Carvão Em Pérolas escrita por Milady


Capítulo 9
"And I'm on my way to believing..."*


Notas iniciais do capítulo

Meus amores!
Que lindo!!! Fiquei muito feliz com os leitores novos comentando! E também com as reações a um capítulo com um POV diferente. Daqui para o fim da fic, talvez apareçam outros ok? Tudo dependerá das imagens malucas na minha cabeça rsrs
Um beijo para todos que leram e especialmente para: Anna Mellark, NielliCris, ReGina Potter, Jubs, I_Black, Eli Abernathy, Letícia Krefta, Luana Santiago, Elyon,
Katniss Everdeen Mellarck.



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Por favor, leiam as notas finais, ok? =*


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Coloquei o último prato limpo no armário. Já tinha arrumado toda a cozinha, guardado bem os restos do jantar e separado alguma coisa para facilitar a preparação do café da manhã do dia seguinte. Obviamente, isto não era necessário, mas eu precisava fazer alguma coisa. Voltei para a sala e Peeta ainda a estava na mesma posição, com seus olhos fixos no teto. Um cubo gelado desceu pelo meu estômago e eu fui até ele, cautelosa.


“Peeta?”


Ele apenas virou o rosto em minha direção. Suas expressões sérias e duras. Onde estava o brilho em seus olhos?

“Você está bem?”

Peeta endireitou-se, apoiou os cotovelos sobre os joelhos e apoiou a cabeça em suas mãos, seus dedos enterrados na cabeleira loura.

Eu realmente queria me aproximar, mas estava com tanto medo...

“Não. Eu não estou bem. Toda essa história de leão...” - quando finalmente me olhou, seus olhos estavam escuros e em sua voz havia uma raiva contida - “Eu não quero isso... Eu não vou aceitar. Eles não podem me obrigar... Jogar isso tudo em cima de mim agora... Eu não quero ser o Leão do Distrito 12! Eu sou o Peeta, o filho do padeiro...”

Ele bufou e se levantou indo até a janela... Parecia muito, muito irritado. Eu ri irônica.

“Não, Peeta... Há muito tempo que você deixou de ser apenas o filho do padeiro.”

Eu não entendia o motivo de estar sentindo tanta raiva... Francamente, será que ele não poderia lidar com aquilo? Será que ele não enxergava que aquela reação não combinava nem um pouco com ele?

“Você é Peeta Mellark, o vencedor do 74º Games. O amante desafortunado do distrito 12. O tributo rebelde... Meu Deus, Peeta! O que tem demais ser um Leão, agora? Você está sendo fora de propósito!”

Ele se virou pra mim... Parecia não acreditar no que estava ouvindo.

“Do que você está falando?”

“Dessa sua ceninha ridícula! Não me venha falar sobre o fardo de ser um Leão, para alguém que tem sido um tordo durante mais de dois anos!”

“Pelo que eu soube, todo esse zoológico estava sendo construído sem nossas autorizações, mas você teve a chance de se livrar disso, de recusar ser um tordo... E o que você fez?”

“Aceitei! Aceitei vestir aquela roupa, aceitei deixar de ser Katniss Everdeen para ser um tordo!”

“Exato! Não me venha falar de ceninhas... Você que é a mestre delas! Logo você que teve o poder decisão na mão! Que escolha eu tive, quando tudo estava sendo montado e minha mente estava sendo destruída, hein? Me diz,Katniss! Eu to cansado das coisas acontecendo sem que ninguém me consulte! Eu preciso tomar as rédeas do que ainda restou da minha vida!”

Eu sabia que ele tinha razão. De certa forma, ele estava certo... Mas eu estava tão magoada... Porque ele estava... Me culpando?

“Sim, Peeta... eu aceitei ser um tordo. Me perguntaram o que eu queria e eu aceitei... Porque era o único jeito que eu enxergava de te salvar, ou, no mínimo salvar aquilo pelo que você tinha lutado tanto...”

Eu não queria saber se ele tinha algo a me responder. Corri para a cozinha novamente, amaldiçoando tudo aquilo. Nós teríamos uma noite agradável se não fosse a chegada de Effie e toda aquela conversa sobre Capital... Eu o estava perdendo, não estava? Novamente. Ele estava mal com toda aquela conversa, eu poderia estar junto dele, porque eu entendo seu sofrimento, mas não... Tinha acabado de atacá-lo.

Haymitch estava certíssimo. Eu não o mereço. Nunca vou merecer.

Minha mão tremia e eu estava com medo de deixar o copo com água cair, por isso o coloquei sobre a pia, apoiando-me ali. Então o barulho de passos e os braços de Peeta ao meu redor.

“Kat...”

Sua voz estava mais controlada... Aquele tom que ele sempre tinha ao me acalmar.

Não... Por favor, não faça isso...

“Me desculpe... Eu não estava pensando direito...”

Por favor, pare... Será que ele não vê o quanto sua compreensão acaba comigo?

