A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 4
Pizza, Coca e Beijos


Notas iniciais do capítulo

Tomara que não tenha ficado meloso... Bom, é isso!
Bjs Lu ;D



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–Olá família! – disse entrando em casa, como se tivesse assistido a nove tempos de aula.

Pffffffft.

–Oi Mari. Quer comida? – ofereceu mamãe.

Acabei de chegar, e mamãe já quer me intoxicar.

Não me leve à mal, mas a comida da mamãe não é das melhores... Ela perde para meu pai na cozinha, e olha que ele apenas sabe fazer massa.

–Obrigada, mãe. Comi na escola.

–Oh... Se é assim... tudo bem.

–Mãe, foi apenas um sanduíche de pasta de amendoim. Não foi um jantar na Casa Branca.

–Tudo bem, filha. Sem ressentimentos.

Um silêncio se fez na cozinha.

–Então... To no quarto!

Subi as escadas antes que ela falasse algo.

Ufa. Consegui salvar meu estomago.

–Está aí, Mari? – chamou Bruna.

–Sim, irmã. – fui até seu quarto, encostei-me à porta e gritei: -Como está sua gripe?

–Forte. Mas estou melhorando! – gritou também.

–Já dei xarope para a Bruna, Mari. Não se preocupe! – gritou mamãe debaixo.

Olhei para Bruna, e ela me olhou. Começamos a rir.

Fechei a porta e entrei em seu quarto.

–Então, como estão os preparativos?

–Decidi o que vestir, acho. – levantei a sobrancelha. –Olhe. – chamou.

Ela levantou um vestido tomara que caia florido, com a cor predominante azul escuro. O comprimento do vestido era até o joelho. E para os pés, me mostrou uma sandália vermelha.

–Perfeito para seu encontro com Johnny.

–Liam. – corrigiu.

Era meio difícil admitir que talvez Bruna fosse mesmo sair com Liam, até porque ele tem namorada, Anne... Ugh.

–Claro. – disse. –Mas, vê se não estraga tudo com o Johnny. Ele é um cara legal.

–Tá, tá, tá. – falou sem prestar atenção. – Agora, como faço para ir ao shopping?

–Não sei, talvez pela porta? – sugeri o óbvio.

–Obrigada, Senhora Óbvia. Estou dizendo sem que ela perceba que estou sem gripe.

–Bem... as escadas de incêndio. Nunca pensou sair por lá?

–Na verdade... já te vi algumas vezes fugindo por lá. Mas, mesmo que eu saia sem mamãe perceber, o que ela vai fazer quando ver que não estou aqui?

Uma ideia louca surgiu na minha cabeça. Quando abri a boca, pensei duas vezes no que estava prestes a propor.

–Você teve uma ideia. Gosto das suas ideias. Me diz sua ideia. – insistiu Bruna.

–Então... é o seguinte; fico no seu lugar.

–O quê? Jura?

Pensei um pouco mais para ver se eu tinha mesmo certeza disso.

–É... Juro. Diga para mamãe que vou sair, aí eu “saio”. Fico deitada na sua cama, se passando por você, e, pela escada, você vai para seu encontro com Johnny.

–Liam. – corrigiu outra vez.

–Que seja. Estamos de acordo?

Bruna sorriu, foi até mim e me abraçou.

–Sim. Estamos de acordo.

Sorri.

–Ok. – me afastei. – Então... vai lá!

Minha irmã deu uma risadinha, e saiu do quarto.

Muito bem. Agora, ficaria trancada no quarto por, no mínimo, duas horas. Mari, no que você foi se meter?

***

Eram exatamente 17h30. Já se passara uma hora desde que Bruna saiu. E sabe o que eu fiquei fazendo o tempo todo? ComendoKit Kat enquanto assistia TV.

Percebeu o quanto sou sem vida social?

Se eu não estivesse no papel de Bruna, chamaria Thiago pra vir em casa, mas... Quer saber? Ele poderia vir escondido. Então minha mãe nem perceberia! Ótimo. Por que não tive essa ideia antes?

Disquei 555-4274. Chamando... e chamando... e chamando... e...

-Alô?

-Thiago! Sou eu!

–Ah. Oi, eu.

–Não seja idiota. Sou eu, Mari.

–Ahh. Oi, Mari.

–Pode vir para casa?

–Depende.

–Do que?

–Bem... se tiver pizza.

–Você pode trazer pizza.

–Você que me convida, e eu ainda tenho que trazer comida?

–Mais ou menos assim.

–Hum. –bufou. – Então, tá. Em 10 minutos eu apareço aí.

–Ok. Ah! Não se esqueça...

–Do quê?

–Gosto de pizza de quatro queijos.

–Só isso?

–Poderia trazer também alguma Coca...

–Alguma outra coisa, milady?

–Não.

–Legal.

