A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 27
Quando o que não pode acontecer, acontece!


Notas iniciais do capítulo

GENTE QUE SAUDADE! Eu sempre leio e releio os comentários, como verdadeira doente mental, e deixo o sorriso escapar. Sério, vocês são absolutamente demais! Dica importante: Há esse site, onde também há fanfics e mais fanfics, chamado Wattpad, que é muitíssimo bom. Estou postando a história lá também, e fica muito mais fácil de responder comentários e interagir por lá. Então, aceitem meu convite e entrem para o Wattpad! Aqui é o link pra minha história "http://www.wattpad.com/story/2362909-a-vida-de-uma-garota-nada-popular/parts" e por lá vocês conseguem criar um perfil e ler ainda mais!!! UM SUPER BEIJO! ATÉ A PROXIMA!



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–Thiago! Ainda bem que você atendeu. Eu preciso falar com você.

–ÔÔÔ Mari, saudades também. Primeiro, como você ta?

Mal. Ruim. Espantada. Culpada. Confusa. Corrompida. Suja. Mal.

–Bem, bem. E você?

–To bem, sim. Quer dizer, muito bem. Você não vai acreditar no que aconteceu comigo ontem.

Eu já me sentia ruim o suficiente de ter de fazer isso ao telefone. Ele não podia simplesmente me escutar vomitar tudo para depois começar a falar??

–Diga. - ouvi-me dizer.

–Harvard me contatou ontem. Sabe, mandou uma carta e tudo! Me convidaram para conhecer o campus!

Universidades fazem isso? Quero dizer, contatar estudantes sem dizer se passaram ou nao?

Decidi não comentar.

–Isso é incrível! Como foi? Quando você vai?

Diga loooogo, Thiago. Tenho que falar com você, criatura!

–Ah, fiquei surpreso. Eu não esperava. Depois que eu e Nicholas - lembra? O cara da festa de halloween? - conversamos, ele disse que ia conversar com algumas pessoas importantes de lá, e ver algo para mim. Não acredito que ele realmente fez.

–Que bom, Thiago!

Sua voz estava mais animada que o usual. Era perceptivel o quanto estava ofegante de felicidade, enquanto ao mesmo tempo, tentava manter sua pose.

Isso seria tão melhor se eu não tivesse um zilhão de coisas pra dizer.

Mas eu realmente estava feliz por ele!

–Não sei exatamente quando irei. Disseram que seria melhor nesse ano ainda, mas... E você?

–Bom, passei 72 horas em claro pavimentando um desenho totalmente novo e tudo o mais, digno de estágio de seis meses com o E-Loren.

Uma grande longa e interminável pausa de 5 segundos se sucedeu.

–Thiago, olha, agoraprestabematençãonoqueeuvoutedizeragoraporqueépravaleragoraeérealmentemuitoimportantequevocêcompreendaagoracadamilicentímetrodepalavra, certo?

Atônito, respondeu com o som "Ahn".

–Olha, eu te adoro. Pra falar a verdade, eu mais que te adoro! Você foi o amigo mais fiel e genial que tive. Nós estamos desde - o quê? A 4ª série? - a 4ª série juntos! E eu sei que acabou fechando as costas pros seus outros amigos da época para brincar no balanço com a estranha magricela de óculos. Também te considero, assim, pacas por ter sido meu professor auxiliar em todas as matérias por vários anos, e nunca ter reclamado. Por ter estado lá, esbanjando dois confortáveis ombros para meu choro no tempo em que meu pai se foi. Por nunca ter esfregado namoradinhas na minha auto-estima, por nunca mudar de escola, ser minha companhia de donuts e tudo o mais. Também por ser esse amigo incrível que tornou por ser meu príncipe encatado. Então, sabe, nunca se esqueça o quão especial é pra mim e o quaaaaaanto eu queria ter expressado isso mais vezes. Acredite, se eu voltasse no tempo eu teria rebobinado todos os abraços para que os tornasse mais frequentes. Então, sabe, eu te amo, mesmo, e peloamordedeuspai, tenha certeza que nunca, nunca, NUNCA, vou preensar esse lugar aqui que é só seu do meu coração.

Ouvi Lauren adentrando o quarto, e imaginei que no instante em que deparada com uma montanha de cobertor recôndita no núcleo do espaço, fosse arrancá-lo de lá.

O que ela fez.

–DesculpaThiagomasagoratenhoquedesligar,teamobeijotchau. - desliguei o celular.

