Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 5
OS PECADOS DOS PAIS


Notas iniciais do capítulo

Já estamos vendo quem será o inimigo de Tiago. Além disso, por que matar o tio de Draco?



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CAPÍTULO 4

 

OS PECADOS DOS PAIS

 

 

 

 

 

 

 

 

Na aula de Feitiços, acabou dando a lógica. Os Novos Marotos, por já terem experiência, não tiveram dificuldade com os feitiços básicos, para alegria de Janine. A manhã terminou e, depois do almoço, mal sentiram o passar das horas, mesmo que tivessem de passar pela sonífera aula do Prof. Binns. Então, chegou a hora que todos esperavam: Defesa Contra as Artes das Trevas, com Harry Potter.

A sala já havia sido ocupada pelos alunos, ansiosos com a chance de estarem tendo aulas com o herói do mundo mágico. Então, ao abrir das portas, todos os murmúrios cessaram.

Adentrou a sala aquele homem alto e esbelto, trajando vestes em estilo vitoriano, de cor azul-petróleo, com cabelos arrepiados e óculos de armação redonda, a cicatriz visível em sua testa, suas marcas registradas. Ali estava, com o olhar firme e, nos olhos verdes, o brilho resoluto de quem já havia visto e passado por muita coisa na vida, Harry Potter, em pessoa.

_Boa tarde, classe. Para quem não me conhece, meu nome é Harry Potter e tenho a missão, espero que gratificante, de começar a instruir a todos vocês na defesa contra a Magia Negra. Alguns já tiveram experiências e, sem querer contar vantagem, meus próprios filhos e sobrinha fazem parte desse grupo, o que me obriga a dar o melhor de mim, para não fazer feio na frente deles.

Todos riram e Harry viu que qualquer gelo já havia sido quebrado.

_Bem, brincadeiras à parte, a verdade é que esses xeretinhas já passaram por algumas coisas, entrando de carona em uma situação real. Estou sendo sincero quando digo que só saíram vivos porque tinham treinamento, estavam preparados. E é isto que vou fazer com vocês, prepará-los para que possam defender-se e às suas famílias, pois a paz que vivemos é relativa, como o próprio Diretor Black avisou.

Tomou um gole de água e continuou.

_As Artes das Trevas representam a perversão do uso da magia. Feitiços, encantamentos, azarações, pragas, literatura e objetos usados para fazer o mal. E por que as Trevas conquistam tantos adeptos? Eu lhes responderei agora. Tudo o que parece fácil é, na verdade, efêmero. Ainda que pareça duradouro, citando Nicolau.

_Flamel? _ perguntou Waverly.

_Não, Sr. Waverly. _ disse Harry _ Nicolau Maquiavel, o grande filósofo político trouxa. Em seu livro, intitulado “O Príncipe”, ele diz que reinos fáceis de serem conquistados são difíceis de serem mantidos e que a recíproca é verdadeira ou seja, reinos difíceis de serem conquistados são mantidos com mais facilidade. Transpondo isso para o assunto do qual tratamos, vemos que os princípios descritos por ele permanecem os mesmos, desde o Século XVI, período no qual foi escrito, de 1513 a 1516, tendo sido publicado em 1532, postumamente. Ele morreu em 1527. Deduzimos, portanto, que as Artes das Trevas seduzem com a promessa de um poder imediato mas que, na verdade, é ilusório. Bruxos que lideraram a Ordem das Trevas no passado, tais como o próprio Salazar Slytherin, Adolf Gellert Grindelwald e, mais recentemente, Lord Voldemort e agora “Sombra & Escuridão”, utilizaram e utilizam esse poder para satisfazerem às suas ambições desmedidas, mas sempre acabaram derrotados. E por que as Trevas não foram exterminadas? Infelizmente temos de reconhecer que é necessário um equilíbrio no Universo, entre Caos e Ordem, Luz e Trevas. O ponto é que a ambição desmedida, a ganância e a crueldade de seus líderes ameaça romper esse equilíbrio. Sabemos que não conseguiremos acabar com as Trevas permanentemente, pois um líder sempre deixa seguidores, herdeiros de sua nefasta tradição. Cabe a nós, que utilizamos do nosso arbítrio para batalhar pela Luz, lutarmos para restabelecer o equilíbrio. Lembrem-se de que um criminoso ou um tirano, seja ele bruxo ou trouxa, sempre acaba plantando as sementes de sua própria destruição, como foi com Grindelwald e seu amigo e xará, Hitler, como foi com Voldemort e como será com o Círculo Sombrio. Para isso, cada um de nós fez e faz sua parte.

Mais um gole de água e prosseguiu.

_A magia, na verdade, não é boa nem má. O uso que dela se faz é que pode ser. O mesmo feitiço pode ser usado para defender ou para matar. Lembrem-se de que sempre há uma alternativa, não é preciso tirar a vida de ninguém. Não me orgulho em dizer que já tive de abreviar algumas existências, durante minha carreira de Auror. Mas nunca a de alguém que não estivesse tentando abreviar a minha. Bem, vamos à aula. O inicial, o básico para que possam defender-se de alguém, é saber desarmá-lo e bloquear seus ataques. E há um feitiço para isso, o “Expelliarmus”. Aos catorze anos, esse feitiço salvou a minha vida, quando Voldemort retornou. O correto movimento do braço e a convicção ao invocá-lo aumentam sua potência e eficácia. Vejam. _ e Harry acionou um manequim, magicamente animado, vestido como um antigo Death Eater.

O manequim avançou e apontou sua varinha, com a mesma rapidez de uma pessoa de verdade. Mas Harry logo defendeu-se.

