenha pensado que fosse melhor pra voce, viver sem ela, sem as brigas e tristezas que ela proporcionava pra voce.

– O que pode ser pior do que viver sem sua mãe? - ele me abraçou e ficamos assim por um tempo, ele fazia eu me sentir tão… Protegida.

– É por isso que voce é do jeito que é, não é?

– Ah?

– Tenta substituir seu irmão. Tenta ser o filho que seus pais perderam, por isso que age como um garoto, por isso odeia o fato de estar mudando.

– Nunca tinha pensado isso.

– Isso porque seu subconsciente pensou isso.

– Obrigada Jason, por tudo. - ah quer saber? Já quebrei uma regra hoje, qual o problema de quebrar mais uma? Puxei o Jason e o beijei.

E é claro que ele continuou… Por que pararia? Estava obvio que ele estava afim de mim… Me chame de metida, idiota, imbecil, mas se um garoto esta afim de mim, não vou dar uma de idiota e dizer “ele não gosta de mim porque eu sou feia e blá, blá, blá”.

Não foi esses negocios mágicos que a gente lê em livros, nada disso não, não teve a “quimica”, não teve o “clima”, não teve o momento em que os nossos corpos se juntaram como se fosse um (juro que nunca entendi essa porra), e não teve o momento em que eu desejei ficar assim pra sempre, foi só um beijo normal, de um momento louco da minha cabeça, não foi nada demais, sacaram? Beijo não é que nem coisa de filme, é até meio nojento se voce pensar que mais de milhões de micróbios e germes estão indo direto pra sua boca, se você pensar bem é como se voce tivesse comendo uma tigela enorme de cereal só com germes.

– Nossa… - ele passou a mão no cabelo.

– Pode ir agora. - apontei pra janela.

– O que? - ele fez cara de duvida.

– Tchau. - levantei e fui até a janela.

– Ah? Mas… Voce… Me… Beijou. - ele parecia confuso.

– Quer que eu te dê premio nobel agora?

– Não… Mas, quebrou sua promessa.

– Já tinha quebrado a muito tempo. - falei irritada - Pelo menos a do beijo sim, e não a de ser a primeira namorada dele.

– Isso quer dizer que não podemos namorar?

– Só te conheço a praticamente dois dias.

– E já me contou metade da sua vida.

– Tchau Jason, a janela é por ali. - puxei ele e abri a janela.

– Volto amanha.

– Amanha tem aula. - disse.

– Antes da aula, né, Blake.

– Não, não e não. Sai logo daqui, e não quero ser acordada, entendeu? Sabe como é dificil pra mim ter um sono sem interrupções?! - falei, ele já estava descendo a arvore.

– Tchau linda.

– Me chamou de que? - eu disse mas antes que ele fosse responder, ele saiu correndo e sumiu na escuridão.

E estava quase dormindo… De novo…

– Blake! - fui até a janela, já estava acostumada com isso, que saudade do tempo em que eu dormia.

– Caroline! Desculpa, me esqueci de ti avisar que o Lucas foi descoberto pelo meu pai e que agora ele ta puto comigo…

– Tudo bem. - ajudei ela a subir e entrar pela janela. - Quem era aquele gostoso que saiu da sua janela?!

– Ninguem. - fiquei vermelha.

– Blake… - ela sorriu maliciosa - Qual o nome dele?

– Vai dormir.

– Posso fazer isso quando eu morrer.

– Se não me deixar dormir, isso pode acontecer daqui a pouco.

– Ta. - ela disse fechando os olhos. Acordei no outro dia, atrasada como sempre, mas dessa vez consegui entrar no segundo periodo.

E para minha felicidade, o Lucas apareceu lá na escola, não me pergunte porque, talvez porque lá as garotas se vestiam como se estivessem indo para uma festa.

– Ah! Você me paga! - gritei - Seu imbecil! - corri atrás dele e ele correu também, obviamente estava se divertindo com a situação, mas eu não era que nem essas outras garotinhas indefesas, eu era alta, rápida e forte e estava preparada pra bater naquele desgraçado.

– Calma Blake. - dei tapas no rosto dele, claro que não eram fortes o suficiente para machuca-lo, talvez para deixar algumas manchinhas vermelhas, mas eu amo aquele idiota e não ia conseguir bater nele de verdade. - ele segurou meus braços e me virou contra a parede, ficou a centimetros de mim e qualquer um que olhasse de fora ia pensar que nós iamos nos beijar. - Não sabia que era tão fraca. - ele disse e me soltou, é, meu idiota como sempre.

