Anjos de Cera escrita por Redbird


Capítulo 35
Tentando recomeçar


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal mais um capitulo. Cara eu nem acredito que vou dizer isso mas.... Aaaaaaaaaah a fic está quase acabando. Putz, como viverei sem vocês? Enfim... espero que gostem desse capitulo. E para os que estão acompanhando a Fic muito obrigada. Vocês foram muito corajosos eheheh.
Enjoy it!



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É engraçado as coisas das quais você sente falta. Quando cheguei na escola percebi que sentia falta de chegar e perceber que meus amigos estavam me esperando. Assim que entrei na sala, os quatro estavam lá. Peeta, Percy, Annabeth e Rachel conversavam animadamente.

–Katniss- Annabeth sai correndo de seu lugar e vem me abraçar- Que bom que você voltou. Vou te passar a matéria. Não se preocupe, você vai conseguir recuperar o tempo perdido.

– Sério Annabeth? Não dá para dar uma folga não? – pergunto fazendo todos os outros rirem.

–Não senhorita. Vou cuidar para que você se saia bem nos testes.

–Desde quando virou milagreira?- Pergunto.

– A insistência dela faz milagres, vai por mim- Diz Percy numa voz conspiratória- Estou quase passando em matemática. Antes da recuperação. Isso é quase uma heresia.

Todos nos rimos. Annabeth revira os olhos. Eu não acredito que estou tendo uma conversa normal, que estou rindo. Há apenas alguns dias atrás isso seria impossível. Meus olhos sem querer vão em direção a Peeta. Ele apenas sorri de volta para mim. Há tanta coisa para dizer, tanta coisa que quero que ele saiba. Mas não sei como. Na verdade uma parte de mim ainda tem medo de que ele não sinta por mim o mesmo que sentia antes. Mas eu sei que teremos tempo. Sei que, de alguma forma ou outra, as coisas irão se acertar entre nós.

Effie chega na sala e, ao invés de se dirigir ao seu lugar como de costume, ela abre um enorme sorriso ao me ver.

– Ei Katniss, que bom que você voltou- diz ela, vindo me cumprimentar. Os outros nos olham intrigados.

–Oi Effie. Obrigada.

– Ah, estive conversando com meu tio ontem. Ao que parece essa semana sai à decisão sobre os remédios que ainda estão no depósito. Vamos torcer para que tudo saia bem.

Então ela se dirige para seu lugar de costume ao lado de Drew. Drew está com os olhos arregalados para Effie. Aposto que ela está se perguntando como Effie ousa falar com uma marginal como a louca da Katniss.

–O que foi isso?- Pergunta Percy – Quer dizer, você falando com a Effie? Por favor, não me diga que eu vou ter que alugar aquelas comédias românticas bobas para vocês assistirem juntas?

–Claro que não seu bobo. Não seja preconceituoso. Effie é uma pessoa legal.

–Pode ser, eu a vi defendendo você quando Drew estava falando besteira como sempre- diz Annabeth revirando os olhos- E Percy, que fique claro, eu gosto de comédias românticas está bem?

Nós dois nos entreolhamos. Estamos travando uma guerra mental. “Não ria Katniss”. “Quem não pode rir é você, a namorada é sua”. “Por isso mesmo, pare de fazer com que eu queira rir, e daí que ela gosta de ver O Diário de Bridget Jones”? “Aposto que vocês assistem abraçadinhos Diários de uma paixão”.

–O que foi? –pergunta Annabeth

–Nada amor. Então, você não tinha que explicar para Katniss números complexos?

–Isso foi há três meses Percy. Katniss pegou essa lição.

–Ah, ok então- diz ele vermelho.

É, era realmente muito bom ter voltado para a escola.

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Dois dias depois ter voltado às aulas eu fui intimada para depor. Eu imaginei que a esta altura eu já estivesse acostumada com isso, mas assim que cheguei ao Fórum da cidade comecei a tremer.Snow estava lá, esperando por mim, o que me deixa mais desconfortável ainda. Sorte que ele não veio falar comigo.

Mas assim que sou chamada para depor eu levanto a cabeça e me obrigo a ser o mais corajosa que puder. Não estou fazendo isso por mim. Estou fazendo por Hazelle. Meus pais que estão comigo me lançam um sorriso solidário. Haymitch também veio. Ele solta um “Quebra com eles” e me dirijo até a sala de depoimentos.