–Que foi? - grunhi para a gigante de maquiagem pesada.

–Sabe, não vai se esconder para sempre. - desdenhou.

–Esconder do quê? - desembrulhei-me de minha concha.

–Da piscina. - fez seu sorriso de canto.

Levantei, abrupta.

–NÃOSEFALAMAISEMPISCINA, OK? - e saí andando porta afora.

Até o final do mini corredor estendido à dois metros. Lauren seguiu atrás.

–Olha, falando ou não em piscina, aconteceu. E eu estava certa.

Fuzilei-a com meus raios lazers que emanavam dos olhos.

–Não é porque aconteceu que você está certa. Aconteceu, porque aconteceu. E coisas, às vezes, só acontecem!

Dei-me a noção quando estava já prestes a pular sobre Lauren, com todo o nublado de minha mente.

Sentia meu celular vibrar e vibrar. Provavelmente, Thiago. Para compreender o que se passara.

–É. Sim. - Lauren. - Execeto que não aconteceu porque aconteceu. É porque eu estava certa. Você está apa...

–Nããããããããããããããão. - volvi até o quarto e, novamente, encobri-me daquele cobertor de antes, a fim de atirar-me na cama.

A película da piscina invadia em cheio o -até então- oco agradável das minhas confusões.

Ai, ai, ai. Isso era a chave que faltava para minhas neuras! Impressão, ou sou imã de coisas proibidas a acontecer?

Acho que você se pergunta, afinal, o que ocorreu na piscina.

E te direi nada. Porque o que já aconteceu, aconteceu, e nÃO SE FALA MAIS EM PISCINA!

–Bom, quer saber? Ok. Negue o quanto quiser. Mas eu te digo; eu não te entendo. Você tem, tipo, o melhor do dois mundos, e fica aí mimizando. Se eu, ou qualquer outro, estivesse no seu lugar ia tirar proveito disso. Então larga a mão de ser idiota e se arruma logo pro anúnico.

Lauren. Suave como uma navalha.

Iamos regressar ao restaurante do hotel hoje à noite para dizerem-nos qual desenho seria exposto e blá blá blá. Recolheram nossos exemplares hoje de manhã, pouco antes da piscina.

Rapidamente, o relance de meu desespero nos braços de Matheus, antes de entregar-lhes o papel, preencheu meus globos oculares.

Sacudi a cabeça. SAI PISCINA!

Vesti o mesmo vestido de antes - afinal, vamos aproveitar que não sou modelo nem nada para usar 24 roupas diferentes num período de 7 dias. Desci o elevador com Lauren.

Silêncio.

Ela cantarolou.

O que logo decodifiquei ser um canto de "eu estava certa, eu estava certa, eu ESTOU certa".

Bufei.

Chegamos.

Não sei dizer especificadamente o que rolava dentro da minha caixa toráxica, mas eu não podia ir ao restaurante antes de tomar uma boa dose de oxigênio. Fora do hotel.Cruzei mares até o saguão.Tudo tão vazio. Exceto por alguns funcionários. Mas tudo tão vazio. Saí logo. Sem nenhum piscar de olhos fui atacada por um ninho de câmeras e braços. Cada um com uma pergunta diferente.As únicas coisas que captei, antes de desmaiar de exaustão de volta para meu hotel, foram "E o caso amoroso com o filho do presidente?!" "E os planos de ser primeira ministra?!" e "O QUÊ VOCÊ VAI FAZER EM RELAÇÃO A PISCINA?!".

Eu podia jurar que ouvi isso!

De qualquer jeito, voltei ao saguão. Desolada pelo meu ar fracassado.

Tornei a ir para o restaurante.

Atônita, fui a procura de Matheus.

Tomei uma decisão. Eu tinha de me desculpar pela piscina! E logo! Antes que desse a impressão errada!

Já no restaurante, esbaforida, trilhei por entre as mesas o rosto de Matheus. Será que ele estava aqui? ou será que decidira não vir pelo o que aconteceu na piscina?

Por sorte, encontrei Paul e os rapazes. Indaguei a localização de Matheus. Ele respondeu que não sabia, só sabia que pouco antes decidiu não vir porque estava passando mal.

Há-há. Ah, ta.

Creio que sim. Que do nada veio a ventania forte e seu estômago revirou com tanta coisa deglutida.

