Harry Potter e o Estigma da Serpente escrita por JMFlamel


Capítulo 43
O "Plano-B" do Círculo Sombrio


Notas iniciais do capítulo

A segunda tentativa de atentado à região de Orlando por parte do Círculo Sombrio foi frustrada, causando ainda uma grande perda à organização das Trevas. Será que o momento do "Shicho" se aproxima?



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CAPÍTULO 42

 

O “PLANO B”DO CÍRCULO SOMBRIO

—Mas o que é isso? _ perguntou Cho.

—E “Escuridão” havia dito que não queria se envolver com ataques nucleares. Ele deve estar desesperado. _ disse Rony.

—Se bem que, a rigor, não é um artefato nuclear. _ disse Harry, tomando mais um gole de sua Budweiser— Uma “Bomba Suja”, Cho, é um artefato que não é nuclear, mas que ao explodir, espalha material radioativo no ambiente. Sem o calor solar, sem a onda de choque...

—... Mas com a contaminação radioativa. Merlin! É um plano extremamente diabólico! _ exclamou Cho _ E ele está resolvido a lançar uma coisa assim?

—Parece certo que está. _ disse Luke _ E se os mísseis do Círculo têm várias ogivas, o artefato deve ser capaz de contaminar a área dos parques por pelo menos uns cinquenta anos, creio eu.

—Sua suposição está certa, Luke. _ disse “π” _ Gente, preciso ir embora antes que deem por minha falta. Até a próxima.

A informante saiu do apartamento e, ao virar em uma esquina do corredor, já estava com outra aparência. Harry retornou para a sala e todos começaram a deliberar sobre os planos de ação. Luna havia despertado e já estava com eles, participando da discussão.

—Acho que a primeira coisa a fazer deve ser mudarmos de base, Orlando já não é mais um lugar seguro. _ disse ela.

—De acordo, Luna. _ disse Harry _ Será melhor irmos para Miami, por enquanto. Também não vai mais fazer diferença ficarmos aqui.

—E quanto ao Hacker do Círculo, o tal de “Grey Lynx”? Como cuidaremos dele? _ perguntou Hermione.

—Fred e Jorge já estão cuidando disso, tanto que não pararam de monitorar o “Leviathan”. Também estão tentando rastrear Esteban Storakis, pois é certo que ele não está no submarino.

—Então o plano resume-se em interferir na programação do míssil e impedir que o Hacker restaure a programação, certo? _ perguntou Rony.

—Exatamente, Rony. _ disse Claudiomir _ Mas eu o aconselho a também ter um plano de contingência para uma eventual “Hipótese Bravo”, Harry. Se Fred e Jorge por alguma razão não forem bem sucedidos, pode ser preciso fazer algo mais... “direto”.

—Tipo destruir o míssil no ar? _ perguntou Cho _ Arriscadíssimo.

—Muito. _ concordou Harry _ Mas é possível, só não pode haver a menor margem de erro. Bem, vamos para Miami. Cho, eu vou pedir um favor a você e a Luke. Preciso que levem o corpo de Neville para a Inglaterra. Ele merece um funeral com todas as honras.

—Pode deixar, Harry. _ disse Cho _ Desde o incidente com os laboratórios, em Xangai, nós temos ficado meio longe da ação e certamente estamos meio enferrujados. Será melhor que essa missão fique a nosso cargo.

—Com certeza, Cho. _ disse Luke _ Mas se precisar de nós, novamente, é só chamar.

Luna deu um forte abraço de despedida em Cho e Luke. Embora aquela missão não representasse risco, também não seria fácil.

—Não tenho palavras para agradecer, Cho. _ disse Luna _ Só não sei como Julius vai receber a notícia, ele admirava tanto o pai.

E Luna Lovegood Longbottom novamente ficou com a voz embargada, grossas lágrimas rolando de seus olhos.

—Tem certeza de que não quer voltar com eles para a Inglaterra, Luna? Acho que seria menos impactante para Julius se você desse a notícia a ele, pessoalmente, em vez dele recebê-la por qualquer outra pessoa. _ disse Harry, com um lenço na mão para secar as lágrimas da amiga.

