Anjos de Cera escrita por Redbird


Capítulo 11
O Pacto- Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Ah criatividade, onde está você? Gente eu sei que a coisa tá desandando. Mas juro, essa história maluca é mais forte que eu. Espero que alguém ai possa gostar ehehe. Bjoos



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Pânico. Essa era a sensação que resumia bem o que eu estava sentindo. Quer dizer, o que eu faria se Peeta descobrisse o que pretendo fazer? O que eu faria se ele descobrisse como realmente sou, uma problemática sem remédio? Eu estava tentando dizer a mim mesma para me acalmar.

Ele pode não ter lido nada. Ele pode realmente achar que estou só escrevendo algo. Bom, ai ele teria certeza de que eu tinha problemas. Eu poderia dizer que eu não tinha escrito aquilo, tinha sido uma amiga. Aham Katniss, ele realmente vai acreditar nessa.

Ignorei os pensamentos que vinham aos milhares na minha cabeça e obriguei as minhas pernas a funcionarem já que eu estava sentindo como se elas fossem feitas de Gelatina. Quando cheguei ao quarto Peeta estava de pé me esperando. Ele estava com uma expressão dura. Pude ver medo, dor, impotência tudo passar em segundo só no seu olhar. A única coisa que me passou pela cabeça foi “Ele leu, ele sabe”

–Então, achou o trabalho- Aja normalmente Katniss, aja normalmente.

–Katniss, o que significa essas coisas que você andou escrevendo?

–O que? O Trabalho? Ah sim, eu sei matemática é complicado, mas você é esperto. Vai se sair bem.

–Katniss!- Ok, acho que consegui deixar o garoto a beira da histeria.

–O que? Você não gosta de maionese? Não se preocupe eu faço sanduiche de manteiga para você.

-Você está pretendo se matar? Katniss qual é o seu problema? Eu tenho tentando te entender desde que cheguei aqui. Você definitivamente não é a garotinha que eu conheci. Ela era corajosa, ela era forte e acima de tudo, era alegre.

Eu estava furiosa, estava assustada, estava a ponto de cair em lágrimas ali mesmo. Mas é claro, eu sou teimosa demais para isso. E tive a noção de que, pela primeira vez, eu estava encarando minha decisão, tomando consciência da magnitude dela. Essa tinha sido uma decisão difícil, mas ela já estava tomada. Viver para mim é um fardo. Respiro fundo e a única coisa que consigo dizer é

–Eu também sinto falta dela Peeta, da antiga Katniss.

–Por que Katniss? O que faria uma garota de 17 anos, aparentemente feliz, tomar uma decisão tão drástica? Juro que não consigo entender.

–Peeta, você não deveria ter lido nada disso- minha voz sai arrastada, eu quase não consigo reconhecê -la .

–Ah pode ter certeza que sim, eu não queria ter lido nada disso. Mas li. E agora quero entender o porquê de você ter tomado essa decisão. - Ele já não é aquele garotinho doce de sempre, é o menino que teve coragem para responder para o pai. É alguém pronto para lutar.

–Peeta eu...-Como posso explicar para ele? Como fazer com que ele entenda que meu mundo é feito de cinzas? Eu estou sozinha, eu me sinto sozinha. Eu sei que há uma parte de mim, uma pequena parte, que ainda é capaz de se emocionar, de se arriscar com Gale a ir ao cinema clandestinamente a meia-noite, que conta histórias para meu irmão. No entanto há outra parte. Uma enorme parte de mim, que me diz que eu não valho a pena, que não consegue achar nada engraçado. Que olha para os lados e só vê injustiça e solidão. –Simplesmente desisti de tentar encontrar um motivo pra viver.

A dor nos olhos dele quase me mata ali mesmo. Sei que ele está pensando num jeito de me salvar de mim. Bom, essa é a coisa mais inútil que se pode existir. Não se pode salvar uma pessoa quando ela está tentando se destruir, ela já está destruída. Já não há mais nada para ser salvo.

