Anjos de Cera escrita por Redbird


Capítulo 18
Sobre parques e jornais


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal, desculpem a demora. Quero agradecer as recomendações da Fic, vocês não sabem o quanto elas me fizeram feliz.Espero sinceramente que quem está acompanhando continue gostando dela. Por favor pessoal, não me abandonem hehehe.



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–Você tem certeza? Já fez isso antes?-Peeta está corado. Seguro o riso, posso ver que ele está com medo.

–Não, mas não se preocupe. É algo natural, quer dizer, todo mundo faz não é- Faço um esforço para manter a expressão neutra.

–Eu sei, mas é que eu nunca fiz isso antes.

–Eu também não, mas vai ser divertido. –Não posso negar que também esteja com medo. Mas não vou contar isso nem morta.

–Bom, eu não tenho nenhum problema se você não estiver preparada, é sério.

–Peeta pelo amor de deus, entra nesse carrinho logo! Você está me apavorando.

–Ok, mas se eu morrer na Montana russa a culpa é sua.

Reviro os olhos. Essas duas ultimas semanas tem se passado assim, surpreendentemente tranquilas. Não posso negar que ainda estou preocupada com Gale, mas como Snow parece ter desistido dele estamos um pouco mais relaxados. Até Gale parece mais confiante.

Quanto a Annabeth, Luke ainda está tentando importuná-la. Mas enquanto essa história não se revolver não deixaremos que ela fique sozinha com ele. Até Percy e Gale que não sabem o que aconteceu parecem perceber que há algo errado e estão sempre por perto.

Além disso, há Peeta. Não sei o que exatamente nós temos, só sei que gosto de ficar com ele, dos beijos que ele rouba de repente. Pela primeira vez na vida me permito acreditar em algo que eu não posso controlar.

Quando soube que um parque de diversões tinha começado a funcionar na cidade arrastei Peeta comigo. Achei que era uma forma de compensar tudo o que o garoto tinha feito por mim.

Peeta estava se divertindo, mas pode ter certeza que eu estava me divertindo muito mais. Embora ele dissesse que eu estava gritando como uma histérica, eu não podia deixar de me divertir com o jeito que ele ficava quando íamos nos brinquedos mais perigosos.

O parque está tão lotado que estamos esbarrando em todo mundo. Parece que toda a cidade resolveu vir. Estamos tão entretidos em implicar um com o outro que nem percebemos a garota chegando.

–Peeta, oi. Que bom ver você- Ela sorri para Peeta, mas quando olha diretamente para mim seu rosto está impassível.

–Oi Liana- A expressão de Peeta deixa claro que não foi tão bom assim para ele ver a garota. – Como vai?

– Estou bem. Todos sentimos sua falta na escola. Principalmente eu sabe. As coisas mudaram depois que você saiu.

Se a garota estivesse com uma plaquinha no pescoço escrita “Por favor, me ame” ficaria menos obvio que ela estava dando em cima de Peeta. Liana estava com o cabelo castanho caindo em ondas perfeitas no colo. Ela era pelo menos uns dez centímetros mais alta que eu. Também era muito magra. O tipo de garota que parece ter sido feita para estampar os catálogos de biquínis. De repente, o parque perdeu a graça.

–Peeta eu já volto. Preciso comprar algo para tomar. Estou com sede- Não quero ouvir a conversa deles e Peeta, apesar de parecer não ter gostado de ver Liana, está sendo amigável, amigável demais. Ele faz menção de me seguir, mas a garota continua falando.

Enquanto estou caminhando para a barraca de refrigerantes quase congelo, Luke está a poucos metros de mim. Droga estava tudo tão bom. Eu me viro para que não tenha que falar com ele, mas é tarde demais. Quando me dou conta ele já está do meu lado.

– Olá Katniss, aproveitando o parque também? Como está Annabeth?

– Oi Luke. Annabeth está muito bem. E você como tem se virado sem ela fazendo seus trabalhos?-Digo com uma certa petulância.

Ele puxa meu braço e me vira para que eu fique de frente para ele.

