A brisa noturna quente brincava com os meus cabelos ruivos.

Eu estava debaixo de uma árvore, esperando James voltar, segundo ele, com uma pequena surpresa. Sorri, involuntariamente ao pensar nele. James parecia ter mudado tanto e em tão pouco tempo, nem lembrava mais aquele maroto irresponsável que só queria ficar com garotas e jogar Quadribol.

Oh, isso me deixa com tanta nostalgia!

Meus pensamentos, atualmente, raramente saiam dele. Pensar nele era uma sensação tão boa que me fazia flutuar e sentir pequenas borboletas voando no meu estômago, fazendo-o cosquinhas.

Senti um par de mãos envolver meus olhos, deixando-me cega por alguns instantes até depositar um beijo na curva do meu pescoço. Senti o cheiro de James me invadir.

Sorri. Ele tivera que mudar seu perfume, pois o antigo estava me fazendo correr para o banheiro assim que ele chegava perto de mim.

“O que foi?” Sussurrou no meu ouvido.

“Nada. Me lembrando de algumas coisas.”

Ele sorriu.

Como James conseguia ser tão lindo?! Seus cabelos negros em rebeldia, seus olhos doces castanhos-esverdeados e seu porte físico de atleta... Mas, na realidade, nada daquilo importava para mim se ele não fosse tão apaixonante como ele é agora.

A cada minuto, segundo, que passava eu me sentia cada vez mais apaixonada por ele.

Em suas mãos estava uma bonequinha de pano, seus cabelinhos eram ruivos e os olhos eram verdinhos, de uma cor quase igual a minha. E até estava usando uma roupa que eu tinha! Own, se um dia eu matar James vai a causa vai ser por ele ser tão perfeito.

"Que lindo, James!” Disse recolhendo a boneca em minhas mãos.

Ele tinha feito, ou mandado fazer, uma bonequinha baseada em mim? Argh, eu amo ele demais, meu Merlim!

“Olhe no verso, por favor.” Disse, nervoso.

Eu sabia que ele estava nervoso porque ele colocou a mão nos cabelos repuxando de leve. Ele sempre fazia isso quando estava nervoso.

A noite estava realmente muito bonita. Uma Lua cheia brincava no meio do céu, fazendo sua luz cair sobre nós dois, tornando tudo aquilo esplendidamente romântico. E eu me perguntei porque diabo ele estava aqui, enquanto deveria estar junto com o Remus, o apoiando.

“Lily?”

“Ah! Claro...”

Eu virei a boneca, com bastante cuidado, como se ela fosse se romper a qualquer toque meu. Na parte de trás, estava preso a ela uma pequena caixa de veludo. Eu o encarei, boba.

“O que é isso?”

“Bem... Eu achei que aquele primeiro pedido de casamento não valia mais agora. Quer dizer, você iria se casar comigo por causa do bebê e não pelo que sentia por mim.”

“Então, você vai me pedir em casamento de novo?” Ele sorriu de lado.

“É a minha intenção.” Ele se ajoelhou a minha frente. "Sabe, Lily... Eu nunca pensei que fosse me casar um dia e muito menos com dezessete anos, mas eu não sei... Você mudou completamente a minha forma de pensar e agir.”

Eu sorri para ele.

Pela primeira vez, eu me senti idiota por ter dito todos aqueles "nãos" para ele. Porém, tudo tem um tempo certo para acontecer. Quero dizer, se eu tivesse dito sim para ele antes, talvez ele apenas me usasse e então nós nunca mais iriamos querer nos ver novamente.

“Eu amo o seu sorriso, o jeito que fica corada quando eu te digo coisas bonitas ou quando fica vermelha de raiva por eu te passar aquelas cantadas, sua TPM, que eu aguentei por muitos anos, e os seus cabelos bagunçados quando você acorda.”

Eu já estava completamente sentimental e aquilo foi a gota d'água para que eu transbordasse e começasse a chorar livremente enquanto ele continuava falando.

“Você é a minha estrela da sorte, a minha pequena, a minha princesa, o meu tudo! Sem você, eu acho que nunca existiria um mundo para mim. Eu te amo, Lily Evans! Eu quero viver cada dia da minha vida do teu lado, acordando com o teu mau-humor e vendo os seus cabelos espalhados pelo travesseiro, vendo os nossos filhos crescerem... E eu quero que você case comigo.” Disse abrindo, habilmente, a caixinha. “Você aceita?”

