Stay Alive. escrita por Primrose


Capítulo 13
E a luta começou


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora gente, o capitulo nem ficou tão bom, mas espero que gostem da surpresa :D



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Eu não me reconhecia mais. Mudei tanto depois da morte daquele menino. Estou mais fria, mais forte. Não há mais inocentes. A culpa tinha quase ido embora.

Eu estava andando a mais de 14 horas. Não sei como estava aguentando. Não passei só o dia, mas a noite andando também. Não parava de pensar na minha irmã, Dorothy. Se eu pensava nela é porque estava pensando nas minhas possibilidades de morrer. Como minha irmã ficaria se eu morresse? Nossa ligação é tão forte! Eu sinto tanta falta dela. É como se eu não tivesse o dedão de uma mão,ou seja, muito complicado. Acredite.

Fico me perguntando, será que ela vai sentir alguma coisa quando eu morrer? Tomara que não. Ainda bem que sou eu aqui. Não iria aguentar ver Dorothy morrer. Prefiro morrer eu mesma.

Mais nenhum esquilo apareceu. Estou completamente sozinha. Não aguento mais isso. Meus pés estão doendo tanto, mas por mim eu não parava. Meu estomago está roncando. Minha carne acabou ontem a noite. Legal, vou morrer de fome.

Me encosto no tronco de uma árvore e sento para descansar meus pés. Acabo dormindo. Também, fazia dois dias que eu não dormia. Motivo simples: pesadelos. E lá estavam eles, assombrando meu sono. Sonhei com Dorothy, mas a sua imagem tremeluzia e as vezes ela era Katri, depois Ayse e até o menino que tinha morrido ontem. Mas para o oitavo dia nos Jogos Vorazes é mais que normal ter esses pesadelos. Nunca imaginei que sobreviveria mais de uma semana nesses jogos. Mas aqui estou eu. Quase 20 pessoas morreram. E eu não.

Mesmo com os pesadelos, é bom dormir um pouco. Pelo menos assim você não sente fome, sede ou dor. E ainda descansa um pouco! Mas os pesadelos vão piorando tanto que eu acabo acordando. Toda suada. Detesto isso, tudo isso.

Não me levanto. Fico apenas parada, observando. Um esquilo aparece, umas três árvores de distância. Jogo um dardo, mas não acerto. Então tudo acontece de uma vez só.

Começa a chover e um bando de esquilos assassinos surgem das árvores. Matar esquilos na chuva, nossa, é o sonho de toda menina; penso ironicamente. A chuva ainda é gelada e eu começo a tremer de frio. Não tenho tempo de armazenar água, preciso matar alguns esquilos dourados. Pego os dardos sem muita esperança, deve ser horrível mirar na chuva. Os esquilos avançam e eu recuo, bem devagar. São no mínimo seis esquilos do mal, atiro meu segundo dardo, esse acerta o crânio de um deles. Agora são cinco.

Atiro mais um dardo e um segundo esquilo cai no chão. Mas o legal é que seus coleguinhas, ainda bem vivos, ficam com mais raiva de mim. Começam a correr com suas patinhas para cima de mim. Eu recuo depressa, mas esbarro em uma árvore e caio no chão. Um esquilo sobe pela minha perna, enquanto seus três amiguinhos se aproximam babando raivosamente. O esquilo na minha perna morde a minha coxa. Eu grito, e num reflexo jogo o esquilo no chão. Mas ele sobe em mim de novo. Procuro rápido na minha bolsa, a minha única salvação, o veneno. Agarro ele desesperadamente e o despejo puro na cabeça do esquilo. Ela derrete de um modo nojento, meu estomago se revolta e eu quase esqueço os outros três esquilos. Jogo mais um dardo e acerto um no peito.

Só tenho poucos dardos, e ainda dois esquilos para acertar. E a chuva piora, quase não consigo enxergar os pontinhos dourados vindo na minha direção. O desespero me faz tremer. Todos os meus instintos gritam pela minha sobrevivência e em poucos segundos eu perco meu próprio controle. Não sei mais o que eu estou fazendo, mas eu quero sangue, eu quero viver. Disparo um dardo que se encrava, de um modo incrível, nas costas do esquilo mais próximo. Aposto que os idealizadores amaram essa cena. Só falta mais um.

Ele é rápido demais, e a chuva me faz escorregar e me estatelar no chão. O esquilo pula em cima de mim, eu grito. Mas num reflexo agarro o esquilo e bato e cabeça dele na árvore mais próxima. Olho para a minha mão e vejo um esquilo morto. Grito novamente e o jogo no chão. Olho ao redor, seis esquilos mortos. Eu que tinha matado eles. Todos eles.

O fato de eu ser um monstro assassino não me surpreende, mas ainda me assusta. Espero a chuva parar e continuo a minha caminhada solitária.

Quando decido parar novamente já é de madrugada e eu acabo adormecendo de novo. Lutar contra esquilos dourados e fofinhos do mal na chuva, cansa e muito.

Acordo com o coração disparado. Escuto passos vindo em minha direção. Subo na árvore mais próxima e tento me esconder. Os passos se aproximam e eu dou uma espiadinha. Meu coração quase para de bater. É Haymicht.

Ele nem repara em mim, parece concentrado em sua caminhada. Tenho que resistir ao instinto de descer da árvore para avisá-lo que eu estou aqui. Não somos mais amigos. Somos tributos. Ele passa rápido pela minha árvore e continua seguindo em frente. Depois ele desaparece da minha vista, dou um suspiro triste. Fico algum tempo ainda na árvore. É pior ficar parada, começo a sentir meu estomago doer de fome e meus pés gritarem de dor. Então resolvo descer.

Coloco um pé no galho de baixo, mas desisto de descer. Mais barulho de passos, dessa vez são vários passos. Meu estomago se revira. Não, não podia ser... Mas era. Eram os carreiristas. Todos menos Jazzy, a loira do machado. Ainda bem.

Tento ficar tranquila na minha árvore, mas é complicado. Meu coração bate tão rápido que até dói. Esperei que eles fossem embora, mas eles ficaram parados lá, descansando, talvez. A adrenalina já está quase passando, quando, de repente, Haymicht chega correndo e dá de cara com os carreiristas. E a luta começa.


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