A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 25
Violando paradigmas da amizade


Notas iniciais do capítulo

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Eu havia simplesmente perdido a habilidade de controlar o corpo humano.

Eu não conseguia fechar a boca.

Era inacreditável.

Sempre ao imaginar nosso encontro eu usava um vestido de gala e estava prestes a ganhar algum tipo de prêmio Nobel da arte. Ele seria meu convidado de honra, já que há algum tempo estaríamos trocando cartas – que são mais formais – que inclusive foram de iniciativa dele. Daí, finalmente, depois de humilde e glamourosamente eu aceitar o prêmio, ele viria me cumprimentar com um generoso abraço apertado. Depois de tudo isso, tomaríamos um café filosófico e profundo.

Mas ali estava.

Ao vivo e a cores.

Na minha frente.

E eu não conseguia mexer meu maxilar, língua, ou nada.

Ele passou por mim e raspou sua jaqueta verde em meu ombro. Foi como se meu coração houvesse se transportado do meu peito esquerdo até a parte sagrada tocada pelo E-Loren.

O E-Loren.

Meu ombro estava queimando.

Fiquei paralisada.

Olhando pro meu ombro.

Um bom tempo.

E fiquei.

Lá.

Repassando o momento nos olhos.

E fiquei.

Com o ombro flamejando.

E fiquei.

E meu coração fazendo malabares enquanto o resto de meus órgãos se derretia.

E fiquei.

Até que meu celular apitou.

E saí da transe.

Rapidamente, subi para o quarto dos meninos, na esperança de que Matheus estivesse acordado. Eu não podia entrar lá, pra falar a verdade. Mas, sei lá, eu não estava pensando direito.

EU ACABEI DE VER O E-LOREN.

É IMPOSSÍVEL PENSAR AGORA.

Mandei uma mensagem para Matheus:

Acordado???????????

Praticamente no mesmo segundo, a resposta:

Você tá me espionando?

To aqui na sua porta. Preciso te contar uma coisa!!!!

Então, você está me espionando ;)

Vem logo!

Uns dois minutos depois, Matheus aparece na porta, encapotado numa jaqueta de aviador verde-musgo, que o fez incorporar, no mínimo, três quilos de músculo.

–Hey. – expôs seus dentes brancos enormes num sorriso. – Está frio. Não trouxe casaco?

–Ahn, não. – logo se adentrou no quarto e fechou a porta. - ÊI! Mas isso é de menos! Tenho que te contar uma coisa! VOLTA AQUI.– exclamei ansiosa, batendo na porta rápida e várias vezes.

–Hey. – voltou com o mesmo sorriso bobo na cara e um casaco na mão. – Voltei. Agora podemos ir.

~*~*~*~

Estávamos dando voltas pelo quarteirão do hotel, nessa manhã gelada de sol acanhado. Paramos numa cafeteria que, por sorte, possuía Donuts. Eu, fiel as minhas origens, pedi uma rosquinha de chocolate com doce de leite e granulados coloridos e um café sem cafeína. Matheus pediu apenas um café. E riu ao relembrar de como eu o “apresentara” o café. Ao passo que ele ria, eu corava. Aquela nossa primeira tarde juntos foi uma catástofre.

É melhor eu nem lembrar direito, senão tenho vontade de sacar o primeiro objeto pontiagudo que vejo para calar a pessoa na minha frente.

Ele apresentou para mim o pouco que conhecia do bairro, durante conversas aleatórias sobre a vida. O primeiro tópico foi, logicamente, ELoren. Falei como aprendi a me identificar com seu ponto de vista sobre o mundo, sobre como ainda sonho que um dia eu possa ser tão criativa quanto ele e como eu desejo tremendamente ser amiga pessoal e de confiança dele. Matheus escutava atento cada palavra pronunciada por mim. Fazia até com que eu me sentisse importante ou algo do tipo.

