A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 2
Palavras São Como Facas


Notas iniciais do capítulo

Aqui estoy eu repostando... espero que gostem! Bjs Lu =**



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–Nojenta... - murmurei para mim mesma. A ponto de, óbvio, as "mortas vivas"ouvirem.

–Quem está aí? - perguntou Danielle.

–Ah... Oh-oh. -disse.

–Não pergunte, idiota! Bata na porta! - mandou Anne.

Danielle, como uma serva, fez o que a chefe mandou. Deu dois socos de leve na porta e disse:

–Toc Toc...

–Ah! - rugiu Anne. - Aqui sou tudoeu?

–D-desculpa...

Anne, resmungando algo sobre "Garota idiota que não sabe fazer nada na vida" chutou a porta.

Muito forte.

Não sei como era possível ela fazer isso, já que estava de salto, mas conseguiu. Ela abriu a porta.

–Ahn... - disse constrangida. - Oi?

–O que faz aqui, Sward?

Meu sobrenome... Ela ousou dizê-lo...

–Quer mesmosaber o que eu estava fazendo? - perguntei com cara maliciosa.

–Número 2? - perguntou Danielle.

–Agh! - resmungou Anne. - Danielle!

–Que foi?

–Calada!

Não sabia se dava uma de Jackie Chan, dando uma mortal nelas e saia do banheiro, ou se eu ficava lá parada. Feito uma... eu.

–Que essa seja a última vez, Sward. - disse Anne, se dando como vencedora, andando até a porta.

Devia ter deixado rolar, porque, sabe, não faria muita diferença, mas decidi responder no ultimo segundo:

–Não te obedeço, Whatson.

Isso meio que paralisou as duas. Pareceu que estávamos brincando de estátua, e na hora em que a Mari respondesse a Anne, as “mortas vivas” tinham de congelar.

Danielle se virou a mim, e me olhou como se eu fosse louca, enquanto Anne me olhava com cara de "Vou te matar".

–Isso mesmo – desafiei. – Não te obedeço, Whatson.

Danielle fez um sinal de “Para, garota louca!” com as mãos, mas ignorei.

Sério, já havia arrumado briga, o que eu tinha a perder?

Quem você acha que é, Marina?

–Em primeiro lugar; é Mariana, com ana no final. E em segundo; acho que sou um ser americano, que tem direitos e merece respei...

–Se você tivesse alguma moral, poderia falar comigo. – cortou-me Anne.

Ui. Essa doeu.

Anne fez cara de desdém, então caminhou até a porta. Danielle ficou ali parada, olhando para mim com... não sei, seria dó? Anne estalou os dedos com força, tirando Danielle da transe. Aí as duas saíram do banheiro, me deixando com cara de vencida.

É... Essa foi ruim. Bem ruim.

Com a voz embargada, voltei à sala de aula, na esperança de encontrar Thiago.

Acontece que ele não estava lá.

Sinceramente, ser nada popular nunca fora tão difícil.

–Thiago! – chamei, esperando que ele me ouvisse. Mas... nada.

Umas duas “mortas vivas” passaram pela classe, e me pareceu que quando me viram pararam seu curso e voltaram apenas para rir de mim.

Respirei fundo, e contei até 10...

Minha garganta estava com um nó gigantesco, que parecia não ser capaz de ser desfeito por ninguém. Apertei bem os olhos, para impedir que as lágrimas caíssem. Porém, umas duas escorreram. Fechei a mão com força, para amenizar a raiva e a tristeza. Isso pareceu melhorar.

Quando pensei que tinha melhorado (o que foi meio difícil na minha situação) vem uma voz e estraga tudo, dizendo apenas sete palavras.

“Saiba que ninguém se importa com você.”

“Por que não muda de galáxia?”

“O que ainda faz nessa sala?”

Apenas algumas frases para destruir todo meu ser.

Deprimente.

Bufei. Catei meu casaco e a mochila, com folhas de caderno transbordando, e saí da sala de aula.

Mais risadas se seguiram.

Comecei a correr para que ninguém visse minhas lágrimas escorrendo, o que era meio impossível, já que por todo mundo que eu passava olhava para mim.

Querendo fugir dos olhares, tentei correr mais. Até que esbarrei com um cara com quem todas as garotas gostariam de esbarrar e... Ah! Você já sabe quem é. Liam Pettyfer.

–Meu Deus, é a segunda vez hoje! – brincou Liam. – Ando meio desastr... - riu um pouco, aí analisou meu rosto, e o rímel provavelmente borrado. - Ei! O que são isso?

–Acho que lágrimas. – respondi.

Sei. Acabei de cortar minha alma gêmea, mas acontece que minha sintonia estava meio ruim.

–Mas por que uma garota tão linda está chorando?

