Carvão Em Pérolas escrita por Milady


Capítulo 8
Bônus 1: "Try to set the night on fire..."*


Notas iniciais do capítulo

E aê!
Finalmente criei coragem para postar esse capítulo bônus rsrs
É que eu estou receosa sobre o que vocês acharão... Mas foi um capítulo que foi surgindo na minha cabeça e não consegui evitar passá-lo para o papel.
Ah, Luana Santiago perguntou sobre o título da fic. Bom, me baseei naquele comentário que a Effie faz no primeiro livro, sobre 'pressionar muito o carvão e ele virar pérolas. Todos sabe, que na verdade, se esse processo acontecer, o que surgem são diamantes. Mas pensei no processo de transformação dos personagens na busca por uma vida feliz e não fazia sentido colocar outra coisa, se não pérola, já que é um símbolo muito mais forte na história.
Outra coisinha: sou muito lenta e só agora vi as recomendações... Gente, obrigada!!! HeleenaaRodrigues, DanyMellark, e Elyon! Fiquei muito emocionada com o que escreveram... Não tenho palavras senão agradecer. Obrigada mesmo!
Também só agora vi que é possível o autor responder os comentários diretamente hihihi Farei isso sempre que puder, viu? De toda forma, um xêro para todos os que comentaram!!! Vocês são ótimos!!!



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Mal pude esperar para que a porta fechasse atrás dele. Disparei imediatamente.

“Você não devia ter entrado no assunto daquela maneira!”

“Por favor, Effie...” - ele fez um gesto entediado com as mãos.

“Eu teria sido muito mais delicada com eles!”

“Eles vão sobreviver... Eles sempre sobrevivem...”

Como ele podia ser tão grosseiro? Deixei meu corpo cair no sofá atrás de mim. Aqueles sapatos estavam me matando.

“Me diz, como você pode ser tão insensível diante deles? Meu Deus! Tudo o que eles passaram... E tão novos...”

Quando percebi, Haymitch já estava praticamente sobre mim. Seus olhos a centímetros dos meus, sua voz gotejando ironia.

“Não sei se você lembra, minha querida, mas eu também já fui uma droga de um tributo, então, sim. Eu sei o que eles passaram.”

Engoli em seco. Agora eu tinha sido a insensível. Praguejei. Mentalmente. Jamais diria um palavrão na frente dele.

Haymitch caminhou, com seu andar de predador (bem diferente do que ele tinha quando estava bêbado) até uma mesinha no canto da sala e voltou com uma garrafa já aberta.

“Você não vai beber enquanto eu estiver aqui!”

Ele gargalhou.

“Quantas vezes você meu viu bêbado, Effie?”

“Incontáveis.”

“E o que te faz pensar que você não me verá bêbado essa noite?”

“Por favor, me mostre meu quarto.”

“Agora não.”

Levantei indignada.

“Ótimo. Eu o encontro sozinha.”

Ele deu um gole da bebida e não se moveu um milímetro. Apenas seus olhos se voltaram para mim.

“Effie. Fique aqui... só mais um pouco.”.

Eu sentei. Não sei porquê, mas achei que deveria ficar ali com ele, que ainda bebia da sua garrafa.

“Então, Paylor me deixou de fora dessa missão.”

“Obviamente, não vim buscar só os dois... Você também deve vir. Você também foi peça importante na rebelião...”

“Eu também já fui uma peça melhor informada...”

“Não discuto as estratégias de Paylor... Nunca fui boa com política.”

Ele riu. E analisou o conteúdo da garrafa durante alguns segundos. Então a estendeu para mim.

“Beba.”

“Não vou beber com você!”

Ele riu mais uma vez. Eu adoraria arrebentar todos os dentes dele.

“Por que diabos todas vocês dizem a mesma coisa?”

Finalmente, parei para analisar a figura esparramada na poltrona a minha frente. Ele estava melhor alimentado, era evidente. Suas roupas também estavam mais apresentáveis, bem como toda a sua figura. Katniss e Peeta fizeram bem a Haymitch... Ter uma família tinha feito muito bem a ele.

“Vamos lá, Effie... É gostoso.”

“Se fosse gostoso, você não faria essa careta toda vez que tomasse um gole.”

Ele gargalhou. Ele ria muito... Mas, seus olhos. Era o que eu chamava de “olhar de tributo”, todos tinham, como se houvesse uma tristeza agarrada as suas almas.

“Querida, você tem um senso de humor ótimo. Só precisa aprender a exercitá-lo.”

Ficamos por um bom tempo contemplando o nada.  Eu pensei em puxar assunto, mas não tinha a menor ideia do que dizer... E eu estava tão cansada da viagem, que apenas fui me inclinando até que me vi deitada  com uma almofada me servindo de travesseiro.  Meus olhos se fechando... O sono me envolvendo...

De repente, ouvi mais uma gargalhada de Haymitch que me fez pular de susto. Levantei sobressaltada e sem entender nada.

“Eu não acredito que você não reconheceu a marca no pescoço da Katniss!”

Fiquei um tempo  sem entender. Pisquei algumas vezes para espantar o sono...