Eu me virei de frente para ele e segurei seu rosto com minhas mãos.

“Não! Não! Me desculpe você... Eu não deveria ter reagido daquele jeito... Eu... Eu...”

Ele deposita um beijo em minha testa e eu já estou chorando quando ele sussurra.

“Eu sei porque você agiu daquele jeito... É sobre Prim, não é?”

“Não é um ano de rebelião” - eu falo baixinho - “É um ano sem Prim...”

“Eu sei... Não vai ser fácil pra mim, nem pra você... Eu sei que isso é uma droga, mas você tem razão. Somos muito mais que apenas Peeta e Katniss. Você sabe que nós devemos ir, não é? Independente de querermos ou não os símbolos...”

Eu ergo o olhar para ele... Na verdade, eu sei que ele está certo. Eu deixo ele continuar. E ele não me solta em momento algum.

“Olha, quando entramos naquela arena, da primeira vez, só queríamos sobreviver... Quer dizer, só queríamos que você sobrevivesse.” - eu tento falar, ele coloca o dedo nos meus lábios - “Você pela sua família e eu... Bem, você sabe. Apesar de estarmos insatisfeitos com a política do Capitol, não tínhamos intenção ou malícia para realizar uma grande revolução. Mas nós dois, quando saímos daquela arena vivos... Os dois... Não era mais só sobrevivência, embora acreditássemos que sim, mas era esperança para todos os distritos. E não foram só as bagas. Desde nossa entrada na abertura... As entrevistas, treinamento, tudo... Nós fomos o início, a possibilidade de mudanças. E ninguém além de nós perdeu tanto. Perdi minha família, você perdeu a Prim... Perdemos amigos e até um pouco da nossa sanidade... da nossa felicidade. Perdemos tanto e demos tudo a eles. Se pensarmos bem, é justo que nós façamos parte real dessa reconstrução, desse novo governo. É justo que depois de tudo, possamos deixar nossas marcas e nossas vontades ali também... E, finalmente, ser apenas lembranças na cabeça de todo mundo...”

“Eu sei” - o azul no olhar dele me acalma - “Mas eu tenho tanto medo...”

“Eu também, Kat... Escute, nós começamos isso juntos quando apertamos nossas mãos no dia da colheita e vamos terminar juntos nessa viagem, ok? Então seremos livres e não mais tordo e leão...” - eu fungo e afirmo com a cabeça - “E eu prometo que eu vou te proteger e estar ao seu lado... sempre.”

E queria parar de chorar... Mas meu coração está doendo, porque eu não consigo aguentar as palavras dele... É tão bom e eu só quero que ele fique perto, tão perto... Seguro o rosto dele em minhas mãos e por entre as lágrimas eu encaro seus olhos... Eu preciso que ele saiba...

“E eu vou te proteger e estar ao seu lado... sempre... sempre... sempre...”

Ele respira fundo e eu sei que quer falar alguma coisa. Eu aguardo um segundo até que sua voz me atinja como um raio.

“Eu te amo, Kat...”

Eu quero sorrir... Eu preciso dizer alguma coisa, mas ele me cala com um beijo. Eu quero falar, mas ele não deixa e só me beija e beija... Um pensamento rápido cruza minha mente: Será que ele tem medo da resposta? Sim, porque da última vez em que alguém disse que me amava, eu fiz um trabalho horrível em minha resposta... Mas Peeta nunca soube da declaração de Gale...

Então a única coisa que faço é beijá-lo de volta e afundar meus dedos em seu cabelo dourado e cheio. Ele me empurra de leve e me conduz, me erguendo para que eu sente em cima da mesa. Imediatamente fica em pé entre minhas pernas e continua a me beijar. Os braços dele ainda ao meu redor, eu deslizo as mãos sobre eles e eu penso que amo aqueles braços. Sempre fui muito confusa em relação aos meus sentimentos, mas se o que eu sinto não é amor, definitivamente, não sei o que poderá ser.

Ele morde meu lábio inferior e aquele calor volta a se espalhar em mim. Quando solta meus lábios, desliza beijos em meu queixo e pescoço... Então eu sinto ele se afastar devagar... Tento segurar seus braços, mas ele se solta devagar.

“O que você está fazendo?” - e tudo o que eu consigo murmurar.

Ele pisca algumas vezes e toma a respiração. Enquanto eu faço o mesmo, encaro o meu garoto do pão. Ele está corado, os cabelos totalmente bagunçados, seus olhos, que são azuis como o céu de verão, estão escuros e brilhantes, seus lábios estão vermelhos... E fui eu quem fiz tudo isso a ele.

“É melhor pararmos...”

“Por quê?”

E tento pular da mesa, mas ele faz um gesto com a mão, para que eu mantenha distância.

“É melhor eu ir pra casa...”

Ir pra casa? Do que ele está falando? Ele sempre dorme aqui...