_ “Expelliarmus”!! _ o feitiço atingiu o manequim e a varinha que ele empunhava voou longe. Com a potência que Harry colocou no feitiço, se fosse uma pessoa ela teria tido uma entorse de punho. _ Vocês viram o efeito. Convicção, movimento correto e, acima de tudo, treinamento. Muito treinamento. Outros feitiços úteis são o Feitiço Escudo, invocado pela fórmula “Protego” e o Refrator, que desvia o feitiço de seu oponente e tem a fórmula “Deflexio”. Esses três deverão bastar para o começo. Dividam-se em duplas e vamos treiná-los. Ah, ainda há um quarto, que pode complementar e reforçar o Escudo. É o Reversor, criado pela Profª Malfoy, quando ela estava com dezessete anos de idade. Ele necessita de um certo grau de poder, a fim de executá-lo corretamente e conseguir devolver o feitiço do adversário para ele. Sua fórmula é “Reversortia” e é invocada logo após a fórmula “Protego”. Bem, vamos ao treino. Cada dupla alternará ataque e defesa.

 

Os alunos foram divididos em duplas e, no sorteio, coube a Tiago fazer dupla com Albert. Um atacava e o outro defendia, depois alternando as funções. Albert Pettigrew era bastante competente nos feitiços básicos, tendo sido bem instruído pela avó. Se bem que Tiago possuía reflexos mais aguçados e maior velocidade, fruto do treinamento Ninja que ele e a irmã tiveram desde a mais tenra infância. Certa hora, depois de não ter conseguido bloquear um “Expelliarmus” de Tiago e ter de sair correndo atrás de sua varinha, pela terceira vez, o filho de Peter e Sibila atacou seu adversário com um feitiço que não fazia parte dos previstos para aquela aula.

_ “Everte Statem”!!

Mas Tiago Potter não era um adversário que seria pego com facilidade e tratou logo de defender-se e contra-atacar.

_ “Protego! Reversortia”!! _ o feitiço refletiu na barreira formada pelo Feitiço Escudo e reverteu, certeiro, para aquele que o lançou. Albert Pettigrew foi lançado longe, deu duas cambalhotas no ar e bateu, ainda bem que não com muita força, na parede oposta. Levantou-se e aproximou-se de Tiago, chamas de fúria no olhar.

_Qual é, Potter?! Está querendo me matar?

_Para começo de conversa, Pettigrew, você lançou com muita força um feitiço que não estava previsto para ser usado hoje. Eu apenas me defendi e o mandei de volta para você, atenuado. Eu estaria mal se tivesse sido atingido por ele.

_Larga mão de ser metido, cara! Não fique se achando só porque entrou de carona em uma aventura. Você não é o garoto de ouro de Hogwarts.

_Não sou e nem nunca quis ser, Pettigrew. Aqui, sou apenas mais um aluno, como todos os outros. O fato de ser filho de Harry Potter não me torna melhor e nem diferente de ninguém.

_Para cima de mim, Potter? Acha que eu sou besta de achar que não vão te tratar de maneira especial por você ser o filhinho do “Escolhido”?

Aquilo ofendeu Tiago de tal maneira que ele não resistiu.

_Pettigrew, eu pretendia manter o nível da discussão e não envolver famílias nisso, mas parece que você não está colaborando, portanto me dá o direito de também partir para a baixaria. Você dá mostras de que não está se lembrando de que os SEUS pais estavam em Azkaban, antes de morrerem...

_... Onde foram jogados pelo SEU pai, não sei por quê.

Tiago ia responder mas, naquele momento, uma voz poderosa fez com que todos ficassem quietos.

_CHEGA!!! Sr. Potter, Sr. Pettigrew, todos vocês, agora fiquem quietos e me ouçam. Parem por aqui, pois eu não quero ser acusado de preconceito contra a Sonserina e também detestaria ter de tirar pontos da Grifinória por sua causa, Sr. Potter. Como o senhor mesmo disse, o fato de ser meu filho não o torna especial. Eu assumo de agora em diante. Sentem-se todos!

Todos os alunos sentaram-se e Harry olhou para Albert.

_O que foi que lhe disseram a respeito de seus pais, Sr. Pettigrew?

_Não muito, Prof. Potter. Minha avó faleceu, há cerca de dois anos atrás e eu acabei sendo criado por um primo meio afastado de minha mãe, Ozymandias Trelawney, em Cardiff, no País de Gales. Ninguém me disse nada além do fato de que foram parar em Azkaban, onde ela acabou engravidando e foi liberada para ir ao St. Mungus, quando entrou em trabalho de parto. E, depois que eles morreram, me disseram que foi o senhor que os colocou lá.

_Hmm, parece que andaram fazendo um pacto de silêncio sobre alguns pontos da história, Sr. Pettigrew. _ disse Harry _ Realmente, ajudei a prendê-los quando eu tinha dezessete anos de idade. Mas é melhor que eu lhe explique as circunstâncias, para que o senhor não pense que eu era ou sou um caçador impiedoso.

_E como tudo aconteceu?

_Eu teria todos os motivos do mundo para odiar seu pai, Peter Pettigrew, pelo que ele já fez. Cheguei a sentir raiva, mas o ódio não é um sentimento que eu cultivo. Mesmo Lord Voldemort ganhou o meu respeito, depois de morrer. Falando em Voldemort, acho que você precisa saber que Peter e Sibila eram Death Eaters e que seu pai passou cerca de um ano como espião de Voldemort, infiltrado na Ordem da Fênix.

_Como é que é? _ Albert passara toda a sua vida sem saber o que seus pais já haviam feito.