Mentira cabulosissíma! Nunca ninguém descobriria que na verdade ele não está passando mal e está apenas me evitando.

Dada por vencido, atirei-me na cadeira ao lado dos meninos.

Quer saber? O que tenho a perder contando a história para um amigo? Direi-te em detalhes escassos o que de fato aconteceu na piscina:

Antes, entenda o contexto. Havia três dias que eu não dormia. Eu apenas desenhava. Tudo estava um horror danado! Meu salvador da pátria foi Matheus, que me arrancava às noites do hotel para explorar Miami. Dentro dessas noites tivemos nossos passeios glamurosos. Ele levou-me para um carrossel na primeira noite, onde comemos muuuuuuuuuuuuuuito algodão doce. Inclusive, acho que não o digeri até agora. Nesse passeio ele contou mais sobre sua mãe, e como sentia falta dela. Lembro de ter perguntado sobre seu pai, mas ele mudava de assunto. Eu contei mais sobre meus pais, e como eu amava mminha mãe e odiava meu pai. Na segunda noite, Matheus decidiu levar-me ao centro de Miami, onde há os prédios bonitos e o comercial. Comemos yakissoba em um super-mercado. Ele começara um papo maluco sobre universo, planetas e alienígenas. Na hora soava exatamente como Thiago e seus devaneios. Eu não entendia nada do que ele dizia, mas gostava de ouvi-lo dizer. Os dois. Na terceira noite fomos ao seu restaurante favorito, na Ocean Drive, e depois patinamos no gelo. E, não vou dizer-te que agi como completa santinha que comia duas gramas por colherada. Eu me lambusei de tanta comida deliciosa. Realmente, um dos melhores restaurantes! Na área do gelo foi outro desastre. Num intervalo de cinco minutos eu caía pelo menos doze vezes. Eu não tinha coordenação alguma! Era péssimo. Mas ele, todo paciente, carregava-me e instruia como profissional. Lógicamente, foi um fracasso, mas foi um passeio divertidíssimo. Lembro que foi nessa noite que notei algo errado.

Sabe, MUITO errado.

Porque foi nessa noite que notei que mesmo quando já não queria rir, eu sorria. Sorria para aqueles olhos verdes. Sorria para aquela piada sem graça. Sorria para meu joelho esfolado e meu suor. Sorria até para o garçom.

E, sem contar isso, quando ele deixara-me na porta de meu quarto e deu o beijinho convencional na bochecha de tchau, meu corpo ardeu. Sabe, como ardeu quando E-Loren raspou o ombro em mim. Então, sabe, ardeu muito! E, por algum motivo, eu não queria que ele fosse embora. Queria continuar a conversar, queria continuar a ouvir besteiras de sua voz e continuar a derreter como idiota.

Sabe, tinha algo muito errado!

No outro dia, depois de entregar o desenho, chorei para Matheus dizendo que necessitava urgente sair. Eu estava farta de crayons, grafite e aquarela. Decidimos ir a praia. Por quê, né. Não ir para a praia em plena Miami city é como não ir no Taj Mahal quando em Agra, na Índia. Enfim, praia. Partimos Matheus, eu, aqueles quatro rapazes do jantar - Ringo, George, Paul e John - e algumas meninas. Eu estava doida da vida para ir ao mar. Eu queria muito ir ao mar! Talvez, até surfar! Ficar bronzeada, tomar muitos picolés, fazer terêrê, etc. Armamos tudo; As cadeiras, os guarda-sóis, as mesas... Enquanto isso Ringo ia dar um mergulho.

Folgado, eu sei, mas...

Após posicionar o ultimo guarda-sol, Ringo voltou da água, com expressão tristonha. Tivemos de desarmar. O que esperávamos do Atlântico na época de inverno, afinal?

Uma das meninas teve a ilustre idéia de voltarmos pro hotel. Mais precisamente, na piscina do hotel. Não era um oceaaaaaano de ondas grandes, mas era água. Concordamos e jornamos volta ao hotel. O sol estava consideravelmente radiante. A piscina era gigaaaaaaaante. E era bem gostosinha. Lá encontramos praticamente todos os alunos. Acho que acabamos nos contagiando pela música tocante no stereo, Summer. Só sei que meia-hora seguinte já estávamos nos deliciando de alguns aperitivos e bebidas - menos eu! Eu bebia Doctor Pepper, como uma adolescente responsável.