“Oh, meu Deus, James! Sim! Sim, sim, sim!” Disse, pulando em cima dele sem me importar com a minha enorme barriga ou com ele cair sobre a grama me levando junto.

Nós rimos, observando as estrelas. O anel já estava no meu dedo e minha cabeça estava descansando no peito de James, eu contava as batidas ritmadas do seu coração. Eu não poderia escolher ninguém melhor do que ele para viver o resto da minha vida e eu sei quão clichê isto soa, mas é a simples e lívida verdade. James Potter é um garoto perfeito. É um príncipe.

Meu príncipe!

“Pensando em quê?”

“Você.” Disse simplesmente ”E quanto a você?”.

“Uma ruiva de olhos verdes, conhece?”

Ele gargalhou levemente, me aninhando ainda mais em seu peito.

“James! Lily!” Leth berrou, ao longe “Temos problemas!”

“O que foi?”

“O Padfoot se meteu em confusão com os comensais da morte.”

“Quantos?” Indagou, enquanto me ajudava a levantar.

“Não sei... Acho que uns seis ou sete. Ele está enrascado!”

Nós corremos até lá. Quer dizer, James e Lethícia porque a minha linda barriguinha não me deixava correr. Ah, qual é! Porque eles não podiam apenas me esperarem? Eu não podia correr.

Afinal, já eram oito meses de gestação e, segundo madame Pomfrey, eles poderiam nascer a qualquer momento.

Eu desisti de ir atrás daqueles dois e me sentei em uma escadaria de um corredor qualquer. Tentei memorizar todos os pequenos detalhes, eu já estava ficando com saudades.

Já estávamos quase no final de junho e as aulas já estavam no fim.

O tempo passou estupidamente rápido e eu não posso acreditar que nunca mais eu brigaria com o Potter por esses corredores, teria surtos adolescentes com a minha melhor amiga dentro do dormitório ou ralharia com os Marotos.

Eu nunca mais faria aquilo.

Estava tão absorta em meus pensamentos que nem percebi quando desmaiei por causa de uma tontura absurdamente forte causada por uma pancada.

~x~

Ahn?

Cocei meus olhos, tentando mantê-los abertos, algo quase inútil. Como é mesmo o meu nome e onde eu estou mesmo? Argh, eu não conseguia lembrar de nada e estava com um gosto terrível na minha boca.

“Onde, diabos, eu estou?”

“Enfermaria de Hogwarts.” Disse uma garota, sorrindo para mim.

E uau! Ela era realmente linda. Uma beleza incomum! Seus cabelos castanhos caiam em pequenas ondulações até a sua cintura, seus olhos eram de um tom castanho chocolate e seu rosto não possuía deformações por causa de acne. E seu corpo, bem, era de causar inveja a qualquer mulher.

Ao lado dela estavam dois garotos. Um deles deveria ser irmão dela, pois também possuía igual beleza incomum. Seus cabelos negros eram rebeldes, seus olhos eram castanhos-esverdeados e seus traços faciais eram muito parecidos ao da menina, a exceção seria o nariz que era proporcionalmente maior que o dela, além de que seu físico era um jogador de futebol profissional.

O terceiro menino tinha um ar de rebelde. Seus cabelos eram negros e lisos, um convite aberto para dedos brincarem enquanto seus lábios...

Oh, meu Deus! O que diabo eu estou pensando?

Seus olhos eram tão azuis, que apenas a pupila preta se destacava naquela imensidão. Seu porte físico era como o do primeiro garoto, talvez um tantinho mais. Eu não saberia dizer. Ele tinha uma beleza assustadora.

Todos eles tinham. Oh, meu Deus! Será que eles são vampiros? Tipo aqueles da série que Petúnia assiste?

“Quem são vocês?” Disse confusa.

“Você não se lembra?”

“Não... O que eu estou fazendo aqui? E o que é Hogwarts?”

“Meu Merlim! Ela perdeu a memória mesmo!” A menina exclamou, espantada.

“Se acalmem, okay?” Disse uma senhora, aparentemente a enfermeira que estava cuidando de mim. “Ela vai melhorar em no mínimo um mês.”

