A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 15
Percebendo...


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!!! PS: Desculpa por desaparecer, foi a preguiça que tomou conta de mim!!!1



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Fazer decisões que podem acabar com minha vida sempre foi meu forte, você sabe disso. Escolher me apaixonar por Liam, mesmo sabendo que nunca daria certo. Escolher ir contra os princípios idiotas de Anne, acabando assim sendo excluída por todos. Escolher a resposta errada na prova, e bombar. Escolher exatamente o pior momento para aparecer na frente de todos. Escolher pegar a blusa de Bruna sem sua permissão. E etc, etc. Já decidi um montão de coisas que de pouquinho em pouquinho declinavam a minha imagem social, porém a escolha mais importante que fiz foi não importar-me com o que falam. Mas depois dele… bem, como posso dizer? As coisas ficaram mais fáceis. É tão engraçado como em tão pouco tempo pude conhecer alguém novo e no mesmo instante me apaixonar. Eu parecia enxergar apenas um lado dele, que era o lado certinho e amigo, enquanto depois de poucas horas consegui avistar o outro lado: bonito, engraçado, fofo… enfim, ele. Acho que aqueles olhos hipnotizantes me fizeram acordar, sabe? Tipo, mesmo que eu (hipoteticamente) não aceite “opiniões de fora”, consegui finalmente perceber o que me faltava. E isso foi ideia dele. Perceber. Depois de muita, mas muuuita reflexão eu percebi o que me faltava; Ele. Nada mais, nada menos. O que me faltava era seu lindo sorriso comigo, sua fofura comigo, seus olhos doces, os ombros largos e as mãos grandes me abraçando. E era por isso que eu estava ali às 2:30 da tarde, suando frio, esperando-o na mesa de numero 17 (para dar sorte) da Bill Rocks.

Escolhi a Bill Rocks porque achei que fosse um lugar ótimo para fazer declarações, (e porque eu estava com uma super vontade de experimentar o Donuts de sabor Pimenta). E também porque hoje seria o dia em que a lanchonete teria o numero 1.000 de clientes no mês! O ganhador receberia um mês grátis de Taco sabor Donuts, a especialidade da casa, e teria de apresentar alguma coisa na frente de todos os clientes. O Bill (dono da Bill Rocks, dãh), encheu a Times Square de cartazes com isso, então a casa estava cheia. Isso era outro ponto que me favorecia, pois quando eu começasse a falar não seria apenas a minha voz tagarelando sem parar.

Eu havia planejado tudo. Tipo, tudo. Mas ele estava demorando demais! E juro que se ele me fizesse esperar mais dois minutos eu o esganaria, esquartejava, enterrava-o em um deserto quente como o Saara e depois voltava pra casa. Eu não aguentava mais tanto esperar aquele cara! O que ele estava fazendo de tão importante as 2:29 de um sábado para demorar tanto assi…?

O sininho da Bill Rocks ecoou e automaticamente nossos olhos se encontraram. Vishhh… Agora não dava pra recuar. Droga. Eu devia ter pensado direito. E se ele não sentisse o mesmo por mim? E se na verdade tivesse vindo pra cá só para brincar comigo? E se, e se, e se! Eu devia ter pensado nas consequências antes, eu sou uma burra!

Ele sorriu. O que eu faço agora? Sorrio também? Dou uma difícil e desvio o olhar? Levanto até ele e, sei lá, dou um super mega abraço?! Pronto, sorri. To sorrindo. Ele está vindo até mim. E ele continua sorrindo. Beleza, agora eu vou levantar. Não! Se eu levantar vai ficar óbvio que estou desesperada! Continuo mantendo o sorriso. Cocei a nuca descontraidamente para parecer, você sabe, descontraída. E minha mão estava suada. Muito suada. Deus, isso não pode estar acontecendo! Não podia mesmo! Sabe o que garotos pensam de garotas de mão suada? Não? Nem eu. Mas duvido que seja coisa boa!

Ele está mais perto de mim agora. Acho que já posso sair correndo. Não, Mariana! Nessa altura do campeonato você precisa continuar aqui! Continue sorrindo, Mariana! Isso, isso. Agora ele já está aqui na minha frente. Como tudo passa tão rápido!

-Oi - disse sentando-se na minha frente.

-Oi - Sorria! - Então… recebeu meu SMS ontem? - Sorria de novo!

-Sim. O que tem de tão importante que decide sua fase de menina para adulta e provavelmente o resto da sua vida? - perguntou.

Eu não sabia responder essa pergunta. Era muito complicada. O que tinha de tão urgente? Oras, minha solidão! Mas eu não podia responder assim. Eu precisava ir devagar até chegar ao ponto, afinal, temos um detalhe entre nós.