–Não! Espera aí... Venha pela escada de incêndio.

–Ok, ok. Até.

–Até. – e desliguei o celular.

Um minuto de silêncio se fez. Quer dizer que vou conseguir trazer meu amigo aqui em casa, e Bruna sair com Johnny sem mamãe saber?

Aleluia! Isso é um milagre!Nunca pensei que algum dia isso poderia ser possível! Esperei por esse momento por sécul...!

–Bruna! – chamou mamãe. – Desça aqui!

Droga, pensei.

Meus 15 minutos de fama foram apenas meros 15 segundos.

Legal. O que eu iria fazer agora?

–To mal! – tossi. Abafei a voz com o cobertor, assim ficaria mais difícil de minha mãe reconhecer.

Ou, era o que eu pensava.

–Bruna? É você? – indagou.

–Ahm... é... Sim! Eu. – tossi de novo, mas com o cobertor ainda na boca. – Não posso descer!

–Sua voz está meio ruim... – desconfiou. – Parece meio bêbada.

Obrigada, mãe. Acabou de dizer que minha voz é de alcoólatra.

–Não estou bêbada. – gritei.

–É bom mesmo. Se lembra de Kaira? Como ela estragou a vida?

Kaira é uma garota do Teenager Spoiled Life, um programa do canal 7. Quer uma dica? Não deixe nunca, em hipótese alguma, seus pais verem isso. Sério. Eles ficam neuróticos. Kaira, por exemplo, é uma garota de 16 anos que teve a vida estragada em uma noite em Las Vegas. Se você acha que tudo o que acontece em Vegas fica em Vegas, está bem errado. Ela misturou dois copos de Vodka, uma garrafa de uísque, acho que duas taças de cachaça e um pouco de pinga com cerveja. É de se esperar que a menina tenha mesmo estragado a vida. Na mesma noite ela se casou com um tal de David meio malucão também. E viveram felizes para sempre.

–Sim, me lembro. Mas não estou bêbada! Tenho 15 anos! – eu, eu mesma, não tenho 15, tenho 17. Mas estava apenas incorporando o papel de Bruna.

–Ótimo... Mas, desça aqui!

Tossi mais um pouco.

–Estou péssima! – tossi agora igual uma demente. – Não dá!

–Tudo bem... Se é assim...

Revirei os olhos.

É incrível como a mãe da gente consegue nos fazer ficar incrivelmente culpadas.

Admiro essa habilidade.

De repente, minha janela tremeu.

Droga. Um vampiro veio chupar meu sangue.

Pensei ter deixado bem claro que prefiro lobisomens.

Outra vez, o vidro mexeu. Saí da cama, e fui até lá. Aí que me caiu a ficha.

Era Thiago.

Abri a janela e adentrei a sacada. Lá estava ele na escada de incêndio, com uma pizza.

–Só pode entrar se tiver trazido a Coca.

Ele riu. Mas não era para ser engraçado. Eu estava falando sério.

Então, atrás das costas, mostrou uma garrafa de 2 litros de Coca Light na mão.

É por isso que eu adoro Thiago.

–Oi, eu. – entrou no quarto. – O que faz no quarto de Bruna?

–Se passando por ela. – ele levantou a sobrancelha. – É uma longa história.

Na verdade, não era. Só estava com preguiça mesmo.

–Beleza. Agora, bora comer?

–Lógico.

***

Sentamos na cama de Bruna e ficamos de bobeira comendo a pizza. E bebendo a coca. Foi bem divertido. Também, fazia tempo em que nós dois não tínhamos essas tardes juntos. Nós rimos, assistimos TV, rimos, conversamos, rimos, fizemos guerra de comida e rimos mais.

-Então, Liam agora sabe que você existe? – mais zuou do que perguntou.

–Sim. – ri. – Agora nossa relação está mais avançada.

Thiago ficou sério, então me perguntou:

–Por que não sai dessa?

–Bom... Porque acho que Liam merece alguém melhor do que a Anne. E eu sou essa pessoa.

–Mas passamos cinco anos juntos. Não acha que, se ele não te percebeu até agora... você não deveria abrir os olhos... e ver o que te percebeu?

Quando me dei conta, Thiago e eu estávamos próximos demais. Assim, demais. Eu conseguia até sentir a respiração de sua boca em meus lábios, e seu nariz praticamente encostado no meu.

Minha situação estava complicada.

O que eu faria agora?

Eu gostava é do Liam, e, como já disse, nunca quis pensar no Thiago desse jeito.

Oh... Deus.

Parece que, automaticamente, nossos narizes se encontraram...

...e meus lábios se tocaram de leve nos de Thiago.

Bem nessa hora, quem chega? Isso mesmo. Lá estava a Sra. Sward, olhando incrédula para minha pessoa.



Já disse que odeio minha vida?



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