Quando Matheus começou a falar foi sobre sua experiência daqui de Miami. Disse que de volta aos seus 9 anos de idade sua família ainda era unida, e viajavam toda semana de primavera e feriados para cá. Entretanto, subsequente às eleições do pai, o ritmo diminuiu, e a relação entre eles tornou-se distante.

–Tanto que eu fui morar em outro estado, bem longe de Washington.

–Não sente saudade de seus pais?

–Lógico. Tipo, muito mais da minha mãe, porque ela sempre me apoiou em ser artista e acreditou em mim... Ela vive me pedindo para que volte para Washington e faça a faculdade de Artes lá.

Silêncio.

–E?

–E que não parece uma oferta tão ruim às vezes.

Resolvemos descansar em um banco fronte a praia. Mesmo estando frio, resolvi tirar meu sapato para sentir a areia.

Sabe, para dar uma de amiga da natureza.

E estava tão bom. Congelante, totalmente, mas bom. Aquele friozinho úmido envolta de meus dedinhos traziam de forma misteriosa um calor pro meu coração. Era um momento infinito. Eu, amigo Matheus, praia, vento gelado, café e sol fraco.

–Gostaria de poder frisar isso daqui pra sempre... –Matheus me olhou sorrindo. – Eu disse isso em voz alta?

–Sim. – riu, se aproximando e posicionando seu braço ao redor de meus ombros. Abracei-o e deitei minha cabeça em seu peito.

Meus dedos do pé remexendo por calor.

Meus braços já quentinhos.

Voltei a lembrar da catastofre do café.

Bom, talvez, se aquele episódio não houvesse ocorrido, nós não estivéssemos aqui hoje. Talvez eu não houvesse criado essa amizade com ele. Talvez eu continuasse naquela depressão de antes. Talvez eu não fosse eu. Talvez, talvez, talvez.

Quer saber, fico feliz que aconteceu.

Porque hoje sou o que sou, e meio que gosto muito disso.

Eu não havia percebido, mas nenhum piu era dito. Na felicidade do momento, abracei-o um pouco mais.

Não-sei-porque-raios.

–Mari... acho que temos que voltar. Meio dia.

–Ah, sim. – me desvinculei, embaraçada. – É melhor irmos.

Ao levantar derrubei sem querer o lixo de reciclagens, espalhando por toda a areia branca e bonita fedor e sujeira.

Olhei arregalada para Matheus:

–Corre. Só corre.

~*~*~*~*~

Voltamos para o hotel em menos de cinco minutos. Ao chegar, topamos com uma Carrie furiosa.

–Eu não havia dito meio dia?

Afirmamos com a cabeça.

–E que horas é que vocês me aparecem?

–Meio dia e quinze. – murmurou Matheus.

Por um lapso de tempo, Carrie rugiu, sua coloração ficara esverdeada, aumentou três vezes de tamanho, suas roupas rasgaram e ela entrelaçou Matheus e eu em sua palma verde gigantesca da mão e nos quebrou ao meio.

Daí eu pisquei.

E Carrie continuava vermelha como um pimentão.

–Sorte de vocês que têm seguranças por toda a parte. Agora que todos estão aqui, vamos logo pro Estúdio!

~*~*~*~

Carrie levou-nos até o Estúdio onde a exposição seria realizada depois de amanhã à noite. Um largo balcão branco vazio, com algumas pilastras grossas que atrapalhavam o caminho e murais coloridos sendo posicionados. Carrie agia como maluca. Quero dizer, maluca considerando sua original natureza. Ela se portava de um jeito sério, tanto formal e totalmente não-Carrie.

–Haverá críticos, artistas, gente importante! Vocês terão de se comportar como adultos, sabe? Isso quer dizer; roupas bonitas, atitude gentil e sem barracos.

–Por que ela está olhando pra gente? -direcionei à Matheus.

–Então, - Carrie parou de andar, guiando o resto do grupinho de adolescentes a fazerem o mesmo. Inflou o peito com um sorriso no rosto e disse: - deêm uma bela olhada no espaço desabitado, porque daqui à dois dias aqui estará lotado. Eu irei pegar um café, já volto - saiu aos tropeços em sua longa saia estampada.