“Melhor pra quem? Eu não estou entendendo...” – ele baixa o olhar, envergonhado - “Você quer me beijar. Real ou não real?”

Ouço quando ele solta um riso nervoso.

“Muito real.”

Nos encaramos. Eu levanto a mão em direção dele e ele se aproxima só o suficiente para tocá-la.

“Kat...”

Eu não deixo ele continuar.

“Eu estou faminta...”

A expressão dele demonstrou confusão. E só então eu percebi que minha metáfora pode não ser a dele também. O puxei devagar e ele se aproximou de mim.

“Que dizer... É... Sabe quando você quer muito uma coisa... É como se eu estivesse com fome, porque...Eu quero, eu preciso... Por favor, fique. Fique e me abrace, e me beije.”

Peeta suspira... Como se estivesse tentando manter o controle...

“Kat... Se eu ficar... não vão ser só abraços e beijos.”

Eu respiro fundo. Sinto meu rosto esquentar. Eu sabia daquilo, mas ter Peeta dizendo isso pra mim, era tão forte.

“Eu sei.” - Eu o puxei para um pouco mais perto, e de repente senti meu rosto arder, mas eu precisava dizer, se não fosse a Peeta, a quem mais seria? E ainda assim, eu só consigo falar baixinho, como se tivesse medo que alguém mais ouvisse - “Peeta... Eu estou em chamas.”

Ele riu nervoso mais uma vez e baixou os olhos por um momento. Vi que também corou. Como ele pode ser tão lindo?

“Eu também.”

Ele está tão próximo agora, que posso abraçá-lo com braços e pernas. Eu o quero colado a mim, não sinto mais o medo de instantes atrás. Somente expectativa. E talvez por isso, não consigo encará-lo.

“Então?” - minha voz não passa de um susssurro.

“Katniss? - a dele também.

“Sim.”

“Eu quero fazer amor com você...”

Eu finalmente levanto o olhar para ele, que está adoravelmente corado, mas decidido. Imediatamente penso em minha idade. Tenho quase 20 anos. Nunca antes havia pensado em virgindade ou prestado atenção quando as meninas da escola tentavam conversar sobre a melhor hora para fazer sexo com um cara. Muitas delas tinham se precipitado, mas isso não me importava, porque eu tinha coisa maiores com que me preocupar.

Mas a voz rouca de Peeta me trouxe uma sensação completamente nova. Se todas as meninas da escola sentiram o que estou sentindo agora, posso dizer que elas tiraram a sorte grande. Da mesma forma que a sorte estava completamente a meu favor, ao trazer meu Peeta de volta para mim.

“E eu quero fazer amor com você... Quero muito.”

Nos olhamos. Então num segundo ele está me beijando de novo e é tudo tão diferente. Quer dizer, de todos os beijos anteriores... É como se finalmente ele estivesse completamente solto, sem precisar segurar nada, nenhuma de suas vontades. As mãos deles finalmente deslizam sem barreiras em meu corpo o que me incentiva a fazer o mesmo. Estou entorpecida com o quão bom isso é. Forte e doce... Em um movimento automático, como se eu já soubesse exatamente que devia fazer aquilo, puxo sua camiseta para cima, ele apenas ergue os braços. Jogo o pedaço de pano em algum lugar que não me interessa no momento, porque eu quero sentir a pele dele, quente e cheia de cicatrizes, assim como a minha. Também puxo minha blusa para cima, ele me ajuda a descartá-la também. Ele pára e desliza a mão pelo meu colo... Sobre a nossa pérola.

“Isso é...”

“Sim. Effie trouxe de volta.”

“Eu pensei que estava perdida...”

“Eu jamais perderia a nossa pérola, Peeta.”

Ele sorriu.

“É linda...”

Ele se abaixa e beija meu colo, onde a pérola repousa, subindo devagar pelo meu pescoço. Busco novamente os lábios dele, mas ele apenas diz ofegante:

“Não... Não aqui.”

E me ergue nos braços. Eu aperto minhas pernas em sua cintura para me firmar. O corpo dele colado no meu enquanto sobe as escadas... E eu sei definitvamente que amo braços do Peeta.


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*The Only Exception - Paramore


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Espero que sim rsrs
Galerinha, é o seguinte (dois pontos).
Eu escrevi a continuação dessa cena... Todavia, fiquei receosa, devido a idade de quem lê e comenta por aqui, pq afinal, não nos conhecemos né? Então... Eu ia postar tudo de uma vez, mas ia ficar gigante e eu queria saber de vocês se eu posso postar o restante ou não. Qualquer coisa, eu pulo a cena, ou posto como uma short (mas eu preferia tudo em uma fic só rsrs) com classificação etária diferente. Não tá nada muito explícito não, até pq não é meu estilo, mas se alguém ficar ofendido diante da possibilidade de eu postar, avisa ok? (medo de ter a fic denunciada kkkkk)
Beijos até a próxima ;)