“Ela não pode ficar sem lembrar-se de nada por um mês!” O primeiro garoto exclamou nervoso. “Ela vai ter um filho em um mês!”

O que ele quis dizer com "ela vai ter um filho em um mês"? Eu por acaso estava grávida? Abaixei meu olhar encontrando abaixo uma enorme barriga. Arregalei os olhos, então, um daqueles garotos era meu namorado?

“Quem são vocês?” Repeti novamente.

“Sou sua melhor amiga. Elizabeth Lethícia Potter*, mas, só me chama de Leth, ou Lely, ok? Aquele é o James Potter, seu... Bem, não se assuste, mas ele é seu noivo.”

Noivo? Eu deveria ter no mínimo dezessete anos. Não poderia estar noiva e grávida!

“Qual é o meu nome?”

“Lily Evans.”

“Quantos anos eu tenho?” Perguntei trêmula.

“17.”

Certo. Tenho mesmo dezessete. E eu estou grávida. Ah, e ainda por cima noiva. Não se assuste é pedir uma missão impossível.

“O que é Hogwarts?”

“Uma escola de feitiçaria e bruxaria.”

“Eu sou uma bruxa?”

“É.”

Eu gargalhei, mas parei logo em seguida ao ver que todos estavam sérios. Eu era mesmo uma bruxa? Sério? Eu não posso ser uma bruxa, isso não existe. É um bando de tolices como ‘Tunia diz.

Eu me levantei trôpega da cama, a tal madame Pomfrey disse que eu já poderia sair e ir para o dormitório.

O tal James me carregou durante todo o percurso de volta, eu fiquei apenas observando a garota, Leth e a sua estranha proximidade com o segundo garoto que eu não sabia o nome. Algo me dizia que eles não se davam exatamente bem.

Talvez pudesse ser só bobeira.

"Eu vou subir e ajudar a Lily, okay?"

“Certo.” O moreno se aproximou dela, depositando um leve beijo sua bochecha.

James parecia incrédulo.

“Que merda foi essa?”

“Nada, Prongs, nada.”

Eu não escutei mais nada além disso.

Subi as escadas com um tantinho de dificuldade e assim que nós duas estávamos dentro a porta foi trancada e selada com alguns feitiços. Então era mesmo verdade, esse lance deles serem bruxos.

“Certo... Essa história de você ter perdido a memória, é verdade?”

“É claro que é! Eu não faço a mínima ideia de quem são vocês, ou como eu fiquei grávida... Nada!”

"Oh, Deus!" Ela parou de andar de um lado para o outro e me encarou, séria. "Quer saber de mais algo, Lily?"

“Como... Como eu fiquei grávida, Lely?”

“Em setembro, no inicio do ano letivo, houve uma festa. Na qual eu meio que te obriguei a ir. Você ficou bêbada. James e você se beijaram. Daí vocês fizeram... Bem, vocês fizeram sexo. E então dois meses depois você começou a ter tonturas, oscilações de humor, enjoos, vômitos e então eu dei um teste de gravidez para você... E enfim, sabe como terminou.”

“E os meus pais?”

“Expulsaram você de casa. Seu pai quis até bater em você.”

Eu tirei a roupa que estava vestindo e procurei uma camisola. Findei por escolher uma preta, de cetim, que ia até os meus joelhos, com uma pequena fita dando atenção para os meus seios que pareciam saltar do decote, de tão grandes.

Deitei-me na cama.

“O que é que há entre você e o tal garoto moreno?”

“Sirius? Bom... Eu ia te contar hoje.”

“O quê?”

“Nós... Bem, nós estamos meio enrolados.”

“Enrolados? Não acho que seria uma coisa típica de você.”

“E não é mesmo. Porra, até sem memória você consegue me entender, ruiva!"

“Sério?! O que ele fez? Você não parecem se gostar muito.”

“E não nos gostávamos mesmo! Mas nós estávamos em perigo e ele me salvou... Vamos dizer que eu tenho uma enorme atração por caras maus ficando bonzinhos."

“Finalmente.” Eu ri. Ela riu junto comigo.

Cerrei meus olhos.

Eu estava perto de uma piscina, então, o tal Sirius vinha correndo e me puxava para dentro da mesma, me fazendo berrar e correr atrás dele com raiva.

Sorri.

E foi com esse pequeno fragmento de memória que eu adormeci.