A Princesa E O Alienígena escrita por Beto El


Capítulo 26
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal?

Vamos humanizar um pouco no Homem de Aço...



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Passa da meia-noite, e Metrópolis está tranquila.

Estou sentado no sofá do meu pequeno apartamento, reflito enquanto seguro em minha mão direita o pequeno gerador de hologramas kryptoniano que veio junto comigo no módulo de fuga do meu extinto planeta.

Um rápido comando mental faz aparecer um holograma que mostra um homem de barba e austero logo à minha frente. Ele veste uma espécie de armadura negra, com o símbolo similar o meu no peito, à exceção de que o dele não é colorido.

Trata-se do meu pai, meu verdadeiro pai, o outrora respeitado cientista da alta cúpula kryptoniana, Jor-El. Esse holograma é sua última mensagem, endereçada especialmente a mim, o último sobrevivente de Krypton. Eu avanço a gravação até o ponto que me interessa.

“Você propiciará às pessoas um ideal para o qual aspirar. O povo da Terra tentará segui-lo, meu filho. Nesse intento, eles hão de vacilar, hão de quase sucumbir. Mas, no tempo certo, unir-se-ão a você sob o Sol. Você, Kal-El, vai ajudá-los a conquistar maravilhas.”

O holograma se desfaz perante mim.

Na capa do exemplar do Planeta Diário largado em cima da minha mesa há uma foto minha espetando uma SUV na antena da Rádio MET. Dentro da SUV, estavam 4 meliantes que haviam acabado de assaltar um banco.

Deixei-os lá, e a polícia teve trabalho para resgatá-los, além dos óbvios prejuízos para rádio, cuja antena foi danificada, e também para a Prefeitura, que teve de deslocar um possante helicóptero para conseguir içar a SUV da antena.

A matéria do jornal é bem clara ao criticar o Superman, e põe dúvidas sobre suas atuações. O editorial foi assinado pelo Perry White.

Me encosto no sofá.

“Você tem de decidir qual o tipo de homem que você será, Clark. Qualquer que seja esse homem, ele mudará o mundo.”

Essas foram as palavras do meu pai terráqueo, Jonathan Kent, que me disse isso quando ele me revelou que não sou deste planeta, o que me fez pirar naquela hora. É difícil para qualquer um ouvir de repente que você não é deste planeta, acredite em mim.

Será que meus pais estão felizes com o que me tornei? A humanidade tem algo a seguir de mim? Mudei o mundo… positivamente?

Hm. Há um alarme residencial tocando na área nobre da cidade.

Em poucos segundos chego lá. Trata-se de um rapaz magrela de origem irlandesa, de cabelos bem ruivos e sardas. Ele está com roupas escuras, o que é uma boa ideia, caso você queira passar incólume enquanto pratica um delito.

Ele é esperto: desativou o alarme que alerta a central… além do mais, a casa está vazia, o que me leva a crer que o ruivinho antecipara com cuidado seus passos..

Com um kit, o ladrão tenta abrir uma porta, e mal percebe que estou logo atrás dele. Eu o toco levemente no ombro.

Ele toma um susto e pula para trás. Uma expressão de puro terror toma lugar da anterior, de susto.

- Su… ack…

Seu medo é tão grande que as palavras mal conseguem sair de sua boca. Eu ergo meu punho de forma ameaçadora. A superaudição me diz que seus batimentos cardíacos aumentam em pelo  menos 2 vezes e meia. A visão microscópica mostra pequenos pingos de suor brotando em sua testa, bem como pequenas veias estourando em sua íris.

- Por favor, eu nunca machuquei ninguém… só tô roubando pra ajudar a pagar os remédios da minha mãe… a gente não tem dinheiro pra comprar...

Ele sussurrou isso tremendo. Sei pelo seu ritmo cardíaco que ele não está mentindo, ou haveria uma leve oscilação que duraria poucos milésimos.

O encaro com seriedade, nenhuma palavra sai da minha boca.

É óbvio que ele está com medo, sabe o que eu costumo fazer com meliantes como ele.

Entretanto, hoje não sinto um pingo de vontade de machucar esse cara.

No momento em que eu abaixo meu punho, ouço pelas ondas de rádio que a tropa de combate a super-humanos liderada pela Maggie Sawyer está a caminho. Uma senhora daquelas enxeridas me viu chegando aqui e deve ter contatado a polícia.

- Sua mãe… tem o quê?

- D-diabetes… fiquei desempregado, e os remédios dela acabaram, mal temos dinheiro para comprar comida…

- A polícia está vindo para cá. Eles vão levar você.

- Obrigado… por não me bater…

Olho para o lado e vejo que a equipe da Sawyer já está aqui. Detalhe: as armas estão apontadas para mim, e não para o marginal.

- Superman, renda-se agora.

Olho com desdém para ela.

- Suas armas me fariam cócegas e você sabe disso, Maggie.

- Deixe o rapaz em paz, Superman. Não o machuque!

- Está ileso. Agora, se me dá licença…

Rapidamente parto dali, deixando os policiais para trás. Eles nem fazem mais nada, sabem que qualquer coisa contra mim será ineficaz. Me admira muito a prefeitura manter uma corporação inteira contra uma coisa, e ser totalmente inútil contra ela.

Eu paro a vários metros acima do solo e contemplo a Lua.

