A Princesa E O Alienígena escrita por Beto El


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oi... desculpem, leitores... sei que fiquei muito tempo sem postar...

Novo capítulo, com uma reviravolta na vida do Super.



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Prólogo

Tratava-se de uma madrugada fria de segunda-feira.

O sem-teto chamado simplesmente por seus conhecidos de ‘Bernie’, outrora filho de um pequeno empresário, procurava se esquentar entre as cobertas fedorentas que o serviço social de Metrópolis lhe dera.

Bernie se virou de um lado, se virou do outro; a comichão para fumar outra pedra de crack lhe coçou a parte de trás do cérebro, mas, àquela hora, jamais ele conseguiria algum traficante que lhe vendesse, além, é claro, de ele não ter sequer um tostão no bolso. ‘Maldito vício, malditas drogas’, pensava o mendigo. De fato, não fossem as drogas, ele poderia estar comandando a empresa que seu pai fora obrigado a vender para saldar as dívidas do filho.

O som de metal se mexendo chamou sua atenção, e Bernie pôde ver que um roliço homem subia desajeitadamente pela grade da empresa de ônibus.

Bernie se sentou e focou na cara daquele sujeito. Era um homem esquisito, de baixa estatura, razoavelmente acima do peso, mas com cara bem redonda, e, para piorar, esse estranho tinha cabelo comprido ruivo e usava óculos com aros redondos.

O sujeito aterrisou no chão fazendo barulho.

– Ei, chefia… me dá um dinheiro pro café? - Bernie o interpelou, quando este passou por ele a passos largos e apressados.

Sem uma palavra saindo de sua boca, o misterioso sujeito cavocou rapidamente um dos bolsos de sua calça, e passou para Bernie uma nota de 10 dólares amassada. As redondas lentes refletiam a tênue iluminação do local. Bernie rapidamente apanhou a nota.

– Obrigado, chefe, obrigado!

O homem tornou a andar apressadamente, enquanto o mendigo se levantava, questionando-se se seu traficante estaria acordado àquela hora. Se bem que, de qualquer forma, não custava tentar ir até onde Bernie costumava encontrá-lo.

O luar iluminava a placa suspensa sobre o portão do local que aquele homem havia invadido. Nela, lia-se: METROBUS - EMPRESA DE ALUGUEL DE ÔNIBUS.

E a madrugada seguiu silenciosa como de costume, um limiar enganoso à maior tragédia que se abateria sobre Metrópolis dali a poucas horas.

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O sino-americano Lee apoiou seus cotovelos no volante do ônibus escolar que dirigia rumo à Escola Comunitária Jean Grey Summers, entediado pela morosa tarefa de aguardar os alunos subirem no coletivo. Naquele dia, os capetinhas pareciam ainda mais terríveis, atirando bolas de papel para todo o lado, ganindo, gritando. Lee novamente pensou se não seria uma boa dirigir um ônibus da transportadora municipal.

Talvez não. Teria de viajar várias vezes ao dia, carregando gente estranha para lá e para cá.

O trânsito estava horrível como sempre.

De repente, Lee se deu conta que um homem gordo de cabelos ruivos e óculos estava ao lado da porta do ônibus, fazendo menção que queria entrar.

Parecia um nerd. Provavelmente queria uma carona.

Lee sentiu um arrepio gelado percorrer sua espinha no instante em que viu o nerd sacar um revólver e apontá-lo em sua direção. O motorista, num ato intempestivo, acabou por abrir a porta automática, deixando o agressor entrar no veículo.

– Quieto. Isto é um sequestro, faça o que eu mando e tudo termina bem.

Olhando para trás, o motorista percebeu que as crianças já haviam detectado que algo estava errado, especialmente as que estavam sentadas nas primeiras fileiras. Lee sentiu um profundo pesar por aquelas criaturas inocentes terem de enfrentar uma situação daquelas.

O gélido cano do revólver encostou em sua cabeça, e Lee engoliu em seco.

– Dirija até o Parque Municipal.

Mal controlando suas mãos, Lee começou a dirigir até o local indicado, perguntando-se se alguém saberia àquela altura que um ônibus lotado de crianças estava sendo sequestrado bem no centro de Metrópolis.

Os minutos pareciam horas passando, e cada logradouro engarrafado fazia a frequência cardíaca do motorista, que já estava elevada, subir ainda mais. Mas, felizmente, o sequestrador parecia não se importar com a demora, permanecendo praticamente imóvel ao seu lado. As crianças, contudo, não paravam de chorar, apesar das infrutíferas tentativas da monitora Alice para acalmá-las.

– Entre no parque, mesmo que subindo na calçada.

Assim Lee o fez, causando espanto aos pedestres que estavam próximos.

– Pode parar aqui mesmo.

E, assim que o ônibus parou, o misterioso sequestrador empurrou o revólver, afundando o cano no pescoço do motorista.

– Pode ir embora, motorista. Só você. E chame a polícia, por favor.

Lee por um momento sentiu-se mal por deixar as crianças para trás, mas o sequestrador o ameaçou uma vez mais, obrigando-o a abrir a porta e sair. Logo depois a porta se fechou novamente.

Após andar por algumas dezenas de metros, o motorista apanhou seu celular e discou para o número da polícia de Metrópolis.

