Carvão Em Pérolas escrita por Milady


Capítulo 7
"If you walk out on me, I'm walking after you"*


Notas iniciais do capítulo

Olá amores!!!
Estou em falta com vocês, por isso resolvi postar o que seriam dois capítulos em um só. Novamente desculpem pela demora... É que tá complicado no trabalho =/
Quero agradecer aos lindos: GabsMellark; Elyon; NielliCris; HeleenaaRodrigues; Katniss Everdeen Mellarck e Gê, que estão sempre por aqui e também à nova leitora Lyllian Clarie. Vocês são uns xuxus!!!
E quem é leitor fantasminha, comenta vai? Eu fico tão feliz rsrs
Bom, eis o capítulo e leiam as notas finais porque tem um recadinho do coração ;**



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Eu ainda estava encolhida no colo de Peeta e já havia parado de soluçar há algum tempo, quando ouvi os passos de Haymitch na sala. Effie, vinha cautelosamente atrás dele. Me virei lentamente, encarando-os. Haymitch estava sentado em uma poltrona e Effie enconstada no braço da mesma poltrona. O braço de Haymitch a segurava por trás, dando-lhe o apoio que Peeta me dava.


“Katniss... docinho...” - e a voz de Hamitch não tinha um pingo de ironia - “Você está se sentindo melhor?” - eu afirmei com a cabeça - “Que tal deixarmos a Effie terminar? Você não é obrigada a ir, e a Effie não é culpada por isso... Apenas vamos ouví-la tudo bem?”


Então eu me senti profundamente envergonhada por ter agido daquela maneira. Tentei me levantar, mas os braços protetores de Peeta me prenderam. Eu olhei para ele, que afrouxou o aperto e eu pude me sentar. Funguei e me dirigi à Effie.

“Por favor, me desculpe... eu... eu...”

“Tudo bem, querida. Eu sei.”

Então ela nos contou sobre a euforia das pessoas com a proximidade do aniversário de um ano da rebelião. O povo está ansioso e deseja comemorar o fim da tirania de Snow e que ainda existe certa pressão para que haja vingança contra aqueles que foram presos por não se sujeitar ao novo governo.

“Surgiu a ideia de um novo Game... Com os prisioneiros de guerra.”

“Não!”

Eu e Peeta dissemos em uníssono. Haymitch apenas suspirou. Effie continuou.

“Paylor não quer isso. E é por isso que precisamos de vocês. De todos que foram responsáveis pela vitória e sabem da dor... Ela não quer prendê-los... Ela quer apenas estruturar Panen de uma vez. - Effie respirou e acalmou a voz - Ela está seriamente inclinada a implantar uma democracia.”

“O que é isso?”

“É um tipo de governo, Peeta, onde o povo elege seus próprios representantes a partir de um processo eleitoral.”

Effie explicou, e Haymitch continuou.

“São formados partidos, pessoas se lançam á candidatura, tudo é feito de acordo com a vontade de população. Assim era feito no passado, antes de Panen existir.”

“Me parece maravilhoso...” - Peeta parecia encantado.

“Nós não aprendemos isso na escola...” - Eu estava tão confusa.

Haymitch sorriu.

“Snow jamais permitiria que isso fosse ensinado nas escolas. E Coin também não estava inclinada a isso.”

“E como vocês sabem disso tudo, pelo jeito que vocês estõa falando, me parece que era um conhecimento proibido.’ - Peeta perguntou.

“Através da vasta biblioteca do Distrito 13. Bem, e a ideia de uma rebelião não era tão nova na cabeça dos tributos vencedores... Havia muito tempo que nos comunicávamos com o 13” - Haymitch falou e permitiu que Effie continuasse a explicação.

“Sim, a ideia da rebelião existia, mas só quando vocês dois surgiram ela pareceu realmente possível. Paylor precisa dos que fizeram a rebelião para dar força ás suas ideias e implantar justiça de verdade em toda a Panem. Será uma comemoração, sim... Mas vocês também ajudarão a elaborar, e fixar novas leis. O que temos agora é apenas um arranjo. Precisamos de leis sólidas.”

Agora, mais calma, pensando logicamente, essa viagem até me pareceu atrativa. Eu não iria apenas ser uma imagem, eu ia ajudar efetivamente naquilo que ajudei a construir.

“As pessoas sabem desses planos?” - Peeta falou.