Continuei sorrindo.

-Ahn… você parece meio sorridente hoje. - observou, cauteloso. - O que aconteceu?

-Eu percebi.

Sorriso!

-Ah… lógico. - disse confuso. - E aí?

-Já sei do que preciso.

Dentes amostra!

-Ah… E, o que você precisa? - indagou, agora com um sorriso divertido no rosto. Acho que estava achando engraçado meu sorriso excessivo.

Frisei.

O que eu respondia agora?!

Longos três segundos se passaram, até:

-Senhorita Sward – chamou uma garçonete ao meu lado. – Fico feliz de anunciar que seu Taco sabor Waffle chegou…!

-Mas eu não pedi nenh…

- E QUE VOCÊ É A CLIENTE DE NUMERO MIL DO MÊS DE OUTUBRO! PARABÉÉÉNS!

O quê?!

Balões coloridos do além começaram a invadir o espaço que tinha para o oxigênio da Bill Rocks, e todos ali presentes batiam palma alegremente. ISSO NÃO ERA MOTIVO PARA FELICIDADE! EU NEM PEDI TACO!

- PARABÉNS SENHORITA SWARD!

-Não, não, não! Houve um engano! Eu não pedi na…!

- AGORA VOCÊ TERÁ UM MÊS GRATIS DE TACOS SABOR DONUTS! E TERÁ DE APRESENTAR…

-EI! PARO DE PALHAÇADA! EU NEM GOSTO DE TACO SABOR WAFFLE! – tentei interromper.

-…UMA DANÇA COM ROUPAS DA RENASCENÇA! – continuou.

-O QUÊ?! NEM MORTA!

As pessoas continuavam aplaudindo feito criancinhas quando veem o caminhão de sorvete passando. E até que estava bem melhor assim, até uma voz feminina se sobressair entre todos na frase:

-Vai, Mariana! –Euconhecia aquela voz… -Queremos ver a dança! Vai, vai, vai, vai! – Todos se aderiram à garota, e começaram a cantar em uníssono “Vai, vai, vai, vai”.

A loira mais malvada de todo o mundo havia levantado, e estava me encarando com os braços cruzados e uma expressão de desdém na face.

Cara, que RAIVA DE ANNE!

O que ela fazia aqui?! Tipo, é lógico que quase toda a Nova York estava aqui, mas… ARRRGHHH!

-Vai, vai, vai! – gritavam.

DEUS, como as pessoas conseguem ser irritantes!

-BELEZA! – berrei. – EU VOU! Mas, com uma condição! Meu amigo pode vir comigo? – perguntei, com cara de pidão.

-O quê? Eu?! – indagou Thiago ao meu lado.

Virei o rosto para o meu melhor amigo e lancei um sorrisinho sem graça. Se fosse para pagar mico, que fosse com ele.

-Tá, eu vou!

-Êêê! – comemorou a garçonete. – Agora vistam as roupas!

A garçonete fez aparecer duas fantasias gigantes do nada, e então tentou colocar o vestido a lá Rapunzel em mim. A força. Thiago já estava vestido (e sim, colocamos aquelas roupas gigantes por cima de nossas roupas) e eu também. Olhei uma ultima vez para Anne e joguei todas as piores pragas possíveis que conhecia nela. Em resposta, ela jogou o cabelo e sentou-se.

Magicamente, a garçonete fez aparecer um IPod e um alto falante, anunciando a música que teríamos de dançar:

-A música de vocês será, tã tã tã tããã!, PUMP IT! DOS BLACK EYED PEAS!

Eles só podiam estar de brincadeira! Se bem que o Bill foi sempre meio louco. Afinal, quem serve no mesmo lugar tacos e donuts?

A garçonete deu o play na música. O pesadelo tinha começado.

-O que a gente faz?! – sussurrei para Thiago.

-Sei lá! Apenas, dance! – respondeu.

-Mas eu não sei dançar!

-Nem eu, - ele pegou minha mão, e então olhou para as minhas íris castanhas esverdeadas. – mas vamos fazer isso juntos.

Foi quando eu coloquei todo meu corpo, coração, alma, prática escassa e horas assistindo à The Dancers em quatro passos; o moonwalk, o braço robótico, as pernas de macaco e braços de borboleta.

Não era a toa que todos estavam rindo.

Pelo menos não estava sozinha.

Dançávamos feito condenados. Se eu fosse um dos espectadores acho que choraria de tanta falta de talento. Éramos um desastre. Mas estávamos nos divertindo, e era isso que no fundo realmente importava. Ahn… não é?

No segundo refrão da música Thiago me girou e depois me trouxe consigo, do tipo das danças de filme, sabe? Nessa parte todos cantaram um “Awwwwwwwwwn”. Eu fiquei muito vermelha. Principalmente quando começaram com o “Beija! Beija! Beija! Beija!”.

