Stay Alive. escrita por Primrose


Capítulo 9
Tremendo


Notas iniciais do capítulo

Gente, espero que estajam gostando *U* ~se puderem avisar e fazer uma pessoa feliz eu agradeço ushuahsu~ agora me ignorem e continuem lendo U.U



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De repente a risada de Katri parou. Ela sempre percebeu as coisas antes de mim, mas ela sempre gostou de prolongar os sorrisos, os momentos bons... Alguma coisa está errada.

Ayse ainda não tinha percebido que Katri parara e eu também tinha acabado de notar. Olho para ela, os resquícios da sua ultima risada ainda são visíveis em seu rosto, mas desaparecem logo. Seu olhar se perde em algum lugar distante, muito além da arena. Sua mão pequenina e astuta agarra a grama com força. Ela encara o chão, incrédula... Então seus olhos perdem o brilho pouco a pouco, até que deixam de ser espertos, alegres e seu rosto não tem mais aquela expressão, como de alguém que sabe alguma coisa que ninguém mais no mundo sabe. Ela agora expressa o mais puro terror e medo.

Katri , agora, não passa de uma menininha. Pequena, com medo, cansada e triste. Minha risada parou. Lágrimas caíam dos olhos dela. Então as risadas de Ayse também param. Katri levanta o rosto para nós, seus olhos ainda estavam perdidos no céu, ou nas mais terríveis das lembranças. Elas nos encara como se quisesse falar, mas não conseguisse.

–Ela está em estado de choque – disse Ayse – Sem dúvida nenhuma...

–Treme... – Katri disse, ausente – maldito, treme , treme.

Tanto eu quanto Ayse não sabemos o que fazer, porque meu cérebro é tão lento para entender essas coisas? Olho para o chão, olho para o vulcão que agora descansa em paz.

–Maldito chão, treme... – Katri resmunga

Então meu cérebro acha a resposta. Olho para Ayse, deseperada... Quanto tempo ficamos ali? É tarde demais? Sim, é... Ayse no último segundo pareceu entender o meu recado, aliás o de Katri.

–Não! – foi tudo o que eu conseguir dizer antes do mundo desmoronar. Sim, literalmente desmoronar. É um terremoto.

O chão começa a tremer. Não como o vulcão quando estava explodindo, é um tremor muito mais forte, como se o chão tivesse criado vida e estivesse querendo nos comer. Árvores começam a cair, eu mesma mal me mantenho de pé. Katri grita, assim como eu. Ayse é carreirista, não iria gritar. O chão treme tanto, que sou jogada para longe de Katri e Ayse. E agora? A morte finalmente nos achou?

Não sou eu quem reúne forças o suficiente para levantar. É minha raiva. Acabei de fugir de um vulcão, e não posso dizer que isso me deixou de bom humor. Mesmo com toda essa determinação é difícil se manter de pé. Vejo uma árvore gigante cair entre Katri e Ayse. Elas gritam e a árvore pega fogo. Então eu percebo que eles querem nos separar.

Tento correr até Katri, mas acabo caindo no chão. Quando chego perto dela, vejo que é tarde demais. O chão se abre numa rachadura imensa. Tento correr para o outro lado, mas lá a árvore queima em chamas. Do outro lado da árvore vejo Ayse, e todas as minhas entranhas se contraem, quando percebo que ela luta contra algum bestante. Acho que Katri também percebeu o bestante, pois ela sai correndo para o outro lado. Enquanto eu... Não sei o que fazer, estou sozinha agora.

Continuar viva, penso. Mas esse é o pensamento mais irônico que podia ter me ocorrido. Nesse momento saio correndo, mas sou atingida na cabeça por um galho de uma árvore que está desabando. E isso é a ultima coisa que vejo antes de desmaiar.

Estamos no terceiro dia dos Jogos vorazes. Eu e Katri tínhamos acabado de arrastar o corpo do garoto do 9 para fora da caverna e agora estávamos a procura de um novo esconderijo.

–Acho que estamos indo bem – digo a Katri – Eu achava que iria morrer na cornucópia.

– Não – ela ri – Eu achava que iria viver um pouco mais. E aqui estamos nós

– Então...como são as coisas lá no 3?

–Bom... – ela sorri timidamente - Depende, a vida lá é boa na medida do possível. Moro com a minha irmã na casa da minha tia... Assim, é que meu pai é muito ocupado. Trabalha o dia todo na central de tecnologia. Ele é inventor – ela sorri mais uma vez – meu cabelo era liso, mas ficou desse jeito por causa de uma invenção dele – nós rimos

– Mas... e sua mãe?- pergunto, me arrependendo na hora.

O sorriso de Katri se desfaz – Ela... morreu – diz finalmente – Num terremoto... mas tudo bem, já faz algum tempo. Eu... – ela suspira – Desculpa, ninguém pode ser forte para sempre – ela fala, mas tenho a impressão que ela não está se dirigindo a mim.

De repente Katri evapora. E com um grito, percebo que estou no corredor do palco, prestes a ser entrevistada por Caesar.

– Agora recebam: Maysilee Donner! – ele grita e o público aplaude

Estou com um belíssimo vestido coral e uma maquiagem exagerada pesa em meus olhos. Quase escorrego no salto enquanto entro no palco. Por fim me sento, encaro a plateia e abro um sorriso forçado.

–Então Maysilee, como o que está achando da nossa Capital? – ele pergunta

Tenho uma resposta na ponta da língua: “É lindo, realmente lindo matar crianças“. Mas me contenho e respondo:

– Fabulosa – mas minha voz sai sem emoção.

– Ótimo! - Ele responde alegre – Agora, o que acha disso?

Um telão surge em minha frente. Levo um susto ao me ver caindo da árvore, enquanto a carreirista loira gritava repetidamente “ Eu vou te caçar, nem que seja no fim dessa arena!”. Sinto algo gelado no meu pescoço e olho para trás. Caesar tinha sumido, quem estava do meu lado era Jazzy, a carreirista do machado. E seu machado está em meu pescoço.

Tudo evapora novamente, agora estou no distrito 12, é o dia da colheita. Tilynia Morphal, a bizarra mulher que retira os nomes das bolas de cristal, corre para um lado do palco enquanto grita em sua voz estridente e ridícula:

–Primeiro as damas! – ela chega à bola de cristal e enfia seu braço lá dentro, então pega um papel.

Meu estomago se contrai, tenho vontade de fugir... Mas não posso. Que não seja eu! Que não seja ninguém que eu conheça!, penso, desesperadamente. Então ela anuncia:

–Maysilee Donner! – com um sorriso nojento.

Abro os olhos subitamente . Foi só um pesadelo, digo a mim mesma. Mas vejo a floresta caída ao meu redor e um sentimento terrível se instala em mim. O pesadelo não iria acabar, só tinha começado.


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