“Não. Nada foi prometido à população. Paylor não quer instalar esperanças vãs. São apenas planos, que só acontecerão caso vocês aceitem. O que falei durante o jantar, é a mais pura verdade... Os índices de insatisfação são baixíssimos. Existem ainda aqueles que simpatizam com as ideias do Snow, mas são mínimos. Até mesmo os distritos 01 e 02, que eram aliados do governo de Snow estão bem diante das mudanças. Acreditem, os Amantes Desafortunados do Distrito 12 conseguiram tocar realmente o povo de Panen. Vocês dois ainda são muito importantes para este país Eles precisam vê-los, saber que estão bem, que a revolução foi a melhor coisa... E esse bem estar da nação, deve estar refletido em vocês. A informação que é passada para o povo, é que vocês dois estão se reestruturando, reconstruindo suas vidas...”

“Juntos?” - Eu não consegui conter minha pergunta. Eu me senti idiota diante de Peeta.

“Apoiando um ao ontro. Paylor evita especulações sobre a vida amorosa de vocês... Bom, sabemos que a presença de vocês atuando na construção dessa nova Panen, irá fortalecer as leis e a ordem...”

“Lembrem-se, que toda Panen se mobilizou por vocês dois. Se a revolução serviu para mantê-los bem, então terá o mesmo efeito em toda a população.” - Haymitch interveio.

Então Effie abriu um enorme sorriso ao declarar: “E, claro, todos amam e ainda confiam no Tordo e no Leão...”

“Em quem?” - Peeta franziu a testa, confuso.

“No Tordo” - ela apontou pra mim - “E no Leão” - apontou pra Peeta então virou-se para Haymitch - “Você não contou para eles?”

“Contar o quê?” - Nós dois dissemos juntos.

*-*-*-*-*-*-*

“Haymitch... Por favor, diga que você não pode explicar isso...”

“Calma Peeta, calma...”

A expressão de Peeta era a de mais puro espanto. Seus olhos azuis se abriram e seu corpo inclinou-se um pouco mais para a frente.

“Eu estou calmo, eu só preciso de uma explicação de o porque minha imagem estar relacionada a um animal que provavelmente está extinto.”

“Bom saber que vocês aprenderam sobre isso na escola...”

“Sem ironias, Haymitch!”

“Katniss, por favor.” - Effie, claramente, tentava conter um conflito entre nós três.

“Durante a rebelião, percebemos que pessoas se apegam mais a símbolos. Uma pessoa não pode ser apenas uma pessoa, deve representar alguma coisa... E... bom, animais são ótimos símbolos... Como um Tordo” - Haymitch encarou Katniss, mas logo tomou um ar didático na explicação - “Durante o Quell, quando só restaram oito de vocês, houve as tão famosas entrevistas. Chamaram Prim. Ela veio até mim, pedir orientação sobre o que falar. Eu pedi que ela fosse o mais sincera possível e buscasse lembranças que pudessem comover a população. Ela sabia que aquele jogo seria diferente, não haveriam dois ganhadores... Ela estava assustada, porque tinha certeza que sem Peeta, você, Katniss, não se permitiria ser feliz novamente. E o mesmo aconteceria com Peeta caso somente ele saísse da arena. Ela veio até mim, e tinha na cabeça que queria ajudar a vocês dois saírem... Então eu falei para ela do plano, pedi para que guardasse segredo” - Haymitch se permitiu um sorriso e eu senti meus olhos encherem de lágrimas novamente - “O sorriso e a confiança dela, foram lindos de se ver... E ela decidiu que iria fazer Panen inteira amar, ainda mais, vocês dois. Prim foi perfeita. Quando Caesar perguntou qual a primeira lembrança que ela tinha do Peeta, ela contou que havia sido em um ano onde vocês quase morreram de fome... Você e ela estavam saindo da escola, quando Prim percebeu uma troca de olhares entre vocês dois, então ela percebeu que Katniss estava colhendo um dente de leão. De alguma forma, Prim sabia que aquilo tinha alguma relação com Peeta. Ela deu a entender, como se fosse o início de uma leve paquera entre vocês dois... E disse que foi naquele dia que sentiu novamente a esperança voltar... Era como se Peeta tivesse indicado o local do Dente de Leão... E pelas gravuras que via na escola, passou a associar aquele menino ao leão. O que era forte e lutava bem e era tão bondoso... Principalmente depois da primeira arena, com a determinação que ele tinha em manter Katniss segura.”

“Mas ela não me conhecia... Ela não...”