– Idiota.

– Sou mesmo. - ele riu - Alguma novidade? - e as garotas olhavam ele como se ele fosse Deus ali naquela sala, ele nem é tão bonito assim… Ta, ele é bonito. Muito bonito. Olhando pro Lucas agora, dá pra entender porque ele fica com tanta garota. É, ele lindo, mas é meu estupido.

– Meu pai proibiu que qualquer ser vivo e que ande vá lá em casa.

– Voce pode virar melhor amiga de uma cadeira.

– Ah? Ta, a culpa é sua. Se não deixasse suas coisas espalhadas por aí.

– Se voce guardasse as minhas coisas, nada disso teria acontecido.

– O-oi. - vi uma garota na nossa frente, conhece ela das aulas, é uma timida que senta bem atrás, Candance, sempre me ajuda com a lição de geografia.

– Oi Candance. - eu disse.

– Voce sabe dançar? - olhei pro Lucas e fiz uma cara de “que merda voce acabou de falar?” a Candance não respondeu então ele continuou - É que seu nome é “Candance” e se voce separar fica “Can dance”. Entendeu? Sabe dançar.

– Puta que pariu, porra Lucas, tem como voce falar coisa mais idiota que essa?

– Não sei dançar. - Candance disse. Bem baixinho e foi quase impossivel de ouvir, nossa como essa garota era timida, e é bem bonita até, o tipo preferido do Lucas: timida e bonita.

– Candance esse é meu amigo, Lucas.

– Oi dançarina. - ele sorriu. E eu me pergunto como o Lucas pode dizer umas coisas tão sem noção as vezes?

– Oi. - ela sorriu.

Um grupo de garotas veio em nossa direção e empurrou Candance pra fora, é, era aquele grupo de garotas, aquelas que eu odeio.

– Oi Lucas. - elas falaram em coro, todas fazendo caras e bocas, tentando ser bonitas e enrolando o cabelo com o dedo.

– Eai. - ele disse.

– Blake! Não nos avisou que o Luc ia vir hoje na escola - ela fez uma vozinha de bebe, irritante. - Teria colocado uma roupa melhor, não essa trapo velho. - É, era da Dolce&Gabanna.

– Ta linda Rebecca. - ele sorriu.

– Eu sei. - ela sorriu.

– Então Luc, o que vai fazer hoje? - Belle perguntou.

– Blake e eu vamos sair, tchau. - ele me puxou e saimos de lá, deixando Elle, Belle e Rebecca de bocas abertas e irritadas, olhando pra nós nos afastando de costas, é queridas, se fuderam, tenham uma vista maravilhosa da minha fabulosa bunda.

– Que garotas chatas. - ele falou.

– Nem me diga. - eu disse rindo.

– Oi, Blake e… Lucas. - Hunter falou.

– Hunter. - falei o abraçando.

– Vamos? - Lucas me puxou antes que eu pudesse me despedir do Hunter.

– Dá pra parar de ser chato? - eu disse.

– Esse garoto que é chato.

– Nunca nem falou com ele. - falei.

– Ele é chato e pronto.

Uma semana se passou (sem eu ter pelo menos uma noite de sono sem ser acordada), e domingo chegou.

Estava em mais de um dos meus milhões de sonos que acabo sendo acordada, quando alguém me ligou.

– Blake! Vem pra cá, agora! Por favor, preciso de voce. - Rebecca disse do outro lado da linha chorando.

– O que? O que aconteceu?

– Vem pra cá. - ela desligou e corri pra lá. Bem, por “corri” quero dizer caminhei calmamente pra lá.

– Minha vida acabou! - ela me abraçou - Estou morrendo!

– Ah? Rebecca explica isso direito.

– Talvez não seja o fim Rebecca, pelo menos é o Lucas e ele é gato, imagina se fosse o Ian? Ele é uma merda, na cama é ainda pior.

– O que é o Lucas? - disse com um mau pressentimento.

– O. Pai. Do. Meu. Filho. - Rebecca disse pausadamente e eu acho que desmaiei.



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Notas finais do capítulo

cadê minhas leitoras? Não sejam leitoras fantasmas, se apresentem!
nem que seja dizendo só "Oi"... já é alguma coisa, apijsois
beijoos :D