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Poucos minutos depois, a região do parque era um pandemônio: repórteres espalhados pela região ávidos por um furo, no chão e no ar; a unidade de operações especiais de Metrópolis ziguezagueava pelo povo, tirando de perto os inevitáveis curiosos que se aglomeravam; no alto de prédios, ajeitavam-se atiradores de elite prontos para o disparo fatal tão logo saísse a ordem (entretanto, o sequestrador soubera se esconder muito bem, não dando chance para tal ação).

E, naquele momento, Clark Kent, mais conhecido pelo mundo como Superman, obtinha conhecimento das ocorrências em sua cidade protegida, após um alerta soar em sua Fortaleza da Solidão.

Uma ordem mental e seu uniforme de tecnologia oriunda do extinto planeta Krypton cobriu seu corpo, e, em alta velocidade, o herói voou em direção a Metrópolis.

Exatos dois minutos depois, todo o povo que se aglomerava no parque ouviu um estampido indicando que o kryptoniano chegara ao local. Apesar de suas ações serem questionáveis, todos sabiam que o Superman, ao seu modo, combatia os criminosos, sendo certo que ele conseguiria salvar as pobres crianças.

O herói pousou a poucos metros do veículo.

Estranhamente, a porta se abriu.

– Entre, herói. Ou eu vou matar essas crianças.

Com seus sentidos aguçados, Superman sentiu o cheiro do sequestrador, ouviu sua frequência cardíaca.

E seu coração gelou.

Tratava-se do bandido tecnológico que ele prendera tempos atrás em Central City, cujos braços ele praticamente fraturara todos os ossos.

Em um instante, ele estava à frente do sequestrador, segurando-o pelo pescoço com sua mão esquerda e esmagando o revólver com sua mão direita.

– Por que você fez isso com essas crianças?!

No entanto, o homem nada respondeu. Ele apenas revirou seus olhos e começou a babar uma espuma branca.

Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, os ouvidos superaguçados do kryptoniano captaram um leve sinal de rádio, já conhecido por ele: era do tipo que acionava bombas à distância.

Superman arregalou os olhos, soltou o homem no chão e, num instante, com sua visão de raios-x, localizou o aparelho. Em milésimos de segundos chegou à conclusão que ele explodiria em 4 segundos, sendo tão bem feito que era impossível retirá-lo dali sem que explodisse e aniquilasse todos os ocupantes.

Sem pensar direito, o herói apanhou seis crianças e saiu em alta velocidade dali, deixando-as a uma distância segura e voltando para apanhar outra meia-dúzia, seu limite para não ferir mortalmente nenhuma das crianças.

O problema era que para fazê-lo, Superman gastava 1,5s, e havia quinze crianças no ônibus, sem contar a monitora.

Enquanto pegava as últimas crianças e a monitora, torcendo para o mecanismo falhar ou algum milagre acontecer, para terror do kryptoniano, o ônibus explodiu.

Um forte clarão o cegou momentaneamente, e a força cinética da explosão atingiu sua pele, mal surtindo qualquer efeito nela; as pessoas restantes, bem como o cadáver do sequestrador,, contudo, foram praticamente vaporizadas pelo forte calor emanado.

Quando sua visão voltou, Superman se deparou com o interior do ônibus em chamas, enquanto ao seu redor os restos mortais das crianças e da monitora se confundiam com os destroços do ônibus.

– Não…

O povo ao redor estava atônito.

E, naquele instante, por meio de uma frequência audível somente para os ouvidos do alienígena, uma macabra mensagem póstuma começou a rodar.

“Olá, Superman. Você já deve ter se lembrado de mim, sou o assaltante de Central City cujos braços você arruinou. Meu nome, caso lhe interesse, é Winslow Schott, e, se tudo deu certo, devo estar morto neste momento.

Não que lhe interesse, mas eu estava assaltando aquele banco porque não pude pagar o tratamento de saúde do meu filho, que morreu enquanto eu estava na cadeia. Não pude porque fui despedido da empresa de brinquedos onde eu trabalhava.

Superman, euu lhe disse a verdade quando afirmei que nunca havia machucado ninguém em minha vida, e mesmo assim você me feriu desnecessariamente e impediu que meu filho vivesse.

Por isso, Superman, eu decidi tomar a vida de alguns filhos da sua cidade. Instalei uma bomba no ônibus no qual você está agora, ligada diretamente aos meus batimentos cardíacos. Quando meu coração parou, alguns instantes depois a bomba explodiu.

Você conseguiu salvar alguns, não? A maioria, aliás.

Sabe o motivo pelo qual permiti isso?

Porque o povo irá tratá-lo como um herói, meu caro. Sem você, a tragédia seria muito pior, será o que todos os órgãos da imprensa dirão.

Você será condecorado, mães e pais irão agradecê-lo.

Mas você saberá, somente você, seu maldito, saberá que todas essas mortes são culpa sua, você que as motivou…

A cada cumprimento ou elogio a culpa o corroerá por dentro, pior do que qualquer pedaço de kryptonita faria.

E você não poderá fazer nada para remediar isso…”

A mensagem terminou, e Superman sentiu a água vinda das mangueiras dos bombeiros molhar seu corpo.

Superman viu algumas das crianças salvas por ele abraçando adultos, provavelmente seus pais. Outras pessoas, entretanto, procuravam desesperadas por seus filhos, ao não achá-los no pequeno grupo que fora salvo.

E, sentindo o peso do mundo às suas costas, o kryptoniano se ajoelhou em meio aos destroços do ônibus e restos mortais das vítimas.

Pela primeira vez em muitos anos, Superman chorou.


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Notas finais do capítulo

E aí, muito chocante?
Bom, vamos ver o que vem pela frente.
Inté...