Antes que eu chegue na sala no entanto alguém toca minha mão. Me viro e dou de cara com Peeta. Meu coração dá um pulo descompassado.

–Oi, o que você está fazendo aqui?

– Passei na sua casa e Finnick me disse que estaria aqui. Ele me disse que você ia depor então, eu só vim desejar boa sorte.

Finnick. Como esse garoto conseguia ser tão linguarudo? Ele e Peeta tinham uma conexão que ás vezes me assustava. Eu não contei para ninguém que ia depor. Preferi passar por isso sozinha. Não queria olhares de “Você está bem?” e esse tipo de coisa que só servia para me deixar mais nervosa ainda. No entanto, uma parte de mim, maior do que eu gostaria de admitir, está tão grata de Peeta estar aqui que tem vontade de abraçá-lo e não soltar mais.

– Obrigada- eu digo.

–Por que você não contou que ia depor?

–Ah, eu não achei que fosse importante. E, bom, eu não queria...

–Que ninguém estivesse aqui cuidando de você, é eu sei como você é.

Eu franzo as sobrancelhas para ele. Mas mesmo assim não consigo manter a carranca por muito tempo.

–Bom, obrigada por vir. Eu fico feliz. Sério.

Ele sorri. Nossas mãos ainda estão entrelaçadas. Eu odeio ter que desfazer isso, mas preciso.

–Vai lá- ele pressiona os lábios contra minha testa. É um movimento rápido, mas é incrível como esse pequeno contato deixa minha pele mais quente. Então atravesso até sala de depoimentos sem olhar para trás.

Os três homens da sala parecem ser a mesma pessoa para mim. Todos vestidos da mesma maneira, se valendo das mesmas expressões. Um deles senta em uma mesa com computador, preparado para escrever tudo o que eu vou falar. Fico aliviada de Snow não ter vindo tomar meu depoimento.

–Então senhorita Katniss. Primeiramente, onde e quando conheceu Gale hawthorne?- Um dos homens que parece ser o chefe me pergunta.

E então começo a contar nossa história. Desde quando o conheci, como nos tornamos amigos, como descobri que Hazelle estava doente. Tudo. Eles me fazem uma série de perguntas. Depois quando eles começam a me questionar sobre o dia da prisão, meu corpo fica tenso. Eu consigo me controlar um pouco, tentando fingir que os policias são apenas máquinas ou alguém para quem estou contando uma história. Funciona razoavelmente bem e consigo responder as perguntas.

Duas horas. Esse é o tempo que dura meu depoimento. Não sei o que eles pretendem fazer comigo. Snow falou que não iriam me punir por que acreditavam que eu estava psicologicamente abalada. Mas, mesmo assim, sei que minha ajuda na fuga de Gale não vai permanecer impune. Meu pais estão me esperando. Peeta já não está mais lá, o que mesmo sem entender, me deixa chateada.

Achei que poderia sair sem ter que falar com Snow, mas assim que estou prestes a deixar o prédio ele me nota e vem falar comigo.

–Então senhorita Katniss, como foi o depoimento?

Minha pele começa a formigar e tenho vontade de sair gritando dali. De alguma forma, no entanto, eu consigo manter o controle. Consigo pensar claramente. Se fico assim só de ouvir a voz de Snow, não consigo imaginar como Annabeth conseguiu conviver com a presença de Luke todo esse tempo.

– Foi ótimo.

–Que bom, que bom. Sabe estamos em época de eleição, época de renovação do nosso corporativo. Não queremos que um incidente como esse afete nosso trabalho sabe como é- ele dá uma piscada cúmplice para mim.

Incidente. Dano colateral. A morte de Gale não significa nada para ele, é apenas uma pedra no sapato. Por que seria diferente? Mas o simples fato de ele querer usar o caso de Gale para ganhar uma promoção me deixa revoltada. Eu não entendo por que fico assim, afinal, faz tempo que eu já sei como as coisas funcionam por aqui.

– E então você está pensando em uma promoção?- pergunto o mais cinicamente que posso.

–Ah, bom, veja bem, chega uma hora na vida que um homem precisa ser reconhecido. Já faz 23 anos que trabalho como policial sabe. Sou amigo de um dos candidatos e bem, o caso hawthorne me deu muita visibilidade. Acho que está na hora certa.