“Foi engraçado ver a Katniss envergonhada daquele jeito. Bem, eles são jovens... E se gostam...  Mas confesso que tive pena dela... Me diz, Effie, há quanto tempo você  não recebe uma marca dessas?”

Ele pergunta isso, como quem pergunta as horas, tão displicente jogado e encarando o a bebida... Quando finalmente  compreendo, sinto meu rosto esquentar violentamente. Simplesmente não acredito que Haymitch está falando daquele jeito comigo e eu não consigo encará-lo.

“Hein, Effie? Há quanto tempo  você não tem um homem que lhe deixe uma marca assim em sua vida... ou em sua cama?”

A minha vontade é de arrebentar aquela garrafa em sua cabeça... De ensinar aquele babaca a ter um pouco de consideração, educação ou simplesmente bom senso ao tratar com uma dama!

Mas eu estou tão abismada, que nem penso ao falar:

“ E você? Neste estado lastimável, com esse ar de cafajeste falsamente superior, há quanto tempo você não tem uma mulher decente em sua cama? “

Ele ri e eu me odeio por ter descido ao nível dele.

“Uma mulher... decente?” - ele enfatiza esta última palavra e continua - “Há muito tempo...”

O olhar que ele me joga é sujo. Sério, eu adoraria quebrar os dentes dele... E furar seus olhos também. Levanto, pronta para subir, entrar no primeiro quarto que encontrar e trancar a porta. Baixo os olhos para procurar meus sapatos e quando percebo, Haymitch já está do meu lado. Perto demais.

Por favor, não me beije... Não me beije...

Ele me segura pelo cotovelo e fala, pausadamente, para que eu compreenda bem suas palavras:

“Eu não sei o que Paylor pretende realmente, não fui informado nem consultado, mas saibam de uma coisa, vocês não farão mais nenhum  dano a Katniss e Peeta... Se tentarem, terão de passar por mim.”

Levanto o olhar para ele, devagar. Ele me assusta, mas também me desperta um sentimento absurdo de compaixão, pelo carinho que tem por seus dois tributos (agora, sua família)... E até admiração por sua lealdade. Seguro a mão dele com delicadeza, retirando-a do meu braço.

“Por favor, acredite... Se alguém tentar alguma coisa contra os dois, eu estarei ao seu lado e também terão que passar por cima de mim... Não foi só você que aprendeu a amá-los, não pela imagem da revolução, mas pelos jovens incríveis que são...” - Dei um passo para me distanciar dele, devagar - “E eu realmente, acredito que a intenções de Paylor são boas... Você pode confiar em nós?”

Ele não respondeu, apenas me encarou... Sério. A malícia em seu olhar, de instantes atrás, sumiu.  Depois de alguns segundos em que fui analisada, ele disse:

“Venha, vou te mostrar o quarto.”

Subimos as escadas em silêncio e ele abre uma porta, mostrando um quarto espaçoso, onde minhas malas já estão... Aquela mulher que estava tomando de conta da casa quando cheguei deve tê-las trazido.

“Mas, esse é o quarto principal.” -  notei com um sentimento estranho crescendo dentro de mim.

“Francamente, querida, você acha que eu sou um cara de quartos principais? O meu quarto é o de hóspedes...”

“E por que?”

“Não sei... chame de um protesto tímido contra Snow... Boa noite, Effie.”

“Boa noite.”

E quando me virei para entrar, ele me puxou pelo braço,  me encostou no batente da porta e avançou com seus lábios nos meus. Foi rápido e nada  delicado. Eu queria empurrá-lo, mas ele era muito forte para um bêbado.  Seu hálito tinha gosto de whisky  e ele estava conseguindo fazer com que eu me sentisse embriagada.  Minhas mãos que estavam em seus ombros para empurrá-lo, de repente passaram a amassar sua camisa azul... As mãos dele apertando minha cintura.

Um pensamento em minha mente que foi verbalizado quando ele passou beijar meu rosto, indo em direção ao meu pescoço.

“Não... não... não...”

“Sim, querida... sim...”

Ele dizia e eu achava que estava tentando me esquivar, quando na verdade estava  oferecendo descaradamente meu pescoço para ele... E me odiando por isso.

Então senti o aperto em minha cintura afrouxar e seus lábios encostarem em meu ouvido.

“Pronto, querida. Fim do jejum.”

Arregalei os olhos e toquei a base do meu pescço. Corri para o espelho no meio do quarto onde enxerguei uma mancha vermelha ali Em passos largos cheguei a porta do quarto com vontade de fatiar o rosto do Haymitch com minhas unhas. Mas ele já estava caminhando para o seu próprio quarto e gargalhando.

“Filho de uma...”

Tentei gritar, mas ele já tinha batido a porta.  Fiz o mesmo, queria que a casa inteira desabasse sobre a cabeça dele. Deitei para dormir pensando em maquiagens no tom da minha pele e sobre usar lenços, naquele calor infernal do Distrito 12.

*-*-*-*-*-*-*

*Light my fire - The Doors


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Notas finais do capítulo

E aí?
Por favor, me deixem saber o que acharam...
Comentem (recomendem rsrs).
Beijos beijos!



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