Isso deveria ter me animado, porque agora, além de ele saber que estou na mesma escola que ele, eu sou linda. Mas nem isso me animou tanto.

–É-é que... que... eu quebrei meu IPod. – improvisei.

Ele fez cara de culpado.

–Desculpe...

–N-não! Não foi você, hoje de manhã. Não. Foi... foi... Thiago. Sim. Certo. Thiago.

–Ah... E quem seria?

–Não tem importância.

–Você mente mal. – olhei para ele com cara surpresa, então ele riu. - Acho que ninguém chora assim por causa de um produto da Apple.

Viu?! Nasceu para mim!

–Eu... tenho que ir.

O sinal tocou, e o sorriso de Liam desapareceu.

–Tudo bem... mas só porque agora é química. Do contrário, não fugiria tão fácil. – ele fez um momento de silêncio, e eu fiquei quieta também, então ele riu, e eu ri forçadamente. – Até a próxima esbarrada. – brincou.

Sorri.

Ele virou de costas, e eu fiquei olhando seus lindos ombros... quase babando... quando de repente ele virou outra vez, me pegando surpresa.

–Ah, a propósito, qual seu nome?

–Mariana. Mas pode me chamar de Mari.

–Legal. – sorriu, e definitivamente, voltou para a classe.

Mas eu não era tão certinha igual a ele. Eu iria é embora dessa espelunca.

Respirei fundo (outra vez) e segui meu curso.

***

No meio do caminho para casa, parei para pensar no que tinha acabado de acontecer.

Ei. Espera um pouquinho... Você viuo que acabou de acontecer? Liam Pettyfer, simplesmente Liam Pettyfer, acabou de esbarrar em mim. Encostou seu ombro largo e bonito no meu. No meu! E, além disso, ele sabe meu nome! E me chamou de linda!

Essa ocasião merecia uma música especial. Vamos ver... 7 Things? Nãããão. Someone Like You? Não é momento para chorar. Catch Me, Demi Lovato? Parece perfeita.

Já no começo da música, um largo sorriso apareceu em meu rosto. Isso era inacreditável! Assim, claro que hoje foi só mais um dia de bullying na escola, mas... Ahn... Liam sabe meu nome! É isso o que realmente importa.

As luzes da Times Square pareceram ficar vermelhas e rosas, com imagens de coração e ursinhos de “I Love You”. Acho que finalmente a sociedade estava do meu lado.

Ou quase isso.

No refrão, já que eu estava tão alegre, comecei a dançar. Sério. Estava muito feliz. Minha alma gêmea finalmente sabe que eu existo! Meu Deus. É essa a vida real?

Sem perceber, gritei um “Uhul!” tão alto que poderia ter calado todas as buzinas de Nova York. Mas, ninguém supera o som ensurdecedor das buzinas.

Constrangida, ri um pouquinho, para as pessoas que me olhavam assustadas pensarem que eu estava apenas brincando. He-he.

Voltei a me concentrar em ir para minha casa, objetivo principal. Tudo corria bem; apenas eu e Catch Me rolando. Porém... quando se é eu nunca fica por muito tempo bem.

Acabei tropeçando no... nada.

–Ai... – gemi. – Meu joelho...

–Vem cá, deixa eu te ajudar. – ofereceu uma voz masculina, que parecia preocupada.

O que é meio estranho em Nova York.

Normalmente chamamos isso de pedofilia.

Se meu joelho não estivesse todo ralado, e minhas emoções não estivessem tão misturadas, eu me levantaria sozinha. Acontece que minha situação era totalmente o contrário.

–Obrigado... – disse. E foi nesse momento quando Demi Lovato começou o último refrão, me deparei com um dos olhos mais hipnotizantemente verdes.

Ele sorriu. Eu fiquei parada.

–Ahn... O-obrigado. – repeti.

–Não foi nada. – disse abrindo um grande sorriso branco.

Será que Colgate faz mesmo esse milagre por nós?

Ele vestia um casacão cinza e cachecol. Provavelmente, ele estava com frio. Mas o fato dele parecer um astronauta não alterava um outro fato; seu rosto, que era, realmente, muito lindo. Seus cabelos eram cacheados e castanhos, seus olhos de um verde choque, e seus dentes incrivelmente brancos.

Enquanto eu observava ele, parecia que ele também me observava. Então, ficamos em um tipo de silêncio observador, que depois de um tempo ficou um tanto desconfortável.

–Ahn... Então... Obrigado! – me apressei. Quase saio andando, se não fosse o de cachinhos colocando a mão em meu ombro.

–É... Sim? – perguntei.

–Ah... nada! É... nada.

–Então... tuuuuudo bem. Tchau!

–Tchau... – disse ele.

Então, saí andando.

Cara... que estranho.

Pareceu aqueles filmes de romance no qual o mocinho e a mocinha se encontram mais ou menos assim. Vish...



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