Stay Alive. escrita por Primrose


Capítulo 18
Péssima vigia


Notas iniciais do capítulo

Gente mil desculpas pela demoraaa, queria muito ter postado antes do natal, mas estava de mudança e foi uma loucura nem deu tempo. Mas aqui está ficou meio pequeno eu acho,mesmo assim espero que gostem ~e comentem~



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Eu não quis dormir. Já estava ruim o bastante sem os pesadelos, então preferi evitá-los mesmo estando exausta. Katri também parecia estar evitando um cochilo, mas pelo estado em que estava ela não dormia a vários dias. Já tinha escurecido e a foto dos - dois - mortos do dia tinha aparecido no céu fazia algum tempo. Não tenho certeza de quantos de nós restaram, mas estou quase certa de que somos menos de vinte pelo menos. Só de pensar nisso sinto arrepios, foram em torno de vinte e oito mortos, no mínimo.

Como não queríamos dormir, nós começamos a conversar para espantar o sono.

– Como você conseguiu escapar...digo, do vulcão? - Ela perguntou primeiro, seu rosto ainda estava pálido, com certeza porque ela ainda estava abalada com a morte nojenta daquela garota.

– E-eu...- tento pensar um jeito de explicá-la que na verdade em vez de escapar, eu fui nocauteada por um galho, por mais que esse ato não me pareça nem um pouco corajoso - Não sei direito o que aconteceu. Fui atingida por um galho e desmaiei. Quando eu acordei...estava sozinha - digo

–Não tinha chegado a hora ainda - ela diz de modo casual. Não faço a menor ideia do que ela está falando então continuo quieta - Eu não tive tanta sorte... eu... sinceramente, não sei onde eu estava com a cabeça. Nem me lembro direito o que aconteceu. - ela me encarou com seus enormes olhos negros como se dissesse desculpas. Eu a encaro, apenas me lembrando de como ela tinha perdido a cabeça e entrando em estado de choque tão depressa. Tenho a impressão de que eles não fizeram aquele terremoto por acaso.

– Isso é Jogos Vorazes, nada acontece a toa, Katri. A culpa não foi sua - digo. Sei o quanto é perigoso dizer isso aqui, onde estamos sendo observados o tempo todo, mas nem me importo. Já que estamos quase morrendo o tempo todo, tenho que ter, pelo menos, o direito de ter minha opinião (ou dizer o que é óbvio).

– Eu sei, mas... - ela tenta argumentar e seu rosto tem uma expressão de ressentimento.

– Ayse está viva - interrompo, sabendo que isso vai animá-la.

Seu rosto se ilumina e ela sorri, por algum motivo ela não me pergunta como eu sei disso, o que é ótimo já que não estou nem um pouco afim de contar sobre nosso desastroso encontro. Nós estávamos encostadas no tronco caído de uma árvore, não era um bom esconderijo, mas estávamos cansadas demais para procurar algo melhor.

Conversa vai conversa vem, eu acabo descobrindo que ela sobreviveu sozinha por todo esse tempo. Diferentemente de mim, ela conseguiu fujir e chegar até a floresta na mesma noite do terremoto, desde então ficou em um esconderijo - ela não me contou, de jeito nenhum, qual era - até ser atacada. Por isso ela tinha utilizado todos os suprimentos e estava sem nada desde ontem. Eu contei a ela de um modo mais detalhado o que tinha acontecido desde o dia do terremoto, mas ela acabou dormindo um pouco antes da parte em que eu encontrava Haymitch. Claro, ela devia estar exausta, todo esse tempo sozinha ela não devia ter dormido nada. Cantarolei um pouco enquanto a colocava em uma posição melhor para que pudesse dormir mais confortavelmente, mesmo assim ela parecia estar tendo um sono inquieto.

Fiquei observando a lua e as estrelas, tentando assimilar as coisas. Parecia que eu tinha estado com Katri em um outra vida e não algum dias atrás. Ela tinha mudado tanto e eu mais ainda. Meu pai sempre dizia que situações extremas requeriam mudanças extremas. Suspiro. De repente me pego comparando a aliança Katri-Maysilee e Maysilee-Haymitch. Eram alianças tão distintas que nem deviam ser comparadas. Com Haymitch eu me permitia descansar um pouco, permitia confiar na sorte um pouco mais; já com Katri, eu me responsabilizava por tudo, mas deixava que ela me guiasse. Talvez eu nunca vá entender o porquê, mas talvez seja porque Katri é mais nova que eu enquanto Haymitch é mais velho.

Do nada começo a imaginar como seria uma aliança Katri-Maysilee-Haymitch, será que eles iriam se dar bem? Nós acabaríamos matando uns aos outros? Como ainda posso pensar em Haymitch depois dele ter me abandonado? Mesmo assim, sinto falta dele. Por um momento desejei que ele estivesse ali, para que eu pudesse observá-lo dormir ou que acordasse com ele me encarando com aquela expressão engraçada de carrancudo. Mas então a raiva sobre ele voltou, Haymtich havia feito a escolha dele...

Então algo vez com que eu congelasse, como pude ser tão idiota? Fui a pior vigia do mundo! Mas agora é tarde demais. A voz, a única voz que deveria ter morrido, que merecia ter morrido, está bem atrás de mim. Viro a cabeça para trás em um reflexo e a encontro encostada em uma árvore, afiando um machado.

–Eu falei que iria te caçar, queridinha. Pode acreditar, eu nunca erro, você não vai escapar de novo– falou com um sorriso cínico que deu um nó na minha barriga.


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Notas finais do capítulo

*-*