Stay Alive. escrita por Primrose


Capítulo 20
Entre raízes


Notas iniciais do capítulo

Não vou nem comentar a minha demora dessa vez, só peço mil desculpas pra vocês por isso ter acontecido de novo. Mas acho que vou postar o próximo capitulo logo. esse capitulo ficou maiorzinho, então espero que gostem ~e se gostarem comentem *-*
Agora aproveitem sua leitura!



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 Eu corro o máximo que consigo no meu estado, o que não é grande coisa, já que estou toda dolorida, cansada e com o estômago vazio.  Corro me guiando pelos barulhos que escuto... Ou que penso escutar, não sei mais se devo realmente acreditar na minha mente. Chego em uma árvore bem maior que as outras e encontro Jazzy e Katri correndo entre as raízes. Ou pelo menos deviam estar correndo, mas agora vejo a carreirista andando pelas raízes, com cuidado para não escorregar, com seu machado em uma mão e um pedaço enorme de raiz na outra. Então esse foi o barulho que eu escutei, Jazzy partindo a raiz. O outro barulho, pela cena que vejo, foi de Katri caindo no chão. Ela deve ter tentando fugir assim que Jazzy a colocou no chão, mas provavelmente escorregou entre as raízes e caiu, mas só depois de correr uma boa distância. Isso explica o choro. Fico um pouco aliviada por Katri ainda estar inteira, mas a tensão não deixa o meu corpo e a adrenalina corre cada vez mais em minhas veias.

                Jazzy está concentrada demais encarando o chão para perceber minha presença.  Mas Katri, que na minha opinião é bem mais esperta que qualquer carreirista, vira a cabeça na minha direção assim que eu chego. Ela me lança um olhar estranho, era como aquele olhar que só ela sabia fazer, como se soubesse alguma coisa incrível que ninguém mais soubesse, mas agora tinha uma tristeza adicionada aquilo, mesmo assim o brilho de felicidade dos seus olhos não tinha desaparecido. Juntando tudo isso num olhar de dois segundos, além de ser difícil de compreender, fica muito estranho. Mas eu entendi o recado: nós temos pouco tempo, ou então não temos tempo nenhum. Então ela olha para o largo tronco da árvore e eu sigo o seu olhar. Assim que o encaro, a primeira coisa que vem na minha cabeça é que aquele seria um ótimo esconderijo, mas não consigo entender porque Katri quer que eu preste atenção nele.

                Volto minha atenção para Jazzy que está avançando rapidamente para o encontro de Katri. Preciso fazer alguma coisa. Meu primeiro extinto é fugir. Sei que isso é horrível, mas o medo, principalmente o medo de morrer, é uma coisa muito difícil de controlar. A cada passo que dou, eu me arrependo, mas continuo seguinte em frente, o mais silenciosamente possível. Ainda mantenho um olho em Katri e vejo ela se levantar com dificuldade, seus cotovelos estão sangrando, assim como um corte no seu rosto, mas ela já parou de chorar e se pôs de pé.  Preparo meu dardo, como ainda estou sem veneno, minha mira tem que ser precisa. Se Jazzy parasse de se mexer, iria ser muito mais fácil, porém meu palpite é de que ela não vai ficar parada, pelo menos não até estar morta. E, pela primeira vez, eu quero ser a responsável pela morte. Respiro fundo, enquanto observo Katri se encolher para se esconder debaixo de uma raiz enorme e Jazzy se esgueirar a metros de distância e gritando:

- Estou te vendo, sua espertinha! Não adiante se esconder, eu vou te matar! - ela falava espertinha de um jeito irônico e nojento, o que fez com que a raiva em mim voltasse ainda mais forte que antes. Miro meu dardo, tentando calcular seus movimentos, o que não é fácil. Até que... Crack! Piso, sem querer, em um galho. E no mesmo instante, Katri e Jazzy olham para mim. Katri com um olhar de advertência e Jazzy com um olhar, primeiramente de espanto que rapidamente se transforma em ódio e vingança. Ela sorri e gira seu machado em uma das mãos. Eu me desconcentro e recuo um passo, mas sem abaixar o dardo.

