Subi correndo as escadas atrás de Bellatrix, nem sentia mais a dor na minha perna.

Na verdade eu não sentia nada.

Estava sendo movida completamente pela raiva, pelo ódio, e pela vontade de me vingar.

Ela não podia ter feito isso, poderia ter matado qualquer outro daquela sala desde que não fosse uma das duas únicas pessoas vivas da minha família.

Ela podia ter matado Dumbledore que eu não me importaria!

Mas não, ela teve que escolher Sirius, e agora iria pagar na mesma moeda.

Eu iria me vingar nem que fosse a última coisa que eu fizesse na vida ou então não me chamaria mais Evolet Lilian Potter.

Só me dei conta que Harry estava nós seguindo quando passei pela porta que dava de volta a sala dos relógios e o senti me puxar fortemente para trás e, sem conseguir evitar, cai sentada no chão em cima da perna fazendo o machucado que Sirius tinha dado jeito voltar a sangrar.

Achei que Harry estava tentando me parar só que na verdade era movido pelo mesmo ódio que me dominava.

Levantei do chão e voltei a correr, tinha ficado para trás mas ainda tive tempo de ver os cabelos espetados de Harry passar pela porta que dava para a saída do Departamento de Mistérios.

A porta se fechou atrás dele e eu fiquei presa no corredor escuro.

_COMO EU SAIO? - urrei para o nada que no mesmo minuto me deu a resposta e abriu uma porta a minha direita.

Sai do Departamento de Mistérios e peguei um elevador.

_Anda! - choraminguei apertando várias vezes o botão do átrio como se isso fosse fazer o elevador andar mais rápido.

Quando o elevador parou depois de alguns segundos torturantes vi que tinha dado sorte.

Escutei Bellatrix falar:

_Nunca usou a Maldição Imperdoável antes, não é menino? - perguntou ela perto das cabines telefônicas que levavam para a Londres trouxa. - É preciso querer usá-las, Potter. É preciso querer causar dor, ter prazer nisso, raiva justificada não faz doer por muito tempo.

Eu não sabia o que tinha acontecido enquanto estava presa no elevador mas entendi que Harry tinha tentado enfeitiça-la e não conseguira.

Ah, mas ela não sabia que eu teria, e muito, prazer em fazê-la sentir dor.

Prazer em escuta-la gritar e pedir por misericórdia, pedir pela morte antes de perder os últimos resquícios de lucidez.

_Vou lhe mostrar como se faz, está bem? - Bellatrix disse e pude ver um brilho maléfico em seus olhos - Vou lhe dar uma aul...

_NEM PENSE NISSO VADIA! - gritei - EXPELLIARMUS!

A varinha de Bellatrix voou de sua mão.

_Também quer brincar pequena Eve? - Bellatrix perguntou usando a vozinha de bebê para pronunciar o maldito apelido de família, como ela sabia dele eu não fazia ideia - Você e o bebezinho Potter são insistentes, mas o Lord das Trevas vai ficar feliz quando ver que eu os capturei. Será um belo presente.

_Nunca me chame de Eve! - disse entre dentes - E sinto muito mas acho que se o seu Lord quiser um presente vai ter que vir buscar ele mesmo porque eu não vou deixar você sair desse prédio viva.

_Garota tola. O que pensa que vai fazer, chorar ate que alguém apareça aqui pra te salvar? - Bellatrix riu da própria pergunta.

_Não preciso de ninguém pra me salvar. - exclamei - Crucio!

Eu estava a pouco mais de dez metros de Bellatrix, mas, mesmo com a distância e mesmo sendo a primeira vez que eu usava uma maldição imperdoável o feitiço a acertou em cheio jogando-a no chão.

Fui para perto de onde Bellatrix se contorcia ficando a mais ou menos um metro de distância apenas por precaução.

Ela não gritava, era orgulhosa demais para isso, no entanto eu podia ver muito bem a dor que ela estava sentindo pelo jeito que se contorcia.

_E agora Bellatrix? - perguntei friamente - Quem é que precisa ser salva?

