Bebi um enorme gole de sake e corri. Saindo de perto do bar e indo em direção ao enorme córrego que cortava a cidade. Ao chegar, parei e virei... Ele havia me seguido.

– ARGHH!!! Por que esta me seguindo e me dando esses sermões, cacete?

– Só quero lhe ajudar.... – Ele dizia. Calmo.

– Não preciso da ajuda de ninguém! Eu estou bem!!!!

– Não é isso que a Crypton fala.

Pronto. Aquilo foi a gota d’água. O que ele sabia que eu não sabia? Parei de andar e me virei. Ainda segurava a minha garrafa de sake.

– A Crypton?

– Sim. Soubemos de uma reunião que houve sobre o comportamento dos Vocaloids...

Meu coração apertou. Será que novamente seria posta de lado? Fiquei em silêncio, e vendo que havia parado de reclamar, ele continuou.

– ... estão pensando em... – Vi ele abaixar a cabeça. – cortar alguns.

Cortar? Demitir? Como assim? Não podiam fazer isso... Não naquele momento. Sentir meus olhos ficarem embaçados... Virei ficando de costas. Ainda em silêncio.

– ... Sei que é duro ouvir isso... mas, eles citaram o seu nome.

Sentir um aperto na garganta e a lagrima escorrer pela face. Solucei baixo e sai correndo. Não queria que ele me visse assim... Na verdade não queria que ninguém me visse assim.

Corri o maximo que pude. Novamente seria esquecida... minha voz iria se calar e meus sentimentos iriam morrer. Ou melhor, eu iria morrer. O que seria de mim? Do meu objetivo de viver, se nele apenas restava cantar? Os pensamentos martelavam a minha mente e as lagrimas deixavam minha visão embaçada.... Estava escuro... até que bati em alguém. Confusa e magoada, apenas abracei. Escorregamos, até sentar... Não sabia quem era. Mas me abraçou... Comecei a chorar, soluçar.... Não podia ser o fim. Não podia... A pessoa acariciava minhas costas, em silencio. O perfume doce me acalmava. Até que tudo ficou escuro.

Quando acordei estava deitada na minha cama, com o cobertor sobre mim. Sentei-me... Minha cabeça doía muito. Fiquei parada por um tempo e quando recobrei a minha consciência, olhei em volta... Estava tudo arrumado.

– Nossa... Passou um furacão aqui?

Me levantei, estava sem o casaco. Fui até o banheiro, onde tomei uma ducha demorada e vestir qualquer roupa; um short jeans e uma blusa preta, mostrando a barriga. A cozinha também havia sido arrumada e sobre a mesa, havia um prato com sanduíches e um suco.

– Quem será que... – Olhei em volta, não havia nenhum bilhete. Ao contrario, encontrei uma fita azul ciano...

Meu coração apertou. Caminhei até ela e a peguei. Era um tanto grande, usava para amarrar os cabelos, e só havia uma pessoa naquele prédio que usava elas.

– Perguntarei depois. – Encolhi os ombros e coloquei a fita no bolso, indo comer a maravilha que estava sobre a mesa.

E estava mesma uma maravilha. Aos poucos a lembrança da noite passada vinha na mente... E isso me deixava agora furiosa.

– Vou primeiro no escritório. Preciso confirmar isso. E eles vão me falar!

Estava decidida. Colocaria Crypton de cabeça para baixo, mas eu iria saber! Ah, se iria!