—É verdade, realmente seria melhor. Neste momento, eu não sou a pessoa mais indicada para entrar em ação. Só me prometa uma coisa, Harry.

—O quê? _ perguntou Harry, meio que adivinhando o que Luna ia dizer.

—Quando tivermos um confronto direto com o Círculo Sombrio, quero que me prometa que Mariana Lugoma será minha e de ninguém mais.

—Tudo bem, Luna. _ disse Harry _ Mas que seja por justiça e não por vingança.

—Na presente situação eu creio que não dá para separar uma coisa da outra, Harry. Não dá mesmo. _ disse Luna, os olhos faiscando de fúria.

—Você tem razão. Mas lembre-se de que nem uma nem outra irá trazer Neville de volta para nós. _ disse Harry Potter, abraçando a amiga.

Utilizando uma Chave de Portal, os três foram para a Inglaterra, levando o ataúde com o corpo de Neville Longbottom.

—Agora é a nossa vez. Vamos para Miami, pois o tempo é curto e há muito que fazer. _ disse Hermione.

—É para já, gente. _ disse Harry, pegando um abajur e apontando a varinha para ele _ “Portus”.

O abajur tremeu e foi envolvido por um brilho azulado. Todos seguraram nele e rodopiaram para Miami. Reapareceram na suíte de um hotel.

—Que hotel é este? _ perguntou Rony.

—É a Sorrento Penthouse do Hilton Fontainebleau. _ disse Harry.

—Um hotel de luxo e tão famoso? _ perguntou Hermione _ Não vai chamar muito a atenção?

—Pelo contrário, ninguém esperaria que nos hospedássemos aqui. Poderemos continuar investigando. Aliás, Fred e Jorge não pararam um instante, estão monitorando os movimentos do “Leviathan” e do “Galactic” e rastreando Storakis.

—E onde eles estão? _ perguntou Claudiomir.

—Mais perto do que você pensa. _ disse Harry, abrindo uma porta que dava acesso a outra sala da suíte e mostrando uma super Workstation, na qual Fred e Jorge trabalhavam sem cessar.

—Oi, Harry. _ disse Jorge _ Estamos quase lá. Essa raposa sabe fugir, mas não pode se esconder para sempre.

—Ainda mais porque nós também estamos “dobrando os meios”. Um de nós monitora o petroleiro e o submarino, enquanto o outro concentra seus esforços em rastrear o “Grey Lynx”. _ disse Fred.

—Mas se ele é um Hacker tão habilidoso, deve estar protegido por vários desvios, barreiras, Firewalls e o que mais houver. _ disse Rony.

—É aí que entra uma grande ajuda extra, maninho. _ disse Fred, mostrando o seu terminal ao irmão _ Lembram-se do nosso programa “Cão de Caça”?

—Claro que sim. _ disse Claudiomir _ Foi o que vocês usaram para localizar o IP do computador que Pendergast utilizava quando ainda fazia parte daquela rede de pornografia infantil do Círculo Sombrio, antes que eu o fizesse “ver a luz”.

—Ah, tá. _ disse Jorge _ Não sabia que extrair alguns dentes dele na base da porrada e quase afogá-lo havia mudado de nome.

—Eu disse o que eu fiz. _ disse Claudiomir, novamente exibindo aquele sorriso sacana, que causava terror na bandidagem carioca _ Mas não como eu fiz. E não há perigo dele perceber que está sendo rastreado, Jorge?

—Não, nós aperfeiçoamos o “Cão de Caça” e ele tornou-se indetectável. Storakis nem vai perceber o que o atingiu. _ respondeu Jorge.

—Mas temos que pensar naquele plano de contingência para o caso de não conseguirmos melar a tempo a programação do míssil, Harry. _ disse Fred.

—Estão querendo dizer... “aquilo”? Aquela coisa? _ perguntou Harry, com uma cara de quem não estava gostando _ Sinceramente, não me sinto a vontade com a probabilidade de ter que usar aquela coisa.

—Não acredito no que estou ouvindo. _ disse Jorge _ Essas palavras saíram da sua boca? Quem é você e o que foi que você fez com o cara que pousou um ônibus espacial?

—É que aquilo é um equipamento que jamais foi testado em uma situação real, qualquer um se sentiria inseguro. Mas se precisa, precisa. Cumprirei mais essa missão. _ disse Harry.

