Anjos de Cera escrita por Redbird


Capítulo 17
Um beijo


Notas iniciais do capítulo

Bom, achei que era muita sacanagem deixar as coisas no ar desse jeito então, ai vai mais um capitulo! Eu morri *_*. Peeta seu lindo!!!



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Quando Annabeth começou a contar o que havia acontecido, foi como se eu estivesse vivendo cada segundo do que ela viveu. Peeta me abraçou, ele estava tremendo. Nenhum de nós dois ia suportar ouvir sozinho o que Annabeth tinha para contar. Enquanto ela ia contando, me perguntava quantas histórias tristes eu ainda teria que ouvir na vida.

Annabeth estava voltando para casa sozinha. Ela sempre gostou de Luke, sempre confiou nele, então quando ele ofereceu uma carona ela aceitou. Ele era o exemplo de rapaz boa pinta. Bonito, amável, inteligente. Todos sempre diziam que o garoto tinha um belo futuro pela frente.

Luke era o tipo de pessoa que nunca ia precisar trabalhar duro na vida. Seu pai era dono de uma empresa de material de construção. A empresa abastecia toda a cidade, por isso um futuro como empresário de sucesso estava garantido para Luke.

Foi fácil para ele convencer Annabeth a ficar um pouco na casa dele. Deve ter sido fácil convencer ela a beber a bebida batizada. Foi fácil para ele ignorar os gritos enquanto ela dizia não. Foi muito fácil ignorar que na época ela era apenas uma menininha de 14 anos. E deve ter sido mais fácil ainda para ele fazer com que ela se sentisse culpada pelo que havia acontecido.

Mas não deve ter sido nada fácil para ela esquecer a vergonha. Tenho certeza que não foi fácil para Annabeth olhar para Luke todo santo dia na escola. Observar o jeito como todos caiam no charme dele e se perguntar quantas garotas mais ele havia machucado. Mais difícil ainda era ter que fazer todos os trabalhos com ele, esse era o preço para que ele não contasse a ninguém o que havia acontecido. Sentir sua mão escorrendo para sua perna todas as vezes que ele perguntava se tinha acertado a resposta.

Eu nunca gostei de Luke, sempre achei que ele era superficial demais. Desde o momento que nos conhecemos odiei o jeito que ele olhava para as garotas da nossa turma, como se ele as tivesse na mão. Mas agora sinto um ódio profundo, tão intenso, algo que sei que nunca vou sentir por alguém.

Annabeth está dormindo. Sei que ela finalmente se sente livre, depois de ter desabafado essa história após tanto tempo. Rachel também. Ela ficou agarrada a um cobertor durante toda a história de Annabeth. Minha amiga deve estar tendo pesadelos com o que acabou de ouvir.

Ainda estou abraçada a Peeta. Diferente de mim que sinto raiva, Peeta sente dor. Posso ver que ele ficou sinceramente abalado com a história de Annabeth. Sei que nenhum de nós vai dormir essa noite.

Quando meus pais chegam Peeta se levanta envergonhado. Dói cada músculo do meu corpo ter que me soltar dele. Mas sei que ele iria ficar constrangido se continuássemos abraçados na presença dos meus pais.

–Oi, bom Katniss, acho melhor eu ir indo.

Acompanho Peeta até a entrada da minha casa. Ele me abraça antes de ir embora.

–Sei que você não vai conseguir, mas mesmo assim, espero que tenha uma boa noite-Digo tentando parecer bem humorada.

Ele me abraça.

–Eu queria ficar aqui com você, sabe essa história da Annabeth, não vou conseguir tirar da cabeça tão cedo.

–Nem eu- Não digo que também queria que ele ficasse. Não sei se vou conseguir cumprir a minha promessa de esperar três meses para fazer qualquer coisa contra mim sem ele aqui. Essa noite só consigo pensar no quanto a vida é injusta.

– Por favor, Katniss, não tente nada. Eu sei que essa história te deixou abalada, mas mesmo assim, não tente nada, por favor.

–Eu não vou tentar. Uma promessa é uma promessa Além disso, faltam apenas dois meses não é?

