Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 9
Aventuras Natalinas Tropicais-Parte I


Notas iniciais do capítulo

Beleza! Sol e Surf em Garopaba, antes do Natal!



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CAPÍTULO 8

 

AVENTURAS NATALINAS TROPICAIS-PARTE I

Os Inseparáveis e suas famílias estavam entretidos nos preparativos para a viagem a Garopaba, para passarem o Natal e o Ano Novo. Aquilo agradava principalmente aos Novos Marotos, ansiosos pelas novidades. Com alguma relutância e muita insistência de Rosmerta, Severo Snape concordara em passar as festividades sem sua querida filha única. E ainda aproveitara para brincar com o namorado da garota, Adriano.

—Se você não tratar bem da minha filha eu saberei, Sr. Malfoy. Pode ter certeza disso. _ disse Snape, com sua habitual cara séria, mas sorrindo logo depois e colocando as mãos nos ombros dos dois _ Estou brincando. Espero que divirtam-se bastante e que peguem boas ondas.

—Boas ondas? _ perguntou Nereida _ O que você quer dizer, papai?

—Se você reparar naquele canto, minha filha, verá que há uma Tricoast Pro-Comp, com sua respectiva capa, devidamente personalizada. Feliz Natal.

Após um beijo no rosto do pai, Nereida retirou a prancha de três quilhas de dentro da capa, vendo que era personalizada com a figura de uma bruxinha radical, montada numa serpente de óculos escuros, além de uma outra imagem que era comum a todas as pranchas dos outros Novos Marotos que já vira antes.

—Obrigada, papai. Ela será bem utilizada. _ um outro beijo e ela saiu de mãos dadas com Adriano, sobraçando a prancha.

—Ela está contente, Rosmerta. _ disse Snape.

—E você também está, Severo. É tão bom vê-lo sorrir novamente, meu querido. _ disse Rosmerta _ A vida tem sido boa para todos nós.

—Depois do fim de Lord Voldemort, principalmente. E minha maior redenção foram você e Nereida. Tomara que os tempos de paz continuem.

—Mas, se não continuarem...

—... Teremos de agir, para restabelecer o equilíbrio. Mas, cuidemos de coisas mais agradáveis, tais como a festa de Hogwarts. _ disse Severo Snape, beijando a esposa.

Dias depois...

Todos haviam combinado de reunirem na casa de Harry para irem a Londres, onde iriam encontrar-se com Derek, Marilise, Draco, Rony, Neville e Luna, na Agência de Transportes Mágicos. Na casa, também estavam Dumbledore e McGonnagall, que haviam ido para despedirem-se do grupo.

—Por que isso, Tio Harry? _ perguntou Randolph _ Por que não sairmos daqui direto para o Brasil?

—É porque toda Chave de Portal internacional, de distância extralonga, tal como a que vamos utilizar agora, tem de ser monitorada pelos Ministérios da Magia dos países envolvidos. Se bem que os fora-da-lei não importam-se nem um pouco com isso. Bem, estamos todos aqui?

—Gina, presente. _ respondeu sua esposa.

—Hermione, presente.

—Janine, presente.

—Tiago e Lílian, presentes. _ responderam seus filhos.

—Adriano e Narcisa, presentes. _ foi a vez dos filhos de Janine.

—Clifford e Mafalda, presentes. _ ouviu-se a voz dos filhos de Hermione.

—Randolph, presente. _ disse o garoto, filho de Nymphadora e Remus Lupin.

—Soraya, presente. _ disse a bela garota, filha de Ayesha e Sirius Black.

—Sabrina, presente. _ a meio-irmã de Janine manifestou-se.

—Nereida, presente. _ respondeu a filha de Severo Snape.

—Julius, presente. _ disse o garoto, filho de Neville e Luna.

—OK, gente. Então, se todos estiverem prontos, vamos lá. _ Harry pegou uma cadeira e colocou-a no centro da sala. Todos tocaram nela e aguardaram o momento.

—Tenham um bom final de ano e esperamos que voltem renovados para cá. _ disse Minerva.

—Aproveitem as férias com despreocupação. Ajudarei os Aurores a monitorarem as atividades do Círculo. _ disse Dumbledore.

—Obrigado, Prof. Dumbledore. _ disse Harry _ Assim ficamos todos mais traanqüilos. Atenção, todos. Um, dois e... TRÊS!!

Todos desapareceram da sala rodopiando, em direção a Londres.

—Bem, eles já foram. _ disse Dumbledore _ Creio que agora é hora de planejarmos as nossas viagens, Minerva.

—Tem razão, Alvo. _ disse a ex-Diretora de Hogwarts _ Faz tempo que não viajamos. Tem algum lugar em mente?

—Também pensei em irmos para um lugar tropical, Minerva, assim que eles voltarem da viagem. Que tal as Maldivas?

—Excelente, Alvo. Vamos para lá, enquanto elas ainda estão acima do nível do mar. _ e saíram da casa de Harry, de braços dados.

A Chave de Portal deixou-os na Estação de Transportes Mágicos da Rua Charing Cross, onde os outros esperavam por eles. Janine correu para abraçar o marido e a mãe, cumprimentando Derek Mason. Os filhos também correram a abraçar seus pais e todos procederam a uma última revisão das bagagens.

—Atenção, Britânicos! _ disse Janine _ há uma coisa de suma importância, que não podemos nos esquecer. Mesmo que estejamos indo para a Região Sul, lembrem-se de que a temperatura média beira os trinta graus centígrados e o sol pega para valer. Os bonés e, principalmente, o protetor solar não podem faltar em nossas bagagens, em boa quantidade, principalmente para os loiros e ruivos, sob pena de adquirirem o famoso e indesejável “Bronzeado-Camarão” e acumularem pontos para um câncer de pele, anos mais tarde.

—OK, Jan. Todos estamos bem servidos de protetor solar Fator 30. Utilizando-o da maneira certa, não haverão problemas. _ disse Luna.

—Certo, gente. _ disse Marilise _ Iremos de Chave de Portal para Florianópolis e, de lá, iremos para Garopaba em uma van enfeitiçada, que estará à nossa espera. Um belo feriado de Natal e Ano Novo nos espera.

—Antes de mais nada... “Vernaculum Brasiliana”!! _ Derek lançou um Feitiço de Idioma, para que todos pudessem falar e entender o Português, sem dificuldades.

O funcionário da Agência de Transportes Mágicos trouxe a Chave de Portal que iria levá-los a Florianópolis: uma prancha tipo “Longboard”.

—Aqui está, gente. Achei que seria adequado, já que vocês irão para um dos paraísos do Surf. Além de que é suficientemente grande para que todos possam tocá-la, quando for acionada.

—Uma excelente idéia, Sr. Smithers _ disse Derek, ajeitando a mochila nos ombros e tocando a prancha _ Vamos lá, gente?

SIM!!— disseram todos os outros, segurando a grande prancha, que logo começou a brilhar.

No instante seguinte, todos desapareceram.

A Chave de Portal deixou-os na Estação de Transportes Mágicos do subsolo do Beira-Mar Shopping, onde entregaram a prancha e logo foram cercados por alguns funcionários, curiosos para conhecerem os turistas, famosos em toda a Bruxidade, principalmente Harry Potter, sempre conhecido como “O-Menino-Que-Sobreviveu” e Janine Malfoy, “A-Trouxa-Que-Virou-Bruxa”. Os amigos responderam às perguntas dos bruxos catarinenses, posaram para fotos e deram alguns autógrafos.

—Tivemos nossos quinze minutos de fama, como disse Andy Warhol, minha gente. _ brincou Draco.

—Acho que sempre será assim. _ disse Marilise _ Onde quer que vocês vão, sempre haverá alguém que irá lembrar-se dos Inseparáveis e das batalhas contra a Ordem das Trevas.

—Além disso, eles são uma inspiração para todo e qualquer bruxo de bem, Sra. Mason. _ disse Sheila Vieira, recepcionista da Estação _ Ainda ontem, Ricardo Freitas (e apontou para um jovem bruxo de cabelos castanhos e curtos) recebeu uma coruja com uma carta da Academia Brasileira de Aurores, comunicando que havia sido aprovado._Eu soube que o treinamento é bastante rígido. _ disse Rony.

—Muito. _ disse Ricardo, juntando-se a eles _ A Academia possui um centro de treinamento no Rio de Janeiro, no qual algumas aulas de táticas policiais e Artes Marciais são ministradas por elementos do BOPE. E eu ouvi dizer que o Capitão Claudiomir é uma verdadeira fera.

—Eu o conheço. É um digno sucessor do Major Nogata, que eu conheci como Capitão, em uma viagem que fiz ao Rio _ Harry só não disse que, daquela vez, haviam subido o Complexo do Alemão e detonado um importante braço da rede de tráfico de drogas do Círculo (*Ler o capítulo “Fúria e Convergência”, de “Harry Potter e o Círculo Sombrio”*).

—A van já chegou e está à espera de vocês, no estacionamento do shopping. _ disse Cristina Campos, outra funcionária _ Façam uma boa viagem e esperamos que tenham um Feliz Natal e um bom Ano Novo.

—Obrigado, gente. O mesmo para vocês. _ disseram nossos heróis, recolhendo suas bagagens e saindo da Estação de Transportes Mágicos, por uma porta que levava ao estacionamento. Embarcaram na van, que havia sido equipada com um bom Feitiço de Ampliação interna (só mesmo assim para que o motorista e mais vinte e um passageiros pudessem caber todos em um único veículo).

—Vamos dar uma volta rápida, para que vocês conheçam a Ilha da Magia. Depois pegaremos a BR-101, rumo a Garopaba. _ sugeriu Marilise e todos concordaram.