—Do que eles estão falando, Harry? _ perguntou Hermione.

—Disto aqui, Mione. _ disse Fred, abrindo uma nova aba no computador e mostrando do que falavam.

—O quê?! _ espantou-se a bruxa _ Bem, mas com os poderes de Magid, acredito que será fácil.

—Desde quando você sabe, Mione? _ perguntou Harry.

—Desde aquela vez em que você foi capturado pelo Círculo, Harry. Você fez coisas dificílimas até para bruxos experientes. Transubstanciar heroína em complexo de vitaminas para enganá-los, as coisas que você fez quando agiu como o “Homem-Névoa”, suas ações no julgamento de Draco, a maneira como queimou a droga dos dardos no Templo de Quetzalcoatl, em Teotihuacán, tudo aquilo não é para qualquer bruxo. Acredito em você, Harry. Mas onde vai conseguir o equipamento?

—Com a InterSec. O equipamento está com eles aqui em Miami, guardado em um C-130 Hércules, no Aeroporto Internacional. Se for necessário, posso desaparatar para lá e utilizá-lo.

—E eu acredito que vai ser logo, Harry. _ disse Jorge _ Storakis começou a se mexer, o “Cão de Caça” está na trilha da captura.

—Isso significa que o “Leviathan” está prestes a lançar o míssil, estou detectando movimento do submarino, uma mudança de posição. Está se dirigindo para uma localização a leste das Bahamas, creio que para ficar meio distante da costa da Flórida. Mas vejam onde está entrando. _ disse Harry _ Essa área está compreendida no...

—... Triângulo das Bermudas. _ disse Claudiomir _ Eles estão se arriscando bastante, é uma área magneticamente instável.

—E o “Galactic” está por perto. _ disse Rony _ Certamente vão disparar e retrair para o petroleiro.

—Eles devem ter defesas mágicas contra as zonas de hidratos de metano, assim não perdem sustentação nas águas menos densas. _ disse Mason.

—Já estou conectado com a frequência do sistema-guia dos mísseis do “Leviathan”, Harry. _ disse Fred _ É melhor se prevenir e desaparatar para o aeroporto.

—Tem razão. Vamos decolar e, caso seja necessário agir, já estaremos no ar.

E com um estalido, Harry desaparatou para o Aeroporto Internacional de Miami, onde o avião da InterSec já estava à sua espera. Jorge procurava interferir na frequência dos mísseis do submarino do Círculo Sombrio e Fred rastreava “Grey Lynx”.

Harry aparatou no hangar do C-130 Hércules no aeroporto e imediatamente embarcou. A aeronave taxiou para a cabeceira da pista e lá permaneceu, aguardando o momento em que seria necessário decolar. E não se fez esperar muito.

— “Xangô”, aqui “Castor” e “Pollux”. _ ouviu-se a voz de Jorge pelo rádio de Harry _ “O “Leviathan” carregou o míssil e está pronto para disparar. Assim que for disparado, vou tentar desativá-lo ou então fazer com que se autodestrua, câmbio”.

—Entendido, “Castor” e “Pollux”. _ disse Harry _ Vamos decolar, então. Câmbio final.

O avião militar de transporte de cargas e tropas rolou pela pista e logo abandonou o solo. Harry Potter vestiu um macacão de voo especial e começou a montar o equipamento, junto com alguns colegas da InterSec.

—Dekker, que bom te ver sem aquele seu charuto malcheiroso.

—E me arriscar a tomar outro banho como aquele que você me deu daquela vez em Londres, Potter? Nem pensar. _ disse o Auror e agente da InterSec, apertando a mão de Harry _ Vai mesmo usar essa coisa?

—Acho que vou precisar, Dekker. Se nossos Hackers não conseguirem neutralizar o míssil, terei que agir de forma mais... aproximada.

— “Atenção, “Xangô”, o míssil foi disparado e temos uma vantagem. Como eles resolveram lançar um IRBM com ângulo de subida muito fechado, nós teremos um pouco mais de tempo, pois ele irá até a estratosfera e depois descerá, antes de seguir a trajetória de cruzeiro. Estou tentando interferir, mas “Grey Lynx” parece estar disposto a encarar um duelo de digitação. Vou desligar, para manter o foco. Câmbio final”. _ ouviu-se a voz de Jorge.

