Carvão Em Pérolas escrita por Milady


Capítulo 2
"El cielo está cansado Ya de ver la lluvia caer"*


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Como tinha dito no capítulo anterior, fiz uma viagem de 10 dias e somente agora voltei. Espero que gostem do capítulo!
(ps.: eu sei que está tudo em negrito, mas eu não consigo tirar! Sério, tentei várias vezes, mas preferi não perder mais tempo e postar rs)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/222475/chapter/2

Acordo com leves batidas na porta. Lembro de ter chegado em casa, tomado um banho e caído na cama. Sono sem sonhos... Talvez seja por isso que Haymitch bebe tanto.

“Katniss”

É a voz de Peeta. Abro os olhos, já está escuro lá fora. Quanto tempo eu dormi?


Talvez se eu me encolher debaixo do lençol e não atender, ele vá embora... Como se eu não conhecesse sua persistência.

Ele abre a porta, caminha devagar até minha cama e senta-se na beirada, levantando o lençol do meu rosto. Eu devo estar horrível, porque ele ri.

“Eu fiz o jantar.”

Claro que fez. Eu o amo e o odeio por isso, por esse zelo e porque eu não consigo ser igual a ele. Eu devia pedir minhas chaves de volta, para ele não ter mais essa eterna permissão de invadir minha casa. Então eu deveria devolver as chaves dele também, e as de Haymitch...

Vou me sentando devagar. Ele ainda ri e eu imagino que devo estar com uma enorme mancha vermelha no meu rosto.

“O que foi?”

“Seu cabelo... Está todo bagunçado.”

Claro, deitei sem me importar com o fato de meu cabelo estar molhado. Ele estende a mão para tentar ajeitá-lo.

“Posso?”

Eu apenas afirmo com a cabeça e quando ele toca meu cabelo eu ainda tenho raiva por toda essa consideração. Ele podia tentar roubar um beijo, ele já fez isso antes, na caverna, na turnê pelos distritos... Eu podia simplesmente me inclinar para frente e forçá-lo a me beijar. Eu já fiz isso, na rebelião...

Mas eu não faço.

“Haymitch também está lá. Eu consegui arrastá-lo.”

“Ele não queria ir?” Tentei me levantar. Pelo menos eu não estava de ressaca nem nada parecido.

“Ele resmungou alguma coisa sobre estar sobrando...”

Eu bufei. O que eu esperava? Um jantar romântico? Além do mais, não podia acreditar que Haymitch havia mencionado isto... E quando tentei me desembaraçar do lençol, a camisola fina que eu estava usando subiu, revelando muito das minhas coxas. Pude sentir o olhar de Peeta subindo por elas, pelo meu corpo, a alça caída no meu ombro direito. Senti meu corpo queimar, com ênfase na minha face.

Ele pigarreou, vermelho e baixou o olhar... Tão adoravelmente tímido. E eu lembro de quando acreditava que isso era uma tática para me enganar nos Jogos.

“Chamei a Greasy Sae também...”

Tentando ser o mais charmosa que conseguia, passei por ele e senti que seu olhar acompanhava meus pés, em direção ao guarda-roupas.

“Eu só preciso me trocar e já chego”.

Então Peeta levantou os olhos pra mim, a máscara de compostura novamente em seu rosto. Murmurou um “claro” e saiu do quarto, fechando a porta devagar.

Quis arremessar a escova de cabelo que estava em minhas mãos. Por que ele tinha que ser tão cordato?! Inferno! Se fosse Gale, certamente teria me agarrado e... E eu o teria empurrado. Simplesmente, porque não é Gale que eu quero...

Sem paciência para nada, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo frouxo, troco a camisola por um vestido solto e caminho até a casa de Peeta para encontrá-lo com Haymitch e Greasy rindo de alguma coisa. Haymitch é o primeiro a me ver, ergue uma taça com um líquido vermelho em minha direção e sorri.

“Veja, docinho, o Garoto do Pão resolveu ser bonzinho conosco hoje.”

“É só uma garrafa de vinho, Haymitch, não se anime.”

“Venha, venha, Katniss! Estou contando algumas histórias do Distrito... E são bem engraçadas.”

Greasy Sae bate na cadeira ao seu lado e Peeta serve uma taça de vinho para mim. Comemos, bebemos um pouco e rimos, porque, com certeza, Greasy sabe contar histórias.