A van percorreu os principais pontos do centro e então saíram para ver as praias. Passaram por Canasvieiras, Ingleses (logicamente), Santinho, Ponta das Canas, Lagoa da Conceição, Joaquina, Mole, Brava, Jurerê Internacional, Nacional e outras. Todos admiraram a beleza e a limpeza das praias.

—Corresponde exatamente ao que vemos nos postais, Marilise. Tudo lindo e limpo. _ comentou Rony.

—E você não imagina o trabalho que dá para manter as coisas assim, Rony. Os prefeitos ficam de cabelos brancos, principalmente nessa época do ano, na qual os turistas argentinos chegam em peso.

—Ué, por quê? _ perguntou Neville e quem respondeu foi Janine.

—Nada contra o povo argentino, embora Pelé sempre vá ser infinitamente melhor do que Maradona. _ disse Janine, enquanto todos os outros riam com o seu comentário _ Mas acontece que muitos dos turistas argentinos acabam por denegrir o nome de todos e fazem com que fiquem com a fama de arrogantes (embora essa seja uma característica inerente aos argentinos), desordeiros e não muito afeitos a manter limpas as praias. Você pode adivinhar que um grupo de argentinos ocupou determinada parte da praia apenas vendo os montes de lixo que eles deixam. Detalhe: podem haver lixeiras próximas, mas eles sequer preocupam-se em levar o lixo até elas.

—Creeedo! Mas que relaxados! _ exclamou Soraya.

—Mas nem todos são assim, gente. O problema é que a porcentagem é grande, com o agravante da imprudência nas estradas. _ disse Marilise.

—Ouvi falar. _ disse Gina _ Mas a coisa melhorou bastante, depois que as multas por infrações de trânsito passaram a ser cobradas em território brasileiro e os veículos com multas pendentes ficaram impedidos de deixar o país.

—Pode crer. _ disse Luna _ Acabou a impunidade.

E quanto à história de Florianópolis? _ perguntou Draco _ Alguém pode dizer alguma coisa?

—Com prazer, Draco. _ disse Marilise, atendendo ao pedido do genro e começando a explicar:

Florianópolis é a capital do estado de Santa Catarina e uma das três ilhas-capitais do Brasil. Destaca-se por ser a capital brasileira com o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH), da ordem de 0,875, segundo relatório divulgado pela ONU em 2000. Esse índice também a torna a quarta cidade brasileira com a melhor qualidade de vida, atrás apenas de São Caetano do Sul e Águas de São Pedro, no estado de São Paulo e Niterói (RJ).

Localiza-se no centro-leste do estado de Santa Catarina e é banhada pelo Oceano Atlântico. Grande parte de Florianópolis (97,23%) está situada na Ilha de Santa Catarina, onde, somadas às continentais, existem cerca de 100 praias.

Originalmente denominada "Ilha de Santa Catarina" já que Francisco Dias Velho o fundador do povoado chegou ao local no dia de Santa Catarina. Ela continuou por muito tempo sendo assim chamada inclusive até se tornar vila com o nome de Nossa Senhora do Desterro. Fato que comprova é que até mesmo nas correspondências oficiais ainda se mencionava como sendo Ilha de Santa Catarina, nome que nas cartas de navegação da época ela era descrita. Com a Proclamação da República a vila elevou-se a cidade aonde decidiram fortalecer o nome correto, mas agora passando apenas a se chamar "Desterro", nome esse que desagradava os moradores pois este termo lembrava "desterrado" ou seja, alguém que esta no exílio ou quem era preso e mandado para um lugar desabitado. Esta falta de gosto pelo nome fez com que algumas votações acontecessem para uma possível mudança, uma delas foi a de "Ondina" nome de uma deusa da mitologia que protege os mares. Este nome foi descartado até que com o fim da Revolução Federalista, em 1894, em homenagem ao então presidente da República Floriano Peixoto, Hercílio Luz mudou o nome para Florianópolis. Mas é preciso que se diga que Floriano Peixoto não era uma autoridade com popularidade na cidade e enfrentou grande resistência de seu governo em Desterro, ja que ela era um dos principais pontos que se opunham a este presidente, que mandou um exército para a cidade para que fosse derrubada esta resistência. Deste nome deriva o apelido Floripa, pelo qual a cidade é amplamente conhecida.

Os habitantes da região de Florianópolis na época da chegada dos exploradores europeus eram os índios carijós, de origem tupi-guarani. Praticavam a agricultura, mas tinham na pesca e coleta de moluscos as atividades básicas para sua subsistência. Porém, outras populações mais antigas habitaram a ilha em tempos mais remotos. Existem indícios de presença do chamado Homem de Sambaqui em sítios arqueológicos cujos registros mais antigos datam de 4800 a.C.. A Ilha de Santa Catarina possui numerosas inscrições rupestres e algumas oficinas líticas, notadamente em várias de suas praias.

A Ilha de Santa Catarina era conhecida como Meiembipe ("montanha ao longo do mar") pelos carijós. O estreito que a separa do continente era chamado Y-Jurerê-Mirim, termo que quer dizer "pequena boca d'água" e também se estendia à própria ilha.

Já no início do século XVI, embarcações que demandavam a Bacia do Prata aportavam na Ilha de Santa Catarina para abastecer-se de água e víveres. Entretanto, somente por volta de 1675 é que o bandeirante Francisco Dias Velho, junto com sua família e agregados, dá início ao povoamento da ilha com a fundação de Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) - segundo núcleo de povoamento mais antigo do estado, ainda fazendo parte da vila de Laguna - desempenhando importante papel político na colonização da região.

Nessa época ocorreram naufrágios de embarcações que depois foram estudadas e deram origem a dois projetos de arqueologia subaquática em Florianópolis, uma no norte e outra no sul da ilha. Diversos artefatos e partes das embarcações foram recuperados pelos pesquisadores responsáveis por essas iniciativas, financiadas principalmente pela iniciativa privada.

A partir da vinda de Dias Velho intensifica-se o fluxo de paulistas e vicentistas, que ocupam vários outros pontos do litoral. Em 1726, Nossa Senhora do Desterro é elevada à categoria de vila, a partir de seu desmembramento de Laguna.

A ilha de Santa Catarina, por sua posição estratégica como vanguarda dos domínios portugueses no Brasil meridional, passa a ser ocupada militarmente a partir de 1737, quando começam a ser erigidas as fortalezas necessárias à defesa do seu território. Esse fato resultou num importante passo na ocupação da ilha.

A partir de meados do século XVIII, a ilha de Santa Catarina passa a receber uma expressiva quantidade de imigrantes açorianos, que chegam ao Brasil incentivados pela Coroa portuguesa para aliviar o excedente populacional e ocupar a parte meridional de sua colônia na América do Sul.

Com a ocupação, prosperaram a agricultura e a indústria manufatureira de algodão e linho, permanecendo, ainda hoje, resquícios desse passado, no que se refere à confecção artesanal da farinha de mandioca e das rendas de bilro.

Nessa época, em meados do século XVIII, verifica-se a implantação das "armações" para pesca da baleia, em Armação da Piedade (Governador Celso Ramos) e Armação do Pântano do Sul (Florianópolis), cujo óleo era comercializado pela Coroa fora de Santa Catarina, não trazendo benefício econômico à região.

No século XIX, Desterro foi elevada à categoria de cidade; tornou-se capital da Província de Santa Catarina em 1823 e inaugurou um período de prosperidade, com o investimento de recursos federais. Projetaram-se a melhoria do porto e a construção de edifícios públicos, entre outras obras urbanas. A modernização política e a organização de atividades culturais também se destacaram, marcando inclusive os preparativos para a recepção ao Imperador D. Pedro II (1845). Em outubro desse mesmo ano, ancorada a embarcação imperial nos arredores da ilha, D. Pedro permaneceu em solo catarinense por quase um mês. Nesse período, o Imperador dirigiu-se várias vezes à Igreja (hoje Catedral Arquidiocesana), passeou pelas ruas da Vila do Desterro e, na "Casa de Governo", concedeu "beija-mão".

Em 1891, quando o marechal Deodoro da Fonseca, por influência da Revolta da Armada, renunciou à presidência da recém-instituída república, o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu o poder, mas não convocou eleições após isso, contrariando o prescrito na Constituição promulgada neste mesmo ano, fato que gerou duas revoltas: a 2ª Revolta da Armada (originária da Marinha, no Rio) e a Revolução Federalista (patrocinada por fazendeiros gaúchos). As duas insurreições chegaram ao Desterro com o apoio dos catarinenses, entre os quais esteve Elesbão Pinto da Luz. Entretanto, Floriano Peixoto conteve-as ao aprisionar seus líderes e, com isso, restaram no domínio da cidade tão-somente simpatizantes do presidente, que, em sua homenagem, deram à capital a denominação de Florianópolis, ou seja, "cidade de Floriano". Os revoltosos, por sua vez, vieram a ser fuzilados na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim. Também, no final do século XIX, em 1898, foi fundado um importante colégio pela Congregação das Irmãs da Divina Providência, o Colégio Coração de Jesus.

A cidade, desde o entrar do século XX, passou por profundas transformações. A construção civil fez-se um dos seus principais suportes econômicos. A implantação das redes básicas de energia elétrica, do sistema de fornecimento de água e da rede de esgotos somou-se à construção da Ponte Hercílio Luz, tudo a assinalar o processo de desenvolvimento urbano. Além disso, em 1943 foi anexada ao município a parte continental, antes pertencente à vizinha São José.