–Eu sei o que ela andou contando para vocês. Mas acontece que sua amiguinha não é nenhuma santa. Se quer saber a verdade ela adorou.

–Luke a única coisa que eu sei é que você é um canalha. E é melhor ficar bem longe de Annabeth se não eu vou fazer a cidade inteira ficar sabendo dessa história. E eu garanto que você não vai conseguir se safar se isso acontecer.

–Ah eu aposto que Annabeth ia adorar isso. Todos iam realmente conhecer a vadia que ela é.

Não sei se é a raiva, o sentimento de impotência, mas coloco toda minha força no soco que dou em Luke. Ele cai para trás esbarrando em uma barraquinha de cachorro-quente. Posso ver a marca do meu punho no seu rosto.

–Eu estou avisando Katniss, é melhor ter muito cuidado. Você não quer que aquele marginal do seu amigo vá preso não é?

Peeta chega e percebe o que aconteceu. Ele me segura antes que eu possa continuar batendo em Luke.

–Vem, vamos embora Katniss- Peeta me arrasta antes que um segurança chegue para ver o que estava acontecendo. Sorrio satisfeita ao ver que Luke vai ter que pagar o prejuízo na barraquinha de cachorro-quente.

–Sabe, eu ás vezes gostaria que pudéssemos pelo menos ter um dia de paz- Posso entender muito bem a frustração de Peeta ao dizer isso.

–Eu também- Me sinto triste por Peeta. Tento fazer com que tenhamos um dia alegre e acabo perdendo as estribeiras. – Peeta me desculpa, eu não devia ter me descontrolado.

– Bom você não precisava mesmo. Mas se quer saber a verdade, prefiro você assim, seguindo seus instintos. É muito melhor do que aquela Katniss que está sempre se escondendo.

Sempre me escondendo. Ele tem razão. Tenho feito isso durante todo esse tempo. Me dou conta de que sempre estou evitando conflitos, sempre preferindo ficar sozinha, nunca me mostrando realmente, nunca deixando ninguém me conhecer. Pergunto-me se é esse tipo de pessoa que quero ser.

Passamos o resto da tarde dando voltas pela cidade. Peeta estanca na frente de uma vitrine. Ele está com uma expressão triste. Olhando um pequeno anjo de cerâmica. O cabelo ruivinho do anjo e os olhinhos azuis me lembram coisas tristes. Nunca entendi como algumas pessoas gostam de usar como enfeite. Para mim eles não são nada úteis, são apenas mórbidos. E de morbidez acho que entendo.

–Faz três anos, mas eu ainda acordo achando que ela vai estar em casa. Tentando fazer com que eu fale com meu pai, que ela vai voltar do serviço com chocolate ou com um novo filme para assistir comigo na noite de sábado.

–Peeta sinto muito. -Nunca fui muito boa em consolar ninguém e eu realmente gostaria de fazer isso agora- Como era sua mãe?

–Ela era uma mulher muito triste, mas ás vezes ela ficava tão feliz que era impossível não ser feliz ao lado dela. Quando ela adoeceu meu pai quase morreu. Mesmo que ele não demonstrasse sei que ele a amava demais. Foi difícil para ele a ver morrendo, mas ele nunca a deixou sozinha. Minha mãe amava tanto esses anjinhos de cerâmica. Sempre levava um para ela no hospital, isso a deixava tão feliz.

Pego da mão de Peeta. Ele ainda está triste com todas essas lembranças. Dou um beijo de leve em sua bochecha.

–Aposto que você foi um ótimo filho.

–Gostaria de ter sido. Mas aposto que as minhas brigas com meu pai não ajudaram em nada a vida dela.

–Peeta- Quero dizer que ele não é culpado por ela ter morrido, que ele tornou a vida dela muito melhor, mas não tenho chance de dizer por que ele me interrompe.

–Eu sei o que você vai dizer, mas não faz diferença. Por que quando você perde alguém, você só pensa no que deixou de fazer, no quanto podia ter se doado mais.

–Você tem razão. Mas quer saber, esse era um dia alegre não era? Já que tivemos que praticamente fugir do Parque que tal uma visita a seu Gaspar?