Então, ironicamente, eu fui atingida por um feitiço que me jogou para trás. Bellatrix parou de se contorcer mas continuou no chão.

_Eu cuido dela. - Harry disse sem me olhar.

Era palhaçada, agora meu querido irmão iria querer competir comigo para saber quem iria matar a Lestrange?

_Não consegue nem mesmo usar a Maldição Cruciatus como pensa que vai mata-la? - perguntei rispidamente.

Harry não me respondeu, ele ficou parado com a varinha apontada para Bellatrix que choramingava tentando fazer com que Harry sentisse dó dela.

Levantei do chão e fui até Harry.

_Deixe que eu faça isso Harry - pedi suavemente e coloquei minha mão em seu ombro.

_Ela matou Sirius - Harry falou me olhando apenas por um segundo.

_Eu sei, - respondi - por isso ela merece morrer. Se não consegue fazer deixa que eu faça.

_Evolet tem razão Harry, - uma voz que não era minha, de Harry ou de Bellatrix concordou - se não consegue deixe que ela faça.

Eu podia nunca ter escutado aquela voz, mas acho que a reconheceria em qualquer lugar.

O tom frio e sombrio a deixava irreconhecível.

_Decida-se Harry Potter - ele ordenou - Sabe o feitiço, é só usa-lo.

Olhei para trás sentindo um arrepio de medo na espinha.

Lord Voldemort era completamente diferente do que eu imaginava, era alto, magro, tinha os olhos vermelhos com as pupilas verticais e no lugar do nariz apenas duas fendas como se fosse uma cobra, era careca e vestia uma túnica preta que o cobria do pescoço aos pés.

Foi tudo muito rápido, Harry se virou e apontou a varinha para Voldemort que apenas com uma aceno de sua varinha fez a de Harry voar para longe.

As nossas costas escutei Bellatrix dar uma risadinha vitoriosa.

_Você já me aborreceu demais Harry Potter. - Voldemort falou simplesmente e sem nem um aviso gritou - AVADA KEDAVRA!

Eu só tive tempo de gritar.

Uma estatua que antes estava junto com as outras na fonte do saguão pulou na frente do Harry impedindo a maldição de fazer o seu trabalho e explodindo em milhares de pedacinhos.

_Mas o que... - Voldemort sussurrou - Dumbledore! - completou friamente.

Segui o olhar de Voldemort e vi Dumbledore parado em frente aos elevadores a alguns metros de distância.

_Foi uma tolice vir aqui essa noite Tom - Dumbledore avisou - Os aurores estão a caminho.

_Então quando eles chegarem eu já terei partido. - Voldemort respondeu - E você, estará morto!

Voldemort levantou a varinha e um jato de luz verde foi direto contra Dumbledore que se virou e desapareceu com um rodopio na capa.

Corri até Harry que tinha ficado petrificado em frente aos pedaços da estatua que o protegera e o puxei pelo braço.

_Anda seu idiota! - resmunguei - Vai ficar parado bem no meio do fogo cruzado?

Harry não se mexeu.

Não vi de onde Dumbledore surgiu, só percebi que ele estava duelando com Voldemort perto de nós quando ele com um aceno de varinha nos empurrou para um lado mais afastado do saguão.

Quando ele fez isso Harry finalmente se mexeu e saiu de perto me puxando para longe como se fosse eu quem tivesse ficado parada observando.

O duelo que se estendia a nossa frente era admirável de se ver.

Dumbledore tinha lançado algum feitiço que eu não reconheci por ser não verbal, mas era forte. Voldemort foi obrigado a conjurar um escudo para se proteger. O feitiço de Dumbledore acertou o escudo só que não causou dano.

Parecia que eles já tinham ensaiado o que iria acontecer depois.

Ao mesmo tempo Dumbledore e Voldemort desfizeram seus feitiços e lançaram outros tão poderosos que os jatos de luz verde de Voldemort e vermelho de Dumbledore se juntaram lançando faíscas para todos os lados.

Harry me puxou para o chão perto de uma parede e colocou o braço no meu ombro e outro em sua cabeça tentando ao mesmo tempo se proteger e me proteger das faíscas que ambos os feitiços soltavam.