Não sei o que dizer. Snow tinha direito de querer uma promoção? Sim. Ele estava usando as armas certas? Não. Me pego pensando em Peeta e na sua irritante bondade. Ele com certeza diria que Snow tinha todo o direito de querer uma promoção. Isso me enfurece um pouco. Há verdade é que, chega uma hora na vida, que você percebe que nem tudo é preto ou branco. É cinza. Um entediante, inesgotável e pálido cinza. E você vai querer voltar para a vivacidade do preto e do branco, só que ai, já vai ser tarde demais.

Ele me observa atentamente, esperando que eu diga alguma coisa.

– Então senhorita Katniss, espero que não haja nenhum ressentimento entre nós. Quero que saiba que estava apenas cumprindo com meu dever.

Eu sei por que ele está dizendo isso. Não quer ninguém depondo contra ele, no caminho dele. Não quer ser bonzinho. Ele quer parecer bonzinho. Infelizmente, eu também sei jogar esse jogo.

– Tanto faz senhor Snow. Até mais ver.

Ele me estende a mão. Eu aperto. O desconforto toma conta de todo o meu corpo. Ninguém disse que seria fácil recomeçar. Mas eu preciso. Preciso esquecer Snow, preciso deixar essa história toda para trás antes que o ressentimento tome conta de mim como um veneno. E saio do fórum, esperando nunca mais dar de cara com ele outra vez na vida.

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Naquela mesma tarde recebo um telefonema de Effie dizendo que a primeira audiência tinha sido muito boa. O estado e a empresa Doratrill seriam obrigados a reavaliarem a divida. Estado e município se responsabilizariam por arcar com a divida e a distribuição do medicamento seria normalizada na próxima semana. É um alivio saber disso, e saber que essa noticia pode trazer um pouco de alegria para Hazelle também faz com as coisas fiquem muito melhores.

Assim que desligo o telefone à campanhinha de casa toca. Eu me lembro de quando esse toque significava que Gale estava vindo me chamar para ir ao cinema. Afasto esse pensamento para longe e vou atender a porta.

Uma figura vestida de preto e com os olhos bem maquiados está parada na minha frente. Thalia. Um garoto de cabelos negros também está com ela. Reconheço Nico, o motorista amigo de Gale que nos levou até outra cidade.

–Oi, tudo bem? Aconteceu alguma coisa com Hazelle? – Por que Hazelle é o único motivo de Thalia e Nico terem vindo aqui. Mas não entendo, tenho ido quase todos os dias lá desde que nós tivemos aquela conversa e ontem ela me parecia bem.

–Não, fique tranquila. Na verdade eu e Nico viemos falar com você.

– Ah que bom- digo dando passagem para que eles entrem na minha casa- Olha pessoal, se querem saber sobre o depoimento fiquem tranquilos. Eu não disse nada sobre vocês. Eles continuam achando que eu fui apenas mais uma vitima do charme de Gale- Digo revirando os olhos.

– Nós sabíamos que você não diria nada- disse Thalia.

Eu olho para ela surpresa. Da última vez que nos encontramos ela acabou deixando claro que achava que eu era uma garota estúpida.

–Sabiam é? -Pergunto entrando na defensiva.

–Sim. Olha o que viemos aqui dizer é que, no fim das contas, você não é tão boba como eu pensei que era.

–hum, obrigada- digo

–De nada. Agora vamos Nico.

–O que Thalia quer dizer- Diz Nico puxando Thalia pelo braço- É que ela sente muito a forma como te tratou da ultima vez- diz Nico abrindo um sorriso diplomático.

A situação toda me dá vontade de rir, mas me controlo arqueando uma sobrancelha para Thalia.

–Não quis dizer isso não- diz ela olhando com cara feia para Nico- Olha só, vou ser bem clara. Eu realmente não deveria ter te tratado daquele jeito. Mas eu tinha que te dizer aquilo. Me desculpe, você não é boba, mas estava agindo como uma. Eu não te conheço muito bem. Mas acho que você não é o tipo de garota que vai ficar por ai pelos cantos chorando não é?

Ah bom, acho que ás vezes eu era exatamente esse tipo de garota.

–Obrigada Thalia -digo sorrindo para ela.

–Bom, agora que vocês fizeram ás pazes, podem esperar eu sair para darem as mãos e saírem por ai gritando que vão ser melhores amigas para sempre?