Ao final do século XX — nas três últimas décadas, principalmente —, a ilha experimentou singular afluência de novos moradores, iniciada com a transferência da sede da Eletrosul do Rio de Janeiro para o centro da ilha, com sede fixada no bairro Pantanal. Construíram-se duas novas pontes ligando a ilha ao continente: a ponte Colombo Salles e a ponte Pedro Ivo Campos. Os bairros mais afastados da ilha também foram objeto de intensa urbanização. Surgiram novos bairros, tal como Jurerê Internacional, de alto nível socioeconômico, enquanto em alguns pontos começou uma ocupação desordenada, sem o devido zelo com respeito a obras de urbanização. No início do século XXI a cidade passa a ter um dos piores trânsitos do Brasil, com um veículo para cada dois habitantes. No verão esse número aumenta gradativamente com a chegada dos turistas.

—Uau! Bem que eu vi que o trânsito por aqui não é fácil! _ admirou-se Nereida.

—A senhorita não viu nada ainda, Srta. Snape. _ disse Olavo Botelho, o bruxo que dirigia a van _ Os turistas estão só começando a chegar. No Ano Novo, então, a coisa fica feia, pois é quando os argentinos invadem Canasvieiras e Ponta das Canas, ao ponto dos lugares serem chamados “Cañasvieiras” e “Punta de Las Cañas”.

Todos riram com o comentário de Olavo.

—Bem, creio que já podemos pegar a estrada. _ comentou Janine.

—É para já, Sra. Malfoy. _ e, ato contínuo, Olavo conduziu a van pela Avenida Paulo Fontes e tomou a saída para a direita, para que atravessassem o estreito pela Ponte Governador Pedro Ivo Campos.

—Vejam, ali está a antiga ponte, a Hercílio Luz. _ disse Janine, apontando para um dos cartões-postais de Florianópolis. Em seguida, percorreram a BR-282 e logo fizeram a conversão no trevo, entrando na BR-101, rumo Sul, em direção a Garopaba.

—A estrada está ótima. _ comentou Rony _ comparável às rodovias da Europa.

—Mas nem sempre ela foi assim, Rony. _ disse Janine _ Antes da duplicação total, ela era bastante perigosa e não foram poucos os acidentes fatais nela ocorridos. Sua duplicação foi concluída há poucos anos, permitindo agora ir de Porto Alegre até o Rio de Janeiro, apenas por estradas duplicadas. Saindo de Porto Alegre, deve tomar-se a BR-290, que continua-se com a BR-101, em Osório. Pela BR-101, vai-se até Curitiba, capital do Paraná, onde entra-se na BR-116, indo-se até São Paulo e retomando-a, até o Rio.

—Lembro-me de que este estado já foi duramente atingido por inundações. _ comentou Neville.

—Sim, realmente foi, Neville. _ disse Draco _ As piores foram em 1983 e 2008. Em ambas a cidade de Blumenau foi inundada e outras foram atingidas por desabamentos de encostas dos morros. A atuação do Exército, na inundação de 2008, foi decisiva para salvar vidas e garantir o envio de doações e suprimentos.

—Logicamente que a Fundação Narcisa Malfoy também deu sua contribuição, não foi? _ perguntou Luna.

—Ajudamos naquilo que foi possível, Luna. _ disse Janine _ E parece que foi importante. Muitas vítimas puderam ser transportadas e tratadas, várias delas em hospitais bruxos, independente de serem trouxas ou não. Lógico que os trouxas tiveram suas memórias apagadas, depois.

A van saiu da BR-101, tomando o trevo de acesso a Garopaba e entrando pela estrada de quinze quilômetros que separava a cidade da rodovia. Janine e Marilise iam mostrando os lugares aos bruxos.

—Aqui é a entrada para a Praia do Rosa, que conheceremos em breve. Aquele acesso vai para a Praia da Ferrugem. _ disse ela, indicando os acessos às várias praias, conforme passavam por eles _ Ali é a fábrica da Mormaii, que faz roupas, neoprenes, óculos, pranchas e acessórios. Ah, estamos entrando na cidade. Ali é a loja da Mormaii, com o Surf Bar e a entrada para a Praia do Silveira. Logo chegaremos à pousada.

—Qual é a origem do nome da cidade, Jan? _ perguntou Rony e quem respondeu foi Hermione.

—Quando resolvemos vir para cá, pesquisei sobre a história da cidade, Rony. Vamos ver o que temos aqui. _ e verificou suas anotações _ Ah, aqui está. Um resumo da história de Garopaba e informações turísticas.

Conta-se que em 1525 uma expedição naval espanhola, comandada por Dom Henrico de Acuña, que se dirigia às Molucas, passando pelo estreito de Fernão de Magalhães, foi obrigada a se refugiar na Baía de Garopaba, fugindo de um temporal. Os expedicionários encontraram ali a tribo Carijó, que vivia da pesca, da caça e de produção de verduras e raízes. Todavia somente em 1666 começaram a instalar-se em Garopaba os primeiros imigrantes açorianos. No século XVII intensificou-se a imigração.

Em 1793 foi criada a Armação de São Joaquim de Garopaba, que durou até 1846, quando a localidade foi elevada à categoria de Freguesia.

Na época, o produto grandemente procurado era o óleo das baleias que eram pescadas na região. Esse óleo servia para a iluminação pública, e era misturado à argamassa, fazendo o papel de cimento, que ainda não existia.

Em 1864 assumiu a paróquia o padre italiano Rafael Faraco, homem dinâmico e atuante que, com seu trabalho, deu um impulso à vila dos pescadores, obtendo, graças a seu esforço, a condição de município para Garopaba, fato ocorrido no dia 6 de março de 1890.Garopaba continuou a ser uma vila de pescadores até recentemente, quando foi descoberta, primeiro por campistas, que no verão armavam suas barracas à beira do mar, e depois pelos surfistas, em razão de suas praias, excelentes para o surf . Nos últimos anos Garopaba vem sendo descoberta por turistas, entre eles argentinos e uruguaios. Entretanto, a maior parte dos veranistas ainda é de gaúchos, que fizeram de Garopaba a opção para suas férias.

O nome "Garopaba" é indígena. Significa, em Guarani, língua local YGÁ, YGARA, YGARATÁ, ou seja, barco, embarcação, canoa. E MPABA, PABA significam estância, paradeiro, lugar, enseada. Assim Garopaba significa ‘Enseada das Canoas, ou Enseada dos Barcos’. O nome se relaciona com a origem de Garopaba, onde a enseada era um seguro ancoradouro para embarcações.

Garopaba é uma enseada que se estende da Ponta do Faísca ou Gamboa até a Ponta do Ouvidor, banhada a leste pelo Oceano Atlântico, a oeste e norte fazendo limites com o Município de Paulo Lopes e a sul com o de Imbituba. Possui uma área de 111 kms2 de extensão. Situada 27’58’15" de latitude e a 48’39’36" de longitude, na região sul de Santa Catarina, Brasil. Dista 79 km. de Florianópolis, capital do estado. Possui praias lindíssimas, com excelentes ondas, meio ambiente preservado e uma boa estrutura hoteleira e de diversões noturnas. Vejamos as praias:

Gamboa: Localiza-se no extremo norte de Garopaba, de difícil acesso, mas compensa pelo visual logo na chegada do alto da serra. È uma colônia de pescadores artesanais, caracterizando a praia com um clima pacato e hospitaleiro.

Siriú: Incorporado ao Parque Nacional da Serra do Taboleiro (área de preservação ecológica), esta praia possui 5 km de dunas, onde se pratica o Sandbord ou surf de areia. Junto a praia há o Rio Siriú, que inicia-se na Lagoa do Macacu, desembocando ao norte da praia, formando um visual inesquecível.

Garopaba: A beira da cidade de Garopaba, possui uma completa infra-estrutura em relação as outras praias do município. Conserva seus hábitos açorianos por abrigar uma vila de pescadores.

Preguiça: Também conhecida como Prainha, é formada por uma pequena praia, com um mar calmo, é ideal para uma leve caminhada até o Costão, onde o turista pode seguir uma trilha e observar o mar indo de encontro às pedras.

Silveira: Com formações de ondas perfeitas para os surfistas, conserva sua vegetação quase nativa. Localiza-se ao sul de Garopaba.

Ferrugem: O ponto mais agitado dentre as praias de Garopaba a Ferrugem atrai surfistas de todos os lugares, por suas ondas perfeitas. A praia também é o ponto de gente bonita com bares rústicos e agitada vida noturna.

Quanto aos bares e restaurantes, existem vários, sendo que um dos mais movimentados é o Gelomel, que também é uma excelente sorveteria. Um ponto diferencial nos restaurantes brasileiros é o conceito de buffet livre e por peso, algo que não temos na Inglaterra.

As danceterias são montadas durante os meses de veraneio, sendo que uma das mais famosas é a Bali Hai, conhecida como o melhor Summer Club do Brasil, com unidades em Garopaba, Porto Belo, Piçarras, Içara e Atlântida, sendo que uma filial foi aberta na Espanha. Todas as unidades oferecem uma enorme estrutura à beira mar cercada de muita vegetação. Em todas as noites de festa a energia do público é presenteada com o visual do mar e com um maravilhoso nascer do sol. Tudo isso transforma uma noite no Bali Hai em um evento inesquecível. Cada casa possui quatro pistas de dança ( Pop, Banda, Eletrônica, Dance), amplo estacionamento, praça de alimentação, Bali Shop, guarda-volumes, toaletes em diversos pontos e muita segurança.

—Aquela enorme tenda branca na estrada, pela qual passamos? É ali que montam a estrutura do Bali Hai? _ perguntou Harry.

—Exatamente. _ disse Janine _ E vamos conhecê-la, uma noite... os adultos, pois a entrada é proibida para menores de dezoito anos.