E como é bom. Eu nem lembrava que ainda sabia sorrir dessa forma. Ouvir Haymitch gargalhando é fantástico... E tem Peeta... Por um momento me pego parada, olhando ele sorrir, limpar uma lágrima que escorre do seu olhos, ficar vermelho... Eu quero agradecer a Greasy por ser tão maravilhosa.

Até o momento em que ela diz que tem que ir embora. Peeta se oferece para levá-la em casa, mas Greasy recusa, pede para que eu o ajude com os pratos e eu sinto um tom conspiratório nisso.

Haymitch também diz que precisa ir embora, que não gosta de “apagar” longe de casa. E avisa para não irmos acordá-lo cedo pela manhã, pois ele pretende acabar com um litro de licor antes de dormir.

Então ficamos, Peeta e eu. Lavo os pratos, ele seca, guardamos tudo e eu não quero ir embora. Eu não quero ficar só. Pergunto se ele não quer desenhar um pouco, pois eu tinha escrito coisas novas no nosso livro. Ele assente e vamos para minha casa.

Observo seu trabalho. Eu gosto disso, de olhar para ele tão concentrado, o dourado dos seus cílios à luz da lâmpada, suas mãos ágeis, como ele umedece os lábios com a língua de tempos em tempos.

Então acordo com a mão dele na minha. Eu me encolhi na cadeira e devo ter cochilado.

“Vamos, você não pode dormir aqui, vai ficar toda dolorida amanhã.”

Levanto e arrumamos os papéis. Peeta parece cansado e caminho com ele até a porta, mas antes que ele toque na maçaneta eu seguro sua mão. Ele me olha desconfiado.

Fale, apenas fale!


“Fique. Por favor...”

“Katniss...”

“Apenas durma comigo... Eu preciso tanto de uma boa noite de sono...”

“Nós dormíamos juntos para nos proteger de pesadelos. Real ou não real?”

“Real.”

Subimos. Eu o guio pela mão e entramos no quarto. Vou até o banheiro e visto uma calça folgada, e uma blusa. A idéia de dormir com Peeta, na mesma cama, de camisola me causa uma sensação estranha, que eu prefiro evitar. Quando volto ao quarto, a janela está aberta. Sorrio para ele, que me devolve o sorriso e encolhe os ombros. Dou a volta na cama, me ajeito sob os lençois, mas ele permanece descoberto, estabelecendo uma distância segura, o que me decepciona de alguma forma.

Deito de lado, ele faz o mesmo de frente pra mim.

“Nós fizemos amor, e você estava grávida do nosso bebê, no Quarter Quell. Real ou não real?”

Junto com sua voz grave, um cubo de gelo desce pelo meu estômago. Ele acha realmente que tivemos esse nível de intimidade? Eu acredito que ele quis isso, no passado... Mas e agora, ele quer? E eu, estou pronta pra isso?

“Não real.” minha voz sai falha e sussurada. “Você mentiu na última entrevista antes do Quell. Disse que havíamos nos casado em segredo e que eu estava grávida...”

Eu queria conseguir ler o que passou no olhar dele.

“Eu era um bom estrategista, não?”

“Sim, você era o melhor de todos.”

“Mas eu lembro, de acordarmos abraçados... De as equipes de preparação comentarem por eu dormir no seu quarto...”

“Isso é verdade, eles comentavam muito. Nós não desmentíamos, mas nada aconteceu.”

“Então, eu era louco por você, dormia abraçado todas as noites, mas nunca tentei...”

Eu não consigo evitar sorrir.

“Não.”

Ele também sorri. E eu me aproximo. Ele não se afasta. Pressiono meu corpo ao dele. Ele coloca o braço como meu travesseiro. Apoio a cabeça em seu ombro. Sinto seu coração batendo. Seu outro braço envolve minha cintura. Faço o mesmo com ele. Ele boceja.

“Boa noite, Katniss.”

“Boa
noite.”

Ainda fico alguns minutos sentindo o calor e a proteção que ele me traz até ouvir sua respiração ficar ritmada e sei que ele está dormindo. Naturalmente sou engolida por uma noite inteira de sono sem sonhos.


*-*-*-*-*-*


*Inevitable - Shakira


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Quero agradecer à GabsMellark, Gê, Cíntia e Roberta Malfoy pelos comentários. Mais um incentivo para continuar! Beijos e até a próxima!!!