Lauren - motivo da minha dor de cabeça - estava por lá. Estranhamente, de maquiagem pesada. Ela atingia-me com aquele olhar malicioso todo momento em que estava próxima a Matheus. O que, convenhamos, não me ajudava em nada, já que eu, sozinha, estava em pânico. Não sabia direito o que me passava, mas algo remexia dentro de meu estômago toda vez que ele sorria.

Sabe, péssimo.

Enfrentei a ardência posterior e coloquei-me sob o sol na piscina, sem protetor solar. Certa hora, Matheus granadou a piscina - atirou-se com tudo próximo ao meu colchão de ar, espirralando cloro por toda parte, e, logicamente, mergulhando-me água a baixo. Praguejei até não poder mais, mas não conseguia tirar o sorriso do rosto.

Não me pergunte!

Ele supria-se daquele seu sorriso nefasto de derreter geleiras e tentava conter minhas mãos agitadas para molhá-lo. E eu juro que não sei porquê mas eu não conseguia de forma alguma conter aquela droga de sorriso largo. Era péssimo. Nesta altura do campeonato, indignada (numa tentativa fracassada) saí nadando até a borda. Fui interrompida pelo tubarão Matheus, que apreendeu meus pés e logo envolveu-me num abraço.

Os abraços e contatos físicos pareciam regra agora.

O que não me incomodava, pra ser sincera.

Mas, sabe, né.

Ao sentir um certo arrepio na nuca soube que REALMENTE tinha algo de errado. Sim, com certeza. Algo muito errado.

Devia ter alguma correlação com meu sorriso frizado na face.

Porque nenhum dos dois paravam!

–É... vamos sair? - disse, sem graça, para ele. Ele que, relutante, seguiu-me até a borda.

Antes de sentar, Lauren me deteu, e pedi para Matheus pegar refrigerantes.

–Que foi? - perguntei, já sentindo a pele arder.

Lauren girou por mim, com aquela sua expressão que fazia sempre quando pousava os olhos sobre mim e Matheus.

–Sabe, eu tenho uma teoria.

Eu devia ter passado protetor. Está tudo ardendo.

–Você, Mariana - apontou para mim. - "heroína" da pátria, está apaixonada...

Será que já estava descascando?

–...pelo grandissímo filho do presidente, Matheus.

Frisei. E ardi mais que nunca.

–Quê? Não! - não conseguia olhar para a cara dela. - E-esqueceu que eu tenho namorado?

–E quem disse... - girou de novo. - ...que estar compromissada impede o coração?

Matheus apareceu no fundo, com duas latinhas de pepsi cola.

–Olha - olhei direto para a maquiagem preta. - você é doida. E eu tenho que me sentar. Tchau.

A música havia silenciado, dando espaço para XO do John Mayer. Após sentarmos, ele iniciou algum papo maluco sobre alguma coisa. E ficamos um bom tempo discutindo isso. Até eu decidir andar uma volta pela piscina.

Estávamos de braços dados, caminhando descompromissados.

Depois de duas voltas, de silêncio completo, meu coração voltou a bater forte. Porque eu finalmente ligara os pontos. Eu sabia que algo tinha mudado. Algo de errado.

Acho que eu realmente estava, sabe, gostando de ficar com Matheus. E isso era PÉSSIMO! PÉSSIMO, PÉSSIMO! Porque ao passo que eu pensava mais nele, esquecia outro, lá em Nova York. Thiago. Mas eu não podia me deter. Todas nossas noites, risadas e entrelinhas produziam esse efeito em mim, iguais aos dos filmes. Quando a mocinha descobre que... está apaixonada.

Comecei a tagarelar, de nervoso.

–Sabe, eu gosto de lavandas. Realmente, gosto muito. Não sei porquê, mais gosto.

–Vimos algumas dessas no jardim - apontou Matheus.

–É... - saí de seu braço e tomei a frente, com todos aqueles pensamentos passando no mesmo instante.

–Você pisou no meu pé umas muitas vezes. - zombou Matheus, logo atrás.

Eu andava olhando todos os lados, tentando assustar meus pensamentos para fora.

–É que eu não sou bailarina profissional, idiota. - um sorriso se abriu.

–Ahhh, cale a boca. - disse ele.

E eu fiz besteira. Porque disse:

–Vem calar.

Nesse átimo, ele apanhou meu braço direito, puxou-me e beijou.

