Carvão Em Pérolas escrita por Milady


Capítulo 3
"And there's no remedy for memory..."*


Notas iniciais do capítulo

Gente, seguinte. Volto de férias amanhã, portanto não posso prometer capítulos muito próximos um do outro. Mas vou tentar fazer isso semanalmente, ok?
Como já disse, ia ser uma história curta, mas as ideias estão vindo. Esse negócio tá tomando vida própria e eu não consigo parar kkkkk
Ah, mais uma vez: não consigo tirar o negrito... Como eu faço isso? Help!!!



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No dia seguinte, acordo sem Peeta ao meu lado. Desço as escadas e encontro Greasy Sae já na cozinha e vou preparar meu equipamento para caçar. Preciso estar um pouco sozinha e quem sabe assim, terei coragem de escancarar esse sorriso idiota que está querendo escapar dos meus lábios.

“Quando cheguei, Peeta estava saindo.”

Meu rosto arde.

“É uma forma de nos livrarmos dos pesadelos. Dormimos juntos desde a turnê...”

“Não precisa se justificar. Vocês tem uma história juntos.”

“Não, não temos.” A velha irritação que não me deixa jamais. Em movimentos bruscos, termino de vestir a velha jaqueta do meu pai, enquanto tento espantar o idiota do Battercup de perto de mim. Escuto um suspiro vindo de Greasy.

“Katniss, Snow pode ter bagunçado as lembranças do Peeta... Mas já passou um tempo e acredite, nenhum homem dedica-se tanto a uma mulher que ele não ame.”

Meu tempo na floresta, naquele dia, foi para pensar. Escalar e pensar e sorrir pela esperança que Greasy Sae colocou em mim. Retorno com dois coelhos e ao passar pela padaria, sei que Peeta está lá. Entro devagar e vejo que ele está ensinando a dois rapazes um pouco mais novos que nós a preparar a massa. Como se sentindo minha presença, ele volta o rosto para mim. Ergo os coelhos para ele ver e sorrio, recebendo um sorriso de volta. Isso traz uma sensação tão boa!

Volto voando para casa e preparo a caça, levando-a ao forno com algumas ervas. Vou até a casa de Haymitch e digo para ele tomar um banho e se vestir, pois eu preparei o jantar.

“Alguma chance de uma garrafa de vinho hoje também, docinho?”

“Nos seus sonhos.”

Peeta chega para o jantar, de banho tomado. Um perfume cítrico tão bom em seus cabelos. E eu me pergunto como seria a sensação de ele estar voltando para casa, todos os dias após o trabalho, como meu marido.

Nessa noite, ele dorme comigo novamente. Mas, desta vez, dividimos também o cobertor e o aperto dele em volta do meu corpo é mais forte.

No dia seguinte, vou à escola, ajudar e percebo o quanto estar junto de crianças pode ser gratificante. A diretora da escola pede para que eu ensine sobre plantas e animais, e que em momentos de recreação, tente ensiná-los algo de canto também. Embora eu não sabia nenhuma teoria de música, consigo fazer com que eles formem um coro coerente. À tarde, vou até a padaria e Peeta me ensina uma receita de biscoitos. Eu não consigo sovar a massa como ele, mas posso cortar os biscoitos com a ajuda de uma forma.

Nessa noite, demoro a dormir e fico deitada, observando o rosto de Peeta. Eu tenho plena consciência dessa fixação que desenvolvi, mas o que posso fazer? A luz da lua entra pela janela deixando-o com uma cor mais pálida... Perolada.

Minha pérola. Preciso escrever para Effie. A última vez em que estive na Capital, deixei com ela, para procurar um joalheiro que a colocasse em uma corrente delicada.

Então o rosto dele se contorce. Muito rapidamente. Ele pressiona os olhos, mas não faz som algum, nem mexe os braços como eu costumo fazer. Eu sei que ele está tendo pesadelos.

“Peeta”

Ele abre os olhos de repente. Uma lágrima escorre pela lateral do seu rosto enquanto ele fixa o olhar em mim. Estranhamento, sua respiração fica mais forte. Seus músculos estão mais tensos. Eu não posso perdê-lo de novo.

Me inclino para frente e beijo seus olhos. Sua lágrima salgada em meus lábios. Me afasto devagar e encosto nossas testas.

“Respire comigo, por favor...”

Eu praticamente suplico.

Tensão em seu rosto, suas pupilas muito dilatadas. As linhas de sua boca ficam mais duras. Ele fecha as mãos e eu sei que se suas unhas estivessem grandes, ele estaria se machucando.

De repente, sinto as mãos dele chegarem ao meu rosto, seu olhar duro suaviza-se só alguns segundos antes de Peeta me puxar para um beijo.

Hà milhares de borboletas dançando em meu estômago, enquanto eu seguro seu rosto e as mãos dele descem pelos meus braços. Quando ele tenta se afastar eu não deixo e aprofundo o beijo, não mais os fingidos como na primeira arena, mas fortes e verdadeiros, como na segunda.

Eu o beijo lentamente, e ele me acompanha, aproximando mais nossos corpos. Eu o beijo e ele me beija. Eu estou aqui, Peeta, não vou embora, não vou deixar você ir. Eu estou aqui com você. Por você. Me aceite, por favor... Confie em mim.

Porque nenhum beijo é eterno, nos afastamos e nos encaramos por um momento. Então eu o puxo para mim e dessa vez é ele quem dorme com a cabeça em meu ombro, seu nariz afundado em meu pescoço, o calor de sua respiração em minha pele e eu consigo dormir bem, porque sei que estou em casa.

Na semana seguinte, continuo indo à escola, à padaria, e alternamos entre dormir na minha casa e na dele. Não estou enganada, a dor não passou. Na verdade, ela volta constantemente. Ainda é difícil sair da cama e fazer as coisas normalmente. Sei que Peeta ainda tem flashbacks, quando ele se retira sorrateiramente de algum cômodo onde estamos reunidos. Sei apenas que as coisas ficaram um pouco mais fáceis, porque não estamos mais tão sozinhos.


*-*-*-*-*


*Dark Paradise - Lana Del Rey.


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Notas finais do capítulo

Muitíssimo obrigada a todos que lêem. Que comentam ou não.
Um agradecimento especial aos queridos: Gê;
GabsMellark; maryS2Mellark; Elyon; HeleenaaRodrigues. São incentivos lindos!
Comentem e digam o que acham, sugestões... Adoro lê-los!
Beijos, beijos!