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- Deixe-me ver. – Hiroshi se pronunciou, e eu joguei o pedaço de pano em sua direção. Ele o cheirou profundamente e falou em seguida: - Eles foram para o norte. Não estão muito longe, mais ou menos um quilômetro.

Oh... Pelo menos alguém neste grupo – além de mim – pensa.

Seguimos ao norte com Hiroshi nos orientando, assegurando de que estávamos na trilha certa, de acordo com o cheiro. Eu já estava começando a ficar desconfiada, pois havia um tempo razoável que nós corríamos na mesma direção, e nada do inimigo.

Neste instante percebi a presença de dois ninjas. Mas não eram ninjas normais... O chakra de ambos era tenebroso.

Parei bruscamente de correr. Os outros perceberam o que estava havendo e se juntaram a mim.

- Preparem-se. – sussurrei de modo audível a todos, que acenaram de volta. Peguei meus dois leques em minha bolsa. Segurei firmemente um em cada mão enquanto os outros seguravam kunais.

Andamos um pouco em silêncio absoluto, logo avistando dois shinobis de costas para nós, a uma distância razoável. Camuflei-me em um arbusto, enquanto meus companheiros fizeram o mesmo, uns próximos dos outros, mas sem denunciar nossa presença.

Ambos os ninjas usavam uma longa capa preta com nuvens vermelhas. O shinobi da direita estava com a capa meio rasgada na beirada – daí nossa pista. Ele tinha cabelos prateados, cor igual ao do meu. Mas a primeira coisa que notei quando o vi fora a enorme foice que ele carrega nas costas. Portanto, ele deve ser mais lento, mas muito forte, com certeza. O ninja da esquerda não tinha nenhuma arma aparente, mas em sua cabeça tinha uma espécie de pano branco, com a bandana por cima. Suspeito.

Indiquei para os atacarmos pelas costas, pegando-os desprevenidos. Tomei impulsão para atacar, colocando uma de minhas mãos no chão.

Nesse momento, eu senti um hálito quente em minha nuca, chegando à minha orelha.

- Estava me procurando...? – me virei abruptamente, dando de cara com o shinobi da foice, que me encarava sorrindo com malícia, enquanto seus olhos cor violeta me estudavam com interesse.

Eu poderia ter fugido. Ou tentado fugir. Eu poderia tê-lo golpeado, tentar me defender... Poderia ter feito algo. Mas não. Em vez de fazer qualquer outra coisa, me ative a ficar parada, encarando seus olhos violeta. Senti meu rosto ruborizar-se; não dei importância. Eu estava completamente hipnotizada. Tudo o que eu vivi até aquele dia fora supérfluo. Bastou eu encarar seus olhos cor violeta para perceber.

Olhá-lo me fez ver como minha vida era fútil. Não sei por que, a sensação que tive foi essa. Senti que eu ainda não havia de fato vivido. Senti que estava começando a experimentar a ‘vida’.

Seu rosto estava a poucos centímetros do meu. Pude examinar cada indagação em sua face. Por que eu não reagia? Por que eu o encarava de tal maneira? Eu própria me questionava isso, sem obter respostas satisfatórias.

Pude escutar indícios de luta perto de mim. Minha equipe devia estar lutando contra o outro shinobi, e eu nem para ajudá-los! Que tipo de líder sou eu?

- He... O gato comeu sua língua? – ele sorriu abertamente, puxando a foice de suas costas. – Agora, lindinha, você vem comigo. – ele segurou meu braço.

- Não vou mesmo! – gritei, recobrando meus sentidos. Por mais que meu coração falasse o contrário, dei um tapa com meu leque no chão, fazendo surgir eletricidade. Com isso, ele recuou. Pus-me de pé e fiquei em posição de luta.

- Ah, vai ter que ser na marra? – ele deu um tapa na cabeça. – Jashin-sama vai ficar bravo...

- Ja... Jashin-sama? – perguntei sem entender nada.

- Vem comigo que eu te explico tudo sobre o Jashin-sama... Baixinha. - Ah... Ele provocou. Agora vai ter troco. Não é minha culpa se tenho 1.58 de altura!!

- Posso ser baixinha, mas pelo menos não uso pasta de dente no cabelo. – retruquei de cara fechada, em posição de luta. Em seu menor descuido, eu iria atacá-lo.

- Porra! Agora cê morre! – ele avançou com sua foice, atacando-me. Esquivei de todos seus ataques. Com essa velocidade, ele nunca vai me vencer! Quando percebi uma brecha, apenas toquei-o com meu leque, para ele perceber com quem estava lidando.

- Aaaah! – ele gritou, percebendo que havia sido eletrocutado. – Baixinha você mexe com eletricidade? Quem diria... Parece que vou ter que lutar sério!

- Só agora que você percebeu? – sorri.

Ele foi agora com mais determinação para me atacar com sua foice. Novamente eu me desviei de todos os ataques. Mas eu não sabia que sua foice era também de longo alcance. No último ataque por ele investido, sua foice foi mais perto do que eu esperava, fazendo um pequeno corte em minha bochecha.

- Droga! – passei a manga de minha blusa para parar com o pequeno sangramento.

Ele deu uma risada sonora, diria até meio sinistra. Logo depois, ele lambeu a ponta da foice, onde estava um pouco de meu sangue.

- Por Jashin-sama, a diversão acaba de começar! – ele deu outra risada, enquanto seu corpo adquiria uma cor escura, parecendo um esqueleto.

- O quê...? – indaguei. O que era isso afinal?

Ele pegou sua foice, enfiando-a em si próprio. Com o sangue que jorrou, ele fez um círculo no chão, com uns símbolos... Sinistros.

Engoli em seco. Eu também não sabia com quem eu estava lidando.

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