Saio da sala do diretor e enquanto todos os alunos estão em suas aulas, eu ando pelo corredor vazio. Abro a carta, ansiosa para saber o que diz e porque era tão importante, se não fosse Dumbledore não teria feito questão de ele mesmo me entregar. Harry e Dumbledore são bem próximos, amigos até, mas comigo ele é apenas o diretor, nada mais.

Passo os olhos pela letra um tanto parecida com a minha, apenas um tanto garranchada, como se tivesse sido escrito às pressas e começo a ler de testa franzida.

Olá Elizabeth, estou lhe escrevendo para lhe dar um presente. Não importa quem eu sou, basta que saiba que este vira-tempo volta anos no tempo. Eu não sei como é a sua vida, eu espero que seja melhor que a minha, sem guerras e com amigos ou família, mas sei que mesmo que você tenha tudo isto, ainda vai sentir como se não pertencesse a este lugar, como se fosse uma intrusa na família Potter e como se machucasse seu pai simplesmente por ser filha dele com a mulher que ele ama e nunca poderá ter.

Há um lugar onde foi feliz uma vez e pode ser de novo, alguém precisa te dar essa chance. Peço que pense bem e se estiver disposta a encarar uma grande aventura, use este vira-tempo para voltar ao ano de 1943. Se decidir fazer isto ou se não quiser também, peço que o destrua, este vira-tempo é muito perigoso e peço que seja cautelosa também.

Lhe desejo boa sorte e boas escolhas.

Tive que reler a carta muitas vezes e mesmo assim, não encontrava nexo em algumas coisas que a carta dizia, como, por exemplo, “Há um lugar onde foi feliz uma vez e pode ser de novo”, mas notei também que a pessoa que escreveu a carta sabia exatamente como eu me sinto.

Por fim, decido pensar sobre o que a carta me oferece, guardo-a no bolso junto com o vira-tempo que veio junto no envelope e vou para as minhas aulas.

Assisto a todas, mas não presto a mínima atenção. Decido que não posso com aquilo sozinha, a primeira pessoa em quem pensei foi Harry, mas meu irmão não entenderia, diria logo para eu deixar de ser louca, diria que tenho minha família e meus amigos e que tenho ele e que se eu continuasse com essa ideia louca na cabeça, certamente contaria a nossa mãe. A minha segunda opção é o professor Riddle.

Espero sua ultima aula do dia acabar e quando ele está sozinho na sala eu entro.

– Professor. - digo entrando na sala. - Eu atrapalho?

– Não Elizabeth, entre, em que posso ajudá-la?

Eu lhe entrego a carta sem dizer nada, ele ergue as sobrancelhas enquanto lê a carta.

– E então? Já decidiu?

– Eu não faço ideia do que fazer.

– Como seu professor eu deveria lhe dizer, isto é errado, perigoso, mexer com o tempo e ainda deveria confiscar o vira-tempo, mas imagino que tenha vindo até mim, porque sabia exatamente que eu não lhe diria isto. - assinto, mordo o lábio. - Só você pode decidir.

– Eles vão ficar bem sem mim, quer dizer que diferença eu faria? Eles vão superar minha ausência e eu quero iniciar esta aventura, sei que sentirei saudades, mas é isto que eu quero.

– Fará diferença para mim. - ele diz o que me faz sorrir. - Se decidir ir, mande um olá para o meu eu com a sua idade.

– Ahm?

– Eu acho que estava no 6º Ano em 1943, você provavelmente me conhecerá, fui o aluno mais brilhante que Hogwarts já teve. - rio de sua falta de modéstia.

– Sério senhor? Já deve ter falado isto umas duas, três ou quinhentas vezes durante as aulas. - eu rio, ele faz o mesmo e coloca uma mexa de meus fios negros atrás da orelha.

– Boa sorte Elizabeth e não confie em mim, eu posso ser um pouco perigoso na adolescência.

– Deixou-me curiosa, senhor e obrigada. Adeus. - digo saindo da sala de aula.

Trato de passar uma ultima tarde com meus amigos, o que inclui apenas Luna, Gina, Draco e Harry e mando uma ultima carta à minha mãe e abraço meu pai, eles são minha família e eu os amo muito.

Durante a noite eu saio do castelo arrastando meu malão, uso as passagens secretas e a capa da invisibilidade que peguei emprestada de meu irmão. Sozinha, eu ando até Hogsmeade, pego o trem e ando pelas ruas desertas de Londres. Coloco o vira-tempo e giro a ampulheta algumas vezes e quando os vultos param a rua continua deserta, mas barulhos ensurdecedores de bombas me assustam.

Eu corro e logo sinto alguém segurar meu pulso.

– Está perdida querida? - pergunta uma moça jovem de cabelos loiros e rosto gentil, eu assinto, assustada, e ela me leva em direção a um grande prédio cheio de grades, com um letreiro onde se lia Orfanato Wools. Ela me leva até a sala de uma governanta e eu a ouço dizer: - mais uma vítima da guerra.

Os dias se seguem e eu assumo o nome de Elizabeth Tyler, faço amigas em meu quarto e recebo a visita de um jovem Dumbledore.

No dia 01 de setembro vou para Hogwarts e uso roupas emprestadas de minhas amigas no orfanato, gosto do vestido cor de creme que marca minha cintura e de comprimento até depois dos joelhos e um chapéu no cabelo que combina com o vestido e a sapatilha tipo boneca.

Estou atrasada e corro para pegar o trem, por pouco não o perdendo. Quando ando pelos corredores não encontro nenhum compartimento vazio e acabo esbarrando em alguém sem querer.

– Não pode ficar andando pelos corredores, senhorita. - diz uma voz bonita, aveludada e encaro os profundos olhos azuis escuros, sorrio ao reconhecê-lo, meu jovem professor de DCAT.

– Sou novata, não tenho um compartimento.

– Pode ficar conosco. - diz uma garota de dentro do compartimento onde meu jovem professor tinha acabado de sair. - Sou Druella Rosier, qual é o seu nome?

– Elizabeth Tyler. - digo pegando meu malão para guardá-lo, mas ele me impede.

– Deixe que eu faça isto. - ele diz gentilmente. - Aliás, sou o monitor, Tom Riddle.

Eu sei, tenho vontade de falar.

– É um prazer, Sr. Riddle.