Nessa parte eu estava pior do que Bruna em Miami, quando se esqueceu de colocar o protetor solar.

Eram todos berrando como se Thiago fosse um jogador de futebol com a bola, e eu fosse o gol. Então era como se fosse “Vai, vai! Pra esquerda! Agora direita! E, GOOOOOOOOOOL!”.

Antes que pudéssemos movimentar qualquer músculo, senti uma presença humana atrás de mim. Depois, um líquido gelado percorrendo minhas costas. Com cheiro de Coca-Cola. E perfume forte.

Perfume de loira.

Virei lenta e indignadamente para Anne.

-Qual é o seu problema?!

A música foi parada. Todos estavam olhando diretamente para nós. E nem um ruído se ouvia.

-Ops – disse com um sorrisinho falso. – Que descuido o meu, não é?

Thiago teve de me segurar para eu não esbofetear aquela cara de pura maquiagem.

-Que deselegante! – riu Anne. – Isso não é atitude de damas.

-AH, É? ACHA ISSO INADEQUADO? ENTÃO DEIXA EU TE MOSTRAR O QUE VOU FAZER COM A SUA CARA!

-Mari, se acalma!

-Depois que eu tirar o rímel dos cílios dela!

Thiago pendurou-me em seu ombro e foi caminhando para a saída.

-Ei! Isso não termina aqui, Anne! Você não vai se dar bem dessa vez! Eu volto!

-Há, há, há. Queridinha, nos vemos depois.

-Senhorita Sward! – gritou a garçonete.- O seu cupom de um mês gratí…

-EU NÃO PEDI TACO NENHUM!

-Ah, é – interferiu Anne. – O cupom é meu. Muito obrigada.

Lançou seu sorriso de desdém, e finalmente Thiago e eu saímos da Bill Rocks.

Ainda com aquelas fantasias gigantescas.

Mas isso pouco me importava! Anne havia armado para cima de mim! Ela deve ter pedido o taco, e no fim mandar entregar na minha mesa! Apenas para eu ser a numero mil! ARRRGHHH!

-BELEZA, THIAGO! AGORA JÁ PODE ME BOTAR NO CHÃO.

Desci de seu ombro direito e dei um soco nele.

-Qual é?! Eu poderia ter esmurrado ela!

Arranquei o vestido rosa cheio de babados e o joguei no chão. Ele fez o mesmo. Só que ele não estava de vestido!

-Eu sei, eu sei. Por isso mesmo te trouxe para fora de lá!

Olhei para a esquerda, olhei para a direita. Depois atravessamos a rua.

-Thiago, ela merece algum olho roxo – disse enquanto caminhava pesado. – E eu vou dar as honras!

-Mari – ele me parou no meio do caminho, apoiando sua mão em meu ombro esquerdo. – Esquece ela. Afinal, estávamos na Bill Rocks para curtir a festa, não esmurrar loiras.

No fundo, no fundo, aquilo era verdade. Eu não estava com o propósito de ir na festa do cliente número mil para brigar com Anne.

Foi para me declarar. Porque eu percebi.

Um flashback de terça à noite veio à me calhar: “-Não acha que, se Liam não te percebeu agora você não deve abrir os olhos e perceber… o que te percebeu?”.

-T-thiago… falando nisso…

Nossos olhares se cruzaram, e o tipo de uma faísca caminhou todo meu círculo sanguíneo. Eu entrara num frisson completo.

-… eu queria te falar algo faz um tempinho…

Um palmo de distancia. Estávamos a um palmo de distancia!

Faltava isso aqui  para a “magia” acontecer quando:

-BÉÉÉÉÉ! – uma buzina tocou furiosa. – EI, Ô POMBINHOS! – gritou uma voz masculina. – SERÁ QUE DÁ PARA SAIREM DO CAMINHO?! O SINAL TA VERDE!

-Desculpa, moço! Desculpa, desculpa! Foi sem querer! Estamos saindo!

Agarrei o pulso de Thiago e saímos correndo.

Esses motoristas de Nova York são muito estressados, hein! Vishe!

Faltava só mais uma rua para chegar em casa. Era agora ou nunca.

-E-então, como eu ia dizendo…

-Um dólar e novanta e nova, senhorra! – penetrou um indiano à minha frente, estendendo um tipo de um turbante azul para mim.

-No, no. Brrigada.

Voltei-me outra vez para Thiago:

-Continuando de onde parei…

-Apenas um dólarr e novanta e nova, senhorrita! – insistiu o indiano.

-Não precisa, é sério.

-Eu fazer um dessconto!

