A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 5
Meu Estudo De Língua




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-Mentem para mim. Saem escondidas. E, ainda por cima, trazem garotos aqui. Para ficar beijando. Quetipo de filhas são vocês? – disse minha mãe, meio brava conosco.

Ah, quem eu quero enganar? Meio? Ela estava uma fera.

-Nós não estávamos nos beijando, mãe. Pela milésima vez.

-Ah, não? Então o que vocês estavam fazendo? Estudando o movimento das línguas?

-Não nos beijamos desse jeito! – protestei.

-Admitiu que se beijaram, então?! – me pegou a Sra. Sward, que agora em diante seria Rose, não maismamãe.

-Não! Apenas tocamos os lábios, nada mais!

-Você, - apontou para mim. – conversamos depois. Agora, você – apontou para Bruna. – Saiu escondida, e, além disso, pediu para sua irmã ficar no seu lugar?

-Mãe, eu tinha um encontro! Não podia perder!

-Sinceramente... esperava mais de vocês duas.

-Mããããe... – reclamou Bruna.

-Nada de “Mããããe”. Quero que aprendam que mentir é feio. Totalmente abominável! Não poderiam ter feito isso.

-Nós não mentimos. – contestei. – Apenas... te enrolamos.

Minha mãe me olhou com cara de quem fala “Não faça piadas, mocinha. Te vi com um cara no quarto de sua irmã todo lambuzado de pizza e se agarrando com você. Está pensando o que?”

- Entendemos já que mentir é feio, mãe. Muito obrigada por essa lição tão valiosa. – disse Bruna. – Então.. já que estamos entendidas... Tchau! – levantou-se do sofá em que estávamos e tentou fugir para a cozinha, mas mamãe... quer dizer, Rose... a puxou pelo ombro.

-Nananinanão, mocinha. Vocês, por terem mentido, vão ter que cumprir uma penalidade.

-O quê?! – questionou Bruna, incrédula.

-Isso mesmo. Você, Bruna, não poderá sair com ninguém durante dois meses.

-Mas Johnny me chamou para ir ao Central Park!

-Awwwn... – fez minha mãe. – Que lindinho...

-Sim! – concordou Bruna.

-Pena que você vai ter que furar.

-O quê?! – voltou com a incredulidade no rosto.

-E você, Mari... Ah, você... Não traz ninguém para casa e nem sai. Não sai de casa pelas próximas três semanas...

-Certo. – assenti. Estava dando graças a Deus pelo meu não ser tão ruim assim, já que eu não saia de casa mesmo.

-... a não ser, - continuou. Droga. Por que ela continuou? – as quartas e quintas, das 17h30 até as 18h30.

-Por quê? O que tem nessa hora?

-Sua aula de desenho, com Clarrie McDonson.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh, não. Não, não, não e não! Como descobriu sobre a professora meio louca das ídeias de desenho?

Automaticamente, coloquei as mãos no bolso. O cartão não estava nem no direito... e nem no esquerdo... estava na mão de mam... Rose.

-O quê?! – quase berrei. – Não pode me obrigar a ir na escola dessa Clarrie!

-Lógico que posso. Sou sua mãe.

-Mamãe! – implorei. – Por favor, não! Minha vida já é o ruim o bastante, não pode piorá-la ainda mais!

-Você começa amanhã, as 17h3o. E se eu descobrir que não foi, a coisa vai ficar feia.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhh! Que raiva! Que raiva, que raiva, que raiva! Que raiva de Bruna por ter saído com Johnny/Liam! Que raiva de mim por ter me oferecido ajudá-la! Que raiva de mim outra vez por ter convidado Thiago para vir em casa! Que raiva de mim pela terceira vez por não ter comido toda a pizza! E que raiva do Thiago por embaralhar toda nossa amizade!

Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!

Que raiva da vida!

-Então, é isso. Se eu souber que vocês duas não cumpriram a penalidade, terá outra penalidade por não ter cumprido a penalidade.

-E se eu não a cumprir também? – desafiou Bruna.

-Aí terá uma outra penalidade porque você não quer pagar a penalidade por não ter cobrado a penalidade.

- E se... – tentou contestar Bruna.

- Aí você fica de castigo pelo resto da vida!

Bruna baixou a cabeça.

-Ok... Nada de Johnny, então.

-Isso mesmo. Até amanhã, queridas. E durmam bem!

É incrível como as mães podem te dar bronca em um segundo e noutro te desejar boa noite.