_Sim. Além disso, seu pai foi o responsável indireto pelo assassinato dos meus, ao revelar seu esconderijo para Voldemort, quebrando o Feitiço Fidelius do qual ele era o Fiel do Segredo. _ o garoto estava boquiaberto _ Com aquilo, Voldemort foi a Godric’s Hollow e os matou. Além disso, seu ato acabou por incriminar outra pessoa, que acabou sendo mandada para Azkaban sem julgamento e ficou lá por doze anos, o nosso Diretor, Sirius Black. Injustamente condenado, fugiu e veio para Hogwarts, tentar fazer justiça, enquanto toda a Bruxidade, inclusive eu mesmo, pensava que ele queria me matar. No final, acabamos revelando a verdade, embora ele tenha fugido depois, para juntar-se a Voldemort. E fui eu quem não permiti que Sirius e o pai do Sr. Randolph Lupin, Prof. Remus John Lupin o matassem, pois meus pais, de onde estivessem, não iriam querer que seus melhores amigos se tornassem assassinos. Sem contar que, antes de sucumbir à tentação das Trevas, ele era uma pessoa legal, de quem os outros Marotos gostavam bastante.

_E o que ele fez, depois de fugir, Prof. Potter?

_Segundo as informações que tivemos, depois de fugir de Hogwarts ele vagou pela Europa até que, seguindo pistas de outros roedores, já que era um Animago que transformava-se em rato, encontrou Lord Voldemort quase morto, em uma caverna das florestas da Albânia. Ajudou-o a recuperar-se e, quando encontrou Berta Jorkins por acaso em um Pub, eles arquitetaram o plano que fez com que ele recuperasse seu corpo e voltasse à ativa, quando eu estava no quarto ano e fui irregularmente incluído em um Torneio Tribruxo. Para que Voldemort voltasse, foi realizado um ritual no qual os três ingredientes mais importantes eram um osso do pai de Voldemort, chamado Tom Riddle, algumas gotas do sangue de um inimigo, no caso eu e a carne de um servo. Para o terceiro e último ingrediente, Peter amputou a própria mão direita, depois recebendo uma mão mágica de metal, como compensação, por parte de Voldemort. Com aquilo, o Mestre das Serpentes foi capaz de retornar na plenitude de seus poderes.

_T-todos me disseram que o senhor entrou naquele torneio através de uma trapaça!

_Não. Meu nome foi incluído por Bart Crouch, Jr. E ele passou todo o ano disfarçado como o Prof. Moody, com Poção Polissuco. Além disso, por ordem de Voldemort, ele matou Cedric Diggory, que hoje é o Fantasma Residente da Lufa-Lufa. Quanto à sua mãe, Sibila, ela gostava dele, já há algum tempo e, depois que enfrentamos os Death Eaters no Ministério, eles encontraram-se e ele a convenceu a aderir aos Death Eaters. No ano seguinte, ela permaneceu como espiã em Hogwarts, até que a Profª Malfoy, Janine, foi admitida como aluna, para sua própria proteção, mesmo que ainda não tivesse manifestado magia, o que ocorreu quase um mês depois. No Baile de Inverno, Sibila colocou Cho Chang Donovan, a mãe de Sun-Li, da Corvinal, sob seu domínio, com Extrato de Servidão e tramou o seqüestro da Profª Malfoy, que foi parar em Azkaban, depois que a prisão havia sido tomada pelos Death Eaters. Draco Malfoy arquitetou um plano de resgate que todos nós pusemos em prática, com a ajuda do Prof. Derek Mason.Saltamos de pára-quedas em Azkaban, enfrentamos os Death Eaters e Voldemort, em pessoa. Ele quase foi destruído, mas Narcisa, avó da Srta. Malfoy, foi morta pelo seu próprio marido, Lucius. Seus pais fugiram do local da batalha, mas antes daquilo a Profª Granger conseguiu um pouco de sangue de sua mãe, para livrar Cho do Extrato de Servidão. Nós só fomos nos encontrar novamente no outro ano, quando Voldemort tentou obrigar as sacerdotisas da ilha sagrada e Avalon a revelarem o segredo da manipulação do tempo, seqüestrando a Profª Black. Naquele ano, a Ordem das Trevas aliou-se à Al-Qaeda e praticaram uma série de atentados que atingiram tanto os trouxas quanto a Bruxidade como, por exemplo, a explosão na tabacaria de um shopping em Londres, na qual morreram o Ministro Fudge e o Assessor de Ligação com o Primeiro-Ministro trouxa, Douglas Collingwood. Sim, o pai de Lauren, uma das amigas trouxas da Profª Malfoy, que casou-se com Blasius Zabini.

_Al-Qaeda? A organização terrorista trouxa? Liderada por Osama Bin Laden?

_Aquela mesma. E Osama esteve lá, eu o vi e falei com ele. Lá em Avalon nós infligimos a derrota final aos Death Eaters e Voldemort cometeu Seppuku.

_Seppuku? _ perguntou Waverly, que estava sentado ao lado de Pettigrew e estava curioso com a história, na qual Harry revelava detalhes que os livros não contavam.

_Suicídio ritual Samurai, Sr. Waverly. E eu fui o seu Kaishakunin, o assistente responsável por decapitá-lo e abreviar seu sofrimento. Depois daquilo, Sibila e Peter foram presos e estavam cumprindo suas penas em Azkaban, sem quererem problemas, até que morreram.

_Nunca ninguém me disse como eles morreram. _ comentou Albert.