Nos duas olhamos com cara feia para ele.

–Ok, desculpem, não brinco mais.

Então eu dou a boa noticia para eles. Thalia solta gritinhos comemorando. Pego o sorvete especial da minha mãe na geladeira e ofereço para eles como uma “comemoração”. Ficamos um bom tempo conversando.

Assim que eles saem Haymitch chega com seu habitual bom humor.

– Como vai a senhorita? Não arrumou mais nenhuma encrenca com a polícia?

–Muito engraçado- digo atirando nele uma almofada do sofá.

– Katniss - Minha mãe ralha comigo da cozinha- Eu vou ter que ir a padaria. Vocês conseguem ficar sozinhos por um tempo sem se matarem?

–Ei, eu não tenho 15 anos- Diz Haymitch abraçando minha mãe.

–Mas parece- diz ela rindo da cara dele- Ah, Katniss, Peeta pediu para você ligar para ele. Ele não quis ficar no Fórum, precisou sair. Bom, se comportem meninos.

Assim que minha mãe sai, Haymitch me lança um olhar conspirador.

–Então, qual é a sua com o loirinho?

–Haymitch, minha mãe tem razão. Você fala como um adolescente de 15 anos.

–E você é ótima em fugir de perguntas não é Katniss?

– Eu não estou fugindo de nada – digo vermelha- Não aconteceu nada entre mim e Peeta.

– Então por que parece que aconteceu?- Pergunta ele com a maior cara deslavada.

– Haymitch!- Digo frustrada

–Olha o que quero dizer é que, o garoto realmente ama você, eu sei. Você seria uma idiota se o deixasse ir embora.

– O que você quer dizer com isso?

–Quero dizer que aquele garoto não saiu daqui enquanto não obrigou Finnick a dizer onde você estava. Quando soube o que tinha acontecido com você e Gale quase enlouqueceu. E enquanto você esteve fora, não deixou de vir nessa casa ver seu irmão. Eu acho que ele estava esperando te encontrar aqui.

Sinto minhas bochechas ficando vermelhas.

–Peeta é só um amigo. Além do mais ele estava com Liana quando eu fugi com Gale. E se quer saber- digo com raiva, por que eu não queria admitir, mas estava sentindo muita falta de Peeta- Ele mal veio falar comigo. Ele me apoiou sim, mas ele está muito distante.

–Katniss como você é cega menina, sério. Você já imaginou que ele pode estar respeitando seu espaço? Já imaginou que ele, por um acaso, pense que você está confusa, o que não é muito difícil considerando o que você passou, e ache que a última coisa que você precisa é um garoto tentando te beijar?

Eu encaro Haymitch.

– Meu deus Katniss você gosta dele. Você realmente gosta dele.

–Boa noite Haymitch.

Saio da sala e vou em direção ao meu quarto. Será que o que o namorado da minha mãe disse é verdade? Será que Peeta ainda gosta de mim, ou será que eu era uma fase como dizia Liana? Uma coisa era certa. Eu não era o tipo de garota que ficava sofrendo por garotos. Não mesmo. Se eu tinha uma dúvida, eu perguntaria. Mesmo que isso significasse me afastar de Peeta.

No outro dia à tarde me dirijo para o único lugar em que as lembranças boas não estão conectadas a Gale. Lembrando-me do fascínio que senti na primeira vez que Peeta me mostrara aquele local.

Assim que cheguei Seu Gaspar levantou um pouco os olhos do livro que estava lendo. Deixando um cigarro pendendo no meio da boca.

–Bom, se eu não acreditava em fantasmas, passo a acreditar agora- diz ele quando me aproximo.

–Seu Gaspar eu queria...

– Saber se ele está aqui? Está sim. Aliás, menina, acho que ele está esperando ali desde que você fugiu.

Eu agradeço seu Gaspar e me dirijo ao andar superior da biblioteca. Eu precisava recomeçar. Mas para isso, eu ainda precisava acertar as contas com Peeta.



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Notas finais do capítulo

Ai, ai. Esse casal não é fofo? Bom gente acredito que o próximo capitulo seja o último antes do epílogo, então, se alguém tiver alguma coisa para falar, fale agora ou cale-se para sempre. Brincadeirinha. Mas falando sério. Adoraria saber a opinião de vocês. Bjuuus