NÃO É JUSTO!!!— protestaram os Novos Marotos, mesmo sabendo que ainda teriam vários anos antes de poderem ir a certos lugares.

—Estamos chegando, gente. Pousada “Recanto de Morgana”. _ disse Olavo, manobrando a van e entrando no estacionamento. Andressa Mendes, a proprietária, estava na frente do estabelecimento.

MARILISE!!!— exclamou ela, abraçando a amiga e parecendo não ligar para o fato de que vinte e uma pessoas desembarcaram de uma van comum.

ANDRESSA!!! — respondeu Marilise _ Há quanto tempo!

—Desde quando eu ainda morava em Santo Tomé, guria. Não pudemos jantar com você e seus pais daquela vez, mas fomos no dia seguinte. _ e, olhando para um dos recém-desembarcados, abriu um sorriso e apertou sua mão _ É um prazer e uma honra conhecê-lo, Harry Potter. O bruxo que derrotou Lord Voldemort será sempre bem-vindo à minha pousada.

HEIN?!— espantaram-se os bruxos, enquanto Marilise e Andressa riam à toda.

—Harry, Andressa e o marido, já falecido, eram os que iriam jantar comigo e com meus pais, quando recebemos a visita do Ministro da Magia do Brasil, Leonardo Mafra...

—... Aliás, nosso cliente, em vários veraneios... _ disse Andressa.

—... E, depois, soubemos que Andressa e o marido tinham conhecimento do mundo mágico.

—Exato. _ confirmou Andressa _ Meu sobrenome é o do meu falecido marido, Ramón Mendez. Eu apenas utilizo a grafia portuguesa, em lugar da castelhana, com o “s” no final, em lugar do “z”. Éramos proprietários de uma estância, em Santo Tomé, que meu marido cedia aos Aurores, para que utilizassem como campo de treinamento. Tornamo-nos amigos do Ministro da Magia da Argentina, Raul Medina, que procurava sempre nos proporcionar segurança. Mas, mesmo com todos os esforços, fomos localizados por um grupo de assassinos bruxos do Brasil, “Os Necrófagos”.

—Os mesmos que mataram a família, composta pelos pais e irmã de um amigo nosso, Oficial de Ligação da Inteligência Militar com o Ministério da Magia, Daniel Wiesenthal. _ comentou Janine.

—Depois daquilo, vendi a estância para o Ministério da Magia, para que eles continuassem a utilizá-la como campo de treinamento dos Aurores. Lógico que, como fachada, eles ainda criam gado por lá, Limousin e Charolês. Algum tempo depois da morte de Ramón, quando soube que Janine havia manifestado magia, procurei por Marilise e contei a ela a minha situação.

—Então, eu a aconselhei a estabelecer-se em outro lugar e ela resolveu abrir uma pousada em Garopaba, bastante freqüentada por bruxos.

—Logo vi que o nome “Recanto de Morgana” não era à toa. _ disse Tiago.

—Bem, vamos ver seus chalés. Um para cada casal de adultos e dois para as crianças, rapazes em um e garotas no outro. _ disse Andressa, conduzindo-os para os chalés, que possuíam Feitiços de Ampliação Interna _ Uma cortesia de Leonardo Mafra, que eu aciono quando os hóspedes são bruxos. Depois, um lanche de boas-vindas e vocês poderão dar uma volta pela cidade, afinal de contas, já está anoitecendo e praia só amanhã.

Depois que todos estavam instalados, reuniram-se na sala de refeições e logo pareciam conhecer Andressa há muito tempo.

—... Aí, eu jamais perdi o contato com minha colega de Faculdade, ainda que fosse por MSN ou Orkut. _ disse Andressa _ e, quando recebi sua ligação, mal pude conter a alegria por vê-la novamente, bem como à família. Janine eu já conhecia, embora não a visse desde que ela voltou para a Inglaterra. E depois eu soube que Marilise havia casado-se novamente, só conhecendo Derek pelo MSN e fotos. Agora vejo-os pessoalmente, inclusive Sabrina. Estou muito contente que você tenha reencontrado a felicidade, depois da morte de Adriano. Aliás, seu neto parece-se bastante com ele.

—Obrigado. _ disse Adriano _ É uma honra ser comparado ao meu avô materno.

—Mudando de assunto, como estão as ondas? _ perguntou Janine.

—Excelentes, Janine. _ disse Andressa _ E as melhores desta semana estão no Siriú.

—Beleza! Então é para lá que vamos, logo pela manhã. _ disse Tiago, bastante animado _ Todos concordam que deveremos nos recolher cedo, não é?

Todas as crianças concordaram e prepararam-se para irem para os chalés.

—Andressa, como está o comportamento dos locais, quanto a surfistas de fora? _ perguntou Marilise.

—Sem problemas, Marilise. Aqui o pessoal sabe que comportamento de “Black Trunk” só serve para prejudicar o turismo. É só não rabear a onda de ninguém, evitando provocar acidentes, que ninguém se importa.

—Então, Siriú, para amanhã, gente. Ah, os biquínis aqui no Brasil são beeem menores do que na Inglaterra, rapazes. Portanto, nada de ficarem secando as garotas na praia, hein? _ brincou Janine.

—OK!_ responderam todos e foram dormir.

De manhã, após o café, uma revisão do material, uma aplicação de protetor solar e o embarque na van, rumo ao Siriú. Passaram pela estrada de acesso à Cachoeira de Macacu, pelas dunas de Sandboard e, finalmente, a praia do Siriú. Como haviam chegado cedo, estacionaram em um bom lugar e levaram seu material para a areia. Realmente, o sol começava a pegar, embora ainda não fosse tarde e belas garotas desfilavam pela praia. Os rapazes sequer deram-se ao trabalho de olharem, pois os biquínis de suas esposas eram mais do que suficientes para chamarem sua atenção. O problema do sol forte foi logo resolvido, quando três gazebos automáticos armaram-se, proporcionando uma boa área de refúgio debaixo de sua sombra. Ali, colocaram as cadeiras, pranchas, neoprenes, lycras e caixas térmicas. Um detalhe que não passou despercebido a um grupo de surfistas próximos, alguns deles locais de Garopaba.

—Caracas! Que galera! De onde será que eles vêm?

—Com certeza não são brasileiros, embora falem muito bem o Português.

—É mesmo. Alguns têm uma corzinha, mas está longe de ser a de alguém que freqüenta praias sempre.

—Mas vocês viram o equipamento? Tudo top de linha.

—Tem de ver se não é só balaca.

—Pode crer. Surfista de verdade...

—... Se conhece dentro dágua.

—E, se não desempenhar... _ e os dois surfistas, Kadu e Beto, começaram a cantar:

— “Rack na caranga, muito louca pra dar banda

—Grana na carteira, recheada de paranga

—Prancha importada, assustando a meninada

—Corpo de atleta e rosto de Bebê Johnson.

—É, mas quando entra na água

—É, na primeira braçada

—É, ele não vale uma naba, ele não surfa nada, ele não surfa nada.

—Tem duas Surf Shops que só abrem ao meio-dia

—Vive da herança milionária de uma tia

—Vai pra Nova York, estudar... Advocacia!

—Ah! Surfista calhorda! Vai surfar na outra borda!

—E dê-lhe Replicantes, hein, Kadu? Boa música não tem idade.

—Pode crer, Beto. Bem, os tiozinhos estão se preparando para irem para a água. Hmm, eles se alongam direitinho. Estão tirando as camisetas... Uau! Até aquele mais madurão, aparentando uns cinqüenta e poucos anos é bem saradão. Olha só, Beto, as tatoos do pessoal!

—Até as gurias, tchê! E tem uma que até as crianças têm.

—Será algum clube esotérico, de repente alguma equipe?

—Não sei. Só sei que as pranchas também têm o mesmo sinal.

—Entraram. Vamos ver o que os tiozinhos fazem... Uau! O grisalho mandou bem aquele Cutback!

—O de cabelo arrepiado quase voou por cima da onda. A tia de cabelo castanho mechado... não acredito! Arrebentaram na série!

Beto ficou na dele, pois percebeu que havia algo de diferente nos recém-chegados. Então, foram para a água. Dali a pouco, as crianças juntaram-se a eles, enquanto seus pais voltavam ao gazebo, para retocarem o protetor solar.

—Cara, são seus pais? _ Beto perguntou para Tiago _ Eles mandaram muito bem. Vocês são ingleses?

—Sim, somos. Percebeu pelo sotaque?

—Só. Embora vocês falem muito bem o Português, o sotaque os denuncia. Além disso, vocês não têm o bronze de praia, embora alguns tenham uma cor legal. Meu nome é Roberto. Pode me chamar de Beto. Sou do Rio Grande do Sul, mas estou morando na Bahia.

—OK. Meu nome é Tiago e esta é minha irmã, Lílian. _ disse o bruxinho, seguindo o costume dos brasileiros de apresentarem-se pelo primeiro nome, algo que ele gostou bastante, já que dispensava formalidades. O negócio era surfar e se divertir.

—Aquele é Carlos Eduardo, local. _ disse Beto.

—Podem me chamar de Kadu. E aí, vocês mandam bem como seus pais?

—Acho que dá para o gasto. _ disse Adriano, que estava ali perto.

—Vem vindo uma série. Podem descer. _ disse Kadu.

—Capaz, tchê! _ disse Adriano _ Primeiro vocês.

—Que expressão estranha para um inglês. _ brincou Beto.

—Nossa mãe é brasileira. Gaúcha, para ser mais exato. _ disse Narcisa.

—Bom, então eu vou. Até mais. _ disse Kadu, começando a remar para descer a onda que levantava-se. O rapaz de catorze anos era um verdadeiro filho de Poseidon, cavalgando sua prancha com maestria. Dali a pouco, todos os outros seguiram-no, tomando cuidado para não se rabearem uns aos outros.