_Como eu já disse, Sr. Pettigrew, parece que fizeram um pacto de silêncio, mantendo o senhor em uma redoma e ocultando-lhe os fatos referentes ao passado de seus pais, para que o senhor não se envergonhasse deles. Seus pais eram Death Eaters. Mas, e daí? Depois que foram presos, eles só quiseram saber de cumprir suas penas, pagando o seu débito para com a Justiça Bruxa e nada mais. O Prof. Snape já foi um Death Eater e hoje é uma das pessoas mais respeitadas da Bruxidade, pelos seus méritos e por ter sido agente da Ordem da Fênix. Draco Malfoy, pai da jovem Narcisa Malfoy, que está aqui, nesta sala, rompeu totalmente com as Trevas aos dezesseis anos de idade. O avô de Narcisa, Lucius Malfoy, era o segundo em comando de Lord Voldemort e, mesmo sendo um Death Eater de alto escalão, apenas cumpria sua pena em Azkaban, juntamente com sua sobrinha, Valérie, até que foram mortos durante uma rebelião com tentativa de fuga. Aliás, Sr. Pettigrew, esse é o principal motivo de seus pais terem sido mortos. Aquela rebelião foi tramada pelo Círculo Sombrio, para libertar presos importantes para suas fileiras. Sibila e Peter não quiseram participar, apenas queriam ficar sossegados, até que pudessem sair. Então, a morte deles, com uma das pragas do “Eser Ha-Makot”, foi o preço que pagaram por não quererem voltar à vida de criminosos. Eu acredito, Sr. Petigrew, que todos podem mudar e que seus pais não eram exceção. Recomendo que procure na Biblioteca, pois poderá encontrar coisas muitíssimo interessantes. Peça a Madame Pince que lhe forneça a edição do “Pasquim” que traz a publicação póstuma da entrevista que Nigel Xenophillus Lovegood teve com seus pais em Azkaban, no dia em que todos eles morreram, vítimas da Praga. Lá você encontrará detalhes que sua família jamais lhe forneceria. Bem, nosso tempo de aula está terminando. Para a próxima aula, teremos alguns fundamentos básicos sobre armas de fogo trouxas. Vocês verão que elas são bastante complexas em seu mecanismo. E continuem treinando o “Expelliarmus”. Depois veremos outros feitiços de combate. As inscrições para o Clube de Artes Marciais estão abertas e os formulários estão na entrada da sala, para quem se interessar. Classe dispensada.

No corredor, Albert refletia sobre as palavras de Harry, até que a voz de um colega o trouxe de volta à realidade.

_Albert, por que está assim, tão silencioso?

_Nada de mais, Mariel. Pensava no que o Prof. Potter nos disse.

_E chegou a alguma conclusão?

_Olha, é bastante difícil. Por mais que minha família tenha me escondido a verdade, não consigo pensar no Prof. Harry Potter como outra coisa além do cara que colocou meus pais no lugar onde eles morreram. E nem em Tiago Potter como alguém mais do que o sujeito que me sacaneou no trem.

_Você procurou, Albert.

_Mas ele não precisava pegar pesado daquele jeito, pô!

_Vamos reconhecer, Sr. Albert Pettigrew, o senhor foi um autêntico babaca naquela viagem e mereceu tudo o que levou.

_Está do lado dele, Mariel? _ disse Albert, meio em tom de gozação, olhando para Mariel _ Cadê seu orgulho sonserino?

_Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A tradicional rivalidade entre a Sonserina e a Grifinória não dá a ninguém o direito de agir como um cretino e foi exatamente como você agiu.

_Eu sabia! _ brincou Albert _ Está virando amiguinho de Tiago Potter! Bem que eu vi que você não tirava os olhos da irmã dele, aquela ruivinha bonita, chamada Lílian.

_Não é bem assim, cara. _ disse Mariel, embora o rubor instantâneo de suas faces o traísse.

_Ah, tá bom. E Lord Voldemort distribuía doces para as criancinhas dos orfanatos de Londres, não é? _ o colega de turma perguntou, com um sorriso que destacava seus dentes incisivos e que, realmente, lhe dava um aspecto de roedor.

_Ela é mesmo uma beleza, não é, Albert? _ perguntou Mariel, o rosto voltando à cor normal.

_Bastante bonita, mas não me atrai. Acho a Malfoy mais interessante.

_Se bem que você não guarda muito boas lembranças do seu último contato com ela, Albert.

Com um involuntário arrepio ao lembrar-se da dor resultante do golpe certeiro de Narcisa Malfoy em seus genitais, Albert Pettigrew achou melhor mudar de assunto.

_Vamos à Biblioteca, atrás da revista que o Prof. Potter me sugeriu, Mariel. Quem sabe alguém... interessante está por lá. _ e desenhou um “LP” de luz com a varinha, que logo depois se desvaneceu.

_Engraçadinho. _ disse Mariel, rindo _ Vamos lá.

E os colegas de Casa dirigiram-se à Biblioteca de Hogwarts.