Voltando para a realidade E-Loren e sua trupe chegaram. Parece estranho dizer- eu, a maior fã da galáxia - mas eu não dava a mínima mais. Estava exausta. Com mais uma situação. E só queria poder achar Matheus para resolver tudo aquilo.

Clarrie começou a falar algumas baboseiras, como todo mundo é um campeão e etc. Então avistei Matheus, lá de longe.

Abruptamente,saí da cadeira em direção a ele.

Clarrie disse:

–O senhor E-Loren ficou surpreso com tanto talento! Portanto, com a iniciativa dele, o desenho de todos estará exposto!- começaram a aplaudir. -Mas, agora, - depois dos aplausos cessarem. - a pessoa que ganhou o estágio...

Meu coração palpitava esbaforido.1; Por causa do trotezinho meu até Matheus. 2; Porque iriam anunciar o ganhador.

–...Todos, aplausos para George Stewart!

Parei. Ofegante, apoiei em uma cadeira qualquer e olhei diretamente indignada para Clarrie.

Por quê?!?!

Sabe o quanto suei e ralei para fazer aquele desenho?!?!

Subitamente e simplesmente sentei outra vez.Em meio aos aplausos. Um pouco abalada. Estava tão convicta de que dessa vez havia acertado!

Bom, agora não me resta muita coisa. Abocanhei as fritas da mesa onde estava. Olharam-me feio. Sorri.

Vou terminar de te contar, enfim, o que aconteceu na piscina.

"Ah, cale a boca.

–Vem calar.

Matheus apanhou meu braço, puxou-me e selou um beijo em mim. E, eu não sei, mas meus olhos arregalaram no tamanho da estrela Sol e o empurrei com tudo para a piscina.

Ai, que vergonha só de lembrar.

Todos olharam para mim, e emanei de terror por ter o machucado.

–MATHEUS! DESCULPA! MEU DEUS! MATHEUS! - agitei as mãos pela água a procura de ajudá-lo a levantar. Depois de ter saído da piscina olhou franzido para mim. -Desculpa, desculpa, desculpa! - falava sem parar, tentando o secar. - V-você me pegou de surpresa! E-eu não queria...

–Vamos conversar lá fora? - pediu, com seus olhinhos de cão.

Cabisbaixa, corri até fora, sob os olhos de todos.

–Matheuuuus... - clamava sem olhar direto. O que havia acabado de acontecer? Ai, Deus. E o Thiago? Nãnaninanão! E Jess?

Tantas coisas rondavam-me a cabeça. Não raciocinava mais.

–Quê?

–Quê?! - olhei. - Quê foi isso?! Sabe, quê?

Ele parecia mais confuso do que eu.

–E Jess? - gritei.

Ele tomou a frente e, no mesmo tom de voz, falou:

–Eu já te expliquei! Não se lembra?

–Lembrar? Eu não me lembro de nada!

Comecei a ficar exaltada.

–Naquela tal festa de Halloween que você me convidou!

–Ah, - disse raivosa. - aquela mesma em que você me xingou até as tripas?!

–Primeiro; - disse, ainda mais louco do que eu. - não seja tão dramática, porque eu não te xinguei. Só estava bravo, e acabei descontando em sua pessoa. Mas já te disse o porquê disso!

–ENTÃO VOCÊ VAI TER QUE REFRESCAR MINHA MEMÓRIA, MATHEUS. EU NÃO ME LEMBRO DE NADA!

–JESS. EXATAMENTE ISSO QUE ACONTECEU.- gritou. Respirou fundo, e continuou, mais calmo: -Naquela mesma noite em que você nos arranjou para nos conciliarmos,eu já não gostava mais dela. Eu gostava de você!

Meu estômago. Minha cabeça. Minha pele. Meus pelos do braço. Meu coração.

Todos aguçaram.

–Quê?

Matheus esfregou as mãos no rosto.

–É. Eu tinha fingido todo aquele papo de "me ajuda".pra ficar com você. Eu gostava de você. Desde quando fomos presos. Sei lá.

Prendi a respiração, tentando não perder uma palavra do que ele dizia.

–E-eu não sei a data exata! - direcionou. - Só sei que, sei lá, eu te achei, sei lá, diferente, e sei lá, eu te achei legal. - agora ele andava em círculos. - E perdi aquele encanto da Jess. Na verdade, fazia muito tempo que não sentia esse troço, sabe? De começo de namoro. A diferença era que... sei lá... você era minha amiga.

