Ouvi a voz me chamando, porém não quis parar... Queria chegar no meu quarto e beber tudo que havia na geladeira e capotar. Dormi. Dormi e nunca mais acordar. Porque estavam sendo tão cruéis comigo e com o restante dos Vocaloids? Poderiam ir todos, oras. Com certeza o problema não era dinheiro... Seria eu? Escorreguei, caindo sobre a grama da entrada do prédio da Crypton.

- Meiko! Para por favor... – Virei um pouco. Minha visão estava embaçada, porém consegui enxergar o Kaito.

- Kaito... Por... que?

Ele me abraçou. Naquele momento era até confortável e acolhedor. Deixei-me ser guiada pelos braços dele e quando percebi já estávamos no meu quarto. Sentei na cama, com a cabeça baixa... Pensamentos assolavam minha mente e me fazia desistir de tudo.

- Pegue Meiko... – O Kaito oferecia uma garrafa de sake. Peguei e bebi um enorme gole, deixando escorrer pelo canto dos meus lábios. – Vamos... você precisa melhorar....

Como ele podia pedir isso de mim? Cantar e mostrar minha música para as pessoas era meu sonho... O motivo de ainda respirar. Olhei nos olhos dele. Também estava triste e a face molhada. Ele estava... chorando? Larguei a garrafa de sake no chão e o puxei pela blusa.

Ficamos abraçados por algum tempo. Ele chorava no meu ombro e não resistindo, acabei por chorar também.

Não sei quanto tempo havia se passado nos braços do Kaito, mas quando as lagrimas me faltavam, afastei. Fiquei fitando-o por um tempo... Ele tinha os olhos vermelhos e o nariz inchado. Também tinha parado de chorar. Encaramos por algum tempo, depois começamos a rir.

- Idiota.

- Bobona.

- Porra, bobona?

- É. – Ele encolheu os ombros, corando um pouco.

Meu coração disparou. Que porra estava acontecendo? Que clima era aquele? Me senti diferente... Era algo mais especial... Diferente do que acontecia quando estava com a Miku. Totalmente diferente. Ele ergueu a mão e enxugou o meu rosto... Fechei os olhos, deixando ser tocada.

- Você fica linda assim.

- Com a cara inchada e vermelha? Chorando? Porra...

- Não... – Ele sussurrou, senti a aproximação dele e a respiração. Permaneci com os olhos fechados. Meu coração parecia que iria sair pela boca. – Sendo sincera.

- Hm...

Abaixei a face. Não gostava de que as pessoas me vissem assim... Sendo tão... frágil. Suspirei, abrindo os olhos. É ele estava muito perto.

- Meiko... Estarei sempre do seu lado... sempre.

- Até mesmo quando eu for ao banheiro?

Ele riu e eu também.

- Quem sabe.

Fiz uma careta, percebi que ele se aproximava mais... E cada movimento, meu coração palpitava forte. As luzes do quarto estavam desligadas e a única claridade, era da lua que entrava pela janela.

- Sei o quanto esta fraca, mas... quero aproveitar o momento.

- Para que??? – Ergui uma sobrancelha. Não sou nenhuma menininha boba, sabia o que estava por vir. E lá no fundo... eu queria.

 Ele se aproximou mais ainda... fechei os olhos e logo nossos lábios se tocaram. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo e me fazer estremecer. Kaito segurou meu ombro e logo o beijo ficou mais intenso. Ele chupava os meus lábios com uma gula... como se desejasse por aquilo há anos. Retribui... com a mesma intensidade. Depois de alguns minutos, nos afastamos... Estávamos ofegantes. Ele sorriu.

- Sempre quis fazer isso.

- Demorou ein, caralho!

Rimos de novo, ele deitou e me puxou por cima. Fiquei fitando-o nos olhos...

- Vamos fazer nosso momento aqui.

- Vamos... – Confirmei, alisando a face dele e afastando as madeixas azuis.

Voltamos a nos beijar... só que dessa vez com mais luxuria e tesão.