 

Naquele final de tarde, Draco estava em casa. Apesar das empresas serem algo grande, sua administração não era muito trabalhosa, ainda mais que ele contava com a ajuda de Marilise e Derek. Há meses, ele e Janine propuseram ao casal que fosse morar com eles em Wiltshire, pois a mansão era bastante grande e eles sentiam-se sozinhos, apenas em companhia dos elfos domésticos. Então, Derek, Marilise e Sabrina foram morar com o casal. Ele estivera na sede das empresas, no turno da manhã e agora Derek estava exercendo as suas funções. Uma grande jogada havia sido a incorporação das fábricas de saquê e das Academias Dragão de Prata pelas Empresas Malfoy, o que não daria margem a comentários alusivos a nepotismo por parte dele. Após o expediente da manhã, aproveitara para dar uma pequena corrida no Hyde Park, a fim de manter a forma e desestressar-se. Depois daquilo, desaparatara para Wiltshire, onde tomara um banho e agora estava lendo a edição vespertina do “Profeta Diário”, na qual figuravam algumas notícias que não haviam chegado a tempo de fazer parte da edição matinal. Logo na primeira página, duas notícias chamaram sua atenção. A primeira delas era: “INÉDITO! MALFOY NA GRIFINÓRIA!” e seu texto era o seguinte:

Jamais, na milenar história da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, algo assim aconteceu. Desde que a família Malfoy iniciou a tradição de parte dela estudar em Beauxbatons e parte em Hogwarts, é a primeira vez em que alguém com esse sobrenome é selecionado para uma Casa que não seja a Sonserina e, ainda mais, para uma Casa que é a tradicional rival da Casa das Serpentes, a morada dos Leões, a Grifinória. Pois ontem tal fato ocorreu, durante a Cerimônia de Seleção. A jovem Narcisa Virgínia Vargas Sandoval Malfoy, filha do empresário e herói do mundo bruxo, membro do grupo que travou o último combate contra Voldemort, os Inseparáveis, que foi vítima de falsas acusações de associação com o tráfico internacional de drogas, das quais era, obviamente, inocente, Draco Malfoy e da famosa “Trouxa-Que-Virou-Bruxa”, Janine Vargas Sandoval Malfoy, também heroína do mundo bruxo, membro dos Inseparáveis e professora de Feitiços em Hogwarts, foi selecionada para a Casa de Godric Gryffindor. Metade da Bruxidade está dando vivas e a outra vociferando ‘Heresia!!’, posto que todos os Malfoy, até o momento, fizeram parte da Casa das Serpentes e, em sua quase totalidade, foram bruxos das Trevas. Seria isso mais uma prova da sinceridade do rompimento de Draco com as Trevas, ocorrido aos dezesseis anos de idade e da redenção do nome ‘Malfoy’, junto à comunidade bruxa mundial? Sei que, como repórter, não devo me envolver nas matérias, mas eu acredito que sim.

 

A reportagem de Arianne Skeeter estava bem interessante, mas a outra também chamou sua atenção:

Nesta madrugada foi encontrado, perto do Cassino Monte Carlo, no Quartier de Monte Carlo, no Principado de Mônaco, o corpo de um dos maiores industriais da Bruxidade, o famoso alquimista franco-marroquino Lucien Didier Bashir. Didier, como gostava de ser chamado, era sócio de sua esposa na indústria de cosméticos “Fata Morgana”, que produz alguns dos mais afamados cosméticos do mundo bruxo, também bastante apreciados pelos trouxas. Ao que tudo indica, ele foi vítima de um ataque cardíaco, pela posição em que o corpo foi encontrado. É fato sabido que Didier era um apreciador dos jogos de azar dos cassinos ao redor do mundo, porém sempre foi um jogador habilidoso, que poucas vezes perdia. E, quando perdia, eram pequenas quantidades, que nunca chegaram a comprometer sua situação. Sua esposa tinha conhecimento dessa sua inclinação para o jogo e sempre o aconselhou a tomar cuidado. Ironicamente, Lucien Didier Bashir terminou seus dias na mesma noite em que sua sobrinha-neta foi selecionada para a Grifinória, em Hogwarts. A viúva de Didier, Danielle Malfoy Bashir, vive em Marselha, de onde administra a “Fata Morgana”, juntamente com seus filhos, Remy e Nadine. A família não fez comentários, no momento, prometendo uma declaração oficial nos próximos dias, depois dos funerais. O sepultamento será realizado amanhã, às 10:00 h, no Cemitério Pére-Lachaise, em Paris, no mausoléu da família Malfoy.

 

Aquelas notícias mexeram com Draco. A primeira delas deixou o loiro muito feliz, mas a outra preocupou-o bastante. Naquele momento, Marilise chegava à mansão, após as aulas daquele dia.

_O que houve, Draco? _ perguntou Marilise, vendo o genro com o jornal nas mãos e uma expressão preocupada no rosto.

_Coisas boas e coisas ruins, Marilise. Narcisa foi selecionada para a Grifinória.

_Que bom! Isto confirma a carta que Spitfire acabou de entregar.

_Por outro lado, o jornal também traz a notícia da morte de meu tio, Lucien Didier Bashir.

_O pai de Remy? Isso é bem grave. Como foi?

_O jornal diz que foi um ataque cardíaco. Bem, Tio Didier fumava, então possuía fatores predisponentes para um infarto. Mas, mesmo assim, fumava pouco e apenas charutos. O mais lógico seria câncer de boca ou língua. Além disso, ele corria e nadava. Seu coração estava muito bem. A hipótese de infarto é muito conveniente para encobrir outra coisa, que pode simular um ataque cardíaco.

_Talvez uma “Avada Kedavra”? _ perguntou Marilise, que possuía um bom conhecimento de coisas do mundo bruxo, principalmente depois de casada com Derek Mason.

_É bem possível, Marilise. Mesmo bruxos não descobririam a diferença. Creio que devo conversar com Tia Danielle. Se Tio Didier foi assassinado, deve ser por algum motivo envolvendo dívidas de jogo ou alguma coisa com relação às empresas.

_O Círculo?

_É provável. Deverei ir a Marselha ou melhor, acho que vou direto a Paris, pois creio que o velório deve estar sendo lá. Jan já deve estar sabendo do que aconteceu. Caso ela ainda não saiba, vou mandar Minuano com uma mensagem.