Eu já tinha batido as botas. Só observava, sem dizer nada.

–V-você tem esse seu negócio de falar demais quando não deve, por que não diz nada agora? - perguntou.

Eu ainda estava arregalada e de ombros arqueados.

–Hm... E-eu também. - tentei.

–Também o quê?

Abri a boca, mas nada saía.

–Quê? - saiu.

Matheus riu. Tornou a rodar círculos.

–Naquela festa, quando Jess me encontrou, disse pra ela que acho que deveríamos terminar. Ela ficou louca. O que não entendi, porque era ela que não queria mais falar comigo.

Ele olhou para mim.

–Ela disse também que, se fosse por causa de você, eu ia me dar mal.

Minhas unhas ficaram interessantes, de repente.

–Eu ignorei.

Tinha uma lasquinha no meu dedão.

–Ela disse também um monte de outras coisas também. Daí eu fiquei com raiva. E quando Johnny cruzou comigo, só despejei a raiva. Daí você me encontrou. Daí você surtou. Daí você desmaiou. Mas, daí, você acordou de novo, já no meu carro, e começou a tagarelar sobre meus olhos. Eu pedi um milhão de desculpas e disse que não queria que ficasse brava nem nada, porque eu ia te dizer o que aconteceu, mas daí você me beijou! Eu te interrompi, porque sou uma pessoa boa e sabia que você não estava batendo bem. Daí te falei tudo. Que eu gostava de você e tal.Mas, daí, você começou a me olhar de novo com essa sua cara e, sei lá, eu não pensei! E te beijei. E você continuou. Só que depois de um tempo parou, e vomitou. Daí eu escrevi umas coisas num guardanapo.

Eu olhava para ele, ainda, congelada.

Um turbilhão de coisas jorravam-me a cabeça, mas não saía nada.

Nada.

Depois de tanto silêncio, ele finalizou:

–No final das contas, acho que ela tava certa. - olhou para meus olhos. - Eu me dei mal.

E saiu. Simples assim.

Depois, atônita, corri para meu quarto e liguei para Thiago.

E foi isso o que aconteceu na piscina. E é por isso que tenho que me desculpar.

Voltando para a realidade, pela segunda vez.

Tinha perdido Matheus de vista. Corri mais um pouco para saber onde estava, mas nada. Acho que fiquei por lá por bastante tempo. O restaurantes comecou a ficar vazio. Só sobrara eu, no final das contas. Desolada. Péssima.

E-Loren, do nada, apareceu. Foi pegar sua carteira, acho. E quando levantou, vi a oportunidade perfeita para abordá-lo.

–E-Loren! - apareci. - Prazer, - estendi minhas mãos para ele. -meu nome é Mariana Sward.

–Prazer - disse, remexendo minha mão.

Depois de muito siilêncio desconfortável, disse:

–Bom, eu só vim aqui pra te dizer que, cara, eu sou uma grandississíma fã de seu trabalho e, nossa, você é tipo, meu ídolo. Quer dizer, você é meu ídolo!

Ouvindo-me, pareço até maníaca.

–E também porque eu gostaria que você vesse meu trabalho. - comecei a tagarelar de vez. - Sabe, eu tenho muitos bons desenhos que valem a pena de serem vistos e se você pudesse dar uma olhadinha, sabe, e dar conselhos, eu seria eternamente grata!

–Hmmm, - disse. - Vou ver o que posso fazer. Qual seu nome?

–M-Mariana Sward. - puxei da bolsa alguns dos desenhos que tinha. - E-Esses são alguns que tenho pra te dar agora. Não são os melhores, mas valem a pena.

Eu tremia.

Ele deu uma boa averiguada.

–Foi você que desenhou a lavanda? - perguntou.

–Sim! - disse empolgada. - Eu mesma!

–Ah... eu, particularmente, tinha adorado seu desenho. Meus parabéns.

UAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAU.

WOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOW.

MEU DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUS.

–SÉRIO?????? - tentei manter a pose. Uau! Caramba, meu Deus! - abracei-o, ofegante, - BRIGADA!!!!!!

Sem graça, ele me empurrou de leve para trás e disse:

–Bom, amanhã, na exposição, conversamos, ok?

–SIIIIIIIIIIIIIIIIM!!!

E-Loren piscou para mim e saiu.

Uoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooou.

Uoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooou.

Como na primeira vez, fiquei lá, parada, anos e anos, até despertar para a realidade, e me mover.


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