–Essa é uma boa ideia

Quando chegamos à biblioteca, ele está lá com seu inseparável cigarro. É surpreendente, mas desde a última vez que estive aqui com Peeta não consigo mais separar a biblioteca da figura desse velho bondoso.

–Olá seu Gaspar, muito movimento por aqui?

–Infelizmente não. As pessoas simplesmente se esquecem de que existem bibliotecas sabe? Quanto aos bibliotecários, nem vale a pena dizer. Somos uma raça inexistente para o resto do mundo.

–Não se preocupe seu Gaspar, o senhor tem muito charme para ser ignorado-Digo rindo.

–É, o que dizem. Gosto de pensar que as pessoas estão certas. Mas olhem só para vocês dois- Ele lança um olhar para nossas mãos que estão entrelaçadas -Vejo que finalmente resolveram se acertar.

Nós dois coramos. Já percebi que seu Gaspar tem o dom de nos deixar envergonhados.

–É, pode se dizer que sim- Diz Peeta.

Mas antes que eu possa responder meus olhos pousam no jornal que está em cima da bancada. Tenho que me segurar para não gritar. Ao invés disso, minha voz sai calma. Eu não consigo acreditar que estou tendo tanto auto- controle.

–Seu Gaspar posso ver o jornal?

–Claro eu já li. Mas se quer saber minha opinião, você não deveria ler isso ai. Não há nada de útil nos jornais.

Ignoro o comentário e vou direto a matéria que me interessa.

Roubo de medicamento continua sem explicação

O roubo de um carregamento de insulina do Hospital municipal há cerca de um mês continua sem explicação. Ainda não se sabe ao certo a quantidade do medicamento que foi surrupiada, mas as autoridades já avaliam que o medicamento roubado poderia ser suficiente para 50 pessoas durante o período de um mês.

Segundo o Policial do 9º departamento de Policia, Coriolanus Snow o roubo não foi premeditado. “É possível perceber as ações de uma pessoa extremamente desesperada. Quero deixar claro a população que estamos fazendo todo o possível para solucionar este caso”.

O medicamento que seria distribuído para cerca de 1500 usuários do sistema de saúde estava parado esperando decisão conjunta entre o Governo do estado e os municípios, já que a empresa Doratrill, fornecedora desse medicamento, embargou na justiça sua distribuição até a dívida de sete milhões que o governo possui com a empresa ser paga.

Segundo a Secretária de saúde Alma Coin, o município precisa de apoio do estado para conseguir abastecer a população. “A Diabetes, tanto a tipo 1 como a 2, está crescendo de forma alarmante no município. Não temos condições de abastecer toda essa população. Desde o inicio do meu mandato, estamos solicitando a Secretaria de Saúde do Estado que aumente o repasse de verbas, o que já tinha ficado acertado. Infelizmente, o governo não cumpriu sua promessa. Isso só mostra o descaso que o governo do estado tem com os seus municípios.”

Já a secretaria de saúde do estado afirma que o governo já tinha mandando verba suficiente. Segundo o governador, Plutarch Heavensbee, o governo está estudando formas de aumentar esse repasse. “Estamos fazendo todo o possível para que esta situação se regularize. Mas precisamos ter a certeza de que esse dinheiro está sendo bem administrado nos municípios”.

A empresa Doratrill não quis se manifestar sobre o caso. Enquanto isso, cerca de 1500 pessoas esperam receber esse medicamento tão vital para sua saúde.”

Tive que ler e reler várias vezes a matéria para que eu conseguisse me acalmar. Por sorte, eu consegui manter uma expressão neutra enquanto lia e nem Peeta nem Seu Gaspar perceberam meu nervosismo.

Eu estava me sentindo tão frágil quanto aqueles anjos de cerâmica que Peeta havia me mostrado. A única coisa que eu tinha certeza naquele momento é que, no que quer que Gale tenha se metido, era muito mais complexo e perigoso do que eu pensava.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.Não deixem de me dizer o que acharam, por favor. Bjuus



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