Matheus assoviou no meu lado. Coo-coo.

–Coitada. Deve estar muito exausta. – comentei.

–Por quê? Somos uns anjinhos – murmurou Matheus, com um sorriso malicioso.

–Você – vir-me-ei a fim de que ficasse frente a frente dele, apontando para seu peito. – é o motivo dos cabelos brancos da dona McDemais.

Ele soltou uma gargalhada.

–Você que levou um tiro. – respondeu.

–Você – tomei passo à frente. - que é naturalmente polêmico, Matheus.

Ao redor de nós, os outros conversavam paralelamente aleatoriedades enquanto rondavam o lugar vazio. Eu percebia o olhar de Lauren em nós. Andei pouco mais á frente, na tentativa de me afastar de Matheus e esconder meu sorriso teimoso da boca.

Porém, detrás mim, ainda gargalhando, Matheus me abraçou e, de inopino, tascou um beijo na minha bochecha.

Aí ferrou-se tudo.

Prendi a respiração e abruptamente girei minha cabeça, com os olhos esbugalhados.

Escutei minha voz, esganiçada naquele ponto, dizer “Ahn?”.

Matheus aparentava completamente confortável e desencanado com a situação importuna que ele acabara de criar.

Encarar Matheus, agora, me faz experimentar a mesma sensação de hoje cedo.

Eu não me movia. Eu não pensava. Eu não falava.

Só que, adverso à E-Loren, eu não sentia.

Porque não sabia o que sentir.

Matheus não notava minha transparência – acho eu – tanto que lançou seu braço em meus ombros, novamente, e me conduziu pela sala.

Eu não prestei atenção em mais nada depois, exceto a risada estridente de Lauren.

Pedi licença para Matheus e fui ao banheiro.

O sentimento de culpa atravessou a estratosfera do planeta Terra e me acertou em cheio. Lá, na privada, amassando papel higiênico para aquietar minhas mãos, permanecia com os olhos bem abertos e pulsação acima do padrão normal.

Eu estou namorando. E sabe o que namoro significa, indiretamente? Um voto de castidade para com o resto da população. E o por que isso acontece bem quando ele não está por perto? Isso faz com que eu seja, além de infiel, SUJA e INSENSÍVEL!

Mas, calma, Mariana. Talvez eu tenha exagerado. Talvez fosse apenas um gesto carinhoso e amigável. Sabe, acontece toda hora. Minha mãe faz isso direto! É, é. Eu que sou assustada. Nada de mais aconteceu. Só um beijinho na bochecha. Não é como se houvéssemos trocado alianças e assinado votos.

É, é.

Apenas dois amigos. Gargalhando. E depois um beijo.

Na bochecha.

Que, por instancia, está flamejando.

E, por Deus, meu coração.

Qual meu problema?

Quer dizer, o problema não é meu. Matheus que ultrapassou a linha limite da privacidade e respeito ao namoro do outro.

Mas, tudo bem. Foi amigável.

Nós apenas rimos. E ele me beijou. Firme e forte. Enquanto abraçava minha cintura. E, pelo o que pude perceber, acariciava meu umbigo com o polegar.

Parei de amassar papel com os dedos.

Havia algo de suspeito nisso.

Ao retornar a sala onde todos estavam, deparei com Lauren.

–Diga – mandei, com o pouco de voz que me restava.

–Pode desarragalar-se já – sorriu marota.

Ignorei. Afinal, essa era a coisa mais sábia do momento a se fazer.

Fui de encontro a Carrie e indaguei, suplicando, se era necessário ficar aqui até tarde. Em resposta, disse:

–Não. Mas se sair para levar outro tiro, aconselho que fique conosco.

Há-há.

Engraçadasso.

Avisei, sem fazer contato visual, para Matheus, que iria tomar ar fresco.

Sem dar tempo para ele responder, corri para fora.


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Notas finais do capítulo

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