A Princesa E O Alienígena escrita por Beto El


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Opa, tudo bom, galera?
Novo capítulo!



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Estou no espaço.

Eu gosto de ficar aqui, é silencioso e ninguém te enche o saco.

Mas não vim por diversão, ou em busca da minha paz interior – que aliás, acredito que nunca acharei.

Há algumas horas tive a impressão de ver um asteroide, planetoide, sei lá o quê, muito próximo do nosso planeta. Contudo, essa coisa sumiu segundos depois, por isso voei pra cá a fim de averiguar isso.

Vasculhei por horas, com visão telescópica, raios-x, infravermelha, mas nada...

Estranho, será que estou ficando louco?

Bem, não posso ficar mais tempo aqui, tenho uma matéria para entregar e todo mundo do Planeta já deve estar estranhando minha ausência...

Quando entro na atmosfera terrestre, sinto meu rosto queimar com a fricção com o ar, mas isso não me incomoda em nada... Consequentemente, começo a ouvir notícias aleatórias sobre o planeta.

Hum. Teve uma invasão de uma raça das profundezas do mar enquanto estive fora.

A moreninha gostosa, o Ligeirinho e um... Aquaman (?!) cuidaram dessa invasão. Caramba, mais um meta-humano? O que está havendo com esse planeta? E quais serão os poderes desse Aquaman? Será que ele conversa com peixes?

Ah, ah, ah... não, isso seria muito ridículo...

Que pena, adoraria dar umas cacetadas naqueles bichos, mas fica pra depois. Do jeito que as coisas estão, oportunidade é o que não vai faltar.

Eu me esgueiro em supervelocidade pela janelinha do almoxarifado, e, com um pensamento, meu bio-uniforme se retrai, substituindo-o por roupas sociais. Esse uniforme é show de bola, nem preciso ficar me preocupando de guardar minhas roupas por aí, ele consegue emular todo tipo de vestimenta.

Okay, agora é só acionar minha eficaz visão de raios-x e ver se não tem nenhum zé-ruela por aqui. Não, a barra está limpa. Eu pego meus óculos de nerd do armário e saio de fininho.

- Kent! Onde diabos você estava?

Quem grita comigo é meu editor-chefe, Perry White. Ele fuma nervosamente seu charuto fedorento, ainda que a menos de três metros dele haja uma placa de ‘proibido fumar’.

- Sr. White, desculpe, eu estava... com... indisposição estomacal...

- Que seja, espero que a sua caganeira tenha passado, porque você tem uma missão.

Eu ajeito meus óculos de forma patética. Preciso parecer assim pra não levantar suspeitas.

- Se for quanto à matéria da restauração da igreja Mercy...

Ele para à minha frente, o charuto subindo e descendo enquanto semi-mastigado pelos seus dentes.

- Não, Kent. Essa matéria ficou pra depois. Você tem uma entrevista pra fazer.

- Entrevista? Com quem?

- Não me pergunte como, mas uma assessora do playboy Bruce Wayne ligou aqui, e ele finalmente aceitou dar uma entrevista para o nosso jornal.

- Sim, mas por que eu? Pensei que a Lois fosse a principal repórter daqui.

- E é, eu a mandaria sem pensar duas vezes sobre o assunto. Acontece que o Wayne demandou que fosse você quem o entrevistasse, não me pergunte por quê. Vai ver ele corta pros dois e viu uma foto sua que o deixou com vontade de conversar com você...

- Sr. White...

- Kent! Se for o caso, apenas dê um selinho nele, e o dispense, depois de entrevistá-lo! Você é impressionante, nunca vi isso, todo mundo aqui é ávido por conseguir uma matéria de verdade e você se esconde... Vá, pegue uma viatura para ir lá, ou então passe no RH e assine sua demissão.

É... não me restam muitas escolhas...

Desço até a garagem e pego uma das viaturas para ir até Gotham, que fica razoavelmente perto daqui.

Oh, Rao... eu detesto dirigir... como é lento...