—Vocês mandam bem, mesmo. _ disse Kadu _ Onde costumam pegar onda?

—Bali, Austrália, África do Sul, Nova Zelândia, Jamaica, Aruba... Não conhecemos o Havaí e é a nossa primeira vez no Brasil. _ disse Randolph.

—Só picos irados. _ disse Beto _ Vocês já têm um currículo e tanto.

Certa hora as ondas ficaram um pouco mais fracas e a maioria dos surfistas já havia descido e saído da água. Era a vez de Kadu descer, mas ele cedeu a passagem a Tiago.

—Vou esperar, para ver se levanta uma boa, Tiago. Pode descer esta, se quiser. Parece que vai ser fraca, mas dá para se divertir um pouco. Manda ver, cara.

—OK. Vou indo. _ disse Tiago, sentindo que algo de diferente ia acontecer e começando a remar para descer aquela onda. E foi aí que a coisa mudou.

A onda, que parecia despretensiosa, começou a elevar-se e transformou-se em uma “mórra”, uma verdadeira Onda-Rainha como não se via há muito tempo, em uma praia de fundo arenoso. Tiago começou a manobrar, quase não acreditando naquela onda de nove pés (quase três metros) que oferecia-se ao bruxinho como um verdadeiro parque de diversões. E ele dropou, cavou, subiu, desceu e desempenhou. Drop, Cutback, Backside, Frontside, Aerial, tudo o que tinha direito, seu posicionamento de “Goofy-Footer” (pé esquerdo à frente) favorecido pela direção da onda, melhorando as manobras. Descia até a base, subia ao Lip e, depois, tudo de novo, ante os olhos espantados dos outros surfistas na água e dos que estavam na areia. Quando parecia que já estava completo, foi aí que configurou-se o Grand Finale, algo ainda mais raro naquela área.

Um tubo.

Certo, era pequeno, obrigando Tiago a quase ajoelhar-se na prancha para pegá-lo, mas conseguindo entrar nele, repetindo a sensação que tivera ao pegar seu primeiro tubo há um ano atrás, em Uluwatu. Deslizar por dentro de um cilindro de água, vendo o seu final logo adiante e, coroando a manobra, saindo dele e subindo de volta ao Lip da onda, executando um perfeito Aerial e, novamente dropando, até chegar à praia.

Recolhendo a prancha, ainda meio que em êxtase pelo que acabara de fazer, Tiago Sirius Weasley Potter viu-se cercado pelos Novos Marotos e pelos surfistas que acabara de conhecer, todos eles querendo abraçá-lo e falar com ele. Aos poucos, o bruxinho foi voltando à realidade, sentindo o abraço de Narcisa e o beijo dela em seu rosto, instintivamente corando. Viu Adriano, Nereida e Sabrina levantarem plaquinhas (quem será que as havia conjurado?) com o número 10 pintado (Draco e Neville olhavam para seus anéis, como quem não queria nada).

—Irado! _ exclamou Beto.

—Cara, que maxi-onda! _ espantou-se Randolph.

—Digna de um grande Kahuna, Tiago. _ disseram Cecília, Leila e Aline, três garotas da turma de surfistas brasileiros.

—Filmei tudo, Tiago. _ disse Marilise.

—Sério, Tia Marilise? Quero ver, pois quando a gente está executando, não tem idéia do quadro geral.

Na tela da filmadora, Tiago viu a si mesmo pegando a onda, do ponto de vista de um espectador e admirando-se de ter feito aquilo tudo.

Quando foi ficando mais tarde, o sol começou a pegar de verdade e os bruxos resolveram retornar.

—OK, gente. Vamos voltar para a pousada, tomar um banho, descansar e sair para almoçar.

—Onde vocês estão? _ perguntou Beto.

—Na “Recanto de Morgana”. _ respondeu Tiago.

—Legal. Já fiquei lá, algumas vezes. _ disse Beto _ A proprietária, Andressa Mendes, é gente boa. De repente a gente se encontra, à tarde. O que vão fazer à noite?

—Nós, eu não sei. Nossos pais estão a fim de ir ao Bali Hai.

—Os nossos, também. Como somos menores, teremos de inventar outra coisa. Que tal jogarmos minigolfe e depois passarmos um tempo jogando conversa fora no Mormaii Surf Bar?

—Por nós, tudo bem. Não é, gente? _ perguntou Tiago e todos os outros concordaram. Harry olhou para o filho e fez um sinal de “tudo bem”. Gina fez uma cara meio preocupada,mas Janine tratou de tranqüilizar a amiga.

—Calma, Gina. Lembre-se do que eu falei sobre Garopaba. A criminalidade aqui é zero, portanto não há problema nas crianças ficarem fora até um pouco mais tarde, enquanto estivermos no Bali Hai.

—Minha irmã é maior e estará por lá, de olho em nós. _ disse Cecília.

—Se vocês garantem que não há nada de mais nas crianças ficarem fora até tarde, eu não me oponho. _ disse Luna.

—OK. As crianças estão liberadas. _ disse Gina, enquanto os outros achavam graça no fato dela estar preocupada com crianças que já haviam lutado contra bruxos assassinos ficarem fora de casa até tarde _ Divirtam-se.

—Então, a gente se vê à noite. Até mais. _ despediu-se Beto.

—Até mais, Beto. _ responderam os bruxos.

A turma dirigiu-se à van, para voltarem a Garopaba, os bruxos satisfeitos pelas crianças enturmarem-se com tanta facilidade. Tiago procurou por Kadu, para despedir-se, mas o surfista ainda não havia saído da água. Descia onda após onda, algumas bastante boas, mas nenhuma delas igual àquela que Tiago pegara (“Espero que não tenha ficado magoado. Bem, afinal de contas, foi ele quem me cedeu a vez”, pensou o bruxinho).

A van dos bruxos retornou à pousada, onde todos foram tomar banho, para tirarem os resíduos de protetor solar e descansarem um pouco, antes de saírem para o almoço. Andressa ficou de queixo caído ao ver o vídeo das habilidades de Tiago sobre a prancha. Depois de uma boa cochilada, aquela turma caminhava pela Rua João Orestes de Araújo, em direção ao restaurante.

—Então, Jan, esse restaurante é mesmo bom? _ perguntou Neville.

—Sempre foi o melhor, Neville. Vocês sabem que o conceito de restaurantes a peso nasceu por aqui, mas muitos deixaram que a qualidade se perdesse. Um que não permitiu isso e mantém seu alto padrão até hoje, é este aqui. Amigos, apresento a vocês o restaurante e sorveteria Gelomel.

Diante deles, erguia-se o tradicional restaurante que ocupava a esquina da Rua João Orestes de Araújo com a Avenida dos Pescadores, com a bela vista para a Praia de Garopaba. Entraram e pegaram suas comandas, as crianças logo ocupando uma mesa junto à janela que dava para a Avenida dos Pescadores. Como o restaurante não estava muito cheio, logo retornaram para as mesas, após servirem-se de saladas, frutas, peixe e frutos do mar, um pouco de massa e pouca carne vermelha, como já era de seu costume. Depois de satisfeitos, ainda sobrou espaço para um sorvetinho e era o que saboreavam, os adultos e as crianças, em suas respectivas mesas e foi quando chegou a turma de surfistas brasileiros, Kadu, Beto, Cecília, Leila, Aline, Diana, Paulo e outros, logo cumprimentando os bruxinhos. Tiago olhou para Kadu e desculpou-se:

—Ei, cara, sinto por não ter me despedido de você ao virmos embora, mas você ainda estava na água... _ e parou de falar, ao ver o olhar estranho do rapaz de catorze anos.

—Aquela onda era para ser minha. _ disse Kadu.

—Ei, mas você me cedeu a passagem, disse que eu poderia descê-la.

—Eu é que deveria ter descido aquela Rainha.

—Agora já foi, Kadu. _ disse Tiago _ Você não tinha como adivinhar que aquela merreca iria levantar e virar naquilo. E também não é caso para se magoar.

—Tá me zoando, Tiago?

—De jeito nenhum, cara. Aposto que se você tivesse descido aquela onda no meu lugar, teria feito melhor do que eu.

—Só que não tem como saber, pois você me rabeou.

—Rabeei nada, Kadu. _ Tiago começou a achar que Kadu estava exagerando.

—Ei, Kadu, eu estava perto e ouvi, claramente, você dizer a ele que poderia descer a onda. Para que essa fiasqueira toda? _ perguntou Cliff.

—Fica na sua aí, “Haole” (“estrangeiro”, em Havaiano). Não te perguntei nada. _ disse Kadu, ameaçadoramente, apontando o dedo para Cliff e depois apoiando os braços no tampo da mesa. Ali perto, Marilise olhou a discussão e quis intervir, mas Janine e Harry tranqüilizaram-na.

—Não se preocupe, mamãe. As crianças podem perfeitamente gerenciar essa pequena crise.

—Tenho medo das crianças acabarem reagindo e machucando os garotos daqui. Eles não têm experiência de combate.

—Calma, Marilise. _ disse Harry _ Já vi Tiago resolver encrencas piores do que esta (o bruxo lembrava-se dos atritos com Pettigrew).

—Cliff está certo, Kadu. _ disse Beto _ Eu também estava ao lado de vocês, vendo e ouvindo o que você disse. Para que esse comportamento de “Black Trunk”, cara? Você não costuma agir assim.

—Vamos esquecer isso, Kadu. Teremos vários dias pela frente para surfarmos juntos e, certamente, haverá outras excelentes ondas. _ disse Tiago _ E ainda teremos as noites no Mormaii Surf Bar, não é caso para termos atritos.