Mães...

Fui para meu quarto batendo os pés. Não podia acreditar no que acabara de acontecer! Primeiro; eu e Thiago tínhamos quase nos beijado. Segundo; amanhã terei de ir a aula de uma professora cujo peixe Marrie se assemelha ao meu nome. E que morreu.

Droga, droga, droga, droga.

Me joguei na cama e esfreguei as mãos no rosto. Cara, isso não podia estar acontecendo. Não mesmo. Então Thiago gostava de mim. Que agradável. Meu melhor amigo desde sempre gosta de mim, enquanto eu tenho um amor platônico por um cara que não sabia meu nome até hoje. Eba.

“ Não acha que, se ele não te percebeu até agora... você não deveria abrir os olhos... e ver o que te percebeu?” veio Thiago à minha mente. Como ele pôde? Agora, teria de frequentar a aula de Clarrie. Isso merece um outro “Eba”.

Peguei meu caderno de desenho e comecei a folhear. Sentiria saudade da minha liberdade com o lápis...

Tinha de esperar para amanhã. Era tudo o que eu poderia fazer; Esperar...

Esperar...

E esperar.

Quando menos me dei conta, já estava bocejando.

Já que eu tinha apenas que esperar, esperar e esperar, o que eu tinha a perder?

Coloquei o travesseiro por cima da cabeça e, então, caí no sono.

***

Havia acordado disposta... a dormir de novo. Não queria nem saber como seria meu reencontro com Thiago, já que foi brutalmente expulso de minha casa. E porque meio que declarou seu sentimento por mim.

Acontece que ele não veio.

É... Ele foi mais esperto que eu.

Mas, mesmo assim, segui o dia normal na escola.

Que decepção.

Na aula da professora Nancy fui ao banheiro, esperando esbarrar em Liam de novo. Porém, nada. E o dia inteiro foi assim. Em todas as aulas eu fui ao banheiro, e nada.

Eu ficava inconformada de como ele não assumia compromissos com a futura namorada.

No final do nono tempo, mais ou menos 13h, tentei uma ultima vez.

E lá estava ele...

...e Anne, se agarrando.

Ugh.

Isso sim era um estudo de línguas.

-Quanto tempo não matamos aula para ficarmos juntos. – observou Anne.

-Sim. – confirmou. – Muito tempo.

Eles fizeram silêncio.

-Então... – tentou Anne.

-Eu... tenho que ir para casa cedo. – disse Liam.

-Não vai me levar para casa? – mais mandou do que perguntou Anne.

-Hoje não. – deu um beijo em sua testa. – Talvez amanhã.

-Ok... – Anne fez biquinho. – Até amanhã.

-Até.

Liam deixou Anne, e foi andando pelo corredor. Quando Anne desistiu de esperar Liam voltar para ela, foi à sala de aula, e foi aí em que entrei em ação.

-Liam! – chamei.

Então o sinal tocou.

Um monte de adolescentes saíram das salas de aulas, e o corredor ficou povoado. E de cheiro ruim.

Liam estava tentando achar a voz (eu) que o chamara no meio da multidão, mas era óbvio que não saberia que era eu. Aí gritei de novo:

-Liam! Aqui!

Pareceu que na mesma hora mais um monte de adolescentes vieram ao corredor.

Cara, existem mais corredores na escola! Por que bem esse escolheram para conversar e feder?!

Ele desistiu de me procurar, e voltou ao rumo.

Mas eu não desistiria tão fácil assim dele.

-Aqui, Liam!

Nada.

-Liam!

Nenhuma palavra vinda dele.

-LIAM! – berrei. E por incrível que pareça, todos no corredor fizeram silêncio.

He-he. Que vergonha.

Liam olhara para mim, mas, pelo jeito, pareceu não me reconhecer.

-Quem é você...? – perguntou.

Deixei o queixo cair.

Não conseguia emitir nenhum tipo de som, estava em estado de choque.

-M-mariana. – consegui dizer.

Ele fez cara de ingênuo.

E as pessoas começaram a rir.

Johnny, o melhor amigo de Liam, apareceu e bateu em suas costas.

-Vamos, cara. Bora para casa.

-Beleza. – e saiu pela porta, me deixando sozinha com pessoas de diferentes risadas nos meus ouvidos.

Eu não iria ficar esperando as pessoas pararem de tirar sarro de mim. Saí da escola também. Incrédula.

Afinal, voltei à estaca zero com Liam.

Que animador.



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