—Acho melhor você colocar o equipamento, Potter. Parece que vai mesmo ser preciso fazer as coisas in loco. _ disse Dekker.

—De acordo, Dekker._ disse Harry, ajustando o equipamento e posicionando-se próximo à rampa traseira da aeronave.

O equipamento que Harry Potter tinha afivelado às suas costas com fortes correias e presilhas bastante seguras era nada mais nada menos do que o mais moderno modelo de Jetpack esportivo ou melhor, uma Jetwing, consistindo de uma asa triangular e um bem protegido tanque de combustível, impulsionado por quatro potentes turbinas compactas. A ignição se fazia pelo comprimir de um botão em um joystick, preso à luva do piloto por uma manopla.

Ao mesmo tempo que Harry aguardava para saber se deveria entrar em ação, Fred continuava sua caçada ao Hacker do Círculo Sombrio, enquanto Jorge duelava com ele pelo teclado de seu computador, interferindo no sistema-guia e neutralizando as defesas acionadas por Esteban Storakis. Em dado momento...

—Merlin! Localizei o “Grey Lynx” e vocês não vão acreditar! Ele está neste mesmo hotel, em um dos apartamentos Oceanfront, no 5º andar. O número do apartamento é...

E logo eles bolaram um plano para pegar o Hacker. Um garçom, empurrando um carrinho, parou à frente do apartamento e ele tocou a campainha.

—Serviço de quarto, cortesia da gerência. _ disse o garçom.

—A porta está aberta. _ disse uma voz com acento espanhol, vinda de dentro do apartamento _ Puede dejarlo sobre a mesa.

A porta se abriu e o garçom empurrou o carrinho para dentro do quarto. Naquele momento, Esteban olhou para trás e mal teve tempo de apertar um botão no teclado de seu computador, antes de ser atingido.

— “INMOBULUS!” _ o Feitiço Imobilizador de Rony Weasley atingiu Esteban Storakis em cheio, fazendo-o ficar parado no mesmo lugar, até ser colocado no sofá. Como o feitiço não inibia a fala, ele pôde insultar os bruxos que o haviam pego.

—Me pegaram, hijos de la chingada. Mas o míssil já foi disparado e agora ni mismo seus Hackers poderão hacer coisa alguma. Eu isolei o sistema-guia do míssil e ele não pode mais ser acessado por computadores. Ele está travado nel alvo e ni mismo yo poderei reverter. Mas quem disse que yo quiero?

Antes que qualquer um dos Bruxos-Ninjas pudesse fazer alguma coisa, Esteban Storakis comprimiu os maxilares e deu um gemido. Logo em seguida, começou a espumar pela boca.

—Filho de uma...! _ xingou Mason _ Está morto!

—Dente falso com Cianeto de Potássio! _ disse Claudiomir _ Sintam o cheiro de amêndoas amargas!

—Demos bobeira. _ disse Rony _ Deveríamos tê-lo revistado, como fizemos com Mariana, daquela vez em Angola.

—Avisem Harry para entrar em ação! _ disse Fred _ Agora é tudo ou nada!

No avião, Harry recebeu a transmissão de Jorge.

— “ ‘Xangô’, parta agora! Será preciso interferir diretamente no míssil. Vou passar as coordenadas da trajetória para o HUD do seu capacete, câmbio”! _ ouviu-se a voz de Jorge, no compartimento de carga do C-130 Hércules.

—Afirmativo, “Pollux”. _ disse Harry, indo para a rampa traseira e posicionando-se para abandonar a aeronave _ Vá me guiando para o nosso alvo, eu dependo de vocês. Câmbio final.

Após uma última verificação no equipamento, Harry Potter deu um passo para diante e lançou-se no vazio, premindo o botão e acionando as turbinas. O bruxo com a Jetwing ganhou velocidade e afastou-se do C-130 Hércules, um rastro de fumaça atrás dele. O HUD (“Head-Up Display”) na viseira do capacete, ia transmitindo holograficamente todas as informações, o que não era novidade para ele, pois já o havia usado ao pousar o ônibus espacial “Enterprise”, quando havia evitado que o Círculo Sombrio deflagrasse a praga Chosech do Eser Ha-Makot. As coordenadas da trajetória do míssil apareceram e ele corrigiu sua direção.