- Então resolveu lutar? – pergunta irônicamente, como sempre. – Chegou na hora certa... Pena que você só vai assistir a luta, ou melhor... a morte da sua amiguinha. – gritou e em seguida continuou a avançar exatamente para o lugar onde Katri está. Meus olhos se arregalam. Tento pensar em alguma coisa para fazer, mas nada vem à mente nessas horas, só desespero.  Respiro fundo para me acalmar, o que não funciona muito, e miro novamente, minhas mãos tremendo. Não posso errar. Vejo Jazzy avançar e chegar a centímetros de Katri, mas ela está praticamente enterrada debaixo de uma grande raiz e é quase impossível de enxergá-la. Observo a frustração da carreirista, que começa a enterrar o machado com toda a força, aleatoriamente nas raízes. Por centímetros erra Katri. Me arrepio e lanço o dardo, rezando para acertar. Fecho os olhos, não quero me ver falhar, não dessa vez.  Mas preciso saber o que está acontecendo, então os abro novamente. E vejo Jazzy colocar a mão no braço esquerdo, enquanto um líquido escuro escorre entre seus dedos. Uma mistura de vitória e decepção me atinge. Vitória porque eu, pelo menos, acertei aquela maldita garota, decepção por eu não ter acertado em um lugar vital. Sei que não posso demorar, essa é a distração que Katri precisa, agora é só prolongá-la ao máximo.  Começo a correr até a árvore, mas desisto assim que chego perto da raízes. Diminuo a velocidade e começo a andar o mais rápido e cuidadosamente possível, entre todas as raízes. Mesmo assim escorrego várias vezes e não avanço rápido o suficiente. Então resolvo mudar de rumo e vou para o tronco, ele é largo e fácil de escalar. Lá de cima terei uma visão e uma mira bem melhor. Não estou muito certa de que vou conseguir, mas tenho que tentar.

Ando e pulo as raízes para avançar mais depressa. Olho para Jazzy e vejo que ela já está se recuperando da dor e do susto, provavelmente não vai ligar para o ferimento até ter matado nós duas.  Então volto a prestar a atenção nas raízes e já começo a pensar em como vou escalar o tronco. Depois de bons minutos percebo que tudo está muito quieto. Olho para onde Katri e Jazzy estavam e me arrepio, Jazzy não está mais lá. Sei que Katri ainda deve estar escondida entre as raízes, mas o sumiço repentino de Jazzy me preocupa. Agora estou bem mais perto do tronco, mais algumas raízes e chegarei lá, assim poderei localizá-la facilmente.

Quando estou perto de chegar do tronco, piso em falso e escorrego com tudo. Sinto meus joelhos se ralarem e meu quadril bater com força na madeira. Eu grito, a dor é suportável, mas mesmo assim horrível. Meus olhos lacrimejam, mas eu me preparo para me levantar, não posso ficar ali assim. E assim que dou o impulso para me levantar, algo me atinge na mão esquerda. Solto um gemido de dor e quando viro minha cabeça para ver o que é, levo um susto. Um pé está pisando no meu pulso com toda a força. Era Jazzy. Eu grito e tento me afastar, ma a força dela é muito maior que a minha. Ela pega o machado e se ajoelha do meu lado, ainda pisando em mim. A dor fica mais insuportável que antes, mas eu cerro os dentes para não deixar escapar nada. Ela então examina a lâmina suja da arma e faz um corte no meu antebraço. Lágrimas escorrem dos meus olhos e eu tento me livrar.

- Se você ficar quietinha, vai ser melhor pra nós duas. – comentou num tom infantil – Isso foi o que você fez no meu braço... – examinou o corte com um sorriso de desprezo enquanto falava. Então ela levanta o machado acima da cabeça e grita – E isso foi o que você fez com meu irmão! – então percebo que ela vai abaixar o machado com toda a força, na direção do meu pescoço. Não grito, nem me mexo, apenas fecho os olhos e espero o fim. Mas ele não vem, tudo o que eu sinto, além das minhas próprias lágrimas, é a pressão do pé no meu pulso desaparecer. Também escuto barulhos de luta e raízes se partindo. Fico parada, encarando a copa verde de folhas espessas da grande árvore, tentando aceitar que ainda estou viva. Dou um suspiro. Katri me salvou, deve ter sido isso.  Então um grito interrompe meus pensamentos. Levo um susto, não pelo grito ser de Katri, mas por ele ser masculino. Me levanto lentamente para ver o que está acontecendo, mas o mundo parece estar girando em vários sentidos ao mesmo tempo.  Finalmente consigo focar minha visão e o que vejo me faz congelar. Era Haymitch... Lutando ferozmente contra Jazzy. Não entendi como ele tinha aparecido ali, só que ele tinha me salvado.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que vocês acharam?