A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 9
Sem Fala


Notas iniciais do capítulo

REPOSTADO!!!!!!!!!



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Acordei com soro nas veias e três pessoas em cima de mim; Bruna, Jessie e Matheus.

-Finalmente! – berrou Bruna, abraçando-me forte. –Se passaram seis horas desde que você foi operada! Seis frustrantes e longas horas no quartinho de espera sem Wireless no celular.

Abri a boca para dizer “Você esta me esmagando, sai de cima!” mas apenas uma voz fina, esganiçada e baixa saiu.

Droga.

Tentei perguntar “O que aconteceu comigo?!”, mas, outra vez, nada saiu.

Tentei gritar.

Nada também.

-Não sabe como fiquei preocupada! Depois que o policial me ligou dizendo que você se feriu no braço eu vim correndo para cá!

Arregalei os olhos.

-Não se preocupe, mamãe ainda não sabe.

Queria levantar e abraçar Bruna de novo e dizer “Obrigada, obrigada, obrigada querida irmã que eu tanto amo e que na maioria das vezes falha, mas de vez em quando é bem legal!” mas (sempre tem essa droga de mas) os tubos conectados no meu braço me impediram.

Outra vez, tentei gritar.

-Ela deve ter percebido que não pode falar – observou o policial. – Bom, acho que você deve estar se perguntando o que aconteceu com você, certo?

Fiz que sim com a cabeça.

-Resumidamente, você foi confundida com uma assassina e bandida de queijos, e por conta disso, não vai mais ser presa. Ah, e, você também salvou a vida do presidente.

Deixei o queixo cair.

quê eu tinha mesmo feito?

Eu, Mariana Sward, salvei a vida do presidente?

Eu?

Tentei gritar de novo.

Matheus sentou-se perto de mim na cama de hospital e acariciou meu gesso.

Ah, é. Meu pulso e o braço estavam engessados.

Que ótimo.

-E, quando você tomou o tiro – continuou Matheus. – gritou tanto que acabou perdendo a voz.

Cadê minha voz para gritar quando eu quero?

-Mas, beleza, porque isso é temporário.

Ufa.

Então, quer dizer que eu salvei a vida do presidente e perdi a voz? Grande recompensa.

Bruna deve ter percebido minha cara de indignação, então veio até mim e trouxe um caderno e caneta preta.

-Você pode escrever o que está pensando aqui! Assim fica mais fácil de se comunicar com a gente.

Peguei o caderno e a caneta bruscamente das mãos de Bruna, então escrevi bem grande um palavrão.

Bruna arregalou os olhos.

-Pensei que esse fosse proibido.

Semicerrei os olhos e fiz que não com a cabeça.

Jessie não parecia muito preocupado, afinal, conseguira pegar a ladra de queijo suíço, e era isso o que importava para ele. Pensei o que ele ainda fazia no meu quarto.

E foi isso o que escrevi.

“O que você ainda faz aqui?” apontei para Jessie.

-Eu? Esperando uma pessoa vir te visitar, senão mais tragédias podem acontecer. – respondeu.

Então, de repente, um cara alto, de terno e águia no peito abriu a porta.

Ah. Meu. Deus.

-Oi, pai – cumprimentou Matheus.

Era o presidente. O presidente.

-Olá, pequena corajosa.

Até o presidente implica com minha altura?

Tudo o que pensei na hora foi “Huh?”.

Já que estava sem voz, não saiu nada. Se bem que, mesmo se estivesse com voz, também não sairia nada.

Felizmente, Bruna foi mais esperta que eu.

-Olá, vossa excelência! É uma grande emoção estar aqui, sabe, na mesma sala em que o senhor... e seu filho gatinho – murmurou. Bati em seu braço. – Ei! – reclamou. – Qual é? Bom, eu sou Bruna Sward, irmã e, temporariamente, a voz da garota que salvou sua vida.

Eu continuei com o queixo caído, pensando no que dizer.

-Ahn... ela disse Oi.

O presidente assentiu rindo.

Mas não era qualquer risada. Era uma risada presidencial.

Eu não sabia o que responder perante uma figura tão... ahn... real do presidente.

Num instante uma luz apareceu e acendeu na minha cabeça. Então... Matheus e o presidente...

Meu queixo, se é que possível, caiu mais.

Olhei para o presidente, depois para Matheus, presidente, Matheus, e vice-versa.

Bruna ficou confusa, até que depois chegou à conclusão:

-Ela adorou a roupa de vocês.

Joguei meu travesseiro nela.

-Ai! – reclamou.

Peguei o braço de Matheus e tentei fazer minha melhor mímica para representar a pergunta “Então você é mesmo o filho do cara mais importante dos Estados Unidos da América?”.

Mas eles não entenderam.

-Acho que ela está perguntando se tem suco de uva – disse Jessie.

Tentei gritar um “Não, idiota!”.

-Não, idiota – murmurou Matheus. O policial olhou enfurecido para ele. – Q-quer dizer... Não, Jessie. Ela perguntou se eu sou mesmo o filho do cara mais importante dos Estados Unidos da América.

