5 anos depois

Era apenas mais um dia para mim. Mais um dia que eu saía do trabalho no St. Mungus e seguia para o Caldeirão Furado. Precisava beber para esquecer a solidão em que eu vivia nos últimos cinco anos. A única pessoa que eu tinha era minha melhor amiga Druella, mas ela tinha agora sua família, três filhas para cuidar e um marido e eu, eu continuava na trágica esperança de que Tom voltasse.

Cheguei ao Caldeirão Furado e sentei-me de frente para o balcão. Soltei o cabelo antes preso em um coque frouxo e acenei para o dono do bar.

– O de sempre Tom. - pedi, até mesmo o nome do barman parecia caçoar de mim. Ele serviu-me uma boa dose de Whisky de fogo da qual eu tomei toda em apenas um gole.

– Vá com calma Srta. Tyler. - ouvi aquela voz arrastada ao meu lado, suspirei aborrecida, tantos momentos para Abraxas Malfoy aparecer, tinha que ser exatamente aquele. Lancei-lhe um olhar de poucos amigos e ele apenas riu.

– Pode deixar mamãe, mais uma, Tom. - pedi ao barman, ignorando completamente o Malfoy.

– Hey, éramos amigos, não éramos?

– O que quer Abraxas? Fiquei surpresa ao encontrá-lo aqui. - digo agora um pouco mais agradável.

– Um homem não pode sair um pouco para beber depois do trabalho? - eu arqueei a sobrancelha. - Druella contou-me que vem aqui todas as noites. Preocupo-me contigo Liz, sempre me preocupei.

– Devia estar preocupado com sua esposa, soube que tem um filho agora.

– Ah sim, Lucius, um bom garoto. E eu soube que Tom Riddle sumiu há quase cinco anos. Como você está?

– Muito bem. - digo orgulhosa. - Tenho um ótimo trabalho no St. Mungus, minha casa é maravilhosa, eu não podia estar melhor.

– Eu ainda me surpreendo com seu orgulho, você sente falta dele.

– Você, Malfoy? Você está me falando de orgulho? - ele ri e eu acabo sorrindo também. - Obrigada por se preocupar comigo, você parece ser o único.

– Não acho que seja o caso. - ele diz sorrindo gentilmente para mim, ele segura minha mão. - Quer saber? Um brinde aos amigos. Tom, sirva duas doses aqui.

Tomamos mais um drink de Whisky de fogo, era bom estar com um amigo, me senti feliz como não estava há um bom tempo.

– O nome desse cara também não ajuda, não é?

– Não mesmo.

– Que nome podemos dar a ele? - ele perguntou e a ideia me fez rir, mudar o nome do barman apenas para fazer eu me sentir melhor. - Bald, nós podemos chamá-lo de Bald, Tom?

– Eu prefiro Tom, mas vocês são os fregueses. - diz o barman divertido.

– Ótimo, Bald, me parece ótimo. - eu digo rindo.

– É bom te ver rir de novo Liz. - diz Abrax. - Isso merece mais um drink. Mais dois Whiskys, Bald. Aposto que eu tomo bem mais rápido que você?

– Eu duvido. - eu aceito sua provocação. - O que eu ganho se eu beber mais rápido?

– O que quiser, mas se eu ganhar, meu prêmio será um beijo. - eu ri pensando que ele estava brincando, mas ele me olhava sério, eu olhei para baixo, pensativa, embora a quantidade de whisky que eu já tinha ingerido até o momento me deixasse com dificuldade para pensar.

– É errado.

– Vai recusar o desafio, Liz? Vai mesmo se acovardar? - ele perguntou arqueando uma sobrancelha, me provocando, então eu dei de ombros.

– Não, eu vou ganhar mesmo. No três... Um, dois... Hey... - Abrax começou no “dois”. quebrando as regras, comecei a tomar minha dose, mas ele terminou primeiro obviamente.

– Parece que eu ganhei. - ele diz com um sorriso convencido.

– Não valeu, você quebrou as regras.

– Regras são feitas para serem quebradas, meu amor. - ele diz com um sorriso no canto dos lábios. - Alguém está me devendo um beijo.

– Eu não vou fazer isto, é patético. - Malfoy levantou-se vindo para trás de mim e sussurrando no meu ouvido.

– Tem medo de gostar? - eu reviro os olhos, mas não podia negar que Malfoy era de fato atraente, seus olhos acinzentados eram lindos e encantadores, seu sorriso de canto convencido era sedutor, assim como os fios louros platinados meio rebeldes, mordi o lábio inferior.

– Está bem, vamos acabar logo com isto. - ele aproximou-se devagar, segurando minha cintura com firmeza com uma mão, enquanto a outra acariciava meu rosto com delicadeza, nossos lábios se encostaram e eu gostei de sentir seus lábios pressionando os meus, minhas mãos entrelaçaram seus fios louros. E devia ser o efeito de tanto álcool, mas eu não queria parar de beijá-lo. Sentia-me ardente e suas mãos quentes não ajudavam.

Sem perceber, Malfoy já estava me guiando para o banheiro do bar e nos trancamos em uma cabine.

– Isto não é certo. - digo repetidamente quando o ar se faz necessário, mas ele já está desamarrando meu espartilho com certa pressa.

– Eu esperei tanto por isto. - ele diz com os olhos repletos de desejo. Nossos lábios se tocam novamente e nossas línguas se entrelaçam, minhas mãos como se tivessem vida própria desabotoam sua camisa. Eu já nem consigo mais pensar quando sinto seus lábios em meu pescoço, suspiro e me entrego a ele ali mesmo na cabine do banheiro do caldeirão furado, depois de tanto tempo satisfazendo-me sozinha, esperando por Tom, sentir alguém me tocando novamente, eu só... Não podia controlar.

[...]

Quando saio da cabine já vestida, olho para o meu reflexo no espelho e sinto-me horrível, meu cabelo está desgrenhado e a maquiagem toda borrada, tenho marcas vermelhas no pescoço que não vão me deixar esquecer o que acabei de fazer. Abraxas sai logo depois de mim, os fios louros mais desgrenhados do que estavam antes, ele abotoa a camisa.

– Eu me sinto horrível. - digo a ele.

– Eu não... Ângela tornou-se uma mulher fria, você se surpreenderia se a visse.

– Você... - eu o olhei com raiva. - Você me embebedou para dormir comigo.

– Não é verdade. - ele diz. - Você já estava bêbada.

Ele me abraça pelas costas e beija meu pescoço, mas eu me desvencilho.

– Não, isso não vai acontecer de novo Malfoy, não mesmo.

Porém aconteceu, de novo e de novo, a princípio a desculpa era o álcool, depois a desculpa era o quanto eu me sentia sozinha. Eu me sentia culpada por causa de Ângela, mas Abraxas era gentil e atraente e eu não fazia ideia de quando e se Tom Riddle ia voltar.