Mas Kadu parecia cego de ciúmes por aquela onda e continuava a encarar Tiago, de maneira ameaçadora.

—Por que, inglesinho? Vai me bater?

—Não preciso, Kadu. Podemos fazer melhor, sem que ninguém se machuque, principalmente você. _ disse Tiago, piscando para Narcisa, que estava sentada à sua frente. E aí as coisas começaram a acontecer.

Como Kadu estivesse apoiando-se no tampo da mesa, Tiago e Narcisa apenas precisaram desequilibrá-lo, usando seus braços para passarem rasteiras nos dele. Antes que o rapaz catarinense caísse de boca na mesa e perdesse alguns dentes, o casal de bruxinhos segurou-o e ele foi levantado, em seguida sendo virado de barriga para cima e passado de mão em mão, de bruxinho para bruxinho, por sobre a mesa, em direção à janela aberta, tal qual um roqueiro surfando sobre a platéia, passando pela janela e sendo colocado sem brutalidade, mas também sem muita delicadeza, sentado em uma das cadeiras de uma mesa na calçada, antes que percebesse o que havia ocorrido.

—Fique por aí um pouco, Kadu, até esfriar a cabeça, OK? _ perguntou Nereida e o garoto concordou com um aceno, ainda atônito e desorientado. Como é que eles haviam feito aquilo?

—Desculpem o comportamento do Kadu, gente. Normalmente ele não é assim. Eu acho que aquela onda o impressionou demais e eu mesmo gostaria de ter estado lá, em seu lugar, Tiago. Se bem que eu acho que ele deve ter tentado se mostrar um pouco para as garotas, pois eu vi que Diana não tirava os olhos de você e o Kadu já está a fim dela há algum tempo. _ disse Beto, que havia ficado ali, com Cecília, enquanto os outros foram lá fora,para ajudarem Kadu a esfriar a cabeça.

—Sério? _ perguntou Tiago _ Eu nem reparei.

—Não se preocupe, Ti. Eu reparei. _ disse Narcisa, de cara feia.

—Juro que não percebi, Ciça. Eu estava concentrado nas ondas... e em algo mais importante. _ disse o bruxinho, olhando para a loira, que corou e ficou mais aliviada.

—Agora, falando sério, eu vi a sua cara quando Kadu desistiu daquela onda. Como é que você percebeu que ela ia levantar daquele jeito?

—Eu senti a mudança da corrente, Beto. Só que eu não imaginava que aquela marola iria virar naquilo tudo.

—E como você sentiu?

—É meio difícil de explicar, Beto mas, quando você está em harmonia com a Natureza, as sutis mudanças do padrão de Gaia podem ser percebidas.

—Sei, sei. Mas eu acho que isso não faz parte do currículo de Hogwarts, não é, Tiago? _ perguntou Beto, em voz baixa.

HEIN?!— surpreenderam-se os bruxinhos, enquanto Gina lançava, disfarçadamente, um Feitiço de Privacidade na mesa das crianças e piscava o olho para seu filho.

—Tá, eu demorei para matar a charada. Hospedados no “Recanto de Morgana”, vinte e uma pessoas, vindas da Inglaterra, embarcando em uma van, sentir a mudança da corrente... Afinal, um bruxo tem de saber reconhecer outro.

—Você é bruxo, Beto?

—Eu e Cecília. Estamos no terceiro ano, ela na Sepé Tiaraju e eu na...

—... Bênção de Oxalá, é claro. _ disse Sabrina _ Quando você mencionou que estava morando na Bahia, somente poderia estar estudando lá, sendo bruxo.

—Isso. _ disse Beto,sentando-se à mesa, com Cecília _ E deduzi que, sendo bruxos ingleses, vocês somente poderiam ser de Hogwarts.

—Acertou, Beto. _ disse Narcisa.

—Bah, vocês devem ter passado um aperto, quando o tal Voldemort ainda estava vivo. _ comentou Cecília.

—Nós não pois, na época da Segunda Ascenção de Voldemort, ainda não havíamos nascido. Mas nossos pais sim. _ disse Lílian _ A Ordem das Trevas fez muitos estragos, principalmente na Europa, mas nossos pais sempre procuraram combatê-la, assim como fazem agora, contra o Círculo Sombrio.

—E vocês parecem saber do que estão falando. Seus pais devem ser especiais. _ disse Beto, olhando para eles, na mesa próxima _ Afinal, quem são?

—Bem, eu e Adriano somos irmãos. _ disse Narcisa _ E o nosso sobrenome é Malfoy.

—Fundação Narcisa Malfoy? _ perguntou Beto _ A ajuda deles na inundação de 2008 foi fundamental.

—Sim. Nosso pai é o presidente das Empresas Malfoy e nossa mãe é a diretora da Fundação. São aqueles ali. _ e Adriano apontou para seus pais, na mesa.

—Aquele é Draco Malfoy? Então aquela mulher bonita, de cabelos castanhos mechados é sua mãe? Mas eu a estou reconhecendo! Janine “Saiyajin”, o fenômeno infanto-juvenil das artes marciais! _ espantou-se Cecília.

—É ela mesma! _ exclamou Beto. Naquele momento, Janine aproximou-se e entrou no campo de ação do Feitiço de Privacidade, a tempo de ouvir a última frase de Cecília.

—Não me chamam assim desde os meus treze anos. Fico meio triste, pois esse apelido me faz lembrar do meu pai. _ disse Janine.

—Por que, mamãe? _ perguntou Narcisa.

—Fui campeã da categoria infanto-juvenil do “Budokai”, por três edições seguidas, na Austrália, Inglaterra e Brasil.

— “Budokai”? _ perguntou Soraya _ Que é isso?

—O “Tenkai Chi Budokai” pode ser traduzido como “O Mais Forte Abaixo do Céu”. É um torneio de artes marciais muito especial e seletivo, do qual só se participa através de convite e ele ocorre a cada dois anos, em um país diferente de cada vez.

—Parece até coisa de “Dragonball”. _ comentou Cecília.

—Não chegamos a tanto, com gente disparando rajadas de Ki, mas me pareceu ter visto as mãos de alguns competidores da categoria adulta brilharem.

—Categoria adulta? _ perguntou Nereida.

—Só há duas categorias no “Budokai”, Nereida. Acima de dezoito anos e abaixo de dezoito anos. _ disse Janine _ Dentro de cada uma delas, não há distinção de sexo, peso, cor ou qualquer outra. O mais forte e/ou habilidoso vence.

—E como foi que a senhora entrou, Sra. Malfoy? _ perguntou Beto.

—A convite do Sr. Masaaki Hatsumi. _ respondeu Janine.

—O Guardião das Tradições e Sucessão de Togakure?

—Um deles. O outro era Ryusaku Komori. Na verdade, há duas linhagens de Togakure, não-antagônicas, mas complementares, sendo que a linhagem Komori especializou-se no Ninjutsu-Bruxo, porque Ryusaku Komori ensinava a arte Ninja aos alunos do Dojo de Magia Shinobi, nas montanhas de Kôga, onde teve de refugiar-se.

—Por que? _ perguntou Beto.

—Ele era um pacifista, que começou a sofrer perseguições quando o Japão engajou-se na II Guerra. O Diretor do Shinobi ofereceu asilo e ele ficou lá, até o final, quando o Japão rendeu-se e MacArthur assumiu a Ocupação. Os bruxos que foram seus alunos adaptaram o Ninjutsu e fizeram sua fusão com a magia, originando o Ninjutsu-Bruxo, como o conhecemos.

—Mas a linhagem Komori não terminou, com o falecimento de Ryusaku Komori? _ perguntou Cecília.

—De maneira alguma. _ respondeu Narcisa _ Ryusaku Komori reconheceu oficialmente como filha a jovem inglesa Renata Wigder, com todos os direitos, inclusive o da sucessão de Togakure, pela linhagem Komori. E, depois que ela e o marido foram assassinados por Voldemort, a sucessão passou para seu filho, Derek.

—Derek Mason, o Auror-Ninja? Vocês o conhecem? Eu já ouvi falar dele, mas nunca o havia visto. _ comentou Cecília, enquanto os bruxos de Hogwarts começaram a rir, principalmente Janine e Sabrina.

—Claro que o conhecemos, Cecília. _ disse Sabrina _ Afinal de contas, ele é meu pai.

—???

—E Sabrina é minha meio-irmã. _ disse Janine _ Derek Mason está ali, ao lado de minha mãe, com a qual é casado.

COMO É QUE É?!— surpreenderam-se os dois.

—Casaram-se, algum tempo depois da minha formatura. Bem, como eu estava dizendo...

—Esperem aí. _ disse Beto _ Adriano e Narcisa são filhos de Janine e Draco Malfoy. Temos aqui um casal de gêmeos, de nome Tiago e Lílian. Na mesa de vocês há um homem que é a cara de Tiago, exceto pela... cicatriz?! Aquele lá é...

—... Harry Potter. _ disse Lílian _ Nosso pai. E aquela é Gina, nossa mãe. Os outros são Rony, Hermione, Luna e Neville, além de Derek Mason e Marilise, mãe da Tia Jan.

—Lá na praia o cabelo molhado tampava a cicatriz. E depois ele colocou um boné. Eu não acredito! Harry Potter, em pessoa! Os Inseparáveis, o lendário grupo que derrotou Lord Voldemort e os Death Eaters! Gostaria de conhecê-los, mais tarde.

—Tudo bem. _ disse Tiago, sorrindo _ Tia Jan, continue a contar a história.