–Katniss, você costumava defender seus amigos na escola, costumava aprontar sempre. Tinha uma resposta para tudo. Você vivia arrumando briga, mesmo assim não havia ninguém que te odiasse. Você era a aluna preferida da professora, mesmo ela dizendo o contrário. Era impossível não prestar atenção em você. Você iluminava. Agora você faz o possível para não chamar atenção. Não confia em ninguém, se isola. O que aconteceu para você mudar tanto?

Eu queria contar a Peeta. Eu não sei o que ele tinha, mas eu sabia que podia confiar nele. Ele não seria como os outros, não me julgaria. Eu ainda tinha medo de confiar em alguém, mas eu precisava desesperadamente contar. Quando dou por mim já estou contando minha história.

Há dois anos eu vou dormir toda a noite com os gritos dos meus pais. O silêncio é ainda pior porque significa que um deles não está em casa. Geralmente é minha mãe que resolve sair com as amigas e volta sempre bêbada. Faço o possível para que meus irmãos não percebam.

Eu sei isso tudo não é o suficiente para alguém passar a odiar tanto a vida. Mas no ano passado eu sai para procurar minha mãe. Era inverno, estava muito escuro. Finnick estava doente e eu não sabia o que fazer. Meu pai também não estava em casa, por que tinha resolvido sair com os amigos, só para se vingar da minha mãe. Deixei Prim cuidando de Finnick enquanto eu corri direto pro Bar que eu sabia que minha mãe costumava frequentar.

Eu estava quase chegando lá quando um homem me segurou pelo pulso. Eu fiquei com tanto medo, nunca estive tão assustada em toda a minha vida. Ele começou a dizer que uma garotinha não deveria estar na rua àquela hora, ele começou a passar a mão em mim. Ele dizia que era policial, que ia me levar para casa. Mas eu sabia que não poderia deixar ele me levar para lugar nenhum. Então dei um pontapé nele. Sorte que ele estava bêbado, sorte que eu consegui correr.

Voltei para casa e liguei para a farmácia eles me ajudaram a cuidar de Fin. Quando meus pais chegaram Fin já estava um pouco melhor. Decidi que nunca mais iria voltar a confiar em ninguém, principalmente nos meus pais. Decidi que teria que aprender a me virar sozinha e a cuidar dos meus irmãos. Eu sei, talvez você ache que eu estou exagerando, mas não me importo. Já faz tempo que deixei de me importar.

–Katniss, eu sinto muito. Isso tudo é muito difícil. Mas você sabe que não pode desistir da vida assim. Não quando há pessoas que estão sofrendo muito mais que você.

– Peeta eu simplesmente não posso, não consigo.

–E os seus irmãos? E quem se importa com você?

–Você viu o plano, sabe que eu vou fazer com que eles fiquem bem.

–Ah e você acha que eles vão ficar bem? Com a irmã morta?

–Peeta, vai ser difícil mas eles vão sobreviver

–Não, não vão. Vai por mim, não sei sai inteiro depois de perder alguém que você ama.

É claro a mãe dele. Peeta já havia perdido alguém importante.

–Ok, Peeta o que você pretende fazer a respeito? Vai contar para os meus pais? Vai falar com a psicóloga da escola? Vai avisar a policia?

–Não, não vou fazer nada disso. Eu sei que é inútil. Mas vou te fazer uma proposta?

–Uma proposta? – Ok, vamos combinar que essa era nova. O que ele iria me propor? Me internar numa clinica? Acordar e fazer um levantamento das coisas positivas minha vida?

–Três meses. Você não pode tentar nada em três meses. Se no final desse período você não tiver mudado de ideia, eu juro que não faço nada a respeito.

–Você vai me deixar morrer? – Peeta só podia estar brincando, eu sabia que essa não era a natureza dele.

–Não, mas não vou poder impedir você de tentar então, estou apostando todas minhas esperanças nesses três meses. Estamos fazendo um pacto.

–Peeta, duvido que alguma coisa mude em três meses. Duvido que até lá eu consiga ver alguma coisa boa na vida.

–Ah você vai sim, por que eu vou te ajudar.



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Notas finais do capítulo

Ui,Peeta vai provar para ela *-*



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