— “Atenção, ‘Xangô’,aqui ‘Pollux’. Prossiga nessa trajetória e fará contato visual com o míssil em cerca de dois minutos, câmbio.”

—Creio que em menos, “Pollux”. _ disse Harry _ Eu já o estou vendo e vou emparelhar com ele. Em seguida, vou abordar do modo que imaginei, câmbio.

— “OK, manteremos contato, ‘Xangô’. Boa sorte e câmbio final”.

Harry corrigiu a trajetória e emparelhou com o míssil, mantendo-o abaixo dele. Em seguida, através do sistema de mira do HUD, selecionou os pontos de alvo e pressionou outro botão. Dos dois disparadores nos seus ombros foram lançados finos cabos de uma flexível e fortíssima liga metálica magicamente potencializada, os quais terminavam em duas âncoras eletromagnéticas que fixaram-se à fuselagem do míssil e, a um comando, retraíram. Harry ficou preso ao míssil pelos cabos e pelas ventosas em seus joelhos.

— Já estou montado nesse cavalo selvagem, “Castor” e “Pollux”. Agora precisarei desativar a “Bomba Suja”, câmbio.

— “Você não tem muito tempo, ‘Xangô’. O míssil atingirá o alvo em cinco minutos, câmbio”. _ ouviu-se a voz de Fred.

—Então, acho que vou ter que conseguir mais tempo. Câmbio final.

Por sorte ele não precisava de sua varinha para canalizar magia. Então, com cuidado para não oferecer muita resistência ao ar e danificar a Jetwing, ele murmurou “Habitus bulla” e uma bolha de estase formou-se à sua volta, envolvendo a ele e ao míssil. Na mesma hora, as turbinas da Jetwing e do míssil foram cortadas e os equipamentos entraram em estase. Porém as comunicações não foram interrompidas, portanto Harry podia contar com a orientação de Fred e Jorge.

— “Preste atenção,’Xangô’, porque você terá que ser rápido com isso. Procure por uma placa na ogiva, presa com quatro parafusos-estrela”. _ disse Fred.

—Entendido, “Castor”. _ disse Harry _ Creio que posso manter a Bolha de Estase por, no máximo, uns dez minutos.

— “Acredito que será suficiente para o que temos em mente, ‘Xangô’. Achou a placa”? _ perguntou Jorge.

—Terá que ser. Achei e já abri, “Pollux”. _ disse Harry _ O explosivo está aqui.

— “Me deixe adivinhar, ‘Xangô’. Parece um cilindro de massa de vidraceiro, pesando cerca de vinte quilos, com vários pacotes envolvidos em folhas de metal”?

—Exatamente, “Pollux”. _ disse Harry _ Aposto que o cilindro é TNT e os pacotes são o material radioativo, embrulhados em folhas de chumbo, não é?

— “Isso mesmo. Na base do cilindro há um conector com três entradas e fios conectados a elas, azul, vermelho e verde”.

—Estou vendo, “Castor”. Devo cortá-los?

— “Não, não os corte, pois ele é o detonador. Apenas os desconecte na ordem verde, azul e vermelho”.

—E o que eu faço com o roxo?

— “WTF roxo? Onde está”?

—Na base, à direita do conjunto de fios, com um conector separado e meio escondido.

“Já entendi, ‘Xangô’. Esse fio terá que ser o primeiro a ser desconectado, pois é uma segurança adicional”. _ disse Fred _ “Se mexerem em qualquer outro antes dele, ele acionará o detonador e o TNT explodirá”.

—OK, primeiro o fio roxo. _ disse Harry _ Pronto. Agora, verde, azul e vermelho, não é?

— “Isso mesmo, ‘Xangô’. Agora, pegue o cilindro e remova os pacotes de material radioativo. Tente não se expor, procure não danificar os invólucros de chumbo. Não toque e nem inale, pois o mais provável é que seja Césio-137”.