—OK. Desde criança, pratico artes marciais, sendo que meu pai era bastante amigo da família Gracie, os feras do Jiu-Jitsu. Certo dia, ele estava conversando com Hélio Gracie e eu estava perto. Pude ouvir o que ele dizia e era: “Adriano, sua garota tem futuro nas artes marciais, mas não no Jiu-Jitsu. Ela será grande no Aikidô, no Kempô e no Kung-Fu. Invista nela e não vai se arrepender.” Sem dúvida, acho que correspondi ao que ele esperava. Fiquei sentida quando ele morreu, em janeiro de 2009, embora soubesse que ele havia tido uma vida rica em experiências e que estava pronto para fazer essa passagem. Então, aos nove anos, o Sr. Hatsumi me convidou para o “Budokai”, que iria realizar-se na Austrália, onde meu pai era Adido Militar na Embaixada do Brasil. Participei e, não sem um pouco de dificuldade, venci um Kickboxer chamado Duai Watsang.

Tomou um gole de água e continuou.

—Depois, coincidentemente, as edições seguintes do “Budokai” foram realizadas na Inglaterra, onde novamente fui campeã,vencendo um jovem filipino, expert em Kali Silat e Escrimo, chamado Roberto Chamorro e no Brasil, os dois países onde estávamos morando, pois a última comissão do meu pai foi como Adido Militar na Embaixada, em Londres, antes de ser promovido e retornar para o Brasil, onde aguardaria para assumir o comando da Brigada de Infantaria Paraquedista. E o terceiro “Budokai” do qual participei realizou-se no dia três de setembro, quando eu estava com treze anos, no qual venci um garoto francês de quinze anos, um mestre em Savate, chamado...

—André D’Estreés, eu conheço a história. _ disse Cecília.

—Isso mesmo. Com aquela vitória, começaram a me chamar de “Janine Saiyajin”, por causa das habilidades guerreiras daqueles personagens de “Dragonball”.

—Quatro dias antes do acidente no qual o vovô Adriano morreu! Não é à toa que você não gosta de falar nisso! _ espantou-se Adriano.

—Exatamente. Aquele ano me traz muitas lembranças tristes e é por isso que, embora elogioso, não me agrada muito o apelido “Saiyajin”. Eu sempre me lembro do que ocorreu depois. Resolvi retirar-me de toda e qualquer competição, praticando artes marciais somente para manter a forma do corpo e do espírito. Desisti do título do “Budokai”, colocando-o à disposição da Comissão Organizadora e foquei minha atenção mais aos estudos. Então, acabei indo para Porto Alegre e estudei no Colégio Rosário, até os quinze anos, quando retornei para a Inglaterra e, no verão, conheci Draco. O resto, são as aventuras pelas quais passamos, primeiro contra Voldemort e seus Death Eaters e, depois, contra o Círculo Sombrio.

—Fantástico! _ admiraram-se Beto e Cecília _ E resolveram passar os feriados de fim de ano aqui, em Garopaba? É um prazer e uma honra conhecê-los... ei, onde Tiago está indo?

Tiago Potter havia pago sua despesa e saído do restaurante, dirigindo-se à mesa junto à qual Kadu ainda estava sentado, em companhia dos outros surfistas. Sentou-se em frente a ele, enquanto os outros afastaram-se e começaram a conversar. Dali a pouco, o rapaz catarinense estava rindo com o bruxinho, como se nada tivesse acontecido. A crise havia sido habilmente gerenciada.

No final da tarde, quem estava a fim deu uma corridinha, saindo da pousada, indo até a entrada para a Ferrugem e retornando até a praia, para manter a forma e não deixar as pernas endurecerem, como costumavam dizer. À noite, a turma saiu para jogar minigolfe, divertindo-se bastante. Mais tarde, os adultos saíram, para conhecerem o Bali Hai, deixando as crianças a cargo de Ivana, a irmã de Cecília. Depois de uma disputada partida, na qual a vencedora havia sido Cecília, foram para o Mormaii Surf Bar, ali perto.

—Nada de exagerarem no refri, hein, crianças?! _ disse Gina.

—Não se preocupe, Tia Gina. _ disse Nereida _ Com a energia que temos, a última coisa de que precisamos é de cafeína extra. Além disso, não somos muito das bebidas gasosas, preferimos os sucos.

Todos riram com o comentário da bruxinha. Os adultos entraram na van e foram para o Bali Hai.

No Mormaii Surf Bar, a conversa corria animada e os lanches foram bem apreciados, principalmente o Padang Padang e as tigelas de açaí. Visitaram a loja e aproveitaram para comprar algumas roupas e acessórios. Depois retornaram para os lugares onde estavam hospedados.

Em Hogwarts, as coisas também não paravam de acontecer, principalmente as que envolviam Pettigrew. Este havia se esgueirado pelos corredores, à noite, evitando os olhos atentos do zelador Halsted, seguindo um palpite que tivera, após observar a movimentação de alguns alunos, em uma certa área do castelo. Por volta das 22:00 h, Albert Pettigrew percebeu que sua paciência havia sido recompensada.

Vários alunos e alunas entravam no banheiro feminino do segundo andar, o recém-reformado banheiro da Murta que Geme, aproveitando-se de que ela e Cedric haviam ido passear. Depois que todos entraram, ele esperou um pouco e entrou, atrás dos outros, sem ser notado e escondendo-se em um dos boxes, ainda a tempo de ver uma figura alta e encapuzada adentrar o banheiro depois dos outros e aproximar-se da pia central, curvando-se junto a uma das torneiras e dizendo algo em voz baixa e sibilante.

Pettigrew admirou-se ao ver, mais uma vez, a pia central abrir-se e dar passagem ao homem misterioso e ao restante do grupo (“Ouvi dizer que essa passagem havia sido selada por Dumbledore, depois que o Prof. Potter matou o basilisco que vivia nos subterrâneos. O lacre mágico deve ter perdido a força ou então quem o rompeu deve ser extremamente poderoso.”, pensou o bruxinho). Então, logo que o último deles desceu pela passagem, Pettigrew saiu de onde estava e correu até a pia central, entrando e escorregando pelo tubo que conduzia ao subterrâneo, antes que a passagem se fechasse.

Lá em baixo, Albert Pettigrew levantou-se, sacudiu a poeira das roupas e seguiu pelas cavernas, pisando no pó que restara das ossadas dos roedores que o basilisco devorara, em direção à luminosidade esverdeada no final do túnel, passando por um local onde parecia ter ocorrido um desmoronamento, tempos atrás (“Deve ter sido aqui que o feitiço do Prof. Lockhart deu errado e acabou derrubando parte do teto da caverna”, pensou ele).

Foi quando viu que a caverna chegava ao final, dando lugar a um salão de monumentais dimensões, ladeada por gigantescas serpentes de pedra, como se fossem colunas. Seguiu pela lateral, por trás das serpentes, ocultando-se em suas sombras, até aproximar-se do local onde os alunos aglomeravam-se, em frente a uma enorme ossada de serpente, já com sinais de decomposição da matriz mineral dos ossos, que ele deduziu pertencer ao basilisco que Harry havia matado. Ao fundo, uma grande estátua, algo danificada, que foi reconhecida como a do Fundador da Sonserina, Salazar Slytherin. Aquele havia sido o palco da batalha entre Harry Potter e o basilisco de Slytherin, quando o bruxo cursava o segundo ano e salvara a vida de Gina Weasley, impedindo que Lord Voldemort retornasse, em plena juventude, através da Horcrux do diário de Tom Riddle.

Ele encontrava-se no interior da Câmara Secreta de Salazar Slytherin.

Escondido nas sombras das enormes serpentes, Albert Pettigrew notou que o murmúrio dos alunos reunidos cessou, no momento em que a figura alta e encapuzada assomou à frente deles, utilizando a ossada do basilisco tal como um parlatório. Em um rápido vislumbre, notou que o seu rosto estava oculto por uma máscara de prata que reproduzia um rosto serpentino, com narinas em fenda e uma boca fina, entreaberta em um sorriso cruel. Aquela máscara reproduzia o rosto de Lord Voldemort. E, quando o misterioso estranho falou, foi com voz gélida e sibilante, igual à do Lorde das Trevas.

—Estou satisfeito em ver que nosso pequeno grupo aumentou e estabilizou-se em um efetivo razoável. Fidelidade! Lealdade! Convicção! Tais palavras e os conceitos que elas trazem não podem jamais cair no esquecimento. Bem como não devem ser esquecidos e ficarem sem retaliação a deslealdade e a tibieza, o fraquejar na convicção. Tais atitudes me enojam e constituem-se em um fator de desonra para qualquer pessoa. E esse é um dos motivos de nossa reunião desta noite.

Um leve murmúrio ouviu-se e logo cessou, quando o encapuzado retomou a palavra.

—Vocês sabem que não temos em nosso grupo alunos dos três primeiros anos, pois levamos em consideração o fato de que ainda podem ser, salvo algumas exceções, imaturos para decidirem sobre aderirem ou não à nossa causa. Conseqüentemente, julgamos que um jovem de catorze anos em diante já pode tomar essa importantíssima decisão. E, uma vez tomada, não há lugar para relutância. Infelizmente, o desagradável odor da relutância e da tibieza infiltra-se como um nocivo miasma entre nós. Alguém está intentando desertar de nós, minando a coesão do nosso grupo, que pretende levar a Bruxidade ao lugar que lhe cabe no mundo, assim como Lord Voldemort trabalhou para isso, no passado. E, agora, nós estamos começando a desenvolver um novo trabalho nesse sentido, com a ajuda do Círculo Sombrio. Os pais e avós de muitos de vocês batalharam sob as ordens de Voldemort e outros fazem parte do Círculo Sombrio. Descobrimos que há trouxas que pensam como nós, que apenas diferenciam-se de bruxos das Trevas por não possuírem poderes mágicos. Infelizmente, isso os inabilita para exercerem funções mais elevadas no Círculo, mas não os discrimina, não os impede de fazerem parte da organização. E esses, quando a Ordem das Trevas reassumir o poder, receberão sua devida recompensa. Afinal de contas, o próprio Lord Voldemort era mestiço e não puro-sangue.