Arregalei os olhos para Matheus. Fiquei espantada em como ele me entendia tão bem assim.

-E, sim, Sward. Sou mesmo o filho do cara mais importante dos Estados Unidos da América, obrigado.

Devo ter ficado vermelha na hora.

Sentia-me muito constrangida. É sério. Além de ter implicado um montão com Matheus nem sabia o quanto ele era poderoso. Eu podia ter pedido algumas coisas para ele. Ou pedir perdão por aquela vez em que o Tio Simon ficou bêbado e assaltou uma loja.

Péssimo.

Mas agora isso não importava mais.

Fiquei sem palavras, literalmente. Olhei para Bruna, em seguida para Jessie (mais para a verruga dele, na verdade).

Sem brincadeira, aquela verruga parecia me encarar. Ou até estar me chamando.

Imaginei uma verruga falante:

 “Mari! Por que não vem aqui e vamos bater um papinho?”.

Ugh.

-Olá, Mariana – disse uma voz masculina grossa.

Pulei da cama.

-Sou o medico que fez sua cirurgia, doutor Hurt... – olhei para o lado, e lá estava um homem alto de roupa branca com uma prancheta na mão.

“Donde esse sujeito brotou?” pensei.

-De onde você veio? – perguntou Matheus espantado igual a mim.

Como ele...?

-Acabei de pegar os exames da Srta. Sward – ignorou o filho do presidente. – E, me parece que hoje é seu dia de sorte!

Lancei um olhar fulminante a ele.

-Você está de alta, agora pode sair com seus pa... – ele virou-se ao presidente e no mesmo instante ficou sem palavras. – Pre... pre.. si.. si

-Sim, sim. Agora, tchau! – Jessie expulsou o doutor, jogando-o para fora da sala.

-N-não! – contestava. – Tenho que falar sobre minha ideias humanitárias com o pre... pre...

-Presidente! Isso mesmo. Agora, adeus! – Bruna mandou.

A sala ficou silenciosa.

Olhei para Bruna e escrevi “O que fazemos agora?” no meu caderno.

-Por que não vão ao meu apartamento? – sugeriu Matheus.

-Ou melhor, para a Casa Branca? – disse o presidente.

Arregalei os olhos.

-SIM! – Bruna se apressou antes que eu falasse qualquer coisa.

“Nããããããããããããããããããããããããõ!” tentei gritar.

Mas, óbvio, não deu certo.

-Seria ótimo se fossemos lá! – disse, parecendo formal demais para uma Bruna.

-Casa Branca? – Matheus disse como se esse fosse o pior dos piores lugares em que alguém pode ir.

-Parece que elas adoraram a ideia – falou o presidente.

-Não, pai. Ninguém gostou da ideia.

-Sim, sim! Nós adoramos! Mas outro lugar ótimo para se ir também é Los Angeles...– Bruna opinou.

Lancei um olhar fulminante a ela. Tínhamos de ir para casa! O que mamãe estaria pensando já que depois de umas oito horas as duas filhas não voltaram para casa?

Com certeza, deve estar já ligando para a policia.

-Então espero vocês daqui a meia hora na frente do hospital, combinado? – perguntou o presidente.

Sinceramente, é muito difícil dizer não para um presidente dos EUA, mas, nesse caso era necessário dizer.

Mas Bruna não pensa igual a mim.

-Certo. Daqui a meia hora.

Matheus deixou o queixo cair, enquanto o presidente sorria alegremente.

-Até – despediu-se e saiu do quarto.

Matheus continuava indignado.

Queria perguntar a ele por que estava tão assim já que... bem... você sabe, ele é importante.

Mas minhas cordas vocais disseram “Não, não, não Mariana!”.

-Eu... te espero. Ahn, fora do quarto – disse o filho do presidente. – Tchau.

E saiu do quarto, me deixando com Bruna.

Joguei meu travesseiro nela na hora.

-Ai! – reclamou. – Por que fez isso?

-Mamãe! - disse baixinho e com a voz falhando.

-Ah, isso? Mais algumas horas não vão fazer diferença.

Esfreguei a mão na cara.

Qual era a da minha irmã?

Pedi educadamente licença a ela para poder me trocar. Escrevi bem grande um “Sai daqui! Vou me trocar” e ela revirou os olhos.

-Te dou cinco minutos. Não quero me atrasar.

Fiz um sinal de “Beleza. Agora, tchau!” então ela saiu relutante.

Ufa.

Finalmente sozinha.

 Parei um pouco para analisar meu corpo e o gesso e... Deus... quanto sangue.

Meu pulso estava mais dolorido do que o braço em si, não sei por quê.

Foi tudo tão rápido... que nem consegui parar para pensar direito.

Então... quer dizer que eu, (Mariana Sward de 16 anos indo fazer 17 daqui a três meses) salvei a vida do presidente dos Estados Unidos?

Beleza. O Apocalipse começou agora.



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