–Katniss- Peeta está à beira do desespero.

– Peeta, eu não vou tentar nada, prometo.

Ele se vira para ir embora, mas então volta e dá um beijo na minha testa. Fico um tempo ali fora até reunir coragem para entrar.

Meus pais estão sentados na sala vendo televisão. No mesmo sofá onde Annabeth nos contou sobre o que Luke fez com ela.

De repente sinto uma necessidade que há muito tempo eu me convenci que não tinha. Quero que meus pais me abracem, digam que tudo vai ficar bem. Que vejam que eu preciso deles.

–Mãe- é a única coisa que consigo dizer. Minha voz está tão carregada pelas lágrimas que não sei se vou conseguir continuar falando.

– O que é querida, você quer comida? Não comeu algo na rua?

Eles não estão nem me olhando, não tiram o rosto da televisão. Parecem estar a dois continentes de distância de mim. É a raiva que me impele a resposta.

– Não, não se preocupe. Eu me viro sozinha. Eu sempre me virei.

Depois disso a única coisa que me resta é dormir. As garotas já estão no meu quarto dormindo, e em poucos minutos eu também estou sendo carregada em um mundo pesadelos. Todos eles envolvendo Annabeth e Luke.

Annabeth não vai à aula durante a semana seguinte. Rachel, Peeta e eu passamos a semana inteira indo na casa dela para verificar se ela está bem. Ela nunca nos recebe. Nenhum de nós tem coragem de responder a Percy que passa todos os dias perguntando por ela.

Sei que ele também passa na casa dela, mas se ela tem vergonha de nós, provavelmente não vai querer ver Percy também. Tenho certeza de que o fato de ela ter finalmente contado tudo a deixou extremamente abalada.

Todos ficamos aliviados quando a observamos chegar na escola na segunda-feira seguinte. Quando estou quase alcançando ela, seguida pelos outros, Luke consegue passar por nós e abraça Annabeth como se ela fosse uma amiga que não via há muito tempo. Infelizmente, Rachel, Peeta e eu decidimos esperar Annabeth para decidir o que fazer com Luke, então ele continua por aqui atormentando.

– Olá parceira, senti sua falta essa semana. Como você está?

Peeta me segura antes que eu parta para cima de Luke. Mas consigo me soltar dele e puxo Annabeth. Não quero que Luke perceba que ela me contou tudo, então apenas a abraço e me viro para ele.

– Sabe Luke, como eu passei a semana inteira indo na casa de Annabeth a partir de agora ela vai fazer os trabalhos comigo. Espero que não se importe.

– O que? Annabeth tínhamos um trato não lembra?- Posso ver que Luke está ficando com raiva. Ele odeia perder seus brinquedinhos.

Annabeth tenta protestar, posso ver que ela está assustada, está como medo de que Luke conte para todo mundo que eles tiveram relações. Pego da mão de Annabeth. O fato de ela estar tremendo me dá mais vontade de a manter bem longe dele.

–Luke, você não vai ter problemas para achar outras parceiras não se preocupe. Vamos Annabeth preciso te passar a lição de sexta.

Os outros já estão bem na frente de modo que só eu escuto sua ameaça.

–Katniss, só um aviso- Luke agora está novamente com aquele sorriso que tanto odeio e me puxa pelo braço, - É muito legal ter contatos, por que você pode acabar descobrindo coisas realmente interessantes. Tenho um grande amigo que trabalha no hospital. Ele me contou sobre um certo roubo. É bom não ser tão enxerida sabe, você pode acabar machucando alguém que gosta muito se andar se metendo em problemas que não são seus.

–Só um aviso Luke, é bom verificar se a pessoa sabe do que você está falando antes de fazer uma ameaça - Por incrível que pareça não estou assustada, estou com tanta raiva que não tenho medo- E principalmente, se ela vai se assustar.

Se o que ele disse é verdade, ele pode muito bem mexer os pauzinhos para incriminar Gale pelo roubo de insulina. Mas de qualquer jeito, não vou deixar Annabeth chegar perto dele, nunca mais. Assim que ela tiver coragem vou fazer com que denuncie esse monstro.