—É, eu me lembro das notícias de toda aquela tragédia que aconteceu no Brasil, lá em Goiânia. Pensando nisso, eu trouxe uma bolsa especial, com isolamento e compartimentos acolchoados. Nada vai romper essas folhas de chumbo.

Harry Potter removeu todos os pacotes e os colocou nos compartimentos da bolsa isolada. Após colocar o último, lacrou a bolsa com o duplo fecho. Aqueles pacotes de material radioativo jamais contaminariam os parques de Orlando. Consultando o relógio no HUD, viu que ainda tinha cerca de cinco minutos, no que foi lembrado por Fred e Jorge.

— “E então, ‘Xangô’? Material quente recolhido”? _ perguntou Fred.

—E como, “Castor”. Não vejo a hora de poder refrigerá-los. E o que eu faço com o TNT?

— “Você ainda tem uns cinco minutos, ‘Xangô’. O TNT deverá ser recolocado na ogiva”.

WTF, “Pollux”?! _ perguntou Harry _ O que vocês têm em mente?

— “Uma pequena sugestão minha, ‘Xangô’. Acho que vai resolver nossos problemas”. _ Harry ouviu a voz de Claudiomir pelo rádio do capacete.

—Isso é bem coisa sua, “Caveira”. _ disse Harry _ Qual é a ideia?

— “Recoloque o cilindro de TNT no seu encaixe e reconecte os fios na ordem inversa da qual você os desconectou: vermelho, azul, verde. Depois de reconectá-los, reconecte o roxo e pode fechar, aparafusando a tampa”.

—OK, “Caveira”, já fiz. E agora? _ perguntou Harry.

— “Aquele #$%*&(@)!!!** do ‘Grey Lynx’ disse, antes de se matar com Cianeto, que o sistema-guia do míssil agora está ‘off-line’. Então, para mudar a trajetória, só mexendo nos controles do próprio míssil”.

—Certo. Oferecer novas coordenadas de alvo, então.

— “Exatamente como o ‘Caveira’ disse, ‘Xangô’. Logo abaixo daquela tampa na qual você trabalhou, há outra menor. Aperte-a e ela vai correr para o lado”.

—Já fiz, “Castor”. Estou vendo um mostrador digital com o código do alvo atual e um teclado numérico com dois botões do lado, um para solicitar novo código de alvo e o outro para confirmar a senha a ser digitada.

— “OK, ‘Xangô’. Solicite nova solução de alvo”.

—Já fiz e o sistema está pedindo a senha.

— “Digite ‘8015393232722460608791' no teclado numérico. Em seguida, aperte ‘ENTER’ e aguarde”.

—Digitado. Está pedindo para entrar com o novo código de solução de alvo.

— “Entre com ‘7635274557560912’ e aperte ‘ENTER’, novamente”.

—Feito! Novo alvo codificado e travado.

— “Ótimo, ‘Xangô’. Agora, feche a tampa e confira se sua Jetwing está com as turbinas desligadas ou, quando você se desconectar do míssil e sair da Bolha de Estase, ela vai ligar automaticamente e você poderá perder o controle da trajetória”.

Harry fez o que lhe foi solicitado. Recolheu os cabos de ancoragem magnética e apertou os botões das ventosas dos joelhos, encerrando a sucção. De um salto, saiu da Bolha de Estase e acionou as turbinas da Jetwing, ganhando velocidade e subindo, ainda a tempo de ver a Bolha de estase se desfazer e a propulsão do míssil ser restabelecida.

O enorme arauto da destruição executou uma curva no ar e mudou sua trajetória. Harry fazia uma ideia de qual seria o novo alvo selecionado. Em seguida também mudou de rumo e, conferindo quanto combustível ainda lhe restava, direcionou sua Jetwing para o “Bill Bags Cape Florida State Park”, em Key Biscayne.

Aterrissou a Jetwing na praia, onde uma equipe da InterSec já estava à sua espera para levar a bolsa com o material radioativo. Em seguida, despiu o macacão, debaixo do qual estava de polo e jeans, calçando confortáveis sapatênis. Os outros encontraram-se com ele.

—E aí, “Rapaz Voador”? _ perguntou Claudiomir _ Muito medo lá em cima?