Tomou um gole de água e continuou.

—Voltando ao que eu dizia, a tibieza e a relutância devem ser devidamente punidas. Srta. Daphne Cornwall, dê um passo à frente, por gentileza.

Uma garota quintanista de cabelos castanhos, pertencente à Lufa-Lufa, avançou e ficou em frente ao grupo, tremendo e de cabeça baixa.

—Srta. Cornwall, chegou ao meu conhecimento que a senhorita andou pondo em dúvida a validade de nossa causa. É verdade?

—Eu... eu ap-apenas comentei se, realmente, v-valeria a pena arriscar-se tanto, com a vigilância que o Ministério está exercendo.

—Uma manifestação de tibieza, Srta. Cornwall. E isso não pode ficar sem resposta.

—Vai me m-matar, Mestre?

—Não, não irei. Seria complicado explicar sua morte ou desaparecer com seu corpo. Mas, assim como Darius Goyle foi disciplinado por Lord Voldemort, quando ele ainda era Tom Marvolo Riddle, a senhorita receberá seu quinhão de dor, para ajudá-la a refletir e repensar sua lealdade, para que ela jamais torne a fraquejar. “CRUCIO!!

A Maldição “Cruciatus” atingiu a garota que, pelos breves segundos nos quais o líder do grupo a manteve e que, para ela, pareceram séculos, experimentou uma dor daquelas que a gente não deseja nem para quem a gente odeia. Quando ela foi suspensa, a garota estava estendida no chão, ofegante e a transpirar. Vencendo a náusea e os tremores, ela ajoelhou-se e beijou a mão do estranho.

—Jamais duvidará da minha lealdade novamente, Mestre.

—Assim espero, Srta. Cornwall. Agora junte-se aos seus colegas e vamos ao treinamento desta noite. _ disse o encapuzado, levantando a garota de maneira gentil e conduzindo-a para junto do grupo.

Orientados pelo líder, treinaram feitiços fortes e proibidos, típicos dos antigos Death Eaters, por algum tempo. Quando a reunião foi encerrada, ele falou:

—Vocês estão cada vez melhores. Logo poderemos começar com Maldições Imperdoáveis. E o melhor de tudo é que o próprio Harry Potter está tornando-os mais fortes, com artes marciais. Vocês só têm de tomar cuidado para que ele não perceba o que fazemos aqui e também terem consciência de que não alcançarão o mesmo nível de domínio do Ki que eles. Mas esse será um pequeno preço a pagar pelo nosso sucesso. Somos alguns aqui, mas haverão outros, em outros lugares, que juntar-se-ão a nós, constituindo um novo Exército das Trevas. E tudo nasceu aqui, conosco.

Os alunos prepararam-se para retornar e Pettigrew concluiu que já passara muito tempo por ali, retornando para as cavernas e, de lá, para o banheiro, com um Feitiço de Levitação. Escondeu-se em um dos boxes e aguardou que todos eles saíssem e voltassem para suas Casas, estranhando que o líder não saíra pela passagem e a entrada da pia fechara-se. Saiu do box e procurou pelo banheiro todo. Foi então que seu sangue quase gelou, no momento em que ele sentiu uma mão tocar seu ombro, com gentileza.

—Jovem Pettigrew, o que faz tão longe da Sala Comunal da Sonserina?

Voltando-se, o sonserino viu aquela figura encapuzada, que deixava entrever o rosto de Voldemort, esculpido na prata da máscara que utilizava para esconder sua identidade. Vendo que o garoto perdera a voz, o estranho novamente falou:

—Calma, jovem Pettigrew. Pelo estado de suas vestes, vejo que você esteve nos subterrâneos e pôde assistir nossa pequena reunião. Deixe-me dar um jeito, ou seus colegas estranharão. “Limpar”! _ em um instante, as vestes de Albert Pettigrew estavam totalmente limpas _ Agora que você viu o que se passa em algumas madrugadas, nos subterrâneos de Hogwarts, sua vida jamais poderá ser a mesma.

—O q-que fará comigo?

—Calma, jovem Pettigrew. Não o matarei, não há necessidade disso. Tampouco o torturarei. Dou a você a oportunidade de decidir-se entre submeter-se a um Feitiço de Memória e esquecer o que houve aqui ou colocar-se a serviço da Nova Ordem das Trevas, que está tendo sua ascenção apoiada pelo Círculo Sombrio. Devo salientar que eu acredito que você possua uma natural tendência para juntar-se a nós, mesmo sendo ainda tão jovem.

—Como assim, senhor?

—Não é segredo para ninguém na Bruxidade que seus pais, Peter Pettigrew e Sibila Patrícia Trelawney Pettigrew eram servos de Lord Voldemort. E, ao contrário do que alguns podiam pensar, não eram covardes. Bem, um pouco medrosos e meio trapalhões, cometendo alguns deslizes, como quando sua mãe comprometeu a posição dela como espiã em Hogwarts. Daquela vez, não foi um fracasso total, porque ela conseguiu colocar Cho Chang sob seu domínio. No ano seguinte, seu pai abandonou o turno de guarda para ter um encontro romântico com sua mãe e permitiu que Horatio Slughorn fugisse. Mas tais deslizes foram relevados pelo Lorde, mesmo que eles tenham levado uma “Cruciatus” como castigo. Mas, pode acreditar, eram leais ao Lorde das Trevas, dando valor ao elo formado pela Marca Negra, somente considerando-se desobrigados de sua lealdade depois que o Lorde cometeu Seppuku e Harry Potter foi o seu Kaishakunin. E, a seu modo, Lord Voldemort gostava deles.

—É no que eu estive pensando, senhor. Meu pai não pode ter aderido aos Death Eaters somente por medo ou para auferir vantagens. Algum motivo maior deveria existir, para que ele abandonasse a Ordem da Fênix e se tornasse espião de Lord Voldemort. Eu não sei o que dizer, mas não consigo ter simpatia por Harry Potter e pelos Inseparáveis, embora os respeite. E, mais do que nunca, não gosto do filho dele, Tiago. Talvez esses motivos sejam infantis e fúteis, mas são meus e eu os valorizo. Não consigo deixar de pensar que Tiago Potter, por mais que não pareça, se ache “o cara”, o filhote do Escolhido, o bonzão da turma.

—Não haveria algum motivo a mais? _ perguntou o estranho, com uma pequena risada que ecoou, metalicamente, dentro de sua máscara de prata.

—O senhor me pegou. _ disse ele, sorrindo e corando, meio sem jeito e remexendo-se um pouco no banco _ Há um pouco de ciúme, também. Notei que uma certa garota demonstra atração pelo pequeno ouriço e é justamente uma de quem sinto que gosto muito.

—Então, você o vê como um rival no amor?

—É... bem... creio que sim.

—Não se envergonhe e nem se ache infantil ou fútil, jovem Pettigrew. Um dos motivos pelos quais seu pai aderiu aos Death Eaters foi porque ele era atraído por Lílian Evans Potter e queria tirar Tiago do caminho, embora já estivessem juntos e casados. Não há infantilidade nisso, ninguém manda nos sentimentos e paixões.

—O senhor fala do passado, dos Dias Negros e da Segunda Ascenção de Voldemort com tanta segurança. Quem é o senhor e como é que consegue entrar em Hogwarts sem ser percebido?

—Muitas perguntas, jovem Pettigrew, das quais nem todas eu posso responder agora. Você aceita trilhar o caminho de seus pais? Batalhar pelo retorno da Bruxidade à sua grandeza, à sua superioridade em relação aos trouxas? Embora eles tenham seu valor, sempre serão inferiores a nós e, como eu disse, não poderão exercer funções mais elevadas na Nova Ordem das Trevas.

—Sabe, senhor, eu amarguei muitas dúvidas, desde que Harry Potter me contou a história de meus pais. Embora eles não tenham aceito juntar-se ao Círculo, foram membros leais dos Death Eaters. E isso dissipou meu medo de que eles tivessem sido poltrões ou covardes, juntando-se a Lord Voldemort por medo. E, como eu sei que eles o fizeram conscientemente, agora não tenho receio de dizer que quero seguir seus passos. Só que ainda sou jovem para fazer parte de suas reuniões, como o senhor mesmo o disse. Como farei?

—Não se importe, jovem Pettigrew. Seja apenas quem você é, digno herdeiro de seus pais. Apenas funcione como meus olhos e ouvidos em Hogwarts, informando-me do que julgar necessário que eu saiba. Eu saberei contactá-lo, sempre que preciso.

—Está bem. Mas há algo que eu devo perguntar novamente. Quem é o senhor?

—Minha identidade deve permanecer em segredo, mas pode me chamar pelo título que me deram: “Avatar das Trevas”. Agora retorne para a Sonserina, antes que dêem por sua falta.

O estranho o acompanhou até a entrada da Sonserina e disse:

—Deve estar com fome. Tome um sapo de chocolate. _ deu o doce a Pettigrew e ele comeu, entrando em seguida.

A primeira lembrança de Pettigrew, depois daquilo, foi ser sacudido por Mariel, em um sofá da Sala Comunal da Sonserina.

—Ei, lugar de dormir é na cama, cara! _ disse Mariel.

—OK, cara. Já vou indo. _ disse Pettigrew, tentando lembrar-se de como chegara até ali.

Quanto ao encontro e à conversa com o misterioso estranho, ele preferiu guardar segredo.


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