Quando acordei o Kaito ainda estava dormindo ao meu lado. Fiquei fitando-o por alguns instantes. Os problemas que haviam me afetado na noite anterior, estavam esquecidos e por enquanto tudo estava tranqüilo. Levantei tentando fazer o mínimo de barulho possível, inutilmente. Acabei enrolando o pé no cobertor e caindo no chão. Ouvi alguns resmungos e depois risos.

— Que isso Mei?

— Quieto. — Tentei me afastar, porém me enrolava mais ainda.

— Nessa posição não podemos fazer nada.... — Ele ria e aquela risada me deixava mais furiosa.

— Me ajuda neh, caralho?

Ele riu mais um pouco e depois senti minhas pernas soltas. Cai no chão e sentei... Estava apenas com a blusa dele e nua por baixo. Corei um pouco, ficando em pé.

— Vai tomar café aqui? — Tentei disfarçar e mudar de assunto.

— Sim... Se você quiser.

— Hum... Fique se quiser...

Virei-me e fui para o banheiro tomar um banho... Coloquei um short e uma camisa de manga e fui para o quarto, o Kaito estava na cozinha preparando algo. Estava apenas de cueca. Estranhamente me senti como se fosse algo além de amigos... Meu coração apertou.

— Vá tomar banho, imundo, eu termino o café. — Mandei, me aproximando da mesa da cozinha, fazendo-o largar os talheres.

O mesmo me deu um beijo no pescoço, me abraçando por trás, sussurrando no meu ouvido.

— Tive uma idéia para irmos pro show’s.

Arregalei os olhos, largando tudo e virando.

— COMOASSIM? Não podemos invadir... — Kaito estava com as duas mãos sobre a cintura e acentia com a cabeça. — Mas... que idéia? E o que poderíamos fazer? Não fomos convidados... Podemos ser expulsos.

— Não quer correr o risco?

— Mas... isso é insano e sem nenhum pingo de responsabilidade...

— HÁ MEIKO! Como se você fosse a Senhora Responsabilidade! Vamos, deixa de medo, se formos expulsos de Crypton... poderiamos simplesmente criar nossas musicas e tocar em bares, que tal? Eu no piano e você no vocal.

Ri. Só podia ser uma piada... Fiquei em silêncio, fitando os olhos azuis do homem a minha frente, que tinha um sorriso empolgado e uma expressão de criança que estava para aprontar.

— Mas e como iremos nos manter lá? Hotel e tudo mais?

— Ué, temos dinheiro Mei... Dinheiro que mal usamos...

— Eu uso, caralho. Compro minhas coisas e minhas bebidas.

— Normal.. mas ainda sim, você não gasta TUDO nisso neh?

Mordi o lábio inferior. Por que eu estava tentando evitar? Seria algo que eu realmente queria fazer... Ir junto com os outros Vocaloids... Vê e sentir como era um show de perto, uma viagem em turnê... Suspirei, encostando-me na bancada.

— Ok, iremos nesse show. Espero não me arrepender disso.

— Comigo do seu lado, não ira.

Ele me abraçou e eu deitei a cabeça no peitoral do homem. Ficamos assim por algum tempo.

— Eu só queria saber, porque?!...

— Eu também, Meiko... Eu também.

Afastei em seguida, fitando-o. Ele se aproximou e me de um selinho. Sorri de leve, afastando de vez dos braços do Kaito. O que estava acontecendo comigo? Não gostava de tanta aproximação... mas naquele instante tudo que eu necessitava, todo o conforto, todo o carinho que eu precisava estava nos braços daquele que também fora rejeitado, igual à mim. Tínhamos algo em comum.

Assustei-me com o barulho da porta.

— Vou tomar banho. — Disse Kaito indo para o banheiro.

Fui abrir a porta. Arrumei meus cabelos e abri a porta só um pouco para ver quem era... Não havia ninguém. Olhei para um lado e para o outro e pro chão, encontrei uma garrafa de sake, com um laço vermelho amarrado e um pedaço de papel. Me agachei, peguei e fechei a porta. Coloquei a garrafa sobre a mesa e peguei o papel.

“ Tudo vai dá certo... É só acreditar nos seus sonhos. “

Virei, revirei o papel, não havia assinatura. O Sake era o meu preferido... Quem poderia ser? Li novamente a frase... Será que foi a Miku ou o Gakupo? Suspirei, guardando na gaveta.