—Confesso que nem tive tempo de sentir medo, Claudiomir. Estava tão focado naquela bomba que não pensava em mais nada. Agora é que estou conseguindo avaliar o risco que corri e acho que preciso de um Espresso bem forte. Será que o “Lighthouse Cafe” tem mesas livres a esta hora?

—Só saberemos se formos lá. _ disse Hermione.

E todos foram para o “Lighthouse Cafe”. Realmente, uma boa xícara de Espresso estava na ordem do dia. Mas para onde havia ido o míssil, agora sem o material radioativo? Foi essa a pergunta que Hermione fez a Claudiomir.

—Não se preocupe, Sra. Weasley. _ disse o Oficial do BOPE, com aquele seu característico sorriso safado _ Só será preciso saber que não haverá melhor lugar para aquela $%&*!!... oops, me desculpe (Hermione havia ficado vermelha). Como eu dizia, será o melhor lugar para o míssil atingir.

—Assim espero. _ disse Harry, vendo que Fred e Jorge tinham sorrisos semelhantes (seria a convivência?).

Depois de ter feito a alteração de curso e deixado de despejar sua letal carga sobre Orlando, o IRBM seguiu sua nova trajetória, em busca do alvo. Enquanto isso, dentro do “Leviathan”, o Oficial de Comunicações, Tenente Zhivago, chamou a atenção do Capitão Borzov para o fato de que não havia sido detectada detonação alguma sobre Orlando.

Капитан Борзов, нет записей о детонации (“Kapitan Borzov, net zapisey o detonatsii”, “Capitão Borzov, não há registro de detonação”).

Что ты имеешь в виду (“Chto ty imeyesh' v vidu”, “Como assim”)?

И я поймаю его знак ... приближаюсь (“I ya poymayu yego znak ... priblizhayus'”, “E eu estou captando o sinal dele... vindo em nossa direção”)!

Мать Россия! Отходите на корабль, немедленно! Оттуда мы исчезнем (“Mat' Rossiya! Otkhodite na korabl', nemedlenno! Ottuda my ischeznem”, “Mãe Rússia! Retrair para o navio, imediatamente! De lá vamos desaparatar para longe”)!

Ao som das sirenes de alarme, o “Leviathan” dirigiu-se à toda para a localização do “Galactic”. O enorme petroleiro tinha a capacidade de desaparatar e, como o míssil era um IRBM, se fossem para bem longe não seriam alcançados e o míssil explodiria na última localização. Enquanto isso, o Capitão Borzov tentava contato com o navio.

—Capitão McKenzie, Aqui Capitão Borzov, câmbio.

— “Aqui Primeiro-Imediato Dolohov”. _ ouviu-se a voz de Svetlana Dolohov pelo rádio _ “O que houve? Não detectamos a detonação do míssil, câmbio”.

—Aqueles пидарасы conseguiram, de algum modo, impedir a explosão e mudar a trajetória do míssil e agora ele está nos perseguindo! Precisamos que vocês nos recolham e desaparatemos para longe!

— “Vou contactar ‘Escuridão’, ele está monitorando toda a operação. Já terei uma resposta”. _ disse Svetlana.

—Faça isso rápido, por favor. _ disse Borzov.

Em menos de um minuto, chegou a resposta de “Escuridão”.

— “Capitão, Borzov, sabemos do seu valor e do quanto o ‘Leviathan’ é importante para o Círculo Sombrio, mas não podemos nos dar ao luxo de arriscar a perda do ‘Leviathan’ e do ‘Galactic’ ao mesmo tempo. ‘Escuridão’ mandou sua resposta”.

—E qual foi ela? _ perguntou o Capitão Borzov, meio que já sabendo qual seria.

— “до свидания. Lamento, Capitão Borzov”. _ foi a última coisa que Svetlana Dolohov disse, antes do “Galactic” desaparatar.

Mantendo o comunicador ligado, o Capitão Borzov voltou-se para a tripulação do “Leviathan” com ar desconsolado, porém sem perder a marcialidade.

Господа, было честью служить с вами. ФЛОТ (“Gospoda, bylo chest'yu sluzhit' s vami. FLOT”, “Senhores, foi uma honra servir com vocês. MARINHA”)!!!