“Eu contei pra ela, Peeta...” - os três se viraram imediatamente para mim - “Sobre o pão. Ela perguntou onde eu tinha conseguido aquele pão... Eu contei, mas pedi pra ela não contar a ninguém, nunca... Porque eu não tinha como lhe agradecer...”

“Acredite, ela não contou, porque só soubemos com detalhes da história do pão, durante a rebelião” - Effie prosseguiu - “E depois, durante o Game, Prim disse que a associação só cresceu. Pois agora, ela podia ver o quão corajoso e leal você era, Peeta.”

“Ela também falou que o achava muito bonito.” - Haymitch sorriu.

Peeta baixou a cabeça, mas eu percebi que ele corou.

“Bom, todas essa qualidades, e o fato de você ser louro...” - Haymitch olhou com censura para Effie - “Ei! Não é futilidade, ok? Aparência sempre foi importante para o Capitol... Se ele é louro e por isso, lembra mais um leão, isso deve ser ressaltado!”

“Mas como... Eu nunca fiquei sabendo?”

Haymitch e Effie se revesavam na explicação. Ao que me pareceu, quando estavam planejando o início da rebeiião no Quell, Coin estava irredutível sobre resgatar Peeta e não a mim. Segundo ela, Peeta vivo tentaria com todas as suas forças ou me resgatar ou me vingar. Para isso, usaria de todo o seu dom diante das câmeras e, esforçado como era, diante da situação, se tornaria um guerreiro feroz. Ninguém duvidava disso.

Coin não queria apenas um guerreiro, mas um político. Com carisma, determinação e que a ajudasse a conquistar as pessoas. Porque, convenhamos, todo mundo sabe que eu só consegui ser amada pelo povo, graças a Peeta.

Então, Haymitch e Plutarch começaram a fazer campanha em meu favor. Haymitch disse que tinha certeza, que se a Capital colocasse as mãos em mim, seria uma execução pública, na certa. Mas, que, caso pegassem Peeta, Snow ia tentar usar seus dons. Em um resumo: eu era a imagem, Peeta as palavras. Uma imagem não precisa estar viva para ser usada, mas as palavra precisam de quem as pronuncie.

“Haymitch, mas eu nunca fui sua preferida... Por que não me deixar ser uma mártir?”

Haymitch deu um suspiro cansado e um sorriso triste antes responder.

“Docinho... Docinho... Quando eu dizia ‘fiquem vivos’ eu queria dizer exatamente assim, no plural.”

“Você não tinha um preferido.” - Peeta concluiu.

“Não depois de ver vocês dois naquela caverna, durante o primeiro game. Eu realmente, queria vocês dois vivos.”

Eu quis lembrar de algum momento em que eu tivesse sentido nojo do Haymitch... Em minha mente, eu sei que isso já aconteceu, mas hoje... Eu quero abraçá-lo nesse momento, mas ele continua a falar.

Após a entrevista de Prim, a população da Capital passou a chamar Peeta de o Leão do Distrito 12. Obviamente, Coin adorou. Mas Haymitch, Plutarch e Gale não desistiram e após trazer outras pessoas para interceder por mim, Coin concordou em me tirar da arena, e Peeta, se possível. Ou seja, ela não me queria sozinha, nunca quis.

Então, passaram a incentivar o amor pelo Tordo e pelo Leão. Nós seríamos a imagem de Panen... Os salvadores. Mas, obviamente, a ordem principal era me salvar. Então Haymitch veio com a história de que, para me proteger, todos os outros tributos tinham que proteger Peeta também.

Iniciaram os planos para nos tirar da arena, a todos, ou ao menos o máximo de nós que conseguissem. Embora, no fim, não importava se ninguém mais conseguisse, contanto que eu ficasse a salvo.

Quando tudo aconteceu. Quando Beete cortou o fio e Finnick correu em nossa direção... Peeta ficou furioso, empurrou Beete, que caiu desacordado, e correu atrás de Odair... O problema é que Peeta nunca foi veloz, nem caçador, então se afastou na direção errada, guiado pelos sons de Johanna e dos carreiristas. Toda a questão é que nós não devíamos ter nos separado tanto. Se ele estivesse lá, quando voltei, teríamos sido resgatados juntos.


Ele não teria sido telesequestrado... Não teríamos ficado tanto tempo longe, eu não precisaria reconquistar sua confiança... Não teríamos passado por metade dos problemas que passamos para chegar até o ponto em que estamos.


E eu pude ver na expressão que Peeta que ele estava se culpando por esse erro de julgamento.