_Está com uma aparência meio cansada, Draco. _ disse Marilise, preocupada com o genro _ Aqueles pesadelos continuam?

_Infelizmente sim, Marilise. _ respondeu Draco _ E o final é sempre o mesmo. Quando estou prestes a ver quem é “Escuridão”, eu acordo. Isso está me deixando meio nervoso, porque ele me disse, lá no México, que iria vingar-se de mim de alguma forma. Depois dos funerais eu vou passar no Ministério e pedir para alguém do Departamento de Reversão de Feitiços me examinar. Também pretendo dar uma passada no St. Mungus, para uma revisão. Afinal de contas, já não sou mais nenhuma criança.

_E acha que ele pode ter colocado você sob algum feitiço que o obriga a reviver pesadelos repetitivos?

_Com aquele sádico tudo é possível, querida. _ disse Derek, que acabara de chegar _ Tudo tranqüilo nas empresas, Draco. Ah, sinto muito por seu tio. Você está indo a Paris?

_Sim, Prof. Mason. Vou tomar uma Chave de Portal na Estação de Transportes Mágicos. Tia Danielle deve estar precisando da companhia de gente da família e, como não os vejo há algum tempo, será um bom reencontro, ainda que as circunstâncias não sejam as melhores.

_Sim, eu me lembro de que, quando Remy esteve na Inglaterra, você e Jan haviam sido seqüestrados pelo Círculo, no Orient Express. _ comentou Marilise.

_Nem me lembre. Foram dias bastante duros, principalmente porque Mariana Lugoma parece ter desenvolvido um ódio todo especial pela Jan. Ah, aí vem Ziggy.

O elfo doméstico estava chegando, com uma pequena mala com Feitiços de Ampliação Interna, que continha tudo o quanto Draco Malfoy precisaria para dois ou três dias de viagem.

_Aqui está sua mala, mestre Draco. Faça uma boa viagem e transmita nossos pêsames à família de sua tia. _ disse o elfo, criado particular de Draco desde a infância do loiro.

_Obrigado, Ziggy. Cuide da família na minha ausência, sim?

_Não se preocupe, mestre Draco. Ziggy cuidará bem dos mestres Derek e Marilise. Pode viajar tranqüilamente.

 

Draco desaparatou de casa, aparatando na Estação de Transportes Mágicos de Wiltshire. De lá, tomou uma Chave de Portal para Paris, onde os Malfoy estavam reunidos para o velório de Lucien Didier Bashir.

Chegando a Paris, dirigiu-se diretamente ao apartamento que sua tia mantinha na capital francesa, a fim de facilitar o trabalho de administração da Fata Morgana, uma grande indústria de cosméticos, apreciados por bruxos e trouxas e que, recentemente, sofrera uma grande expansão internacional, levada a cabo por seu primo, Remy Malfoy Bashir. Chegando ao endereço, em um condomínio do 17º Arrondisement Oeste, totalmente trouxa, tocou a campainha e ouviu a voz de sua prima, Nadine, pelo interfone.

_Nadine, sou eu, Draco.

_Draco, mon cher! Mas há quanto tempo! Oui, já estou abrindo.

O portão abriu-se e Draco entrou. Parou em frente à porta do apartamento e logo Nadine estava abrindo a porta e jogando-se nos braços do primo, chorando de tristeza pela morte de seu pai e de alegria por rever o primo, a quem não via há muito tempo.

_Nadine! Não nos víamos desde o falso funeral de Harry. Você está linda.

_Merci beaucoup, Draco. _ Nadine era alta e loira, como todos os Malfoy. Mas herdara, assim como Remy, a tonalidade mais escura de cabelos e olhos do pai. Divorciada, tinha uma filha que chamava-se Valentine, que passava parte do tempo com ela e parte com o pai, em Montpellier, na Região do Languedoc.

A porta abriu-se, logo depois e o primo de Draco, Remy, entrou.

_Bonjour, Draco. Fez boa viagem? _ perguntou Remy.

_Muito boa, Remy. Vajo que continua fumando aqueles cigarros indonésios. O cheiro de cravo e canela é perceptível nas suas roupas. Um dia isso ainda vai te trazer problemas.

_É, Harry me disse isso, um dia. _ comentou Remy, lembrando-se do dia em que ele e Harry viram a notícia do acidente com o Orient Express, quando o Círculo seqüestrou Draco e Janine _ Et comme est la maman?

_Tomou um chá, no qual eu coloquei um pouco de Poção de Sono. Deverá acordar daqui a uma hora, mais ou menos. _ disse Nadine.

_Onde será o velório? _ perguntou Draco.

_Na Capela Mortuária 3 do Pére-Lachaise. _ respondeu Remy _ Vim de lá agora, estava vendo detalhes do funeral.

_Que estranho. _ comentou Nadine _ Papai nunca deu mostras de ter algum problema cardíaco.

_Inclusive, havia passado recentemente por um Check-up com os Medi-Bruxos do Hospital Stª. Joana D’Arc e estava muito bem. _ concordou Remy.

_Uma fatalidade. _ disse Draco, não querendo preocupar os primos com suas suspeitas sobre a causa da morte de seu tio _ E as empresas, como vão?

_Muito bem. _ disse Remy _ Iniciamos um projeto de expansão e estamos lançando uma nova linha de cremes faciais. Tio René, Tio Jacques e o resto da família devem estar chegando daqui a pouco.