MARINHA!!! _ em uníssono, a tripulação respondeu e da mesma forma todos começaram a entoar o Hino da Federação Russa:

Россия — священная наша держава,

Россия — любимая наша страна.

Могучая воля, великая слава —

Твоё достоянье на все времена!

Славься, Отечество наше свободное,

Братских народов союз вековой,

Предками данная мудрость народная!

Славься, страна! Мы гордимся тобой!

От южных морей до полярного края

Раскинулись наши леса и поля.

Одна ты на свете! Одна ты такая —

Хранимая Богом родная земля!

Славься, Отечество наше свободное,

Братских народов союз вековой,

Предками данная мудрость народная!

Славься, страна! Мы гордимся тобой!

Широкий простор для мечты и для жизни

Грядущие нам открывают года.

Нам силу даёт наша верность Отчизне.

Так было, так есть и так будет всегда!

Славься, Отечество наше свободное,

Братских народов союз вековой,

Предками данная мудрость народная!

Славься, страна! Мы гордимся тобой!

(“Rússia, nosso estado sagrado!

Rússia, nossa amada nação!

Poderosa vontade e grande glória,

São tua herança de todos os tempos.

Glória à nossa Pátria livre,

Antiga união de povos irmãos.

Viva a sabedoria popular dos antepassados!

Glória à Pátria, de ti nos orgulhamos!

Dos mares do Sul às fronteiras polares,

Expandiram-se nossas florestas e campos.

Tu és única no mundo, sem igual,

Protegida por Deus, nossa terra natal!

Glória à nossa Pátria livre,

Antiga união de povos irmãos.

Viva a sabedoria popular dos antepassados!

Glória à Pátria, de ti nos orgulhamos!

As vastas amplidões aos sonhos e à vida,

Os anos futuros no abrem.

A nossa lealdade à Pátria amada nos dá forças,

Assim foi, assim é, assim sempre será!

Glória à nossa Pátria livre,

Antiga união de povos irmãos.

Viva a sabedoria popular dos antepassados!

Glória à Pátria, de ti nos orgulhamos!”)

Aquele coro de vozes másculas e marciais, que pela última vez em suas vidas entoavam o Hino de sua Pátria, não era apenas uma despedida de suas existências terrenas, mas também era um desagravo contra o Círculo Sombrio e uma forma de dizer que partiam desta vida tendo suas contas com a nefasta organização totalmente zeradas.

Это капитан Борзов из Левиафана. Я не знаю, слушаете ли вы меня, Первой Немецкой Светланы Долохов, но если да, отправьте в «Тьму» мое последнее сообщение, которое: УБЕДИТЕСЬ (“Eto kapitan Borzov iz Leviafana. YA ne znayu, slushayete li vy menya, Pervoy Nemetskoy Svetlany Dolokhov, no yesli da, otprav'te v «T'mu» moye posledneye soobshcheniye, kotoroye: UBEDITES'”, “Aqui é o Capitão Borzov, do 'Leviathan'. Não sei se está me ouvindo, Primeiro-Imediato Svetlana Dolohov mas, se estiver, mande para 'Escuridão' o meu último recado, que é: VÁ SE F***R”)!!!

Logo após essas palavras, uma enorme explosão indicava que o míssil havia atingido o “Leviathan”, exatamente na altura de seu arsenal. Os vinte quilos de TNT foram mais do que suficientes para iniciar uma reação em cadeia que riscou do mapa aquela lembrança da Guerra Fria, um dos últimos submarinos classe Typhoon.

Longe dali, na ponte de comando do “Galactic”, que havia desaparatado para uma distância segura, Svetlana Dolohov largou no painel o microfone pelo qual ouvira tudo o que havia se passado no submarino. Em seguida, pediu permissão ao Capitão McKenzie e retirou-se para sua cabine.

Lá dentro, sabendo que estava a salvo de quaisquer meios de monitoração, abriu a geladeira e tirou do congelador uma garrafa de vodka, servindo-se de uma generosa dose. Sentou-se à sua escrivaninha e começou a chorar, primeiramente com tímidas lágrimas e depois com uma verdadeira cascata descendo pelo seu rosto.

A jovem acabara de descobrir como “Escuridão” podia ser cruel.


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