I. Addio Dolce Principessa

– Sofia, ajude-me com meu vestido, sim? – a delicada garota pediu segurando a parte de cima do vestido, seu corselet, para que este não caísse aos seus pés.

A criada andou rapidamente da cama até o lado da garota. Segurou as fitas lilases na parte de trás da peça rosada e de grande valor e começou a puxá-las até que ficassem de modo perfeito e de bom grado a Princesa. Logo Isabella reluziu um encantador sorriso a criada que abaixou a cabeça não se sentindo digna daquele sorriso e voltou aos seus serviços.

A garota de longos cabelos castanhos olhava para o espelho, encarando sua imagem robusta e nobre no espelho. Às vezes, apenas por meros minutos, ela se imaginava sendo filha de um camponês qualquer e podendo rolar no feno e ser apenas uma camponesa trabalhadora normal. Pfff... quanta bobeira para uma Princesa de tão alto sangue real pensar.

– Princesa Isabella, o almoço será servido – a criada, Sofia, disse sorrindo minimamente para a garota que ajeitou e levantou seu vestido andando até a porta do ostentoso quarto e andando pelo corredor.

Ela desceu as escadas de mármore com calma e passou pelo salão principal devagar, apreciando o local como se nunca o tivesse visto ou estado ali antes. Era sempre presente um olhar de curiosidade naqueles orbes sempre tão brilhantes e castanhas que faziam com que Isabelle tivesse um ar e aparência tão mais jovem do que os seus 15 anos já lhe permitiam. E então finalmente ela chegou ao salão onde a mesa real estava montada sempre com tanta fartura, tendo seu pai na ponta lhe sorrindo um tímido sorriso. Um sorriso típico do grande Rei Charlie Piero Swan II. Sua nobreza era incontestável. Sua postura e olhar calmo e firme mostravam a força do sangue real da família mais antiga daquela terra, os Swan, que corria pelas suas veias.

– Boa tarde meu pai – Isabella disse fazendo uma leve mesura ao pai e sentou-se para apreciar seu farto almoço.

Do outro lado da cidade, na parte mais pobre e miserável de Montagna Emanuela, o jovem e abatido, porém bonito homem acabava de concluir seu pensamento. E se desse certo o seu plano? Afinal ele é um homem muito habilidoso e sorrateiro. E ele sabe que não teria problema algum para chegar até a filha do Rei. E ele ouviu que algumas pessoas estão querendo a preciosa. Não que ele ache que ela valha tanto quanto falam, ou que é digna de algum afeto. Não! Para ele, Isabella só serviria como moeda de troca: Isabella por duas grandes sacas de moedas de ouro. Era apenas isso que ele queria em troca. Para o rei de Montagna Emanuela, duas sacas de moedas de ouro eram como dois simples pássaros em uma gaiola. Seria fácil, rápido e indolor para ambos – o Rei e a Princesa, é claro.

– Ao cair desta noite minha mãe, tu veras que meu destino irá mudar e eu hei de ser um homem de muita riqueza – ele disse em um leve sussurro colérico olhando a já obsoleta e encardida imagem de uma bela mulher de grandes e expressivos olhos verdes com um longo cabelo em uma mistura de loiro e cobre.

Edward Masen nunca havia visto a princesa Isabella, mas saberia como diferenciá-la de qualquer outra dama bem vestida daquele castelo; ele apenas precisaria ver a garota mais nova e de pele mais translúcida. Falam que sua pele é como o luar: fina e macia. Bem... para Edward esses detalhes não importam, o importante é conseguir o dinheiro que precisa para finalmente sair daquela cidade miserável e maldita que era para ele Montagna Emanuela.

(...)

O luar estava tão translúcido quanto a pele fina e macia de Isabella. Ela estava ao seu banho de luar como todas as noites. Deitada em sua cama com as janelas abertas – sem a permissão ou conhecimento de seu pai – e apenas aproveitando a luz mórbida e estagnada da lua sobre si.

Edward subia pelas trepadeiras da lateral do palácio com certa habilidade e quando chegou ao topo ele pôde vislumbrar a pequena mulher deitada a cama com os olhos abertos em revelação de espanto ao vê-lo.

O grito estava preso na garganta de Isabella e com um rápido ato, antes que a Princesa dissesse, ou melhor, gritasse algo, ele andou calmamente até ela tentado lançar-lhe um olhar de passividade, e com um salto lhe colocou um saco furado sobre a cabeça, prendeu as mãos da Princesa e em seguida a deu um leve sufoco só para a garota desmaiar. Ele retirou então um papel fino e gasto do bolso o depositando em cima da cama. Era uma carta pela recompensa: Isabella pelas sacas de moedas de ouro. E com o trabalho feito, ele forte como era, desceu pela trepadeira com a Princesa junto a si e foi andando com atenção pelas ruas cheias dos Guardas Reais a procura de assaltantes ou homens suspeitos, o que naquele momento Edward era.

Uma hora, talvez duas tivessem se passado quando Edward adentrou sua obsoleta e velha casa bem escondida na floresta perto a uma plantação. Na casa havia uma cadeira encostada a uma parede com um travesseiro ao lado esperando por Isabella.

– Pronto – ele disse colocando a Princesa na cadeira e a amarrando a mesma, retirando-lhe o saco da cabeça. Depois colocou o travesseiro sob a cabeça da garota ao qual ele notou ser muita nova. Encarou-a por meros e insignificantes instantes, depois ele desistiu de tentar descobrir sua idade. Roubaria alguns panfletos pela manhã e procuraria algo sobre a Princesa, se achasse ficaria satisfeito, caso não, teria de falar com ela. Apenas um: “Quantos anos você tem?” não lhe faria mal algum. Afinal, ela parecia ser apenas uma criança mimada e tola e ele já era um homem que havia vivido mais do que gostava. Amargurado devo dizer, mas com uma vida vasta de experiências.