Quando fomos resgatados, e Peeta não, toda a imagem do Leão foi desconstruída, principalmente depois dos vídeos da Capital em que ele falava contra a rebelião e também, após sua chegada ao Distrito 13... quando tentou me matar. Por que eu não soube de nada? Porque eu estava muito afundada em minha miséria

“De uns tempos pra cá” - Effie interrompeu - “A população da Capital vem lembrando do Leão, do quanto seu amor pelo Tordo foi capaz de vencer toda aquela tortura, a ponto de vocês terem vencido a rebelião juntos. Existem testemunhas que viram Peeta correndo dentro do fogo pra te resgatar Katniss... As pessoas não esquecem esse tipo de coisa.”

Como eu queria me lembrar do momento em que ele veio me salvar... Mas tudo ainda parece meio borrado na minha mente sobre aqueles dias.

“Então nós dois seremos mais uma vez, as imagens de Panen.”

“Não Peeta” - Effie sorriu - “Vocês serão as vozes de Panen.”

Eu passei minhas duas mãos pelos meus cabelos e encarei o chão. “Eu... Preciso de um tempo... Para assimilar tudo isso.”

Effie sorriu. Haymitch apenas assentiu.

“Peeta?”

Senti o corpo dele estremecer, como se tivesse sido retirado de pensamentos profundos.

“Eu estou bem... Eu só... Eu também preciso de um tempo...”

“Por favor, me desculpem... Eu não queria encher vocês dois com tudo isso, hoje... assim, tão de repente... Mas, esse ogro...”

E Effie fuzilou Haymitch com o olhar.

“Melhor deixá-los refletir um pouco sobre tudo isso. Eles precisam ficar sozinhos.” - Haymitch se levantou e estendeu a mão para Effie - “Vamos, Effie...”

“Para onde?”

Se eu não estivesse tão abalada com tudo, juro que teria rido da indignação de Effie.

“Tem um quarto de hóspedes esperando por você lá em casa, querida...”

Ela olhou para mim e para Peeta, sentados naquele sofá, e respirou. Levantou-se e veio até nós, depositando um beijo no topo da minha cabeça e outro nos cabelos louros de Peeta.

“Se precisarem, não hesitem em nos chamar, ok?”

E de repente me veio a imagem improvável de uma mãe atenciosa, colocando seus filhos para dormir...

Peeta lhe deu um sorriso cansado. Eu não consegui esboçar nenhuma reação. E os dois saíram, com Effie afastando com um safanão, toda vez que Haymitch tentava conduzi-la pelo braço.

Quando a porta se fechou, um silêncio sufocante invadiu a sala. Peeta relaxou o seu corpo e com um suspiro descansou a cabeça no encosto do sofá. Seus olhos fechados... sua respiração forçadamente controlada. Tive medo. E se o bestante dentro dele estivesse se manifestando. Eu queria seu abraço, mas não parecia que ele pudesse me dar um, agora. Eu queria subir e deitar na minha cama, e nunca mais levantar. Eu estava tão cansada de ser o Tordo...

Me ergui bruscamente, mas Peeta não se moveu. Eu precisava fazer alguma coisa, ou aquele vazio ia me engolir novamente, logo agora, que Peeta o estava preenchendo... Fui em direção da cozinha. Havia toda a louça do jantar para arrumar. Talvez se eu arrumasse algo por fora, conseguisse me organizar por dentro, também.



*-*-*-*-*


*Walking after you - Foo Fighters


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Notas finais do capítulo

E então, galera? Espero que tenham gostado.
- Queria começar dizendo que essa fic não vai trazer uma nova rebelião ou nada do tipo, ok? Eu sempre pensei mto em uma reconstrução mesmo, até pelo epílogo de A Esperança. Ficava imaginando o caminho que os personagens percorreram até chegar àquela tarde que a Katniss descreve, com seus filhos brincando e talz...
- Sim, e eu realmente não lembro se a Katniss fala sobre a história do pão, com detalhes em algum momento antes da rebelião... Lembro que eles comentam durante a caverna no primeiro game, mas depois disso, sinceramente não sei... E to meio sem tempo de pesquisar no livro =/
- Ah, outra coisinha. A fic vai seguindo o ponto de vista da Katniss... Mas comecei a divagar e surgiu uma cena no ponto de vista de outro personagem (quem será?), que eu quero colocar como um capítulo 'bônus'. Já está pronto... e posso postar até o fim de semana. Me façam um carinho, pode ser? Comentem dando seus palpites, e recomendem a fic para eu ficar mais motivada a postá-lo.
Beijos beijos e até mais!



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