Finalmente, depois de pegar duas horas de trânsito (com esse tempo, eu conseguiria ir até Marte), eu chego à grande torre que consiste no enorme conglomerado da Wayne Enterprises. Ela é tão grande quanto a LexCorp.

O Wayne tem sorte de ter herdado toda a fortuna dos pais, imagine só como ele faria se fosse um chulé como eu?

Depois de ter meu carro estacionado por um manobrista, sou conduzido até o saguão de recepção do prédio, onde logo estou à frente de um balcão. Uma bonita garota de uniforme e sorriso impecáveis me atende.

- Bom dia, senhor! Em que podemos ajudá-lo?

- Er... eu tenho uma entrevista agendada com o Bruce Wayne, meu nome é Clark Kent.

- Oh, sim, claro, Sr. Kent. O Sr. Wayne veio especialmente para conversar com o senhor. - a garota deu uns toques rápidos no teclado e logo me passou um crachá de visitante – Eis seu crachá, queira por favor subir até o 20º andar.

- Obrigado.

Pego o elevador, cuja música ambiente é 'Garota de Ipanema' – aff, que clichê...

Quando chego ao andar, vejo que ele é exclusivamente para o Wayne. Todo cheio de enfeites em mogno, mobília cara, tapetes caríssimos... esse homem é rico demais, por que combate o crime vestido como um morcego gigante todas as noites?

Dou alguns passos em um corredor e logo sou abordado por uma mulher deliciosíssima, vestindo uma roupa social curta. Que pernas...

- Bom dia, Sr. Kent. O Sr. Wayne o espera na sala à sua frente.

- Bom dia, muito obrigado.

Eu entro na enorme sala, e vejo Bruce Wayne sentado à sua gigantesca mesa. Trata-se de um homem  alto, cabelos negros curtos, Ele veste uma camisa polo preta, que deve ter custado uma nota. Na sala há vários livros em estantes – aliás, os temas são interessantes: artes marciais, ciência forense, tecnologia, filosofia – Em um canto da sala, uma grande TV LED, máquinas de fliperama, um pequeno bar... uau.

- Patricia, querida, muito obrigado. Por favor, eu não gostaria de ser incomodado até segunda ordem.

- Sim, Sr. Wayne.

- Querida, você pode me chamar de Bruce. - ele fala com uma voz mansa e sorriso fácil. Nem parece o Batman.

- Sim, Bruce... - ela respondeu, com um sorrisinho safado. Wayne já deve ter traçado essa aí.

Depois que a garota saiu, o semblante de Wayne mudou completamente. Ele apoiou seus cotovelos na mesa e olhou sério para mim.

- Você veio.

- Bem, era isso ou ser mandado embora. Agora... só estou curioso sobre o motivo para você querer conversar comigo, morcega.

- Hunf. Sempre sarcástico e pouco inteligente... vamos primeiro... fazer essa entrevista, Kal-El. Depois eu lhe digo o real motivo para trazê-lo aqui.

Pois bem.

- Certo. Vamos começar com as expectativas da Wayne Enterprises ao adquirir as instalações da G-Tech Inc...

Depois de umas duas horas de conversas extremamente profissionais, terminei minha matéria, que deve fazer um bom recheio no caderno de economia do domingo. Provavelmente será a maior matéria que já tive no Planeta.

Wayne me deu as costas, olhando para fora.

- Esta cidade, Kent, estava perdida até pouco tempo atrás. Em honra à memória dos meus pais, eu quis assumir uma personalidade que pudesse trazer todo o seu esplendor à tona novamente. Por isso, depois de me manter recluso por vários anos, voltei para cá, assumi algumas responsabilidades na Wayne Enterprises, além do meu outro lado, que você já conhece.

Eu rio.

- Cara... eu não conheço lado oculto seu nenhum... o que você falou ficou muito estranho!

Eu não podia deixar passar essa... eheheheheheh...

Bruce olha para o outro lado, percebo que seu rosto está movimentando mais sangue do que o normal, consegui irritá-lo.