Para completar minha cota de felicidade quando chego em casa meus pais estão tendo uma briga daquelas. Graças a deus Prim ainda não está em casa, mas Finn está do meu lado e então o arrasto comigo para quarto.

–Katniss o que está havendo? Por que eles estão brigando de novo?

Meu irmão está assustado, me dói ver que ele também não está suportando os gritos. Dou um sorriso para ele.

–Não se preocupe pestinha, eles provavelmente estão tendo a velha discussão sobre a torneira pingando. Daqui a pouco estará tudo bem de novo, não se preocupe.

–Você tem certeza Katniss? Eles pareciam estar tão chateados.

–Sim, tenho certeza. Ei, hoje não tenho lição. Quer ouvir uma história?

Na mesma hora Finnick se ilumina. Meu irmão adora histórias, de piratas, dragões, bruxos. Esse é um truque para fazer com que ele esqueça os gritos dos meus pais. Surpreendentemente tem funcionado. O que me dói é saber que isso daqui a um tempo não será suficiente, Finnick está crescendo. Ele já sabe que nossos pais têm problemas, mas ainda consigo manter a sanidade do meu irmão.

Quando finalmente os gritos cessam deixo Finnick fazendo a lição. Preciso sair de casa, não aguento mais ficar no mesmo lugar que meus pais. Estou correndo em direção ao parque que fica na beira do Rio quando Peeta me alcança.

–Oi digo surpresa. O que você está fazendo aqui?

–O mesmo que você eu acho, tentando pensar um pouco. Aconteceram tantas coisas nesses dias.

–Nem me fale.

Somos recepcionados por um vento gelado quando chegamos à beira do rio. O sol já está quase se pondo. Seria uma paisagem tão linda se eu não estivesse tão desanimada. Nos sentamos na grama, como fizemos da última vez que estivemos aqui com o pessoal.

–Você está sendo muito corajosa. O jeito que você defendeu Annabeth hoje, me lembrou a antiga Katniss. A que quase deixou meu pai sem uma perna.

Dou um sorriso para Peeta.

–Não tenho medo de Luke, só do que ele possa fazer com Annabeth- E com Gale, meu coração dá uma batida mais lenta só de lembrar da ameaça.

–Katniss-Posso ver que Peeta está um pensativo, tentando entender tudo o que aconteceu- Eu sei que você é corajosa. Por que afinal de contas, uma garota como você desistiria da vida?

De novo essa pergunta. As vezes eu também queria saber como a vida pode mudar tanto uma pessoa.

– Peeta, você não entende não é? Não há nada de bom, tudo acaba mesmo. Eu já te disse, simplesmente não vejo sentido nenhum.

Ele agora está tão sério, tenho certeza que nunca vi ele assim. Apenas quando descobriu o que eu pretendia fazer. Percebo então que ele já perdeu todas as esperanças.

–Bom pode ser, mas existem algumas coisas que valem a pena.

–Como o que? Ter que acordar todo santo dia, esperando que algo novo aconteça? Que eu finalmente não me sinta quebrada em pedacinhos como estou agora? Que alguém finalmente consiga ver algo de bom em mim? Esperando que alguém como Luke pague pelo que ele fez?

Agora que comecei a falar, finalmente desabafar com alguém de carne osso, não consigo parar. Não tenho tempo de me sentir envergonhada por reclamar como uma menininha mimada, nem medo do que Peeta vai pensar. Eu apenas preciso continuar falando, preciso continuar colocando essa carga em seus ombros que por tanto tempo me oprimiu.

–Existem coisas que realmente valem a pena- Ele repete. –você apenas precisa enxergar isso.

Peeta de repente me puxa para mais perto de si. E então o mundo para. Meu coração está dando mil pulos por segundo. Sinto o gelo derretendo dentro de mim. Sinto o gosto suave de todos os doces provados na infância, todos os muros que criei se quebrando um por um.

E sinto tudo isso por que, de um jeito ou de outro, Peeta está me beijando. Neste momento um pensamento atravessa minha alma como um raio “Eu quero viver, eu quero viver”





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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado XD. Bjuuus



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