Quando acordei estava deitada no chão e o Kaito dormia do meu lado... Sentei e olhei em volta, o quarto estava uma verdadeira bagunça. Tudo jogado, minhas roupas se misturavam as dele. Suspirei, levando a mão até a testa, rindo baixo, o que fez o outro acordar.

— Acordou, Meiko? — Ele havia se sentado também, coçando os olhos. Estava com a cara amassada e sem camisa.

— Sim... acho que dormimos demais.

Olhei para o relógio na parede, é havíamos dormido demais... Já ia dar meio-dia.

— Que horas temos que ir pro aeroporto?

— Duas horas...

— PUTA QUE PARIU ESTAMOS ATRASADOS! CARALHO, LEVANTA ESSE CU DAÍ, VAMOS VAMOS!

Gritei, me levantando e puxando ele com força.

Vi o Kaito arregalando os olhos e se levantando também. Começamos a correr de um lado para o outro, arrumando algumas coisas e enfiando outras na mala. Com tudo pronto, apenas coloquei uma blusa de manga comprida e uma calça jeans. Penteei os cabelos e esperei o outro na porta do quarto. Ele veio correndo também, com a roupa vocaloid dele. Cerrei os olhos, colocando as mãos sobre a cintura.

— Oh Mané! Se te virem assim vão desconfiar, mas é uma anta! Vai se trocar! — Empurrei para dentro do quarto.

Ele voltou segundos depois com uma blusa social e calças pretas.

— Pronto Meiko... vamos!

— Pegou as chaves do carro?

Corríamos, descendo as escadas com as malas. Não eram muitas, duas para cada um.

— Peguei, aqui... — Ele balançou o maço de chaves, rindo que nem um idiota.

Sorri também. Corremos juntos até o carro dele, colocamos as malas no fundo e fomos para o aeroporto. Tudo estava passando tão rápido, que nem raciocinar direito conseguia, e quando parei para pensar em tudo que estava ocorrendo, já estava sentada na poltrona do avião.

— Ufa, que sufoco do caralho, ein.

— Neeeh. — O Kaito estava sentado do meu lado.

Quando estávamos no céu, fiquei observando a janelinha e a cidade embaixo, a viagem não seria muito longa, já que a cidade ficava próxima.

— Kaito, como comprou as passagens?

— No cartão... oras. — Ele mexia no DS, estava jogando Zelda e concentrado.

Suspirei, voltando a olhar para a janela. Como estaria o pessoal? Deveria estar todos empolgados com a viagem, preparando-se para os shows, as fotos, as entrevistas... Fechei os olhos, encostando a testa na borda da janela. O que seria de mim e do Kaito quando chegássemos à cidade? O que faríamos? Eram tantas perguntas que minha cabeça começou a doer e logo adormeci.

Fui acordada pelo Kaito que me balançava, já estávamos em terra firme. Abri os olhos, olhando em volta, as pessoas estavam em pé recolhendo suas bagagens.

— Chegamos?

— Sim... Vamos! Temos que ir pro hotel... reservei um quarto em um hotel bem barato que tem aqui perto...

Olhei para ele meio desconfiada, tá, recebíamos um cachê bem legal em cima dos vídeos que fazíamos, mas não sabia que o Kaito tinha tanto direito assim, ainda mais para bancar toda essas viagem.

— Deixe pelo menos eu pagar o hotel... — Indaguei, me levantando e pegando minha mochila. Ele sorriu.

— Guarda seu dinheiro, podemos precisar... sem falar que, comprei só passagens de ida... Hehe.

Juntos saímos do avião e fomos até a entrada do aeroporto pegar um taxi, no caminho fomos em silêncio... Senti algo sobre minha mão e quando olhei, era o Kaito segurando-a. Fiquei meio sem graça, mas tranqüila. Não era algo que me deixasse sem fôlego ou com o coração acelerado... era calmo. Somos amigos... e acho que disso não passaria. Tirei a minha mão, colocando sobre o meu braço e desviei o olhar para a janela. A cidade era enorme e havia muito prédios... Taxi parou, pagamos e saímos, recolhendo as malas e deixando na calçada. É, de fato o hotel era bem simples... Sabe aqueles prédios antigos e empoeirados? Pois bem, era um desses. Suspirei, cerrando os olhos e olhando para o Kaito. Que sorria que nem uma bicha com a mão na nuca.

— Pensei que fosse um hotel cinco estrelas... Argh! Vamos logo...

— Deeeescuuuuuulpaaaaa Meeeiko.

Ignorei o que ele havia dito, entrando no hotel. Fomos até a recepção. Mas uma merda do Kaito que estava descobrindo... Ele havia pedido um quarto de casal, o mais simples... Olhei furiosa para ele.

— PORRA KAITO!

— Calma Meiko.. era o mais barato!

Estávamos no corredor indo para o quarto. Por dentro era feito de madeira, e cada passo que eu dava, podia ouvir o ranger de madeira velha. Aquilo começou a me irritar... era um local frio e sombrio. Subimos alguns degraus e chegamos no segundo andar. Entre no quarto.

— Filha da puta...filha da puta... da próxima vez eu alugo um quarto.

O quarto era pior que eu imaginava. Uma cama ficava no canto, tinha uma minúscula varada do lado, uma televisão pequena. Era um cubículo! Joguei as malas no canto e fui para a cama, deitando. O colchão era duro, como havia imaginado... Bufei de raiva, enfiando a cara no travesseiro e gritando.

— Meiko... desculpa. Eu sei que o lugar é ruim... mas pelo menos fica perto de um bar bem aconchegante e tem o melhor sanduíche lá.

Ergui a cabeça, opa, ouvi bar? Ri um pouco, sentando sobre a cama e olhando para a varanda.

— Vamos mais tarde... vou tomar banho.

Pelo menos tinha um banheiro, minúsculo, mas tinha. Peguei a toalha que estava sobre a cama, indo pro banheiro... tomaria um banho e depois ia sair para explorar a cidade.