Já estive lá. Gosto de olhar para ela e refletir.

Mamãe… Papai… eu sinto tanta falta de vocês.

Mesmo com meus poderes, eu não pude salvá-los, nenhum dos dois… o que eu não faria para tê-los de volta...

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Visão em 3ª pessoa

Cora Jennifer Olsen, debilitada pelos sintomas da diabetes agravados pela falta dos remédios, encontrava-se deitada sobre o modesto sofá da sua sala. A TV estava desligada, a senhora de 63 anos de idade procurava esquecer que seu filho mais velho, Hector, fora preso por tentativa de roubo.

Tudo por causa do Superman.

Entretanto, Cora tinha de agradecer. Geralmente, os criminosos apanhados pelo Homem de Aço tinham de ser levados direto para a UTI, e seu filho estava ileso.

A campainha tocou.

Gemendo, a senhora se levantou, caminhando logo em seguida em passos lentos até chegar à porta. Precavida, certificou-se de espiar pelo olho mágico.

Viu que do outro lado havia um homem uniformizado.

- Quem é?

- Assistência Social de Metrópolis, estou a procura da Sra. Olsen.

Cora resolveu abrir a porta. À sua frente, um homem que aparentava ter seus 40 anos carregava uma caixa de isopor na qual estava impressa a logomarca da Prefeitura.

- O que eu fiz?

- Nada, senhora. Apenas vim trazer sua cota de medicamentos deste mês…

- Que medicamentos?

O homem puxou do bolso um formulário, conferindo os dados ali impressos. Ele coçou a cabeça.

- Olha, moça… os dados aqui estão corretos. Cora Jennifer Olsen, 63 anos… pelo que vejo aqui, a senhora está cadastrada há tempos.

- Mas eu…

- Senhora, por favor, eu tenho outras entregas pra fazer. Então, se não se importa… por favor, assine aqui.

A mulher se deu por vencida e assinou os papéis, pegando a entrega e levando-a logo em seguida até a pia da cozinha, onde abriu o pacote. Para sua surpresa, estavam lá todos os medicamentos que tinha de tomar para combater os sintomas da doença.

- Oh, bom Deus… como isso aconteceu, eu nem sabia que davam remédio…

De repente, seu filho menor, apelidado carinhosamente de Jimmy, um rapaz de 18 anos com cabelos ruivos e sardas, entrou correndo pela cozinha.

- Mãe! Mãe!

- Que foi, querido? - a mulher questionou preocupada.

Ele, entretanto, parecia feliz. Era o único sorriso que ele tinha dado a ela desde a prisão de Hector.

- Mãe! Cê não vai acreditar, uns caras lá do Planeta Diário foram lá no curso e me chamaram pra estagiar no jornal!

O curso ao qual Jimmy se referira era bancado por uma assistência social próxima de onde moravam. Eram vários cursos, e o ruivo não titumbeara em escolher foto-jornalismo. Com as parcas economias, a família se esforçara a dar uma modesta câmera para ele.

- Sério?!

- Sério! Eu tenho que ir lá amanhã!

Mãe e filho se abraçaram, chorando. Não para menos, finalmente, depois de meses, haviam recebido boas notícias.

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Semanas depois, o jovem Jimmy Olsen tentava equilibrar o copo de café extra-forte que seu chefe, Perry White, lhe ordenara adquirir, bem como um monte de documentos diversos que ele deveria entregar ao rabugento editor-chefe.

Quando uma atraente mulher morena passou ao seu lado, Jimmy não resistiu e olhou por milésimos de segundo para ela; aquela Lois Lane era maravilhosa mesmo.

Jimmy então bateu em alguém muito forte. Tão forte que por instantes pensara ter batido em uma coluna.

Desesperou-se quando sentiu o copo de café se perder de sua mão direita, preparando-se instantaneamente para levar uma bronca daquelas.

No entanto, espantou-se ao ver que aquele em que havia colidido segurava calmamente o copo de café. O homem devia ter fácil mais de 1,90m, e, estranhamente, somente àquele momento Jimmy percebera o quão forte ele era. Talvez fossem os óculos que dessem um ar de fracote àquele cara.

- Oi. Você é o novo estagiário, né?

- Hã… sim… Senhor…

- Kent. Mas pode me chamar de Clark. - calmamente o homem, que usava terno azul e gravata combinando, entregou-lhe o copo - É melhor você levar isso rápido. O Perry parece estar naqueles dias.

- Tá, Sr. K… quero dizer, Clark. Obrigado!

- Ei. Se você estiver disponível, eu preciso de um fotógrafo pra me acompanhar. Você estuda fotojornalismo, não?

- Mesmo?!

- Olha, não vai ser nada emocionante, viu. É apenas uma reportagem sobre uma mulher que acolhe gatos perdidos na rua…

- Não importa, vai ser ótimo!

- Excelente. Depois eu falo com a Karen e vamos lá.

- Valeu, Sr. K!!!

O garoto ruivo continuou a andar apressadamente entre as células da redação, e Clark arrumou seus óculos sorrindo.

Estava satisfeito.

Talvez seu alter-ego pudesse mudar algumas atitudes...


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Notas finais do capítulo

Bem, a ideia do capítulo não foi exatamente minha, tem pitadas do Homem de Aço, de uma história antiga do super...

Espero que tenham gostado.

Abraços para todos!