-Não, obrigada.

-Um dólar e oitanta para a senhorrita!

-Não, é sério. Valeu.

-Um dólar e qualenta?

-Não.

-Um e vinta?

-Nem pensar!

-Um dólarr é minha oferrta final!

-Tudo bem! Eu não queria mesmo!

-No, no! No se vá! Eu fazer por cinquanta cents parra você.

-BELEZA! Aqui seus cinquenta cents – entreguei à ele a moeda. – Mas não precisa me dar o turbante.

-No, no. Você pagar, eu te dar o prroduto.

-Então me dá esse troço logo!

Catei de sua mão o turbante azul, depois fiz um gesto para meu melhor amigo de “Vamos sair correndo antes que esse maluco continue a me oferecer coisas velhas!”.

Faltava apenas dez passos para chegar em meu prédio. Não podia ser assim! Eu batalhei tanto para no fim chegar nisso?!

-Chegam…

-Não, não! Thiago, eu tinha uma coisa pra te falar e é muito, muito, muuuito importante que você ouça bem.

-O que é? – indagou, parando de andar.

-Eu percebi.

Sorriso!

-Ah, sei. - disse confuso. – Você já havia me dito isso. E aí?

-Já sei do que preciso.

Dentes amostra!

-Ah… – deu uma risada. – E do que você precisa?

Frisei.

Outra vez.

-E-eu… preciso… preciso… que… que você me mostre o que você fez lá naquela dança dos Black Eyed Peas.

Eu não conseguia. Não tinha a mínima coragem. Seria assim para sempre. Eu morreria sem ter feito setenta por cento das coisas que realmente significavam algo. Já disse que odeio minha vida?

-Ah! – deu uma outra risada. – Aquele negócio do giro?

-É… –disse sem graça.

-Tipo… – ele me pegou de surpresa, então me girou no ar. Ri igual a alguém prestes a enfartar (afinal minha situação era triste e boa ao mesmo tempo). Quando ele me pôs no chão outra vez, continuou: - …assim?

Ri outras duas mais vezes olhando para baixo. E então depois tudo aconteceu rápido:

Aquele tipo de “contato visual” que acontece sempre comigo e Matheus aconteceu comigo e Thiago. Porém, diferente de Matheus, Thiago estava mais próximo de mim (similar à terça a noite). Ele fechou os olhos. E veio se aproximando cada vez mais, e mais.

Eu não sei se estava pronta. Ou melhor, eu definitivamente não estava pronta. Eu iria arregar outra vez. Outra vez! Feito uma… eu.

Decidi fazer diferente.

Quando estávamos a dois centímetros eu avancei mais.

Isso mesmo.

Eu, Mariana Sward, tomei uma quase iniciativa, e fiz uma das coisas mais loucas que em sã consciência nunca faria: o beijei.

Ou melhor, aprofundei-me nos estudos linguais.

-Ai, meu Deus. Simplesmente; Ai. Meu. Deus! Mariana do céu, seu primeiro beijo! – comemorou Bruna, depois de contar à ela a história de meia hora.

-Pois é. Pois é! Eu acho que mereço palmas!

Bruna começou a aplaudir feito uma louca. Fiz uma curta referencia ao ato de generosidade.

-Meu. Deuuus! Ainda não me caiu a ficha que você, minha irmã desastrada,beijou alguém!

-E não foi só isso! - continuei, empolgada. – Depois que terminamos, ele me pediu desculpas!

-Não!

-É! – repeti. – E eu, tipo “Pelo que?”. E ele “Sei que você ainda gosta de Lia…

-E gosta, né? – interrompeu Bruna.

-Ei, espera que eu chego nessa parte! Continuando; “Sei que você ainda gosta de Liam e…” Foi quando eu tapei sua boca com o indicador e tentei dar uma de Megan Fox; “Acha mesmo que se ainda gostasse de Liam eu estaria te beijando?!”. Foi depois de uns dez segundos a ficha dele caiu e ele me beijou outra vez! Quer dizer, inúmeras vezes!

-Nããão!

-Siiim! E depois ele perguntou se eu queria mesmo ser sua namorada, e eu respondi com um selinho!

-Awwwwwwn! Que fofura! Deus! Quem diria?

-Pois é… eu sei.

Não conseguia parar de sorrir.

-Mas, ei, e o filho do president…

-Bruna, ele tem namorada!

-E você também tem um agora! – comemorou de novo.

-É! Eu tenho!

Bruna me abraçou mais uma vez, e depois logo alguém me ligou.

Era Matheus.

Acabei deixando cair na caixa postal. Agora meu celular teria mais utilidade; eu iria passar HORAS no telefone com o meu namorado.

Meu Deus! Como isso é legal de dizer!


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