Com efeito, a campainha tocou e logo estavam entrando René Malfoy, vindo de sua propriedade no Vale do Loire, acompanhado de seu irmão, Jacques, que vinha com sua esposa, Christine e seus filhos, Ferdinand e Anne-Marie. Após os cumprimentos, todos voltaram-se para a porta do quarto, que abriu-se e deu passagem a uma mulher alta e loira, aparentando bem menos do que os seus cinqüenta anos. Ao ver seus filhos, irmãos e sobrinhos, abraçou a todos e sentou-se, um pouco mais calma.

_Remy, mon cher, tomou todas as providências?

_Oui, ma mére. _ respondeu Remy Malfoy.

_Draco, mas que saudades. _ disse Danielle Malfoy, novamente abraçando seu sobrinho _ Todos bem, lá na Inglaterra?

_Oui, ma tante. Janine foi avisada, Marilise e o Prof. Mason estão cuidando das coisas por lá e creio que notres amis já devem estar sabendo. Ah, vocês não vão acreditar, mas Narcisa foi selecionada para a... Grifinória.

_Sacré bleu! _ exclamou Danielle _ É a primeiríssima Malfoy a ir para outra Casa de Hogwarts que não a Sonserina!

René abriu um tinto de seus vinhedos e serviu a todos. Em seguida, sentou-se.

_Alors, Draco, você acha que Didier realmente sofreu um infarto? Ou há algo mais nisso? _ perguntou o bruxo vinicultor a seu sobrinho.

_Eu não sei com certeza, Tio René. Mas, considerando que o Círculo Sombrio parece ter desenvolvido uma predileção toda especial em atingir notre famille, não podemos deixar de pensar em todas as possibilidades. _ respondeu Draco.

_Realmente, é bem difícil. _ comentou Jacques _ O que ele poderia querer com Didier? Além de gostar de jogar em cassinos de vez em quando, “Le Touareg” não fazia nada fora do comum (era o apelido de Didier na família, “O Tuaregue”, devido à sua origem parte marroquina).

_Acho difícil que seja alguma dívida de jogo. Papai raramente perdia e quando isso acontecia eram pequenos valores, que ele cobria com facilidade e que não comprometiam a situação financeira da família. Ele era bem controlado. _ disse Remy.

_Inclusive, nos últimos meses ele estava tendo uma maré de sorte e sempre voltava para casa com lucros. _ comentou Nadine.

_O que torna as coisas ainda mais estranhas. Ele deveria estar em Paris e não em Mônaco. _ disse Danielle _ Bien, ele já havia terminado o trabalho que tinha de fazer e, creio eu, deve ter tido vontade de dar uma desestressada.

_Então, desaparatou para Monte Carlo e foi divertir-se um pouco no cassino, é o que vocês acham? _ perguntou Anne-Marie.

_Se a causa não foi natural, ao menos sabemos que não foi um assalto. Sua carteira não foi tocada. _ disse Ferdinand _ Se ele tivesse sido assaltado e morto por algum ladrão ou punguista bruxo, o mais lógico seria que tivessem esvaziado sua carteira.

_Melhor não pensarmos nisso, por enquanto. _ disse Christine, levantando-se e recolhendo as taças _ Vamos para a capela, pois teremos de estar lá quando os amigos e conhecidos chegarem.

_D’accord. _ disse Danielle _ Assim que eu me trocar, iremos.

 

Danielle rapidamente trocou-se, colocando vestes de luto. O grupo deu-se as mãos e todos desaparataram em direção ao Cemitério Pére-Lachaise. O restante da tarde e a noite daquele dia foi dedicado a velarem o corpo de Lucien Didier Bashir e receberem as condolências dos amigos. Certa hora da noite, uma pessoa veio cumprimentar Draco, despertando a atenção do loiro. Afinal de contas, o diretor de cinema John Huston já havia morrido há muitos anos.

_Meus pêsames, Draco. _ e, em tom mais baixo _ Vamos para um canto mais afastado. Precisamos conversar.

_Só podia ser você, “π”. Há algum tempo que você não manda notícias. O que foi que houve?

_Parece que “Escuridão” está ficando cada vez mais paranóico e desconfiando de que há um vazamento de informações em algum lugar. Há planos que ele não divide nem mesmo com “Sombra”. E agora, com aquela Mariana Lugoma a tiracolo, a coisa vai ficar ainda pior. Ela é tão louca quanto ele. Mudando de assunto, parabéns pela seleção de Narcisa para a Grifinória. Vai servir para a Bruxidade passar a ver os Malfoy com outros olhos.

_Obrigado, “π”. Sabe se a morte de Tio Didier teve alguma relação com planos do Círculo?

_Sim, Draco. Só não sei de que se trata, mas vou tentar descobrir.

_Como? Se “Escuridão” está assim tão desconfiado, dificilmente você conseguirá espremer algo dele.

_Eu sim, mas sei de alguém que poderá obter essas informações.

_Quem?

_Pooka.

_???

_O elfo doméstico que servia a Anastasia Artamonov. Ele poderá circular sem despertar suspeitas.

_É mesmo. Embora os elfos domésticos não sejam mais desprezados, poucos prestam atenção neles. Então Pooka pode circular pelos esconderijos do Círculo, sem que ninguém desconfie.

_Exatamente, Draco. Bem, vou indo. Caso eu saiba de alguma coisa por mim mesma ou através de Pooka, procurarei avisá-lo.

_Isso. E eu repassarei a informação aos Aurores.

_Você está com uma aparência meio abatida, Draco. O que houve?

_Tenho tido pesadelos que repetem-se com uma certa freqüência, desde que lutamos contra o Círculo, no México.

_Isso tem a ver com o Círculo, Draco. Segundo eu soube, é uma vingança de “Escuridão” contra você.