- Infantil. Vamos logo ao motivo pelo qual o convoquei aqui.

- Tá bom... – eu respondo e me encosto na confortável cadeira. Ainda estou rindo pela minha resposta engraçadinha.

Wayne apoia seus cotovelos na mesa.

- Eu o trouxe aqui porque estou preocupado com a quantidade de meta-humanos surgindo nos últimos meses. Hoje mesmo tivemos a aparição de um homem que aparentemente vive nos oceanos. Ele é muito forte, e quem sabe que outra sorte de poderes possui?

- Ah, o Aquaman?

- Sim. Eu desconfio que ele seja de uma raça atlante.

- Raça atlante? Pensei que isso fosse mito...

- Não são. Há relatos de encontros de humanos com atlantes, quando estes se aventuram em terra firme. Contudo, não aguentam ficar muito tempo fora d’água.

- Interessante. A verdade está lá fora, afinal...

Wayne se levanta e, com as mãos cruzadas atrás, começa a dar passos lentos pelo escritório. Ele parece escolher detalhadamente suas próximas palavras.

- Você, Kal-El... tenho acompanhado sua carreira desde que comecei a operar como... Batman. Não aprovo seus métodos, mas sei que, sem contar aquele que cometeu aquelas atrocidades contra sua mãe, você não matou ninguém. E, querendo admitir ou não, você faz o bem, ainda que não seja visto pela maioria das pessoas.

- Okay, tá certo, mas pra que todo esse blábláblá?

Ele se senta novamente à sua mesa, encarando-me fixamente. Até dá pra entender o medo que ele causa nos criminosos...

- Eu proponho uma parceria extraoficial. Mantenhamo-nos informados a respeito desses metas, bolemos planos para detê-los...

- E... quanto a mim, você tem algum plano? Ainda acho que sou o mais poderoso deles.

- Ah, não tenha dúvidas.- ele me responde com um sorrisinho sarcástico e irritante.

- Bom... eu tenho um plano contra você, também. Em supervelocidade arranco sua cabeça.

- Bem... é efetivo, sem dúvidas. Mas, me diga... o que você sabe sobre o Flash e o Lanterna Verde?

Como ele sabe minha conexão com os dois? Esse morcego me surpreende a toda hora...

- Hã... Bom... o Lanterna eu conheci quando enfrentei o Sinestro, o Flash eu ajudei com o uniforme, eu o encontrei vagando em supervelocidade por Metrópolis. Eles parecem ser boas pessoas.

- A Mulher-Maravilha parece ter quase o mesmo nível de poder que você. Ela é quem me preocupa. Sei que é uma amazona, mas... seria o caso de uma batedora à frente de uma futura invasão?

- Não. Ela é praticamente uma menininha, totalmente inocente.

- Bem, continuemos...

As horas passam e até que gosto de falar com Wayne, ele é pragmático, mas, sinceramente, é a pessoa com quem conversei que mais se aproxima de mim. Falando sério, essa recente onda de heróis e vilões tem começado a me preocupar também, esse plano de contingência é necessário.

Enquanto estou preso no trânsito da rodovia que liga Gotham a Metrópolis, lembro do que Shayera me disse. Que há outro como nós aqui na Terra. E ele despistou Shay com facilidade.

Para fazer isso com a passarinho, penso em algumas opções: o cara é superveloz, fica invisível, intangível ou é um metamorfo.

Pode ser alguém perigoso, talvez seja bom eu conversar com a Shay e começar a procurar esse cabra.

Afinal... de repente, um cara desses pode zonear legal nossa parada, não é?

Droga, um cara acabou de me fechar!

Eu tiro um pouco minha cabeça para fora e, com um pequeno feixe da visão de calor, estouro o pneu dele. Chupa, otário.

Já disse que eu odeio esse maldito trânsito?


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Notas finais do capítulo

Pessoal, muito obrigado pelos reviews, juro que não esperava tanto...
Valeu!



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