Stay Alive. escrita por Primrose


Capítulo 16
Cabo de aço


Notas iniciais do capítulo

Desculpem mesmo pela demora. Juro que eu tentei ser mais rápida, mas não deu =( e o cap ainda ficou pequeno. Sorry



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/223086/chapter/16

A dor é forte e o desespero é maior ainda. Um grito escapa pela minha garganta, agudo e alto o suficiente para ultrapassar a mão forte e áspera que tampava a minha boca. Meus olhos procuram desesperadamente por Haymitch a metros de distância que, finalmente, percebe que algo está errado, muito errado. Algumas lágrimas escorrem no meu rosto. Tento me desvencilhar do puxão no meu cabelo, mas estou sendo arrastada. Observo o susto do meu aliado e por um momento mínimo sua expressão fria se transforma e mostra o desespero que ele também sente agora. Ele corre em minha direção.

Tento olhar para cima para enxergar o rosto do meu assassino, mas não consigo. Não consigo fazer praticamente nada no meu estado: uma mão puxando até meu ultimo fio de cabelo brutalmente, lágrimas me cegando e minhas pernas lutando contra a força que me puxa enquanto meus braços agarram inutilmente a mão que está no meu cabelo. Então cravo minhas unhas no braço que me puxa até um líquido quente invadir minhas mãos e por um momento paro de ser arrastada, é o suficiente para eu conseguir me levantar.

Encaro o garoto, 17 anos no mínimo. Talvez seja do distrito 11 ou 10, tem a pele negra, cabelos crespos e curtos e um jeito rústico e bruto. O suficiente para me matar, penso. Haymitch não vai chegar a tempo, vou ter que me virar sozinha. Não há tempo para pegar minha mochila e ajeitar os dardos. Então chuto o menino no lugar que mais dói, as partes “de baixo”. Ele se encolhe e emite um gemido, minha cabeça lateja e tudo o que eu consigo fazer é correr. Corro com todas as minhas forças, essa pode ser minha única chance. Haymitch corre na minha direção e eu na dele, mas ouço os passos pesados do outro tributo atrás de mim. Estendo minha mão, quase tocando a de Haymitch... Então nossos dedos se tocam, entrelaço rapidamente minha mão na dele, mas uma força súbita me empurra para o chão. Caio com tudo, sinto alguma coisa em cima de mim, me sufocando. Não consigo respirar, só sinto cada costela minha ser esmagada. Consigo soltar um grito desesperado, que assusta o – ou melhor: alguém – que está em cima de mim. Com esse susto Haymitch consegue chutá-lo para longe de mim.

Me arrasto, ofegando e sentindo as lágrimas escorrerem no meu rosto. Me esforço para acompanhar a luta entre o garoto e Haymitch, mas é impossível. Quero ajudar ele, penso em atirar um dardo, mas posso facilmente acertá-lo e vez do inimigo. Me coloco de pé, determinada a ajudá-lo, porém percebo que alguma coisa está errada, muito errada. Os tordos estão silenciosos demais e o ar está com um cheiro terrível. Olho para os lados procurando alguma coisa anormal ou ameaçadora, mas tudo está exatamente como antes. Isso me preocupa.

– Haymitch! – grito, tentando avisá-lo.

– Estou um pouco ocupado agora! – ele responde

Dou um gemido impaciente, sem saber o que fazer.... Até que tenho uma ideia. Corro até onde abandonamos nossas mochilas para lutar. Abro um por uma, procurando a arma mais ameaçadora. Acho de tudo, menos o que eu preciso. Meus dedos percorrem rapidamente os objetos. Então eu acho: um simples cabo de aço. Volto correndo até onde eles lutam ferozmente e subo a árvore mais próxima. Não subo tudo, só o suficiente para ficar bem acima deles. Nesse momento solto um grito, tão profundo e terrível que consegue tirar a atenção de Haymitch da luta. O garoto o derruba com toda a força no chão. Ele procura com seus olhos arregalados e assustados por mim, mas fico quieta esperando o momento certo, que acaba de chegar.

O inimigo coloca o joelho em cima dele, o prendendo no chão. Então ele tira uma faca do bolso e faz menção de cortar o pescoço de Haymitch, mas já é tarde demais. Eu já apertei o pequenino botão do cabo de aço, que se transformou em uma lança. Esta lança agora está atravessada no corpo do garoto, que tomba de lado com olhos sem vida. Observo, enojada, enquanto meu aliado sai debaixo do defunto, mal escuto quando ele pede para que eu desça da árvore.

Quando já estou embaixo, me apoio na árvore, esperando um vomito, mas nada acontece. Parece que finalmente estou me adaptando ao cargo de assassina. Mas alguma coisa continua me incomodando, alguma coisa continua errada.

– Tem alguma coisa errada – comento ainda me apoiando no tronco. – Mas não...

Antes que eu terminasse a frase, gritos tenebrosos começaram a ecoar por todas as partes, gritos que cortavam o ar de uma forma que era impossível ser humano. Mas eram vários gritos juntos e alguns deles eram sim gritos humanos, e um, em especial, fez cada pelo do meu corpo se arrepiar. O grito de Katri. Mas nem houve tempo para que eu pudesse reagir a ele, pois no segundo seguinte Haymitch já estava recolhendo as mochilas e me puxando em um corrida de fuga, seja lá o que estivesse atrás de nós.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

espero que gostem e deixem reviews =)