_E parece que já está funcionando, “π”. Com esses pesadelos, a qualidade do meu sono está ficando um lixo e eu não tenho andado muito bem.

_Parece que é algo do Necronomicon, segundo eu soube. Tentarei descobrir como reverter isso, eu prometo. Agora preciso ir. Espero logo ter informações para vocês. Boa noite.

_Boa noite, “π”.

A informante desaparatou para continuar em sua missão (“Estranho, ela parecia realmente preocupada, como se fosse mais do que uma informante. Às vezes parece que conheço “π”, como se fosse uma pessoa bastante próxima. Por que será que tenho essa impressão?”, pensou o bruxo).

Durante o velório, chegaram corujas de diversas partes do mundo, inclusive de Hogwarts. Todos aqueles que haviam conhecido Didier expressavam seus sentimentos.

Na manhã seguinte, o corpo de Lucien Didier Bashir foi sepultado, com a presença da família, amigos e mesmo dos fantasmas do Cemitério Pére-Lachaise. Hagrid e Madame Maxime compareceram, ele representando Hogwarts e ela Beauxbatons. Além disso, Ferdinand Malfoy, filho de Jacques, era padrinho do filho do casal. Depois de algumas horas, Draco resolveu dar uma passada na filial das Empresas Malfoy de Paris. O escritório funcionava na Rue St. Honoré, próximo à confluência da Place André Malraux com a Rue de Richelieu. Após ver que não haviam problemas, foi ao Museu do Louvre, que ficava perto. Logo depois de entrar, deu de cara com Remy.

_E aí, primo? Matando as saudades do Louvre? _ perguntou Remy.

_Pois é. Me lembra do “Código Da Vinci”, além de ser um dos mais famosos museus do mundo. Vim aqui algumas vezes, quando criança, com minha mãe. Meu pai ficava no escritório ou fazendo contato com Death Eaters e então ela me trazia. Apesar de puro-sangue e seguir a tendência familiar, seu preconceito jamais estendeu-se à arte trouxa. Ela dizia que arte é arte, não importa a origem.

_Ainda bem. _ comentou Remy _ Draco, você acha que isso contribuiu para que você amadurecesse seu rompimento com as Trevas?

_Creio que sim, Remy. Desde criança eu gostava de cinema e livros trouxas, só não deixava transparecer muito. Lucius Malfoy era radical, só a muito contragosto aceitava em casa coisas tais como computadores, aparelhos de som e comodidades trouxas, como as que eu tinha no quarto, só aceitando quando eu pretextava que aquilo era para me infiltrar entre os trouxas e obter informações para Voldemort. Ele caía e eu ia me “trouxizando”.

Foram à cafeteria do museu, para tomarem um chá e divertiram-se com o fato das garotas alongarem seus olhares para aqueles dois, tão parecidos. Uma delas aproximou-se e perguntou:

_Com licença, vocês são parentes?

Com um sorriso, Draco respondeu, brincando:

_Não, nós somos irmãos gêmeos. Só que ele nasceu depois das 18:00 h e passou muito tempo no sol. _ e esclareceu, diante do olhar espantado da garota _ Eu só estou brincando. Somos primos, meu pai era irmão da mãe dele.

_Espere, você é o empresário Draco Malfoy! Muito obrigada pelo trabalho da Fundação Narcisa Malfoy, na assistência às vítimas da inundação no Camboja, há quatro meses atrás. Meu noivo é da Cruz Vermelha Internacional e me contou sobre o apoio de transporte e equipamentos, com os aviões e máquinas. Vocês são quase que um “Resgate Internacional” e, como eles, não ficam fazendo propaganda. Au revoir e, novamente, obrigada.

_Au revoir, ma chérie. _ os primos despediram-se.

_É isto que faz a vida valer a pena, Remy. Não é preciso ser ávido por destaque e reconhecimento. Se o seu trabalho é bem feito, eles vêm. Não temos de fazer propaganda.

_ “Resgate Internacional”? O que é isso?

_Xiii, acho que você precisa se reciclar em antigos seriados de TV, cara. Acesse o YouTube e digite “Thunderbirds”, para ver um marco na técnica chamada de “Supermarionation”, marionetes que tinham movimentos eletrônicos de olhos e boca, algo avançadíssimo para a década de 60.

_Você sempre foi um rato de Internet, não é, Draco?

_Graças a isso, revelei a identidade de “Venom”, quando estávamos no sétimo ano... praga! Não queria me lembrar de Valérie, mas é inevitável, principalmente quando há mortes na família. Por que justamente ela teve de voltar-se para o mal?

_Todos nós éramos iludidos, Draco. Mas o mais fanático era Tio Lucius.

_E o que foi que ele ganhou? Prisão perpétua em Azkaban e a morte, durante uma rebelião. Gostaria de ter podido fazer algo para evitar que ele fosse tão devoto de Voldemort. Mas sei que seria quase impossível. Bien, não se pode mudar o passado, o que está feito, feito está.

_Valérie costumava dizer isso. Vocês pareciam irmãos, de tão semelhantes que eram, ainda mais fisicamente.

_É que todos nós, Malfoy, somos meio parecidos, como pudemos confirmar pelo comentário daquela garota.

_Vai voltar para Wiltshire ainda hoje? Estamos indo para Marselha.

_Acho que dá para ficar uns dois dias com vocês. Também quero aproveitar para ver o que vocês fizeram na “Fata Morgana”, com a última expansão.

_Trés bien, Draco. Vamos indo, então.

 

E os primos procuraram um lugar de onde pudessem desaparatar com tranqüilidade, sem perceberem que eram observados.


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