Gritei quando uma das faíscas atingiu um pedaço da parede onde estávamos e derrubou um pedaço de pedra muito próximo a minha cabeça.

Vendo que aquela disputa de luzes não estava dando certo Voldemort rapidamente libertou sua varinha da ligação de luzes e a apontou para a propria boca, uma chama de fogo gigante saiu de dentro dela e voou se transformando em cobra.

Controlando-a com a varinha Voldemort a fez dar a volta por todo o saguão passando perto de nós e depois voltando para atacar Dumbledore.

A luz do fogo era tão forte que impedia ate mesmo uma visão clara do que estava acontecendo.

Ao longe pude escutar uma risada maquiavélica soltada por Voldemort.

Ótimo, pensei, agora a gente se ferrou!

Achei que Voldemort tinha ganhado a batalha até que Dumbledore com um chacoalhar da varinha dominou toda a água que ficava na fonte e a jogou contra Voldemort o enrolando em uma grande bolha de água.

Harry se levantou achando que agora tudo tinha terminado.

_Harry não! - gritei quieta no meu canto na parede.

_Volte para lá Harry - Dumbledore gritou e me obriguei a levantar de onde estava para tentar fazer Harry voltar a onde parecia ser seguro.

Ele me ignorou e mesmo comigo puxando o seu braço com todas as forças que tinha ele continuou parado onde estava.

Então a bolha de água explodiu e Voldemort desapareceu.

_Para onde ele foi? - perguntei a Dumbledore.

Antes que ele respondesse Harry gritou com a mão na testa e se jogou no chão.

_Harry! - exclamei e me ajoelhei ao seu lado tentando tirar suas mãos da cicatriz.

Ele gritava como horas antes na prova de História de Magia.

E então parou.

Subitamente Harry parou de gritar e tirou as mãos da testa. Só que não era ele, seus olhos demonstravam um ódio tremendo que eu preferia fingir não saber de onde estava vindo.

Mas eu sabia, Voldemort tinha possuído seu corpo.

Parecia que eu tinha congelado no lugar.

Enquanto estava ajoelhada debilmente ao lado de Harry, Dumbledore se aproximou e se ajoelhou ao meu lado.

_Você perdeu meu velho! - Voldemort falou pela boca de Harry.

Harry gemeu tentando lutar contra Voldemort em seu corpo, o vi olhando para mim como se pedisse ajuda mas não consegui fazer nada.

_Harry... - Dumbledore chamou - Harry... Não são as semelhanças entre vocês, são as diferenças.

Harry meio que tentou se levantar e não conseguiu. Deu um grito baixo e voltou a cair no chão.

_Faça alguma coisa seu velho idiota. - pedi desesperada.

Dumbledore me ignorou falando diretamente com Harry.

_As diferenças Harry - ele repetiu.

E então quando parecia que Harry iria se render ao Voldemort em seu corpo eu o vi me olhando.

E depois a voz conhecia de Rony exclamou atrás de nós.

_O que está acontecendo?

Não me virei para olha-los, não conseguia tirar os olhos de Harry mas pude perceber que ele olhava um  por um de seus amigos.

_Você é o fraco! - Harry falou com o Voldemort em seu corpo - E nunca vai ter amor ou amizade. Eu tenho pena de você.

Harry se contorceu outra vez e gritou.

Uma sombra preta saiu de seu peito quando Harry virou para cima. O ouvi arfar aliviado e comecei a chorar assustada pelo que tinha acontecido.

Voldemort apareceu de volta ao saguão do ministério em frente a Harry.

_Você é um tolo Harry Potter - Voldemort disse calmamente - E vai perder.

Eu queria que Dumbledore tivesse feito alguma coisa para capturar Voldemort e acabar com aquela coisa de uma vez por todas mas não houve tempo.

As lareiras em volta de nós começaram a se acender, vários aurores e o ministro da magia saíram de dentro delas.

Os vi congelar quando viram Voldemort.

O Lord das Trevas não perdeu tempo e desapareceu no ar sem pensar duas vezes.

Ao longe escutei Fudge exclamar:

_Ele voltou!